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Dicas do centauro navegador
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E-book195 páginas1 hora

Dicas do centauro navegador

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Sobre este e-book

Dentre as belezas com as quais a vela nos presenteia, conhecer o Capitão Dick e a Capitã Elisete foi sem dúvida um especial marco em nossas vidas. Os ensinamentos náuticos e de vida que tivemos a oportunidade de vivenciar, seja devorando sua literatura, ou convivendo com estes ícones da náutica brasileira, nos fez crescer como velejadores e como pessoas.
O livro Dicas do Centauro Navegador completa a série de livros voltadas para aqueles velejadores que, como eu, apreciam receber os conhecimentos necessários para uma navegação segura, eficiente e precisa baseando-se no que os muitos mestres experimentaram ao longo dos anos.
Assim como checklists na aviação que, acima de tudo, tornam o voo absolutamente seguro, este livro nos ensina a criar nossos próprios checklists, sedimentando os conhecimentos do navegador a vela para que este alcance com absoluta segurança seus almejados "mares nunca dantes navegados".
Ao longo do livro são apresentados e desenvolvidos os conhecimentos baseados nas experiências por eles vividas ao longo dos muitos anos a bordo. O "seamanship" ou melhores práticas de atuação, convivência e trabalho em equipe a bordo, imprescindível exercício para os que se proponham a velejar mundo afora, é aprofundado ao longo de cada capítulo.
Os capítulos voltados a navegação em mau tempo merecem especial atenção pois, apesar do avançado desenvolvimento tecnológico dos veleiros e também dos aplicativos de roteamento meteorológicos da atualidade ainda é responsabilidade do comandante da embarcação escolher o melhor momento para enfrentar o mau tempo ou fazer uma rota ao largo deste. No entanto, esta não é a realidade de 99% dos veleiros mundo afora que velejam em velocidades muito limitadas. Portanto, enfrentar mau tempo é uma questão de tempo e estar absolutamente preparado é a melhor opção.
As técnicas e procedimentos por eles apresentados, nos dão a segurança necessária para o enfrentamento deste desafio que todo o velejador terá que lidar em algum momento de sua vida a bordo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de jun. de 2024
ISBN9786557591543
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    Dicas do centauro navegador - Edwin Rudyard Wolff Dick

    Introdução

    Há séculos, o homem utiliza os oceanos, lagoas, lagos e rios para o transporte de pessoas e de cargas. Nos primórdios da navegação, o vento era o principal combustível utilizado para impulsionar as embarcações. Nos dias de hoje, ele continua sendo empregado nas embarcações à vela, especialmente na área de esporte e lazer, além de ter sido descoberto como fonte de geração de energia limpa em larga escala, através dos geradores eólicos.

    Adaptações, mudanças e invenções foram introduzidas nas embarcações: desenho do casco, das velas, formatos de quilhas e tipos de mastreação. Mas, dentre todos os avanços, a área dos eletrônicos ‒ em muito pouco tempo têm proporcionado a maior transformação, tanto no desenvolvimento do design das embarcações como na tradicional arte de navegar.

    Os navegadores introduzidos na arte de navegar nos últimos 20 anos não adquiriram o conhecimento necessário para interpretar uma carta náutica e localizar a embarcação utilizando as coordenadas de latitude e longitude. Nem falo em fazer uma navegação estimada utilizando o ecobatímetro, a velocidade da embarcação, as correntes, os faróis e o rádio. Alguém com menos de 25 anos já ouviu falar em Lista de Faróis ou em Carta Náutica com contorno de costa?

    Uma pane elétrica pode acabar com todos os instrumentos eletrônicos a bordo. O que fazer se os instrumentos eletrônicos forem desligados e não tivermos, pelo menos, um Logbook com algumas informações como dia, hora, latitude, longitude, medição do barômetro, velocidade da embarcação e a velocidade e direção do vento? Sabemos que as coisas mudam, evoluem, que os sistemas elétricos de hoje são muito mais eficientes e confiáveis, que existem backups dos dados em todas as nuvens e que a comunicação por satélite já é uma realidade. Mas, será que saber usar uma régua paralela ou um esquadro de rumo e um compasso de navegação é um conhecimento inútil? Saber se a distância na carta náutica é medida na escala de latitude ou longitude? Falar em Projeção de Mercator é coisa de extraterrestre?

    Retornando de uma navegada na Lagoa dos Patos, no final do dia, escuto pelo VHF uma embarcação solicitando auxílio. O sujeito estava encalhado e não sabia para onde sair, porque não tinha levado seu Navionics. E se este navegador estivesse em uma área sem ninguém em um raio de 25NM? Como ele ia sair desta? Navegar é uma arte complexa que exige dedicação e conhecimento pois envolve, além de situações muito prazerosas, a segurança da tripulação e da embarcação. Nas próximas páginas, vamos tentar aprimorar alguns aspectos básicos da fantástica experiência que é navegar ao sabor do vento.

    Boa leitura e divertimento!

    Curso de vela

    Se você está realmente querendo entrar no fascinante mundo da vela, sua primeira atitude deve ser se inscrever e fazer um curso de vela. Normalmente, existe uma escola de vela ou um instrutor disponível nos locais onde é possível navegar. Se a primeira tentativa não lhe agradar, e velejar é realmente seu objetivo, não desista! Procure outro, outro e outro... até encontrar alguém que combine com o seu jeito de ser e pensar. Se frequentar marinas e/ou clubes náuticos não faz parte de sua vida, é hora de começar. Observar os vários tipos de embarcações, seus detalhes e como os objetos estão dispostos e arrumados em cada uma delas é uma boa maneira de ter contato com o assunto e aprender.

