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Crónicas de uma Guerra Secreta: A Agência
Crónicas de uma Guerra Secreta: A Agência
Crónicas de uma Guerra Secreta: A Agência
E-book400 páginas5 horas

Crónicas de uma Guerra Secreta: A Agência

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Sobre este e-book

Paul Klunter, um veterano agente secreto, lidera uma organização internacional na luta contra uma civilização extraterrestre apostada em escravizar a raça humana. Um conflito contra um inimigo misterioso, tecnologicamente superior e implacável, na qual Klunter, os seus camaradas e até a sua própria família irão arriscar tudo. Mas no processo descobrirão muito sobre si próprios e sobre as ameaças que se escondem, nas sombras do nosso próprio planeta.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de abr. de 2016
ISBN9788468681948
Crónicas de uma Guerra Secreta: A Agência

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    Crónicas de uma Guerra Secreta - J.P. Machado

    intelectual.

    PRÓLOGO

    A história que se segue tem como enquadramento décadas de histórias e alegados testemunhos sobre a atividade de seres alienígenas no nosso planeta. Muito foi escrito, relatado, discutido, afirmado e negado sobre esta matéria. Com a presente narrativa não se pretende defender ou atacar a veracidade das diferentes posições sobre este tema, apenas apresentar esse cenário como uma metáfora para muitos outros conflictos que continuam a assolar a nossa existência neste pequeno planeta.

    O verdadeiro objetivo é contar uma história sobre um grupo de homens e mulheres que sacrificam diariamente a sua vida e dos que lhe são próximos defendendo o resto da população contra uma ameaça radical, violenta e implacável. O extremismo, xenofobia ou fundamentalismo existiram e continuarão a existir sempre na história da humanidade, com diferentes bandeiras, rostos, e armas. São a máxima expressão de quão primitiva esta nossa espécie supostamente superior consegue ser.

    Como diz o velho ditado, o mal prospera quando bons homens não fazem nada. E para quem dedica a sua vida a combater essas ameaças, muitas vezes não há condecorações, louvores públicos ou prémios. Apenas sacrifícios, segredos e muitas vítimas, na maior parte dos casos inocentes, esquecidas e perdidas na História.

    Numa altura em que as principais nações do globo se fecham cada vez mais em si mesmas, concentradas em questões económicas e materiais e deixando o resto do mundo entregue a si próprio, convém não esquecer esse velho ditado. O futuro será sempre trágico se continuarmos pelo nosso caminho atual de isolacionismo e indiferença para com o terceiro mundo. Se dúvidas houver sobre isso, basta olharmos para o passado.

    Todas as personagens referidas neste livro são fictícias. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é pura coincidência. E, de acordo com todos os registos oficiais, os eventos que fazem parte desta história nunca aconteceram.

    J.P. Machado

    UMA QUINTA NAS MONTANHAS - Março de 2007

    O director da secreta e recém-criada Agência de Defesa da ONU, Paul Klunter, estava a caminho de uma base situada nos confins dos bosques montanhosos americanos da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos. Como seria de esperar, à superfície não existiam nenhuns indícios que permitissem detectar o complexo.

    A estrada de terra que levava à base saía da estrada estadual, estranhamente sem nenhum sinal a indicar o destino, percorria dois quilómetros pelo meio da floresta, até terminar numa quinta, aparentemente deserta. Os dois jeeps negros e com vidros fumados que transportavam o director e a sua equipa seguiram directamente para o grande celeiro da quinta de aspecto abandonado, estacionando depois lado a lado no interior.

    Quatro dos seis ocupantes dos veículos entraram no elevador camuflado no canto mais escuro do edifício. Após uma verificação da identidade dos visitantes através de câmaras e sensores biométricos, a central de segurança da base fez o elevador iniciar a descida dos cerca de 30 metros que separavam a superfície do complexo subterrâneo.

