Vic e Tim
De Mike Sims
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Sobre este e-book
O livro original que iniciou a série, a história de Vickie e Tim.
Vickie é uma executiva por profissão, mas sua personalidade é incrivelmente esperta, criativa e letal. Com a bela aparência de uma rosa vermelha e olhos fascinantes como uma violeta, ela possui espinhos para aqueles não forem cuidadosos. As adversidades da vida a fizeram vítima, entretanto isso apenas fortaleceu suas aptidões para sair vitoriosa diante de pessoas e situações. Ela é fisicamente forte e possui um intelecto habilidoso, e aqueles que caem em suas garram recebem um método de tratamento específico. Em Vic e Tim nós acompanhamos sua jornada por territórios e relacionamentos de uma maneira diferente. Ela oferece seu humor pesado e muitas vezes seu tipo de justiça irônico para algumas pessoas, salvando-as no processo. Um heroína relutante, uma Valquíria que faz o que acha necessário sem a fama ou fortuna. No entanto, ela acaba descobrindo que as vidas que ela tenta mudar também a modificam.
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Vic e Tim - Mike Sims
Para minha esposa, Melinda, e minha filha, Maribeth.
Agradecimentos
Agradeço a Nicole Andani, pela sabedoria e pelo apoio para tornar este livro uma realidade. Obrigado a todos que contribuíram com sua perícia e seu conhecimento para ajudar a criar esta história.
Índice
O Primeiro Encontro
Escapando de Vickie
De Volta ao Trabalho
Primeiras Impressões
Vickie Pegajosa
Jornada Interrompida
Defesa
Receita Para o Desastre
Dia da Avaliação
Quando nos Tornamos a Escuridão
Essa Não Sou Eu
Honra das Escoteiras
Quebrando a Cabeça
Uma Rachadura no Gelo
Este é Um Jogo Para Dois
As Aparências Desmoronam
O Vazio Que Você Deixou
Phoenix no Fundo do Poço
Reconstruindo a Tempo
Eles Crescem Tão Rápido
Meninos Maus
Um Novo Começo
Fantasmas Domados e Novas Perseguições
O Presente que Continua Tomando Frutos
Tanya e Sean
A História se Repete
Confissões
Herança do Pai
Algumas Coisas Nunca Mudam
O Que Você Deixou Para Trás
Não é Uma Ciência Exata
O Julgamento de V
Eu Sou Seu Amante, Não Seu Pai
A Protetora do Meu Irmão
O Presente é o Centro da Bússola
Seja a Aranha
A Síndrome
E Seu Cachorrinho Também
Motim no Município
Aquisições e Águas Passadas
Como se Nunca Tivéssemos Nos Separado
Crepúsculo
O Primeiro Encontro
Às vezes parece que pessoas más são apenas pessoas boas em situações ruins. Então o que podemos dizer sobre Vickie Newsome, uma executiva publicitária que viveria sozinha se não fosse por seus dois gatos, Stone e Jones. Ela os batizou assim por causa de uma de suas primeiras vendas em um show de mesmo nome. Ela sai do trabalho como na maioria dos dias, sem visitar clientes ou fazer pesquisas. Ela planeja uma noite tranquila, assistindo reprises e imaginando qual anúncio poderia ter sido colocado no programa naquela época. Ela sai do prédio onde trabalha e caminha até um supermercado na esquina para comprar algumas coisas. É dia de comer besteira e sair da dieta um pouquinho. Ela retorna ao carro, coloca as compras na mala e decide passar na livraria do outro lado da rua para ver o que há de novo. Ela tende a se perder nestes lugares, com tanto a explorar. Ela vaga pelos corredores de livros de autoajuda, culinária e romance. Um deles chama sua atenção, chamado Short Stories Not from a Real Writer[1]. Somente o título é o suficiente para que ela o tire da prateleira. Ela está ligeiramente ciente de que alguém percebera sua presença. Um homem misterioso e de aparência pouco suspeita começa a observá-la dos cantos e através os espaços entre as estantes. Ela olha ao redor como se algo tivesse chamado sua atenção para o espaço à sua volta, mas depois continua olhando alegremente para as prateleiras. Ela pega mais alguns livros e deixa o lugar, pois está ficando tarde.
O homem a segue e entra em seu carro para continuar a perseguição. Vickie chega na sua casa no subúrbio remoto, abrindo o portão da garagem enquanto o homem passa e vira à esquina. Ela toma uma breve nota mental de vê-lo passando. "Ele deve morar por aqui", ela pensa. Por isso o carro parecia segui-la durante todo o caminho para casa. Ela deixa a garagem aberta para tirar as compras do carro e carrega-las para dentro.
