A Vida sem uma Ordem Cronológica
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Sobre este e-book
Poemas, cartas e contos que refletem aquilo que a alma não podia gritar, mas que o coração suplicava para ser ouvido.
Cada texto é uma história única que instiga e abraça, mesmo que seja com a dureza das palavras ou com o aconchego do entendimento.
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A Vida sem uma Ordem Cronológica - Julia Rocha Freitas
Talvez mais quinze minutos
Mudei o título
Transformei os versos em algo a mais
Contei a história escondida
Mudei os versos de lugar
Brinquei com as palavras que jurei não dizer
Textos para você
Para mim
Troquei a linguagem do amor
Mudei o título
Sentei no chão e chorei enquanto olhavam
Não sequei as lágrimas
Apenas disse
Esse é o processo
Enquanto a música tocava
Mudei o título.
Judith
Um dia você me ensinou que tudo era poesia e disse isso me mostrando uma flor que havia pego no jardim. Era um dia de sol, nas férias, bonito… As nuvens eram poucas e o céu brilhava num azul do seu mar.
Você me ensinou a contar os detalhes, sempre presentes nos seus livros que quando criança sempre tentava ler, mesmo sem entender.
E no nosso diálogo silencioso, aprendi a te decifrar quando o tempo passou.
Conheci uma parte velada da sua história e entendi que os seus defeitos eram apenas os seus medos. Agora acho que tenho os mesmos.
Passei assim muitos anos sem escrever.
Era e ainda é estranho não ter você para ler, elogiar e se orgulhar de algo que acredite, vem muito de você.
Hoje, ainda dói. Está marcada na memória a foto do quarto, a porta aberta, o lençol sujo e bagunçado.
Mas já me lembro mais da sua sala rosa, do seu cheiro, da bolsa cheia de rosas, dos óculos redondos que com toda a coragem eu pedi para ter. E os seus cachos, todos os dias sendo arrumados, caindo dourados no seu rosto marcado, com o cheiro do laquê que eu não quero esquecer.
Você me tinha como a sua pequena escritora e hoje esse livro é para você.
Motivos incertos
Não sei o que aconteceu
Não sei os motivos
Mas também não quero mais parar
Para tentar desvendar
E ver se o erro foi meu
Ou se o teu
Nunca me pertenceu.
Erros
Sempre achava
Uma desculpa
Para te dar o perdão
Silencioso
Nunca pedido.
Ausência gera vazio
O peso da tua ausência
Vem e faz buraco
Ocupa o espaço
Da minha voz
Embargada pelo choro
Que jurei não derramar
Teu nome viraste segredo
Aquele que minha boca
Jura esquecer
Para não mais chamar.
Assobio em canto
Acordei tarde
O som da chuva
Batendo na janela
Vento frio entre as frestas
Ao canto do vento
Olhei
E sorri.
Pelas brigas
Ânsia que vem da alma
A raiva que rasga na garganta
No choro que a gente prende
Para não perder a razão
Na voz que sai do tom
E no olhar pesado
Que foi lançado.
Marcas do tempo
Nas marcas
Daquele desenho vivido
Contou-me uma história
Que como um encanto
Rendeu-me
Cada palavra
Tão bem desenhada
Mas tu não se abriste
Ofereceu-me mergulho raso
Raso demais
E por isso
Decidi não saltar.
Tempo
Nas memórias tento ir te apagando
Pouco a pouco
Esquecendo o cheiro da tua roupa
No meu corpo
Que tanto aqueceste
A tua risada no meu ouvido
Que tanto barulho se fez
O teu olhar sobre o meu
Encontrou-se e ali se