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Palestina: Manual da ocupação
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E-book110 páginas56 minutos

Palestina: Manual da ocupação

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Sobre este e-book

Este livro foi pensado como um pequeno manual da ocupação da Palestina, acessível e didático. Portanto, aqui, darei ênfase nos acontecimentos que nos permitem compreender a situação colonial na Palestina, bem como o longo processo de limpeza étnica e expulsão dos palestinos iniciado ainda nas primeiras décadas do século XX.
Tal projeto é um desdobramento de uma política de ocupação da terra e expropriação da população autóctone, o sionismo moderno. Na linha de uma análise pós-colonialista e decolonialista, compreendo o processo violento de ocupação deste território e dos corpos palestinos como fruto deste projeto colonial.
Portanto, neste breve manual elucidarei a conformação do sionismo moderno, bem como o início da ocupação da terra palestina, passando pelas diferentes estratégias adotadas para a tomada de terras, a catástrofe e expulsão dos palestinos, com ênfase nos anos de 1948 e 1967 e as sucessivas escaladas de violência e expansão colonial que chegam até a atualidade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de abr. de 2024
ISBN9788579176517
Palestina: Manual da ocupação

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    Palestina - Bárbara Caramuru

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço a todas as pessoas palestinas, com quem pude trocar experiências e saberes. Agradeço à CAPES pelo financiamento da pesquisa que gerou este livro. Agradeço aos Programas de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, e Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal do Paraná, UFPR, onde realizei meu mestrado, doutorado e atualmente pós-doutorado. Agradeço ao escritório Nuredin Ahmad Allan, em especial Thiago Agustinho e Nuredin Allan, bem como a Mohamed Manassrah pelo apoio à esta publicação. Agradeço minha família e amigos pelo apoio incondicional à trajetória desta pesquisa e a este projeto.

    Prefácio

    Da Presença e Permanência da Palestina

    Arlene E. Clemesha¹

    Esse pequeno e incisivo livro de Bárbara Caramuru foi finalizado e publicado em um momento trágico para a Palestina e de vergonha para a humanidade. Enquanto escrevemos, a população civil da Faixa de Gaza, 2,2 milhões de pessoas, está quase toda encurralada em Rafah, na fronteira com o Egito. O cenário é de terra arrasada de norte a sul, incluindo ali onde antes erguia-se, orgulhosa, a única metrópole palestina, a cidade de Gaza.² Em Rafah, ao sul, há agora mais de um milhão de pessoas vivendo em barracas improvisadas, na chuva, no frio do inverno, lutando para conseguir uma porção de farinha que seja. No norte, a fome já substituiu as bombas como método de guerra. Não há condições de sobrevivência e a água que se encontra está suja e contaminada. O Estado de Israel, que há 17 anos controla a quantidade de calorias a que os moradores da Faixa de Gaza têm acesso, que abre e fecha comportas de fornecimento de água como se de gado se tratasse, hoje impede o ingresso de ajuda humanitária que poderia salvar vidas.

    As crianças de Gaza estão reinventando o que é a infância e não se sabe se conseguirão superar o trauma de estarem presas dentro de um diminuto território, esperando, cada uma delas, o dia em que seu próprio corpo inocente e frágil será o próximo alvo. Ainda não foi revelada a real extensão do horror a que essas crianças estão expostas há cinco meses. Mas sabemos que o sentimento de espera da morte atinge toda a população e os poetas escrevem seus testamentos. A pequena Hind Rajab de apenas cinco anos de idade testemunhou a morte de todos os integrantes do carro em que ela e sua família fugiam para o sul, apenas para acabar sendo fuzilada ela também, além dos paramédicos enviados para tentar socorrê-la. A gravação da sua última ligação telefônica com o Crescente Vermelho registra as preces que juntos recitaram para tentar acalmá-la. Quem jamais poderá esquecer?

    Mais de mil crianças tiveram uma ou ambas as pernas amputadas. Mais de um milhão sentem na pele a inanição, a doença que espreita, o dano irreversível ao seu desenvolvimento. O gosto da água salgada e suja haverá de ficar causando náuseas pelo restante de suas vidas. Não são vidas insignificantes, como quer crer o governo de Israel, não são animais humanos como declarou Yoav Gallant, o criminoso Ministro da Defesa de Israel, nem são todos combatentes. São, isso sim, mais de dez mil - dez mil - crianças palestinas assassinadas ao longo de cinco meses, com o emprego de Inteligência Artificial para acelerar a definição dos alvos e o lançamento das bombas. Nada parece abalar a máquina da morte, impessoal, manipulada, operando principalmente à distância, com equipamentos de última geração. Bombas são muito limpas para quem as lança.

    O atual governo israelense, formado em janeiro de 2023, está composto por extremistas de direita de coloração fascista e fundamentalistas religiosos que têm incitado a população, principalmente os colonos, a pegar em armas contra os palestinos na Cisjordânia e Jerusalém oriental. Invasões de vilarejos por bandos de colonos armados, violentos, grotescos em seu deboche dos nativos, revivem os famigerados pogroms (massacre, em russo) do século XIX. Não faltam declarações oficiais indicando o objetivo de anexar a Cisjordânia e livrar-se de qualquer palestino que tente se opor. Tampouco faltou evidência do intento genocida na preparação da invasão ora em curso na Faixa de Gaza. Como relatou o depoimento do amigo, professor em Gaza, Haider Eid, o que estamos vivenciando é uma combinação de limpeza étnica e genocídio.

    Sobre os destroços dos edifícios surgem gananciosos projetos 3D de condomínios israelenses de luxo frente ao mar. Sobre os destroços dos corpos, se alimentam os famintos gatos de rua. Os corpos envoltos e, uma última vez, apertados nos braços de uma mãe inconsolável, ou deitados às dezenas em valas comuns, fundem-se qual uma fita de möbius e nos levam de um morticínio a outro, de um massacre a outro, e a uma história de limpeza étnica e apagamento sem fim do povo palestino.

    Em resposta a isso, o povo palestino resiste há um século à sua desumanização, desenraizamento e expropriação. Rejeita

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