Ao perceber que Vickie entrou em casa, o estranho se esgueira para dentro da garagem e se esconde atrás de um armário para não ser notado. Ela pega as últimas sacolas e bate o porta-malas do carro enquanto o portão da garagem vai se fechando e uma luz de segurança acende na escuridão do lado de fora. O homem assiste a luz se extinguir atrás do portão. Paciente, ele espera por um longo tempo com a intenção de que Vickie abaixe a guarda. Ele aguarda enfim a televisão ser desligada dentro da casa. Sabe que quanto mais esperar, os vizinhos também irão se recolher. Pensamentos de dúvida sobre o que fazer passam por sua mente. No entanto, o impulso é forte e a adrenalina está pulsando em seu estado ansioso. É como uma droga, uma vez que ele fantasiara esta situação várias vezes, mas suas emoções o convenceram a realizar a fantasia. Ele está assustado, porém excitado e sabe que não haverá volta depois daquilo. Este pensamento fica repassando em sua mente como um carro andando em círculos sem lugar para estacionar ao mesmo tempo que ele escuta os movimentos da moradora dentro da casa. Finalmente tudo vai se acalmando depois que ele a escuta subir as escadas. Ele avança para o portão da garagem, percebendo que está destrancado. Vickie está tomando banho e se preparando para ir para a cama. O estranho sobe as escadas e se posiciona no cômodo adjacente, esperando o momento certo de surpreender sua vítima.
Vickie se seca após uma rápida chuvarada e veste uma camisa longa. O coração do invasor começa a acelerar conforme o momento se aproxima. Ele nunca fizera isto antes, porém ensaiara muitas vezes em sua cabeça. Ele não é nenhum assassino, porém empunha uma faca que pegara na cozinha dela para intimidá-la. Agora ela está sentada na cama lendo. Ele pensa consigo mesmo: Certo, Tim. A hora é agora.
. Ele começa a ter dúvidas sobre sua vida e sobre as razões que o levaram a fazer aquilo, no entanto sua obsessão por controlar outro ser humano é muito forte. As reações químicas em seu cérebro devido a excitação são como uma droga e ele começa a se sentir poderoso.
Ele reúne sua coragem e avança, rapidamente derrubando Vickie e colocando a faca em sua garganta. Em seguida ele cobre sua boca e ordena que ela não faça barulho. Atenta, ela olha para ele e para a faca. Tim diz que não a machucará se ela for obediente. Ele então avisa que a irá soltá-la e que ela deve tirar as roupas. Ao perguntar se ela o compreende, a jovem confirma devagar com a cabeça. Ele a libera e ela se levanta vagarosamente para tirar a camisa. Depois ela olha para um ponto atrás de Tim e diz:
— Graças a Deus você está aqui.
Tim se vira de repente para ver quem está atrás dele e não encontra ninguém. Logo ele se volta, e Vickie o chuta forte no peito, jogando-o contra as gavetas de roupas. À essa altura, ela agarrara a mão dele com a faca e torcera seu pulso forçando-o a largar o objeto no chão. Ele entra em pânico e começa a fugir ao mesmo tempo que se esforça para respirar após o chute. Contudo, ela é rápida demais e o empurra contra o canto da parede. Tim cai para trás, chocado.
Quando ele se levanta, ela está segurando uma vara de madeira com cerca de noventa centímetros e o acerta nas costas quando ele chega às escadas. Ele rola escada abaixo, batendo na parede ao chegar ao chão. Ao olhar para cima horrorizado, o invasor vê Vickie descendo com um olhar furioso. Ele corre até a lareira e pega um atiçador para se defender, porém ela já desviara de seu golpe e o atingira no braço com a vara, fazendo com que ele largasse o atiçador. Ele está muito machucado, e ela o golpeia outra vez na têmpora. Tim está atordoado, se levanta com dificuldade e sua visão está embaçada. Ela fica parada ali, quase sem fôlego e o encara um leão prestes a acabar com sua presa. Ele implora para que ela pare e diz que irá feliz para a cadeia. Como se tivesse saído de um filme de artes marciais, ela gira e posiciona o pé sobre do osso esterno do homem, jogando-o mais uma vez de costas no chão. A voz dele sai indistinta ao implorar devagar:
— Chega, chega — e então ele apaga.
Quando Tim acorda, está sentado em uma cadeira e ao erguer o olhar, vê Vickie sentada em frente a ele fumando um cigarro eletrônico. Os olhos dele ficam arregalados ao imaginar o que está por vir. Ele implora para que ela o deixe ir e diz que já aprendeu a lição.
