Aprovado Para a Vida

De Rafael Lima

Em sua vida, Leandro tem somente um desejo: ser aprovado em um concurso público federal, ter um alto salário e trabalhar pouco.

 

Ele não alcançou este desejo de imediato, então, Leandro fez um concurso para ser treinador em um programa esportivo na cidade de Betim, Minas Gerais.

 

Para ele, este trabalho seria somente algo temporário e sem importância, mas durante sua permanência no time do Limoeiros, ele percebe uma realidade muito diferente daquilo que era imaginado para o serviço público.

 

Leandro fica dividido entre seu sonho do concurso federal e ajudar os alunos do programa, o que gera grandes problemas para ele. Além disso, Leandro percebe o que realmente está por trás do serviço público…

• Idioma: Português
• Editora: Rafael Lima
• Data de lançamento: 27 de mar. de 2024
• ISBN: 9798224987474

Rafael Lima

Brasil, 1989 Graduado em Processos Gerenciais e M.B.A. em Gestão Estratégica de Projetos pelo Centro Universitário UNA. Cristão pela Graça de Deus. Apaixonado pela escrita (português, espanhol e inglês), poeta e romancista. Um poeta e escritor, que compartilha seus pensamentos através dos versos dos poemas e dos capítulos dos romances. Também escrevo em inglês e espanhol para alcançar mais pessoas em mais lugares. No tempo livre, gosto de videogames, filmes e séries. Fico pensando no dia em que um de meus livros será a base para uma destas produções…

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Copyright © 2020 Rafael Henrique dos Santos Lima e RL Produções literárias

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Esta é uma história fictícia com pessoas e eventos fictícios, quaisquer semelhanças de nomes, lugares, fatos ou pessoas são meras coincidências.

Esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística e não possui compromisso com a realidade.

Prefácio

No Brasil, conquistar uma posição no serviço público é o sonho de muitos brasileiros. Pois, o serviço público tem muitas vantagens sobre o serviço privado.

Os funcionários públicos têm estabilidade e quase nunca são demitidos. A jornada de trabalho é mais curta e há muitos benefícios, além do salário.

Para se tornar um funcionário público, é necessário realizar um concurso público, com vários testes e provas, onde há muita concorrência com outros candidatos.

A grande maioria dos concursos tem requisitos para a inscrição do candidato, mas não são requisitos muito específicos; muitas vezes apenas um diploma universitário em qualquer curso é necessário, o que permite que muitos candidatos participem.

No Brasil, existem pessoas que são consideradas concurseiras, já que fazer concursos é quase sua profissão, embora eles já estejam em algum emprego, eles sempre tentam concursos. Muitas pessoas fazem os concursos apenas procurando um trabalho fácil, com um ótimo salário e benefícios, sem ter vocação para aquele trabalho.

Mas também há pessoas com vocação e vontade de fazer a diferença no serviço público...

Índice

Primeiro dia de trabalho

Rotina diária

Preparação

Acidente de percurso

O início da caminhada

Mudança de prioridade

Para a sua segurança, mantenha distância

A luta continua

Proposta indecente

Jogo sujo

Boas notícias

Primeiro dia de trabalho

Oalarme de um celular começa a tocar uma música:

— On the first part of the journey; I was looking at all the life; There were plants and birds and rocks and things...

[1]"

— É sério que já tá na hora de levantar? — disse um homem branco com voz de sono. — Só mais um pouquinho...

Ele desligou o despertador e dormiu novamente.

Uma mulher bateu à porta e disse em voz alta:

— Leandro! Você vai se atrasar para o seu primeiro dia de trabalho!

— Eu já vou, mãe! Ainda está muito cedo!

Ela disse com firmeza:

— Não está cedo! — Ela entrou no quarto. Uma mulher branca de meia-idade, pele clara, magra, altura média, cabelos grisalhos e olhos castanhos. — Já são quase oito horas! Você não estaria assim se tivesse dormido mais cedo! Mas só fica nesse celular o tempo todo.

