A Arte do Terror: História
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Sobre este e-book
Se você tivesse a oportunidade de participar ativamente de momentos que se tornaram fatos históricos?
Por exemplo: se pudesse voltar à Segunda Guerra Mundial, à Revolução Francesa ou ainda aos Impérios da Antiguidade e influenciasse os acontecimentos?
Se tudo o que conhecemos sobre a História, não fosse exatamente, o que aconteceu?
Segredos obscuros podem ter definido o rumo que a Humanidade seguiu em sua trajetória e você está lá, diante da verdade dos fatos, presenciando, vivenciando e redirecionando o desenrolar da História.
Você tem a oportunidade de viajar ao passado.
Escolha seu destino na linha do tempo, criando um obscuro misterioso entre o ontem e o hoje.
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A Arte do Terror - Vários Autores
FICHA DO LIVRO
VÁRIOS AUTORES,
A ARTE DO TERROR — edição especial - HISTÓRIA
COPYRIGHT DOS CONTOS © 2017
ISBN: 9781370161874
CAPA: Fernando Lima
IMAGEM DA CAPA: Ed Uthman
DIAGRAMAÇÃO E EDIÇÃO: Elemental Editoração
CRIAÇÃO E FINALIZAÇÃO: Elemental Editoração
REVISÃO: Carlos H. F. Gomes, CRegina de Vasconcellos e Henrique Santos
ORGANIZADORES: Carlos H. F. Gomes e Fernando Lima
1. Coletânea 2. Contos 3. Português 4. Volume 4
1. Título 2. Livro Digital 3. Coleção
Todos os direitos sobre esta obra são de exclusividade do selo independente Elemental Editoração, para qualquer tipo de informações ou reproduções sobre a mesma, é necessário a autorização antecipada pelo selo assim como pelos autores participantes deste projeto.
SUMÁRIO
FICHA DO LIVRO
ADVERTÊNCIA
APRESENTAÇÃO
O CAMPO DOS MORTOS
O POÇO MALDITO
DE VOLTA AO PASSADO
EXTINÇÃO
O EVANGELHO DE GABRIEL
A ÚLTIMA SINFONIA – PARTE 1
A ÚLTIMA SINFONIA – PARTE 2
SOMENTE UMA MULHER
UM ESCORPIÃO NA VALSA DAS BORBOLETAS
FÉ CEGA, ORAÇÃO SILENCIOSA
EU NÃO SABIA
A CASA DO COSME VELHO
ZOE, LE VAMPIRESSE SANS PITIÉ UN CONTE GOTHIQUE II
AS SIRENES DE MEU SONHO E CHERNOBYL
A SINFONIA AMALDIÇOADA QUE CRIEI
AQUARELAS DE SANGUE
OS IRMÃOS WRIGHT, WILBUR E ORVILLE WRIGHT
O ESTÁGIO REAL
A FINAL OLÍMPICA
JOÃO
RELATO DO DESESPERO
JERICOACOARA
ROSALIE E O TRIÂNGULO DAS BERMUDAS
A VERDADE REVELADA
RECORTE DE UM MUNDO EM CHAMAS
O INCIDENTE
ÚLTIMO ATO
ANGO
O CASO JOSEPH
PUBLICIDADE
ADVERTÊNCIA
Os textos a seguir são de cunho fictício, nenhum dos dados informados ou nomes apresentados são reais.
Qualquer semelhança com alguém ou fato é mera coincidência.
Todos os autores criaram textos para o entretenimento do leitor, não estando os mesmos envolvidos nas questões apresentadas.
Respeitamos todas as raças, crenças ou religiões.
Pede-se cautela ao folhear as páginas, pois todos os textos contem palavreados fortes e descrevem ações que poderão ser inadequadas para alguns leitores.
Ao iniciar sua leitura, esteja ciente do que poderá encontrar em questão de palavreado e frases fortes, estes são contos de Terror e não textos infantis. Por gentileza, não usar os campos de comentários para dizer que existem palavras ou frases ofensivas uma vez que usamos deste aviso para alertar aos leitores.
APRESENTAÇÃO
A História da Humanidade é repleta de lacunas e pontos cegos, e não é raro usarmos, com propriedade, o jargão popular: que história mais mal contada!
Com o objetivo de lançar luz, ou escuridão, em momentos mal contados da História ou, até mesmo, ainda desconhecidos, o Projeto A Arte do Terror apresenta 29 relatos históricos de exímios contadores de histórias.
Desde antes dos tempos, até a possibilidade do final dos tempos, você ficará surpreso ou incrédulo com os relatos aqui apresentados.