Vickie começa:
— Sabe, eu já fui vítima de estupro quando era adolescente. Isso quase me destruiu. Sentia vontade de me suicidar porque achava que tinha algo de errado comigo. Eu tive experiências ruins nos meus relacionamentos com homens enquanto crescia. Fiz muita terapia e isso me custou muito, não só dinheiro mas vida também. Tudo porque um homem quis fazer sexo com alguém que não fosse a esposa. Eu entendo mais do que você imagina sobre como os homens agem. Alguns são como você, fracos e sem quase nenhum controle. Portanto, desde o meu ataque lá atrás, eu conquistei três faixas pretas e treinei com regularidade. Pois eu sabia que isso poderia acontecer de novo.
"Eu treinei e me preparei para o dia que alguém como você me atacaria. Sei que o número de pervertidos não está diminuindo, mas sim aumentando. Hoje em dia temos a internet e acesso fácil a pornografia e a outras imagens chocantes para provocar vocês. Mas o que acontece quando isso não é suficiente? Vocês precisam ir além e levar para o mundo real. É como uma linha que você cruza e a linha vai se afastando mais e mais. Culpe os hormônios ou má criação, mas o fato é que o seu tipo não possui autocontrole algum. Vocês viajam ainda mais nas profundezas da perversão, racionalizando que é normal e que está tudo bem. Antes que vocês percebam, não vai ser só estupro, mas também assassinato para manter seus impulsos estimulados. Eu vou te mostrar como é ter sua vida arruinada.
Você vai saber como é ser a vítima, Timothy. Eu fiz uma cópia da sua carteira de motorista e agora sei tudo sobre você. É incrível, a mesma internet que alimenta vocês maníacos pode também me dar toda a informação que eu poderia querer ter sobre você. Isto será terapêutico para nós dois. Bem, mais para mim. E eu sei que não há nada que você possa fazer, porque se tentar me arranjar problemas, as suas digitais e até mesmo o DNA da sua bunda deslizando estão espalhados pela minha casa, principalmente na faca com a qual você me ameaçou. Então saia daqui agora e vamos começar esta experiência que será enriquecedora para você. Vai em frente. Eu disse vai!"
Ele encara aterrorizado, percebendo que está preso em um pesadelo do qual nunca poderá sair. Ela o tem nas mãos e ele sabe que sua única chance é obedecer para que talvez ela o deixe em paz. Tim reúne toda a força que possui e se arrasta para fora da casa, enquanto ela o observa.
— Sinto muito — ele diz, olhando para trás.
— É, eu também sinto. Vejo você por aí — Vickie responde.
Tim engole em seco, saindo. Ele caminha bem devagar e cambaleia até o carro. É hora de voltar pra casa.
Escapando de Vickie
Tim dirige para casa, em um bairro a quarenta minutos de distância. Ele caminha até a porta e toca a campainha, mal conseguindo ficar de pé. Sua esposa atende a porta e pergunta o que aconteceu com ele, apavorada. Ela o ajuda a entrar e sua filha de oito anos pergunta para a mãe, Lana, se o papai está bem. A mãe a tranquiliza e pede que ela volte para a cama. Assim que ficam sozinhos, ela pergunta ao marido o que aconteceu. Ela estava preocupada por ele chegar tão tarde. Tim conta que teve problemas com o carro e que, quando examinava o veículo, um bando de garotos lhe deu uma surra e levou sua carteira. Lana diz que eles devem avisar a polícia naquele instante.
— Não, eles disseram que viriam atrás de nós se tivessem algum problema com a polícia. Eles sabem onde eu moro — Tim diz. — É melhor deixar como está.
— Eu te alertei sobre essas suas excursões tarde da noite — Lana responde. — Sei que você precisa de tempo para si, mas eu gostaria de saber o que você precisa. Todos nós temos necessidades. Você precisa parar de espiar vagabundas por aí.
Tim olha para a esposa com uma expressão de horror enquanto ela continua:
— Desculpe, isso foi grosseiro. Eu não tive a intenção de menosprezar.
Ele assente e Lana cuida dele e o ajuda a chegar até a cama. Ele deita e diz:
— Eu te amo e sou grato por ter você em minha vida.
— O que você faria sem mim? — Lana sorri. — Para começar, você precisa cuidar melhor de si mesmo. E se algo acontecesse comigo?
— Eu espero que não aconteça, preciso de você para evitar que eu me meta em confusões — Tim sorri de volta.
— Eu não posso fazer isso, querido. Além disso, você não vai arranjar problemas de propósito — a esposa responde.
Ela cuida das feridas dele enquanto ele começa a cair no sono.
— No que você se meteu? — Lana sussurra para si.
