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A mulher solteira
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E-book207 páginas2 horas

A mulher solteira

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Sobre este e-book

Rebecca tem 36 anos, já está solteira há muito tempo e busca o parceiro ideal. Ela se dá conta, então, de que seu relógio biológico corre inexoravelmente e que não lhe resta muito mais tempo para formar uma família. Para conhecer o maior número possível de rapazes, ela usa todas as mídias disponíveis. Cada encontro representa novos desafios que frequentemente revelam os famosos mal-entendidos entre homens e mulheres.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento4 de nov. de 2020
ISBN9781547527793
A mulher solteira

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A mulher solteira - Melanie B. Frank

Ⅰ.

––––––––

C

omo caçar um homem? O artigo na nova revista me parecia prometedor, mas, ao terminar a leitura, concluí que não aprendi nada novo. Eu mesma já havia testado, sem sucesso, diversos procedimentos na tentativa de encontrar um parceiro.

Por que será que eu sigo sendo solteira? Talvez eu devesse ligar para Tina. Ela certamente poderá me dar alguma dica, afinal de contas, ela se gaba de ter encontrado o tal homem perfeito. A vida de Tina me parece excelente, graças ao seu fiel marido e à sua filha querida. Eu sonho com uma família exatamente assim. Não, não tenho inveja dela, estou, na verdade, muito feliz por ela. E, como sempre digo, a vida de solteira definitivamente tem as suas vantagens. Contudo, cinco anos são o suficiente, meu estado civil deveria finalmente mudar. Segundo a afirmação do meu ginecologista, devo me apressar, se eu, no alto dos meus 36 anos, ainda quiser ter um filho. Aos 36, o tempo está ficando apertado para encontrar o homem certo. Espero uma mudança de estado civil em breve como resultado do speed-dating ao qual irei amanhã em Hamburgo. Quase perdi o prazo para inscrição.

O tão esperado dia finalmente chegou, encontro-me na estação ferroviária de Frankfurt, maleta azul à mão, sentindo-me como uma importante empresária. Estou pronta para aproveitar a excitante noite em Hamburgo. Perdida em pensamentos, dou um pulo com o anúncio de que meu trem terá um atraso de trinta minutos. Normalmente, os atrasos me incomodam tanto quanto aos outros passageiros à minha volta, muitos reclamando irritados, mas, afinal de contas, é fim de semana e eu não tenho pressa. Quando o trem atrasado chega, descem tantos passageiros, que me pergunto se sobrará alguém que siga viagem. Se a população em geral passasse a utilizar o transporte público como os meios de comunicação o exigem por questões ecológicos, logo a situação na Alemanha se aproximaria a do cenário japonês.

Após subir no trem, atravesso diversos vagões lotados até, por fim, encontrar dois lugares ainda vagos. Antes de sentar em um dos dois, coloco eu mesma minha maleta no compartimento de bagagem superior, já que não há um só homem no trem disposto a ajudar uma mulher a levantar uma maleta; ao que parece, a espécie cavalheiro está extinta. Em seguida, uma jovem me pergunta se o assento ao meu lado ainda está vago, ao que eu o ofereço a ela. O trem começa a se mover lentamente; há pouco burburinho, apesar de o vagão estar bastante cheio. Passado algum tempo, a moça ao meu lado pergunta qual o destino da minha viagem. Em resposta, também me apresento com um aperto de mão:

Oi Martina, eu sou a Rebecca e estou indo a Hamburgo.

Ao começarmos a conversar, fico feliz por ela ter quebrado o silêncio. Descobrimos que ambas moramos em Frankfurt, que coincidência, embora não pareça absurdo, já que ambas subimos no trem em Frankfurt. Martina tem 24 anos e estuda farmácia na Universidade Goethe. Inquieta, ela se move em seu assento, imagino que deva estar ansiosa, já que está indo visitar seu namorado. Para manter a conversa, pergunto:

Então você deve estar ansiosa para revê-lo logo, não?

Martina responde após hesitar por um momento:

Sim, por um lado, sim; mas, ao mesmo tempo, não. Já faz alguns anos que levamos esse relacionamento só de fim de semana e isso me incomoda muito. Eu gostaria de vê-lo com mais frequência. Além disso, estou em fase de exames e, na verdade, não poderia me dar ao luxo de visitá-lo no fim de semana. Durante a semana, tenho aulas, à noite, trabalho; por isso deveria estudar nos fins de semana ao invés de ir vê-lo. Por isso, deparo-me com a seguinte pergunta: o que é mais importante para mim, meu diploma ou meu relacionamento?

Assim, rapidamente, não me ocorreu nada para lhe dizer, além da tentativa de acalmá-la:

Bem, quem sabe você poderia simplesmente não ir mais todos os sábados visitá-lo, talvez você ainda possa ter ambos. 

Você provavelmente tem razão, vou tentar. Só espero que esse relacionamento não seja permanentemente só de fim de semana. Se tivermos azar, talvez só encontremos trabalho em cidades diferentes; realmente não quero uma relação à distância permanente.