    O recém-nomeado director, designado pelos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas para liderar as operações globais contra as incursões extra-terrestres, não tinha especiais razões para se sentir contente, porque as informações disponíveis não permitiam grandes optimismos. A generalidade dos esforços independentes das principais nações tinha-se revelado até ao momento infrutífera.

    No ar as naves extraterrestres penetravam repetidamente na atmosfera, sem os caças das diferentes forças aéreas conseguirem sequer aproximar-se, na esmagadora maioria dos incidentes. E quando o conseguiam as naves simplesmente afastavam-se, aproveitando uma velocidade máxima superior, ou em alguns incidentes recentes, simplesmente abatiam os aviões com os seus canhões de raios verdes, matando os pilotos terrestres enquanto estes tentavam infrutíferos contactos amigáveis via rádio.

    No solo os pequenos grupos de agressores alienígenas que as naves transportavam raptavam e matavam sem escrúpulos. Ainda se preocupavam em camuflar a sua actividade, operando principalmente de noite, com mau tempo ou em zonas remotas. Nas poucas situações em que as forças locais militares e de segurança conseguiram interceptar os alienígenas no solo, as tentativas de comunicação pacífica transformaram-se em massacres, com os intrusos a abrir fogo de surpresa, causando vários mortos e desaparecidos.

    Embora incapazes de prevenir as incursões hostis e de determinar o respectivo objectivo, os principais serviços de informações terrestres, como a CIA americana, o FSB russo, o MI6 inglês e o SDECE francês, continuavam a identificar sucessivos raptos de políticos, militares e funcionários públicos de alto nível, na maior parte dos casos devolvidos após a colocação de objectos estranhos no cérebro. Em termos científicos, a pouca tecnologia alienígena que tinha sido capturada ao longo das últimas décadas continuava a ser um mistério indecifrável para os melhores cientistas e engenheiros disponíveis em cada país.

    As incursões tinham ocorrido para já apenas em áreas rurais e de baixa densidade populacional, mas já fora o suficiente para a imprensa conseguir algumas entrevistas polémicas com alegadas testemunhas e sobreviventes. O pouco que restava do segredo sobre a existência de extraterrestres estava a cair por terra rapidamente.

    Face à ineficácia dos esforços separados de cada nação, os principais países acordaram secretamente em montar uma agência especializada sob a égide do Conselho de Segurança da ONU, oficialmente para a coordenação de operações contra-terroristas, mas especificamente para lidar com a ameaça alienígena.

    Na mente do director designado, havia poucas dúvidas que a estratégia para lidar com os extra-terrestres tinha que mudar. Até agora a prioridade tinha sido dada à recolha de informações, mesmo que isso implicasse expor agentes, comandos e pilotos demasiado próximo das forças inimigas sem lhes dar a opção de atirar primeiro. O que implicou mortes desnecessárias em troca de nenhuns resultados tácticos e estratégicos.

    Quando Klunter chegou finalmente ao hangar A da base subterrânea, já estavam formados os 50 elementos que compunham o efectivo inicial da nova agência. Havia americanos, russos, ingleses, franceses, alemães, chineses e japoneses, entre elementos de outras nacionalidades, distribuídos pelas especialidades de comandos, pilotos, agentes de informações e segurança, cientistas e engenheiros.

    Cada especialidade envergava fardas de uma cor específica: verde azeitona para comandos, azul-escuro para pilotos, cinzento para agentes, branco para cientistas e castanho para engenheiros. Comum a todas as fardas era o escudo negro ao peito com a sigla United Nations no topo, aliás a única insígnia visível.

    Klunter começou a falar, em voz alta e com firmeza:

    - Estão aqui reunidos porque alguém disse que vocês eram os melhores do mundo nas vossas especialidades. Espero que sejam, caso contrário encontrarão a morte, ou algo pior, às mãos dos nossos inimigos cinzentos.

    Alguns dos cientistas e engenheiros, pouco preparados para enfrentar a dura realidade de um cenário operacional, deixaram transparecer alguma inquietação.