De Volta ao Trabalho
Tim tirara o resto da semana de folga para se recuperar. Na segunda-feira seguinte, ele chega ao trabalho menos machucado e de melhor humor. Ele conta a história de como o bando o atacara. Seus colegas de trabalho dizem que ele teve sorte de ter perdido somente a carteira, e não a vida. Ele é chamado no escritório do chefe, e este lhe pergunta se tudo está bem, tirando o acontecido. Tim se surpreende e quer saber o motivo da pergunta. O chefe explica que um agente de cobrança ligara a semana toda querendo saber dele, por conta de algumas dívidas. Tim diz que deve ser um engano, que ele não tem nenhuma dívida pendente. O chefe então o aconselha esclarecer a situação o mais rápido possível, porque ele sabe que um professor de escola deve dar o exemplo para seus alunos.
— Tenho certeza de que foi usurpação de identidade por causa do ataque que sofri — Tim diz.
Tim avança para pegar as mensagens deixadas pelo agente de cobrança. Ele olha para o papel e vê que o nome da agente é Vickie e que a empresa cobradora se chama Vic/Tim Hora de Pagar Inc. Ele vai até um telefone próximo e liga para o número anotado, e do outro lado atende uma operadora da linha de apoio a vítimas de abuso para mulheres que foram agredidas e estupradas.
Ele desliga e amassa as mensagens dentro do bolso da calça. O sinal da escola toca e ele corre para sua aula.
Tim entra violentamente na sala de aula e seus alunos riem. Uma das crianças do Ensino Fundamental declara:
— Senhor Jenkins, você está atrasado. Estava espiando os outros pela janela?
— Uii! — alguns dos alunos vaiaram.
O professor encara o aluno e diz:
— Por que você faria uma pergunta idiota como esta?
— É uma brincadeira que a palestrante convidada fez sobre sua ausência. Ela disse que você deveria estar por aí dando de voyeur — o aluno respondeu.
— Isso não é uma coisa legal de se dizer sobre o seu professor, principalmente nestes dias. Você nem pode brincar com tais coisas.
— Me desculpe, senhor Jenkins. Foi engraçado quando aquela moça, Vickie, disse.
Os olhos de Tim se arregalaram e ele olhou fixo para o aluno por um momento. Então perguntou:
— Que palestrante convidada? Quando?
— Ela esteve aqui ontem para o dia das profissões. Ela conversou com a gente sobre publicidade. Usou o senhor como exemplo praticamente o tempo todo.
— O que mais ela disse? Digo, que tipo de exemplos ela deu?
— Ela só falou sobre os diferentes tipos de pessoas, sabe? Como pessoas normais e esquisitões. Ah, sim, falou que precisava entender os problemas dos outros, como os estupradores e etc.. Ela disse que todos têm fantasmas que atormentam, implorando que eles façam coisas ruins. Que o trabalho dela é atrair esses fantasmas sem fazer com que as pessoas cometam loucuras e coisas do tipo.
— Bem, não sei como você se lembra tão bem disso quando não consegue memorizar as estruturas das frases.
O aluno ri e responde:
— Bem, se você fosse uma loira gostosa que nem ela, eu memorizaria tudo. Eu não me importaria de ser chamado de voyeur por causa dela!
Tim vira de costas para o quadro e diz com agressividade:
— Nunca mais fale de voyeurs ou de estupradores na minha aula de novo, entendeu?
— Pode deixar, senhor Jenkins. Como eu disse, me desculpa — o garoto fala baixo.
O professor dá as costas, começa a escrever no quadro e a explicar gramática enquanto os alunos se entreolham, confusos e dando risadinhas.
Primeiras Impressões
Tim deixa a escola no fim do dia e perambula até sua livraria favorita por puro hábito, como se seu cérebro estivesse no piloto automático. Ele começa a vasculhar os livros de literatura e uma sensação lhe causa arrepios quando ele se dá conta de que fora ali que ele vira Vickie pela primeira vez. Ele começa a sair do local com calma, porém sem perda de tempo e vê sua vítima do lado de fora da loja, sentada em uma mesa no pátio da cafeteria ao lado, olhando para ele. Tim observa o redor antes de caminhar até a mesa dela e sentar-se.
— Escuta, lance do espancamento, da agente de cobrança e da palestrante convidada já foram o bastante. Me deixe ir e eu procurarei ajuda. Eu te imploro para me deixar em paz agora.
Vickie abaixa o livro e olha para o homem por um momento, então se inclina para frente.
— Tim, Tim. Eu nem comecei ainda. Você não sabia? Isso acaba quando eu decido e nem um minuto antes — ela recosta na cadeira com um olhar de repulsa.
Tim olha a sua volta, muito perturbado.
— Sabe de uma coisa? Você está