Entendo perfeitamente, Martina, mas vocês vão conseguir resolver isso. Estou torcendo por vocês.

Antes que o trem pare, trocamos rapidamente números de telefone. Martina desce do trem para ser recebida com fervor por seu namorado. Ele a abraça, erguendo-a do chão, e a beija até que ela se afunde em seus braços outra vez. Os dois formam um belo casal. Com sorte, permanecerão muito tempo juntos.

Na próxima parada, também termina a minha viagem, chegamos a Hamburgo. Busco imediatamente meu hotel, onde me arrumo, para logo me dirigir ao local do evento. Aos poucos, meu coração começa a acelerar. O que estará me esperando lá? Ali, eu poderia escolher o participante que mais me agradasse, uma amiga me havia prometido. Se este é o caso, então analisarei os homens hoje à noite muito cuidadosamente!

Apesar de encontrar o endereço rapidamente, paro de supetão diante da porta e hesito dar o último passo rumo ao desconhecido. Tenho uma sensação estranha. Nesse meio tempo, um homem que se parecia com Brad Pitt entra no local. Sem hesitar, sigo-o decidida a ver como a noite se desenvolverá. No momento em que entro, meu olhar recai sobre um relógio num canto, onde me dou conta de que cheguei pontualmente. A organizadora toma a palavra, saúda todos os presentes e explica brevemente as regras: A cada sinal, os homens devem trocar de assento, e as mulheres devem permanecer sentadas. Ela deseja uma noite agradável e divertida a todos. Sim, exatamente, de fato estou aqui para me divertir, não para me envergonhar por precisar participar de tal evento! Então, ignoro meus receios e me deixo levar pela aventura.

Quando o sinal toca, um homem com o número 1 em seu crachá se aproxima da minha mesa, ao mesmo tempo, chega até mim o cheiro de cigarro impregnado em sua roupa. Além disso, é quase impossível ignorar seus dentes e dedos amarelentos. Essa é exatamente a aparência de um fumante teimoso que jamais renunciará ao seu vício. Isso é algo que já conheço do meu último relacionamento; sob nenhuma circunstância voltarei a beijar um cinzeiro ambulante!

O homem número 2 causa uma boa impressão, mas me parece um pouco inseguro. Ele tem a voz bastante aguda e gesticula com as mãos ao falar. Resumindo: um banana assim, não, muito obrigada.

O terceiro é atraente, arrumado e bem vestido. Primeiro, ele me olha por um momento, enquanto sorri para mim, inclinando a cabeça um pouco para o lado, e pergunta, sem rodeios:

Percebo corretamente que você é bi?

Como assim?, respondo, perplexa.

Bem, talvez você seja bi e somente ainda não saiba disso. Na verdade, eu já tenho uma namorada e nós só estamos buscando uma mulher para uma orgia. Caso você esteja aberta para novas experiências...

Aham, é tudo o que eu consigo responder antes que o sinal toque e o próximo homem se aproximar.

O quarto conta entusiasmado e muito detalhadamente sobre o seu talento teatral, sobre o seu último workshop para atores amadores e sobre a sua real profissão. Não me deixa falar nem ao menos para fazer uma pergunta relacionada ao que está contando. Em um piscar de olhos, o tempo acaba e ele vai embora.

Já me encanto com o número 5 quando ele começa a se apresentar. Gosto muito dele e a química entre nós parece ser muito boa. Até temos passatempos em comum. Mal começo a procurar um porém nele e logo o encontro; sabia, era bom demais para ser verdade. Ele tem nove gatos! Quem é que vai cuidar de todos eles? Claro que a sua namorada. Esse é um trabalho que não assumirei! Além disso, está absolutamente fora de questão deixar qualquer animal entrar no meu apartamento.

O sexto é um nerd que deve passar o tempo todo na frente do computador. Isso é algo imediatamente visível: seu cabelo ligeiramente desgrenhado, ele nunca me olha nos olhos nem nunca responde minhas perguntas diretamente. Será que ele sequer está prestando atenção no que estou dizendo, ou será que está perdido em seus próprios pensamentos? Por esse motivo, pergunto atrevidamente, se fora ideia sua participar do evento. Não, ele teve que participar por conta de uma aposta com seus colegas de trabalho. Já imaginava que fosse algo desse tipo.

Número 7 é uma gracinha. Indago-me por que será que ele ainda está solteiro, ou será que nem está e só se registrou para se divertir? Também esse segredo é revelado em pouco tempo. Logo percebo que ele mora no hotel mamãe. Isso não é necessariamente um problema, mas a forma como ele elogia e exalta os dotes domésticos de sua mãe me diz muito. Jamais uma mulher poderá competir com ela. Ninguém jamais poderá cozinhar ou cuidar tão bem dele como a sua mãezinha. Isto eu não faria comigo mesma, ser comparada minha vida toda com a sua supermãe.

Desta forma, espero o número 8. Vestindo uma camiseta colada ao corpo, ele expõe seu tronco musculoso e todo tatuado e se apresenta, confiante da vitória. Assim, pouco me surpreende que ele conte o tempo todo sobre o seu treino na academia. Por meio de expressões corporais e faciais, ele me dá sinais claros do porquê está participando desse evento. Então, abordo o que ele obviamente tenta sugerir:

"Eu não estou interessada em um one night stand."