    - Mesmo que realmente sejam os melhores, o mais certo é acabarem mortos na mesma. Mas antes de irem, espero que matem ou capturem alguns deles. Façam-nos pagar bem caro por cada minuto que passam neste planeta e pelo sofrimento que nos fazem passar...

    Perante o ar inquieto da assistência, fez sinal ao assistente que aproximou uma caixa refrigerada. Enquanto este metia as mãos dentro da caixa, continuou a falar:

    - Estão com medo? Ainda bem, porque isso pode ajudá-los a manterem-se vivos. Mas se estiverem a pensar em renderem-se, pensem outra vez, porque os extraterrestres não aceitam prisioneiros…apenas cobaias.

    Enquanto observava o impacto das suas palavras na audiência, meteu a mão dentro da caixa térmica que tinha trazido consigo e, tirou lá de dentro um saco transparente com a cabeça morta de um extraterrestre.

    A audiência olhou com espanto, visto que quase todos tinham apenas visto até aquele momento fotografias de baixa definição e desenhos do inimigo.

    - Olhem para os olhos negros, sem emoção, do meu amigo Charlie. Para ele não interessa o que vocês sentem, nem o que vocês querem. Não passam de uma manada de gado ou de um grupo de cobaias de laboratório. Não há negociação ou rendição com o Charlie. Apenas a dúvida de quem morre primeiro.

    A assistência observava com um olhar sério a cabeça cinzenta inerte e os olhos negros do extraterrestre.

    - Caso alguém ainda esteja a pensar em mudar de lado e juntar-se ao Charlie e aos seus amigos, o castigo por traição é a morte por fuzilamento, aplicável de acordo com a minha sentença. Não há apelo nem recurso, com o consentimento expresso de todos os vossos governos, expresso nos estatutos desta nova organização.

    Até ao momento, o discurso não fora exactamente aliciante, mas o objectivo era provocar um choque.

    - Se alguém tem curiosidade em saber como o Charlie morreu, ele teve um desentendimento comigo e com o meu lança-granadas. Só a cabeça se aproveitou. Exijo de todos o mesmo desempenho. Quero ver cabeças e corpos de alienígenas a dar entrada nesta base, de preferência a um ritmo bastante superior ao das nossas baixas. E se tiverem dúvidas onde estarei quando houver combates, estarei com os comandos no terreno a dar cabo destes animais, ou no centro de controlo a certificar-me que todos cumprem o seu dever até ao fim.

    As suas palavras foram acompanhadas com visível entusiasmo pela audiência.

    - Teremos as melhores armas, aviões e tecnologia disponíveis na Terra. A nossa autoridade será maior do que a das forças militares e de segurança de cada país. Mas também será maior a nossa responsabilidade. Lembrem-se que estamos aqui para defender a vida humana neste planeta, portanto só matamos humanos em último recurso, nomeadamente em caso de traição ou como acto de misericórdia.

    Com este último toque no sermão às tropas, Klunter deixou o hangar enquanto os especialistas dispersavam para os seus locais de trabalho. Acompanhado pelo engenheiro-chefe iniciou a visita às diversas instalações da base.

    Para as operações de voo existiam três hangares subterrâneos, cujos tectos camuflados abriam apenas para a descolagem e aterragens dos protótipos de dois interceptores F-35 VSTOL e do transporte de assalto Super Osprey VTOL. O laboratório e a oficina, ambos utilizando tecnologia de ponta, asseguravam as actividades de pesquisa e desenvolvimento. Para os comandos e agentes o ginásio, a carreira de tiro e um arsenal bem recheado garantiam as necessidades básicas. Além destes módulos existiam vários espaços para alojamento de pessoal e armazenamento de materiais.

    Todo o conjunto era controlado a partir de uma sala de controlo equipada com monitores, sistemas de comunicações e vigilância por satélite que garantiam o controlo em tempo real das operações aéreas, terrestres e secretas à volta do planeta.