Desejamos uma boa leitura e que sinta aquele arrepio desagradável nas costas, que suas mãos suem frio, o coração bata desrritimado, a boca amargue, que sinta náuseas, a vista fique embaçada e que sinta vontade de chorar de desespero.
Mas se nada disso acontecer, se não afetar você, então aproveite e divirta-se com a boa literatura aqui apresentada.
18 de novembro de 2.017
Carlos H. F. Gomes
Organizador
O CAMPO DOS MORTOS
ALBERTO ARECCHI
Na planície da Lombardia, entre a cidade de Pavia e o mosteiro da Ordem Cartuxa, existia um vasto parque de descanso criado pelos Senhores Visconti.
Aqui se desenrrolou o desfecho da Batalha dos Gigantes
, entre as forças da Espanha e da França, lançadas na conquista da Europa e do mundo inteiro.
Entre as árvores, os caminhos e os riachos, onde agora correm os jovens esportistas de macacão e andam as famílias nos fins-de-semana, os Visconti criaram um parque com diferentes espaços cercados por muros, contendo ursos, avestruzes, cães de caça galgos, coelhos e leopardos.
Em uma noite úmida e brumosa, em fevereiro de 1525.
Os cavalheiros do rei francês Francisco I, acampados no parque, consideravam-se protegidos pela alta muralha. Em vez disso, eles foram surpreendidos pelas tropas imperiais dos espanhóis e seus mercenários.
Sobre o Castelo Visconti paira uma aura de mistério e maldições. Aqui foram assassinados dois secretários ducais, por alegada traição: Pasquino Capelli, emparedado vivo, e Cicco Simonetta, decapitado na ponte levadiça.
Os ossos do primeiro ainda estão expostos nas paredes do museu e dizem que seu fantasma vaga durante a noite pelos corredores desertos.
Havia no castelo, um maravilhoso relógio astrológico chamado Astrário, indicando o movimento dos planetas em sete mostradores, graças a um mecanismo feito de bronze especial.
Construído no final do século XIV, era a obra do doutor João Dondi de Pádua, astrólogo da corte. O Astrário trabalhou continuamente por cento e quarenta anos, mas na noite de 24 de fevereiro de 1525 parou.
Talvez uma partícula de poeira, ou talvez uma vontade superior inescrutável, tivesse feito obstruir os componentes móveis?
— Ninguém jamais foi capaz de recolocá-los em movimento.
O que não foi dito, é que o comandante das forças imperiais havia convocado uma feiticeira formidável, já condenada à morte por vários encantamentos, prometendo-lhe a salvação da fogueira, em troca de sua ajuda à causa imperial.
A mulher pediu que um grande braseiro, cheio de carvões em brasa, fosse colocado sob o Astrário. Da massa enegrecida emanava um forte calor e subiam na escuridão faíscas repentinas, lascas avermelhadas serpenteando nas brasas.
Durante a noite, na chama de algumas velas, a bruxa acrescentou ervas venenosas e carniças. De repente, o Astrário parou. Era exatamente a chamada Hora Morta
, a que nós chamamos as três da madrugada.
Então, na Idade Média, era às nove horas da noite, pois o novo dia começava com o pôr-do-sol, mas ninguém gostava de falar dela, pois era considerada a hora da má sorte ou a hora do Maligno.
Sobre as ameias do castelo, ouviu-se o guincho atroz e desesperado de um rato, apanhado por uma coruja.
Naquela fatídica noite, as forças francesas, superiores em número e armamento, tinham vantagem sobre os atacantes; quando uma névoa espessa e acre como a fumaça, subiu dos campos e dos arbustos, cobrindo tudo e todos.
O mundo inteiro parecia imerso no algodão.
No campo de batalha, a vida parou.
Os combatentes ficaram congelados em seus gestos, por um longo momento.
Quando o nevoeiro começou a se desfazer, uma espécie de loucura sagrada
, como uma perseguição diabólica, atormentava os franceses que pareciam desorientados e incapazes de combater.
O rei Francisco saiu de seu quartel, onde mantinha encontros amorosos com as mulheres da cidade. Vestiu a armadura, junto com todos seus nobres gendarmes. Mil cavaleiros couraçados, armados de lanças e espadas.
O rei mandou a sua última tropa e ficou atolado, entre os bosques e o curso do riacho que atravessa o parque. Foi preso, só pôs a salvo sua vida e sua honra, como escreveria a sua mãe.