    A sugestão é iniciar com um curso de monotipo: laser, dingue e tantos outros disponíveis neste porte. Por que fazer um curso de monotipo, se seu destino são os mares do mundo? O monotipo permite sentir o vento e as reações da embarcação de maneira mais fácil. Além do mais, em uma embarcação pequena, manobras infelizes quase sempre não têm maiores consequências. Por exemplo, um jaibe involuntário em um monotipo vai acabar, no máximo, em um bom banho. Já em um veleiro de oceano essa mesma manobra pode causar a queda do mastro, com todas as suas implicações.

    O conhecimento adquirido nesse primeiro curso começa a lhe permitir organizar seus objetivos: onde você quer navegar e que tipo de embarcação preenche suas expectativas. Muito importante também é cumprir com as exigências formais da Marinha do Brasil: realizar a formação para obter a habilitação para navegação interior, costeira ou oceânica. Os cursos de Arrais, Mestre e Capitão Amador vão, gradualmente, lhe fornecer o conhecimento das regras de navegação.

    Primeiro passo dado. Não desista! Navegar é uma experiência fantástica!

    A compra de um veleiro

    Confraternizar e compartilhar são características da arte de velejar. Um dos assuntos cada vez mais abordados em grupos de velejadores na internet, é a dor de cabeça enfrentada após a decisão de comprar um veleiro ou simplesmente fazer uma reforma em nosso velho companheiro. E construir então?

    Já tendo algum conhecimento prático sobre o que é velejar, e teórico sobre navegação, você estará apto a buscar seu sonho. Participar de reuniões de grupos de velejadores, churrascos, encontros e palestras sobre experiências pessoais, pode acrescentar alguma coisa. Converse com seus novos amigos sobre os tipos de barcos que existem em sua área. Em outro momento, relembre os comentários feitos, analise as observações de cada um, vá aos locais onde os veleiros estão. Examine minuciosamente cada embarcação em questão, observe seu estado de manutenção e perceba suas características. A conclusão será, certamente, que 80% dos barcos são velhos e que 90% deles não navegam mais do que duas vezes por ano.

    Frequente os eventos náuticos, mas ‒ inicialmente ‒ não mencione sua intenção de comprar ou construir um veleiro. Por quê? Para evitar o assédio de alguns amigos, que tentarão direcioná-lo de acordo com seus próprios interesses, e para escapar das dicas dos famosos navegadores de trapiche e varanda. Empenhe-se em conviver com os velejadores, fazendo parte das tripulações em passeios ou regatas. Seja cordial, disponível, flexível, prestativo, educado e humilde, para que os convites se repitam. Não frequente sempre o mesmo veleiro. Procure velejar em todos eles e observe as reações de cada embarcação, tripulação e, principalmente, de cada Comandante.

    Consulte vários especialistas do ramo. Observe as diferenças de cada veleiro. Não tenha pressa! Encontrar o veleiro certo, para o tipo de navegação que você pretende realizar, exige bastante tempo e dedicação. Analise o layout, calado, mastreação, projeto, cabos e velas. Fundamental é dar uma velejada para sentir o barco e, se possível, tirar o barco da água para inspecionar as obras vivas. Também não esqueça de verificar a situação do veleiro junto à Marinha do Brasil.

    Estes são somente alguns detalhes… não quer dizer que surpresas não irão acontecer. Mas, uma decisão tomada com convicção e embasamento faz com que todas as dificuldades futuras sejam enfrentadas com uma boa perspectiva, sem nunca desistir.

    Chegando no píer

    É a primeira vez que você está chegando com o seu novo veleiro no box! O nervosismo vai tomando conta. E mais nervoso ainda está o pessoal em terra, querendo ajudar e, na maioria das vezes, atrapalhando um pouco.

    Estude o local e, antes de chegar, ensaie toda a manobra na sua cabeça. Atracar de proa ou de popa? É necessário prender a proa ou a popa em uma boia? É necessário lançar âncora e chegar de popa? O píer é flutuante? Cada píer/marina tem um tipo de atracagem. Prepare o box antes de sair para buscar seu novo veleiro. Deixe os cabos de amarra prontos no píer e no barco. Em algumas situações, colocar um cabo guia na entrada do box, com um engate para prender na proa ou na popa, pode auxiliar bastante. Em alguns locais, principalmente no exterior, um bote de apoio auxilia na manobra de atracagem. No Brasil, isto é uma exceção.

    Se possível, escolha o momento para chegar. Preste atenção na velocidade e direção do vento. O ideal é chegar no box com pouco vento e com a embarcação em velocidade mínima, somente para ter controle do leme. Em geral, a velocidade máxima para adentrar um porto é 3kt. Veleiros com quilha central são de manobra mais fácil. Antes de iniciar o procedimento verifique, em uma área aberta, qual o efeito do seu hélice sobre o leme, quando engatado com o motor a vante e a ré. Saber para qual o bordo o hélice puxa mais ajuda na hora da chegada.

    Nas primeiras vezes, contar com o auxílio de um ou dois tripulantes a bordo ajuda bastante. Antes de chegar, determine

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