    Após a inspecção às instalações, Klunter reuniu-se com os responsáveis dos diferentes departamentos na sala de reuniões do estado-maior, localizada ao lado da sala de controlo, após o fim da visita. Havia cinco responsáveis presentes:

    • O americano William Harris, veterano da Guerra do Golfo, chefiava uma equipa de 12 pilotos que pilotavam os dois interceptores F-35 Lightning II, e o transporte de assalto Super Osprey, além de operarem o radar de detecção de OVNI’s da base e o centro de detenção de OVNI’s;

    • O alemão Dietmar Emmers, especialista e veterano de operações contra-terroristas do GSG9, controlava uma equipa de 6 outros elementos responsável por enfrentar e eliminar os cinzentos no solo;

    • O japonês Kenji Oniri, engenheiro aeroespacial e de armamento, assegurava o desenvolvimento e produção de tecnologias avançadas e a manutenção dos sistemas e equipamentos da base;

    • A americana Sarah Wilkins, doutorada em astrofísica e biologia, liderava uma equipa interdisciplinar de cientistas responsável pelo estudo dos extraterrestres capturados e da respectiva tecnologia;

    • O russo Dimitri Chevchenko, um espião da velha guarda com 60 anos de idade e quase 40 de experiência nos serviços secretos controlava os agentes de espionagem e segurança;

    Klunter pediu a cada um dos responsáveis de departamento que explicasse as dificuldades que enfrentava. William Harris, o piloto americano, começou:

    - Na guerra aérea, os caças mais avançados do mundo que nos disponibilizaram raramente conseguem interceptar os OVNI’s, isto das poucas vezes que os radares os conseguiram adquirir. E da única vez que os aviões se aproximaram o suficiente do alvo para disparar os seus canhões e mísseis de curto alcance, o OVNI simplesmente acelerou e afastou-se.

    -Vamos instalar nos interceptores uma versão quatro vezes mais potente de radar. Os americanos também vão enviar mísseis de longo alcance, com ogivas de maior poder explosivo. Os nossos engenheiros irão depois modificá-los para operarem na frequência específica dos nossos radares. Talvez assim consigamos melhores resultados. – Explicou Klunter, obtendo um aceno de aprovação do piloto. – Emmers, e os seus comandos?

    - Ainda não tivemos uma única missão operacional. Os incidentes que se verificaram no solo foram até ao momento enfrentados pelos governos locais. Mas os resultados não parecem muito motivantes. Qualquer tentativa de uso da força, mesmo pelas melhores forças especiais, foi enfrentada pelo inimigo com sucesso, resultando em múltiplas baixas.

    - Realmente não parece muito animador. A partir de agora as forças militares e de segurança locais ficarão responsáveis por estabelecer um perímetro na zona de incidente. Depois chegaremos nós para lidar com os cinzentos dentro da área crítica. E actuaremos não como unidades policiais, com definição de um perímetro, tentativas de contacto prévio e manobras exaustivamente planeadas, mas como incursores em território hostil, usando velocidade, aproximação furtiva e o máximo de força desde o primeiro contacto.

    - Isso é óptimo.

    - Temos que rever o equipamento dos comandos. Pelo que vi cada homem parte para uma missão com mais de 40 quilos de armas e equipamento. O que não é aconselhável, considerando que estamos a combater adversários mais pequenos, mais ágeis e com armamento mais potente. Se tivermos que escolher uma vantagem, escolho a velocidade. Cada homem passa a sair apenas com a sua espingarda, munições extra, granadas, blindagem corporal ligeira e um estojo de primeiros socorros. Disparem para matar logo que os tenham na mira e acabem com eles. Nada de tentativas de comunicação ou contacto amigável prévio.

    - E relativamente a fazermos prisioneiros? – Perguntou Emmers.

    - Primeiro vencemos o combate. Se algum deles estiver vivo depois disso, capturamo-lo. Mas a prioridade é resolver a situação táctica.

