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Contribuições do Movimento Escoteiro no desenvolvimento da personalidade infantil
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Contribuições do Movimento Escoteiro no desenvolvimento da personalidade infantil
E-book184 páginas1 hora

Contribuições do Movimento Escoteiro no desenvolvimento da personalidade infantil

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Sobre este e-book

"Contribuições do Movimento Escoteiro no desenvolvimento da personalidade infantil", escrito por Daniel José Eliseu dos Santos, surgiu como tema de pesquisa para sua monografia devido à inquietação com relação à escassez de estudos sobre o assunto, em contrapartida do número expressivo de participantes registrados na União dos Escoteiros do Brasil. Nesse sentido, o autor investigou como o escotismo pode auxiliar no desenvolvimento da personalidade infantil, tendo em vista que ela é uma forma de educação complementar. Para esta pesquisa, foi realizado o estudo de levantamento no qual se utilizou como instrumento de coleta de dados um questionário eletrônico estruturado, respondido por 902 pais/responsáveis. Além disso, foi aplicado em 16 crianças escoteiras, com idade entre 07 e 10 anos, o procedimento clínico de avaliação chamado Procedimento do desenho-estória com tema, como forma de compreender as representações simbólicas do escotismo na perspectiva das crianças.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de abr. de 2024
ISBN9786527022138
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    Contribuições do Movimento Escoteiro no desenvolvimento da personalidade infantil - Daniel José Eliseu dos Santos

    1 INTRODUÇÃO

    A personalidade refere-se ao processo dinâmico que ocorre no psiquismo do indivíduo, ou seja, na sua essência enquanto ser humano. Nesse processo, as questões psicológicas, inconscientes e conscientes, ao serem vivenciadas por cada pessoa, nortearão os seus comportamentos, e contribuirão gradativamente na singularidade de cada um. Sendo assim, devemos levar em conta que aspectos como: caráter, subjetividade, escolhas, gostos, formas de pensar, se portar e se comunicar com o mundo podem ser vivenciados por vários indivíduos, de modo que a experiência pode ser comum para todos, mas a forma como cada um vai lidar com isso será particular e estará mais relacionada com a dinâmica da sua personalidade do que com os comportamentos coletivos visto nos processos de massificação¹ em que o sujeito perde a sua individualidade (Baptista, 2010).

    Levando em conta esses aspectos gerais da personalidade, o Movimento Escoteiro, criado por Robert Baden-Powell, tem como objetivo principal auxiliar os indivíduos a exercerem sua autonomia, de modo que consigam compreender e lidar com as responsabilidades do cotidiano de maneira mais independente. Por meio das propostas educativas do escotismo que levam em conta o desenvolvimento de cada faixa etária, as crianças, foco do presente estudo, passam a ter contato maior com a natureza, aprendem e vivenciam situações lúdicas por meio da fantasia, que refletem no seu cotidiano de maneira mais significativa. Ao trabalharem as questões físicas, mentais, sociais, espirituais e afetivas, fortalecem gradativamente a criatividade, o trabalho em equipe, respeito as diferenças, participam de projetos sociais que ampliam a visão de coletividade, da realidade e dos desafios de cada um (Baden-Powell, 2013).

    Pensando-se nisso, como o Movimento Escoteiro pode ser um diferencial no desenvolvimento da personalidade infantil? O escotismo traz contribuições positivas e/ou negativas no desenvolvimento dos integrantes? Como isso pode impactar sua personalidade a longo prazo?

    Com esses questionamentos, buscou-se compreender com o olhar simbólico da Psicologia Analítica, o quão relevante é o Movimento Escoteiro na formação dos jovens que frequentam as atividades, dado que no Brasil existem mais de 79 mil associados à União dos Escoteiros do Brasil (UEB), e o número de pesquisas na área ainda é escasso, principalmente na Psicologia. Para o levantamento de dados, foram realizadas pesquisas por meio de um formulário eletrônico disponibilizado aos pais/responsáveis das crianças escoteiras que estão no movimento há pelo menos dois anos, e com as crianças foi realizado o procedimento do desenho-estória para compreender como as mesmas vivenciam e simbolizam o escotismo em suas vidas (Escoteiros do Brasil, 2021).

    1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

    A personalidade pode ser compreendida a partir dos processos dinâmicos que envolvem questões psicológicas, inconscientes e conscientes, norteadores dos comportamentos de cada indivíduo. No Movimento Escoteiro, o enfoque no desenvolvimento da autonomia dos escoteiros desde a infância a partir de suas atividades desenvolvidas, pode exercer impacto em vários aspectos da sua personalidade. Todavia, tais impactos são dificilmente descritos na literatura cientifica.

    Sendo assim, quais são as contribuições do Movimento Escoteiro no desenvolvimento da personalidade infantil?