— Ih mãe, para com isso! Vai começar logo cedo?

— Vou começar sim! Hum! Um homem velho que parece mais uma criança!

Leandro suspirou e disse:

— Vai começar...

Maria começou a andar pelo quarto, que estava muito bagunçado. Havia roupas, sapatos e outras coisas espalhadas por todo o quarto. Ela gesticulava e falava:

— Você já tem mais de vinte e cinco anos e agora vai ser seu primeiro emprego.

Ainda deitado, Leandro balançava a cabeça e gesticulava como sua mãe. Ele também tinha pele clara, cabelo curto preto e olhos castanho-claros.

— Quando eu tinha a sua idade, já era casada, trabalhava e tinha um filho para criar. E você, só quer saber de farra e tranquilidade.

Leandro ficou impaciente e disse:

— Está bem, mãe! Eu já sei de tudo isso. Você sempre conta a mesma história.

— Conto para você se inspirar e fazer algo.

Leandro se levantou. Ele tinha porte físico atlético e altura média. Ele abraçou a mãe e disse:

— Mãe, a senhora só se esqueceu de uma coisa nessa história.

— O quê?

— A senhora ficou grávida quando tinha dezoito anos e meio que se casou às pressas. Vocês tiveram algumas dificuldades no início, mas graças a Deus vocês se mantiveram firmes e cresceram na vida.

Maria refletiu um pouco sobre sua história e disse:

— Isso é verdade. Mas a questão aqui não é o que aconteceu comigo, o problema é o que está acontecendo com você.

Leandro tentou dissimular:

— Mas não está acontecendo nada comigo. Ou está?

Maria o olhou nos olhos e disse:

— Você quer mesmo que eu responda à essa pergunta?

— Melhor não, porque senão vai começar tudo de novo.

— Para evitar isso, vai se arrumar para ir para o trabalho. Não vai ser bom você chegar atrasado no primeiro dia.

— Ah mãe, relaxa! — disse Leandro com tranquilidade. — Sou servidor público, ninguém vai notar.

— Na verdade vão notar sim.

— Quem?

— O público que você vai atender.

Leandro sorriu e disse:

— Você acha mesmo que aqueles moleques favelados vão reparar em alguma coisa?

Maria disse com firmeza:

— Leandro! Nunca mais fale dessa forma sobre nada e nem ninguém! Não foi essa a educação que eu e seu pai te demos.

— Se eles não são moleques favelados, o que são?

— São crianças e jovens que não têm as mesmas oportunidades e benefícios que você teve e tem na sua vida. Eles são carentes em muitas coisas e precisam da ajuda do governo para mudar suas realidades.

— Ah mãe, para com este discurso de assistencialismo!

— Não é discurso de assistencialismo! É respeito e compreensão com a situação dos outros.

Maria o pegou pelo braço e apontando o dedo disse:

— Você trate de mudar de postura em relação a isso! Você sabe muito bem que as coisas não foram fáceis para nós.

— Ai mãe! — Leandro mexeu seu braço para se soltar. — Está bem. Eu retiro o que eu disse.

— Eu espero que nunca mais repita isso. Estou de olho em você.

Leandro se arrumou e foi para o local em que trabalharia. Mesmo com o GPS, ele ficou perdido. Ele circulou bastante até que decidiu pedir ajuda. Ele parou em uma padaria e conversou com uma mulher jovem:

— Bom dia. Por favor, onde fica o bairro Limoeiros? Mais especificamente o campo de futebol do time Limoeiros.

A mulher respondeu:

— Está bem perto. Basta seguir esta rua que você chega lá.

— Muito obrigado!

— Por nada.

Leandro seguiu a rua e chegou ao campo de futebol do Limoeiros. O bairro não era uma favela, mas era um bairro menos favorecido em questões socioeconômicas. Não havia ninguém lá,