    Emmers sorriu. Finalmente havia regras de combate livres, sem tentativas patéticas de contacto prévio com os cinzentos e sem condicionantes políticas.

    - A única precaução que os comandos devem ter em conta é a de minimizar as baixas civis. Os governos participantes não irão gostar muito se os seus cidadãos começarem a morrer às nossas mãos.

    Klunter dirigiu-se então para o engenheiro japonês e para a cientista americana:

    - Relativamente aos vossos departamentos e até começarmos a recolher material alienígena, quero se concentrem no desenvolvimento de armas laser. Os americanos e os russos já nos passaram todos os dados de pesquisa nesta área. Era bom que os comandos e agentes pudessem ter rapidamente nas mãos algo de mais potente para enfrentar o Charlie e os seus amigos. – Os dois responsáveis de departamento assentiram.

    - Quanto ao senhor, Chevchenko, suponho que temos muito para conversar, talvez depois de almoço. Pode ser?

    - Da. – Embora a velha raposa russa soubesse falar inglês impecavelmente, a resposta em russo pareceu-lhe mais amigável.

    O almoço consistiu num prato de peixe, num prato de carne, sopa e fruta. Desta forma era possível servir pelo menos um prato compatível com os paladares de cada nacionalidade. Não havia messes separadas para chefias e para os restantes especialistas. Todos comiam na mesma messe, divididos apenas por turnos consoante as necessidades dos respectivos serviços.

    Depois de almoço, no seu pequeno gabinete, Klunter conversou com Chevchenko. O director começou por colocar as cartas na mesa:

    - Os meus contactos mostraram-me o seu ficheiro na CIA. Sei que foi um agente treinado ainda na velha escola do KGB e que serviu como infiltrado no Ocidente durante a fase final da guerra-fria. Esteve ainda nos conflitos do Afeganistão e da Chechénia. Nos últimos anos foi o instrutor chefe da escola do SVR, um dos organismos que sucedeu ao KGB. E isto não é sequer a ponta do icebergue. Mas o que mais me interessa é como se envolveu nesta história dos extraterrestres.

    - Não é nenhum segredo de estado. A primeira vez foi no Afeganistão. Como oficial de contra-subversão de sector, enviei uma patrulha Spehtznahz para infiltrar-se no vale de Panshir e localizar uma base camuflada dos Mujahedin. Após 24 horas, recebemos sinal de que estavam sob ataque dos árabes, antes de perdemos a ligação rádio. Mandámos dois helicópteros com reforços resgatá-los, mas estes também desapareceram. Quando dois dias depois finalmente os localizàmos, encontrámos os destroços dos helicópteros, algum equipamento e armas e os corpos de alguns dos nossos homens e dos Mujahedin. A câmara de vigilância que a equipa transportava registou algumas imagens do ataque alienígena. Pelo pouco que percebemos de todo o incidente, as comunicações e os radares foram bloqueados pela nave inimiga e uma pequena equipa de alienígenas caiu em cima dos nossos homens e dos Mujahedin, enquanto eles estavam num complexo de grutas. Perdemos 9 dos nossos, dos quais apenas recuperámos 6 corpos, e identificámos 12 corpos afegãos. Nas imagens vimos apenas 5 alienígenas.

    - Como é que o incidente foi oficialmente resolvido?

    - As mortes foram atribuídas à queda acidental dos helicópteros de transporte . Mesmo no final do regime comunista, ninguém estava disposto a questionar a posição oficial.

    - Claro. E depois disso?

    - Houve mais incidentes. Pelo menos três. Dois no Afeganistão, um na Chechénia, sempre com o mesmo padrão. Interferência de radar e comunicações, pequenas unidades em combate com os guerrilheiros em zonas remotas, com vários desaparecidos após o incidente. Em termos de provas, apenas alguns testemunhos pouco fiáveis de camponeses e prisioneiros árabes capturados, além de corpos e pedaços de corpos, mortos por armas de tecnologia desconhecida.