Ele me dá uma piscadela e responde com um grande sorriso:

Ei, coração, comigo nunca ficou só em uma noite. As mulheres sempre voltam, pois querem ficar mais tempo comigo, se você entende o que eu quero dizer. Então, se você mudar de ideia, sempre estou disposto.

Por favor, quanto tempo mais vai durar isso aqui? Então, o número 9 se senta à minha mesa. Antes mesmo que eu possa dizer qualquer coisa, ele começa a enumerar quais os pré-requisitos uma mulher deve preencher para ficar com ele. Para ele, parece ser extremamente importante que a mulher cuide dele e das crianças e que ele trabalhe. Deixando de lado o fato de ele não ganhar muito bem, pergunto qual seu plano caso perdesse o emprego. Bem, jamais chegaria a esse ponto. Com relação a isso, no que me diz respeito, divirto-me muito com o meu trabalho na agência de viagens, e não o abandonaria tão rapidamente por um homem.

Com isso, chegamos ao número 10, a última chance. O tempo nunca passara tão devagar na minha vida como durante aqueles minutos. Ele não é nem um pouco loquaz. Para ser sincera, ele praticamente só responde com sim e não, e eu fico morrendo de tédio. Tampouco consigo pensar em mais perguntas para fazer. É muito cansativo ter que manter um diálogo sozinha o tempo todo. Em algum momento, simplesmente não digo mais nada e logo toca o sinal uma última vez.

Não aceitei a oferta de trocar números de telefone com nenhum dos homens com os quais conversei. Desapontada, saio do estabelecimento e volto ao meu hotel. Por que será que concordei em ir lá, estava claro que voltaria para casa de mãos vazias. Amargurada, ligo para Tina, como sempre faço nestas ocasiões. Depois de descrever a noite detalhadamente, ela ri ao telefone:

Se você julgar os homens assim tão superficialmente, não me surpreende nada, cara Rebecca. Você os rotula rápido demais em categorias. Talvez algum deles tivesse merecido uma chance. Mas veja como algo positivo que você tenha ido lá. Eu teria gostado de experimentar algo assim, certamente deve ter sido interessante. Não se preocupe, talvez você ainda saia com o Thorsten, tenho certeza de que você gostará dele.

Outra vez, claro que Tina tinha razão. Eu julgo desconhecidos rápido demais, mas isso é compreensível, dadas as circunstâncias de um speed dating. Fora uma experiência válida, sem esse evento eu provavelmente jamais haveria encontrado pessoas tão diferentes.

É domingo de manhã e, após um café da manhã prolongado no hotel, encontro-me outra vez sentada em um trem a caminho de casa. Desta vez, reservei de antemão um assento até Frankfurt e estou sentada ao lado de um senhor. Penso em Martina, que conheci ontem no trem e lamento que as pessoas conversem tão pouco entre si. Às vezes, parece-me tão frio que ninguém se interesse pelos demais. Crio coragem e abordo o senhor ao meu lado. Completamente em monólogo, ele me conta que vai visitar seus netos, os quais vê muito esporadicamente, pois seu filho se muda frequentemente por causa do trabalho. Quando lhe conto sobre a minha profissão, vêm-lhe muitas lembranças de suas viagens antigamente. Da mesma forma como eu, ele esteve muitas vezes no exterior, mas a sua grande dica é Sylt. Entusiasmado com essa ilha alemã, ele descreve suas dunas migratórias que separam a zona entre marés e o Mar do Norte como sendo um verdadeiro espetáculo natural. Conta sobre uma caminhada pela zona entre marés que fez com seus netos. Eles haviam caminhado de pés descalços sobre a areia, esta tão macia e um tanto fria, uma sensação muito agradável. Desenterraram mariscos da areia e, ao fim da tarde, assistiram ao pôr do sol deitados na areia. Ele canta, então:

Eu quero voltar ao Westerland! [Região onde esta ilha se encontra.]

Com o nosso diálogo, o tempo passou rapidamente, até que o trem parou na estação central de Frankfurt, minha viagem de fim de semana finalmente terminada.

Ⅱ.

E

ra segunda-feira pela manhã e eu me encontrava na agência de viagens com os primeiros clientes, cônjuges casado há 40 anos. Devaneio sobre a raridade que é encontrar esse tipo de casal na atualidade. Eles planejam comemorar suas bodas de esmeralda em um cruzeiro, querem se dar um presente especial depois de tantos anos juntos. Depois de eu conseguir lhes vender a reserva no cruzeiro, após uma hora inteira de consultoria, eles deixam a agência de viagens. Fico, então, sozinha no escritório com minha colega Jéssica, que logo dá a ideia de ir fazer compras comigo meia hora mais tarde, ao final do expediente.

Adoro comprar vestidos com ela, pois ela rapidamente identifica as peças mais modernas, além de saber exatamente as cores que me caem bem. Por isso,

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