Os cavaleiros, sob o peso das armaduras, foram presas fáceis para a infantaria inimiga e os mosqueteiros. Os oficiais ficaram desorientados e as tropas se moviam de forma desordenada, sem sequer reconhecer os inimigos. Pelo contrário, os mosqueteiros imperiais mantinham-se orientados. Os franceses se deixaram massacrar no campo como coelhos e muitos dos que tentaram fugir se afogaram, na tentativa de atravessar as águas do rio Ticino.
Parecia que uma maldição bíblica tivesse atingido as tropas do rei Francisco I, odiado pela burguesia local, como protetor dos judeus e protestantes; defensor de todas as heresias.
Ao pé da cidade de Pavia caiu a flor da nobreza francesa. Aqui morreu Jacques de la Palice e seus soldados cantaram:
Se ele não estivesse morto, ainda estaria vivo.
O termo lapaliciano
se tornou assim sinônimo de óbvio, auto-evidente
, graças a um trava-língua de soldados; uma forma estranha, para um guerreiro ir para a história.
Talvez a verdade fosse outra. Talvez os soldados estivessem cantando as virtudes amorosas de seu comandante: "Um quarto de hora antes de morrer, ele ainda tinha caprichos... Il avait encore envie. Só em seguida, a expressão foi transformada:
Il était encore en vie".
Ao lado da cavalaria francesa coberta de ferro, dos nobres gendarmes, gente de armas
, comandados pelo próprio rei, estava lutando uma infantaria composta em grande parte de suíços e alemães. Na formação oponente, com os fidalgos espanhóis, outros soldados alemães, suíços, holandeses e italianos.
No calor da batalha lutaram milhares de montanheses e filhos de camponeses, transformados em soldados. Os mercenários lansquenetes, alistados nas duas facções, armados com lanças longas de cinco a sete metros, atacaram furiosamente.
Alguns dizem que dez mil homens perderam a vida servindo ao rei francês. Entre as brumas da manhã, grupos armados saqueavam os cadáveres dos inimigos, cantando versos obscenos, com as cabeças dos mortos na ponta das lanças.
Os nobres caídos no campo da honra
foram embalsamados para o resgate de suas famílias: valiam ouro, dinheiro duro. Os cadáveres anônimos dos pobres soldados, no entanto, desprovidos de todo efeito útil, foram enterrados rapidamente, para evitar epidemias perniciosas.
Poetas e pintores narraram as glórias
da batalha, mas ninguém descreveu o trabalho doloroso dos camponeses carregando em carrinhos, milhares de corpos mutilados, para enterrá-los.
— Onde?
Nenhuma crônica lembra o destino daqueles restos mortais.
Na ala norte do parque, atrás do mosteiro da Ordem Cartuxa, às vezes são avistadas, nos campos arados, milhares de marcas retangulares, que aparecem e desaparecem, dependendo da umidade. Podem ser os túmulos esquecidos daqueles soldados sem nome, partidos de suas casas há quinhentos anos, para morrer aqui, nas brumas de uma manhã de inverno.
Parecem chorar...
Aqui estamos, venha ver! Esperamos por quinhentos anos, ainda estamos neste campo!
Há relatos insistentes de ossos achados por ali e a crença popular diz que os campos atrás do convento da Ordem Cartuxa sejam marcados
por uma maldição antiga.
Os camponeses não gostam de falar da maldição, mas ainda desviam-se quando têm que passar nos arredores do cemitério da Vila de Borgarello.
A reprodução moderna do Astrário do Dondi, mantida em um museu de Milão, nunca foi capaz de funcionar. Agora, no entanto, lemos nos jornais que o mecanismo de repente começou a se mexer.
Passo perto do castelo de Mirabelo, no caminho para o meu trabalho. Há um ligeiro nevoeiro. De dentro do carro, ouço no campo à minha direita um relincho nervoso e um cavalo branco, sem cavaleiro que aparece no outro lado da estrada.
Na gualdrapa turquesa, borbada a ouro, vejo os lírios inconfundíveis do rei francês.
Como todos os fantasmas respeitáveis, o cavalo me corta o caminho, empina-se e desaparece em uma bola de névoa e afunda no vazio profundo do tempo passado.
O POÇO MALDITO
GERSON MACHADO DE AVILLEZ
João Silveria fintava o céu estrelado, cujo fulgor do luar cortava brilhando seus olhos num descontento final. Fintava o vazio de seu derradeiro destino compelido por um desejo banal.
João então relembrou toda sua história até ali, naquele poço, ao ser traído e atraído por seus próprios desejos.
Sua vida e a história ligavam-se àquele lugar; estavam entrelaçadas com a incógnita história daquele poço, cavado em imemoráveis tempos. Para alguns, obra do demônio, a qual remetia