    - De acordo com o que li, não foram os únicos. Houve mais situações. No Vietname, no Médio Oriente e no Golfo Pérsico, sempre de noite e em zonas remotas, longe das principais frentes de batalha.

    - Também vi esses ficheiros. – Curiosamente ou talvez não, Chevchenko não referiu como tinha tido acesso à informação. - Mas ainda não percebemos qual o interesse dos extra-terrestres em zonas de conflito ou a razão de interferirem nas nossas operações militares.

    - É possível que estivessem a estudar-nos e a observar as nossas capacidades. Pelo menos até recentemente, quando começaram os ataques diurnos.

    - Aparentemente não nos têm em grande conta, mas não lhes temos dado razões para pensarem de outra forma.

    - Talvez devessem pensar de novo. Você conseguiu apanhar um deles. Como?

    - Estudámos os locais e datas de ocorrência de alegados raptos por alienígenas, de acordo com os relatos das vítimas. Cruzámos depois esses dados com os relativos a observações de OVNI’s e encontrámos um padrão em alguns casos. Depois disso, pusemos as vítimas sob vigilância, até que um dia tivemos sorte.

    - Sorte?

    - Sorte é um termo infeliz. Os cinzentos decidiram repetir a visita a uma das vítimas. Conseguimos chegar a tempo e apanhá-los de surpresa. Abrimos fogo imediatamente, sem tentarmos falar com eles. Acertei com uma granada perto da porta da nave e atingi os dois que estavam fora, mas um deles ainda se conseguiu arrastar para dentro. O outro ficou caído, enquanto a nave descolava. Infelizmente do corpo pouco se aproveitou, só a cabeça ficou inteira. É a desvantagem de se minimizar riscos. – Concluiu Klunter.

    - E a nave?

    - Dois F-16 atingiram-na com tiros de canhão enquanto ainda tentava descolar. Ainda conseguiu afastar-se mas caiu no mar pouco depois, em águas profundas. Não se recuperou nada. A única altura em que as naves parecem estar vulneráveis é na descolagem ou na aterragem.

    - Como é que conseguiram surpreendê-los?

    - Não sei bem. Observámos os procedimentos normais, mas desligámos os rádios e usámos comunicação exclusivamente gestual, movimentação furtiva, etc. E disparámos sem tentativa de contacto prévio. Uma abordagem primitiva, mas basicamente tivemos sorte.

    - E relativamente à vítima?

    -Já estava dentro da nave quando descolou. – Respondeu Klunter, amargamente. – E para cúmulo eles mataram três outros civis antes de nós chegarmos. De qualquer forma, estou certo que já teve ocasião de ler tanto a minha ficha pessoal como o relatório do incidente, ou não é por nada que o chamam de mestre no SVR…

    - Dá-me demasiado crédito, director. – Retorquiu Chevchenko com aparente humildade, embora não deixasse de ser verdade que ele já sabia tudo aquilo.

    - Pelo contrário, conto consigo para mostrar aos nossos inimigos alienígenas umas jogadas inesperadas. E acima de tudo tentar perceber o objectivo final dos ataques e incursões deles.

    - Sim, essa é que é a questão essencial no meio disto tudo. O que é que eles querem. E não estamos mais perto de perceber isso agora do que estávamos há 20 ou 30 anos atrás.

    - Talvez, mas o jogo subiu para outro nível. A frequência dos incidentes tem aumentado muito. Desde que os interceptemos, recolher material e informações não deve ser tão problemático como no passado. Resta ver se conseguimos fazer algum sentido daquilo que apanharmos.

    A conversa terminou pouco depois. Klunter trocou finalmente o fato de executivo pelo uniforme verde dos comandos da Agência e foi para a carreira de tiro praticar com a espingarda automática, a alemã HK G36. Enquanto descarregava tiro após tiro na silhueta de alienígena pintada no alvo, não pôde deixar de se questionar se alguma das pessoas que conhecera durante aquele dia estaria viva no final daquele conflito. O mais provável era nem ele próprio sobreviver para ver o final.