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 OBJETIVO GERAL

    Compreender quais as contribuições que o Movimento Escoteiro pode ter no desenvolvimento da personalidade infantil.

    1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    - Investigar como o Movimento Escoteiro pode auxiliar no desenvolvimento da personalidade infantil, seja de forma positiva e/ou negativa.

    - Compreender, com o olhar simbólico da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, como as atividades desenvolvidas no escotismo podem contribuir na personalidade infantil.

    - Identificar se existem contribuições do escotismo na vida das crianças e, caso existam, quais impactos o mesmo traz para a personalidade do indivíduo a longo prazo.

    1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

    O desenvolvimento da personalidade é extremamente importante, visto que contribui na formação da identidade e pode ampliar a visão dos padrões de comportamento que caracterizam a singularidade das pessoas. Nas crianças, esse processo inicia-se desde cedo e começa a desempenhar papel mais significativo quando ocorre a identificação pessoal do eu, que agrega na organização simbólica de cada indivíduo e auxilia gradativamente numa autonomia mais satisfatória (Feist; Feist, 2008).

    Jung (2014b) propõe que para o desenvolvimento satisfatório da personalidade, algumas características podem auxiliar o indivíduo nesse processo: coragem de viver, compreensão de que não existe nenhuma outra personalidade igual a sua e também a total liberdade de escolha e decisão própria.

    No Movimento Escoteiro, as crianças exercem essa autonomia seguindo o programa educativo que busca centralizar o indivíduo no seu próprio processo, propiciar que cresçam como pessoas inseridas na sociedade, desenvolvam uma cidadania ativa, respeitem a diversidade e consigam vincular as atividades com a realidade, resultando num desenvolvimento significativo que leva em conta a maturação de cada faixa etária (Escoteiros do Brasil, 2022).

    De acordo com o Relatório Anual de 2020, são mais de 79 mil associados a União dos Escoteiros do Brasil atualmente, número expressivo de participantes em contrapartida da escassez de pesquisas sobre o assunto. Assim sendo, a realização de estudos faz-se necessária já que o Movimento propõe o protagonismo dos jovens nos desafios do cotidiano, complementam a formação e agregam valores para a vida, além dos impactos na personalidade a longo prazo (Escoteiros do Brasil, 2021).


    1 Efeito da difusão da cultura da massa sobre uma população, que visa padronizar valores e costumes, não levando em conta a singularidade de cada um.

    2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    2.1 A PERSONALIDADE INFANTIL NA PSICOLOGIA ANALÍTICA

    Carl Gustav Jung (1875-1961), idealizador da psicologia analítica, centralizou seus estudos do desenvolvimento da personalidade na segunda metade da vida, devido ao interesse em compreender o funcionamento psíquico dos indivíduos já adultos, por meio do processo chamado de metanoia², socialmente considerada como a crise da meia idade. Partindo deste ponto, algumas pessoas se questionam sobre o motivo de Jung não ter dado tanta ênfase na personalidade infantil, que também é uma fase importante, principalmente para o desenvolvimento do ego.

    Essa questão é respondida por ele da seguinte forma:

    Algum leitor talvez deseje saber por que começo com a segunda etapa da vida humana, como se a do estágio infantil fosse um estado sem problemas. Normalmente, a criança ainda não tem nenhum problema pessoal, mas sua complexa psique constitui um problema de primeira grandeza para seus pais, educadores e médicos. Só o ser humano adulto é que pode ter dúvidas a seu próprio respeito e discordar de si mesmo (Jung, 2014a, p.341).

    Destarte, os estudos sobre a personalidade infantil apresentam uma dinâmica de funcionamento diferente da proposta teórica de Jung, visto que na primeira metade da vida o foco não está no processo individuação, mas sim no desenvolvimento do eixo Ego-Self e o amadurecimento do ego. Já na segunda metade da vida a individuação, como meta psíquica, passa para o primeiro plano com a integração dos opostos, ou seja, aspectos conscientes e inconscientes. Como Jung buscou compreender mais sobre essa dinâmica psíquica do adulto, quando o ego já está em condições mais favoráveis de confronto, os estudos sobre a dinâmica psíquica infantil acabaram não sendo foco principal nas suas obras (Byington, 1987).

    Com a escassez de estudos sobre a infância na perspectiva junguiana até então, outros autores pós-junguianos partiram da linha de raciocínio da psicologia analítica e deram continuidade na proposta teórica de Jung, voltando o olhar para a dinâmica psíquica infantil. Levando em conta os aspectos trazidos até o momento, os próximos tópicos irão aprofundar, mesmo que sem a pretensão de esgotar o assunto, o conceito de personalidade para Jung, Neumann e Fordham, a fim de compreender as principais contribuições desses autores sobre a psique da criança na perspectiva da psicologia

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