    Os dias passaram, enquanto os esforços para desenvolver a base continuavam, com actividade sem parar 24 sobre 24 horas. Durante a noite camiões com pintura civil, disfarçados com publicidade de marcas conhecidas chegavam à base, entravam no celeiro, trazendo os abastecimentos e equipamentos para os armazéns e paióis da base. Nos subterrâneos, os engenheiros afadigavam-se a construir os novos módulos da base, incluindo o destinado ao novo radar de potência reforçada. Mesmo com as portas dos dormitórios bem fechadas, as vibrações da equipa de construção tornavam quase impossível dormir uma noite ininterruptamente.

    Apesar de haver vários agentes de Chevchenko em operações, as actividades resumiam-se a vigilância de possíveis vítimas de rapto, além de analisar relatórios enviados pelos diversos serviços nacionais de informações. Na verdade, embora os jornais e televisões sensacionalistas fizessem ainda algum alarido sobre os últimos incidentes, passou-se mais de uma semana sem serem detectados novos ataques ou sobrevoos por naves. O moral das tropas de combate e dos agentes de segurança começava-se a ressentir do treino prolongado sem actividade operacional.

    Klunter viu-se obrigado a organizar actividades de lazer, como por exemplo sessões de cinema, torneios de artes marciais, além de reforçar a biblioteca. Por motivos de segurança dos sistemas informáticos não era permitido o acesso à Internet e ao correio electrónico. Nem sequer o uso de telemóvel pessoal era autorizado estando os mesmos guardados numa caixa forte. As comunicações de âmbito pessoal eram feitas através de um número de telefone não listado, ligado a uma linha segura sob gravação ao longo das 24 horas do dia. As saídas para a superfície resumiam-se a uma saída diária, limitada ao perímetro da quinta, permanentemente vigiado por câmaras, alarmes e sensores de movimento.

    Mas Klunter sabia que aquela paz podre não poderia durar muito. E não durou.

    A PRIMEIRA OPERAÇÃO - Março de 2007

    Eram 08 horas e 16 minutos do dia 25 de Março de 2007 quando o sistema de altifalantes da base soltou pela primeira vez o sinal de alarme, que captou a atenção de toda a guarnição. Após cinco segundos do alarme, o sinal foi substituído pela voz do supervisor de serviço na sala de controlo:

    - Atenção, todo o pessoal. Isto é um alerta de detecção de OVNI. Repito, isto é um alerta de detecção de OVNI. Tripulações de voo, assalto e de terra apresentem-se nos respectivos hangares e iniciem preparativos de descolagem. Especialistas de controlo de missão apresentem-se na sala de controlo. Isto não é um exercício, repito, isto não é um exercício.

    Klunter saiu do seu gabinete em passo rápido, atravessando o curto corredor até à sala de controlo. Comandos e pilotos corriam para os hangares, enquanto os engenheiros de serviço iniciavam o pré-aquecimento dos motores e sistemas electrónicos das aeronaves.

    Na sala de controlo a maioria dos chefes de departamento estavam já sentados à frente das suas consolas. Apenas a responsável científica, a americana Wilkins, ainda não estava presente, mas entrou logo a seguir a Klunter.

    A equipa de serviço na sala de controlo compreendia sempre um piloto, um agente, um comando e um engenheiro geralmente coordenados pelo elemento mais velho de entre eles.

    A sala propriamente dita fazia lembrar uma pequena sala de cinema. Estava dividida em dois níveis, com o primeiro ocupado pela equipa de serviço e o segundo, mais acima, destinado aos chefes de departamento. Na parede oposta da sala um monitor gigante ocupava o centro, ficando dois outros monitores de menores dimensões de cada lado.

    Mal se sentou na sua consola de comando, Klunter viu os dados disponíveis no sistema. Um OVNI, de pequena dimensão. Detectado pelo novo radar quando entrou na atmosfera, foi vigiado até aterrar a cerca de 50 quilómetros sudoeste de Ranchuelo, Cuba. O grande monitor central mostrava a localização no mapa, com um ponto vermelho a piscar.

    - Os cubanos já reagiram?

    - Não. Parece que ainda não o detectaram. – Respondeu Harris.

    - Muito bem. Lancem um caça para sobrevoar o local. Se o OVNI tentar descolar, abram fogo imediatamente.

    Harris assentiu imediatamente. No Hangar nº 2 o piloto já se encontrava pronto no cockpit do caça F-35. O tecto do hangar deslizou mecanicamente, mostrando o céu limpo por cima da base.

    - Caça 1 solicita autorização para descolagem imediata. – Informou o piloto de serviço na consola de operações aéreas.

    Harris olhou para Klunter e este confirmou a ordem:

    - Autorizado. Proceda para o objectivo imediatamente.

    No hangar os motores do caça, com os exaustores virados para baixo, dispararam na potência máxima, fazendo a aeronave subir para fora da base. Quando chegou a uma altitude de 100 metros, o piloto reajustou gradualmente os exaustores para uma posição horizontal e o caça acelerou, afastando-se rapidamente da quinta e desaparecendo no horizonte. Enquanto isso na sala de controlo os preparativos continuavam.

    - Preparem o transporte de assalto. Vamos tentar apanhá-los ainda em terra. – Instruiu Klunter.

    - Peço permissão para liderar o assalto. – Disse Emmers, levantando-se.

    - Autorizado. Eu também participo. Preparem-me o equipamento.

    Os restantes nove elementos olharam surpresos para o director.

    - Ouviram-me. Execução imediata. Harris, assuma o controlo da missão. Chevchenko, conto consigo na supervisão da situação táctica no solo.

    Ambos assentiram, enquanto Emmers e Klunter abandonavam a sala. Os dois correram para o Hangar nº 3, onde o transporte VTOL Super Osprey os aguardava, com os motores já ligados a fazerem um barulho ensurdecedor. O engenheiro de serviço no hangar conduziu-os à porta lateral da aeronave, voltando depois para a sua cabine blindada, no extremo do hangar. As portas do tecto já estavam a abrir-se.

    Klunter e Emmers abriram a porta blindada do cockpit sentando-se nos dois lugares atrás dos pilotos e colocando os capacetes de vôo com intercomunicadores. No compartimento de carga os 6 outros comandos estavam já sentados com as costas para a fuselagem e os cintos colocados.

    - O vosso equipamento já está lá atrás. – Informou o piloto, um francês chamado Jean Carlon. – Segurem-se para a descolagem.

    Puxou para si a alavanca que controlava o ângulo de saída dos exaustores, direccionando os jactos para o solo metálico do hangar. Depois aumentou a potência dos dois motores, fazendo o pesado transporte de assalto elevar-se na vertical, não sem alguns solavancos. Ao olhar para o exterior da aeronave Klunter viu as paredes do hangar darem lugar à paisagem da quinta e depois ao ar livre.

    O piloto ajustou gradualmente o ângulo dos exaustores, fazendo a aeronave deixar de subir e avançar obliquamente para, no final da manobra, avançar na horizontal, como um avião convencional.

    Enquanto isso, na sala de controlo, Harris já tinha conseguido ligar os sistemas da base a um satélite de reconhecimento americano, o qual agora transmitia em tempo real as imagens do local da aterragem do OVNI para o monitor na sala de controlo e para uma consola no cockpit do Osprey. A área era uma plantação de tabaco, com os campos verdes e os estrados para secagem das folhas perfeitamente visíveis. As imagens eram suficientemente detalhadas para ser possível ver movimentos individuais.

    Quase todos na sala observavam o monitor central, tentando localizar movimento

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