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Crónicas de Galádria II - Encontros: Crónicas de Galádria, #2
Crónicas de Galádria II - Encontros: Crónicas de Galádria, #2
Crónicas de Galádria II - Encontros: Crónicas de Galádria, #2
E-book327 páginas4 horas

Crónicas de Galádria II - Encontros: Crónicas de Galádria, #2

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Sobre este e-book

Em busca do Mestre da Iretane, único homem capaz de lhe ensinar aquilo de que necessita para assumir o seu papel, Glaide não sabe, no entanto, onde ele se encontra.

Face à imensidão das Terras Conhecidas, à solidão e ao medo, a sua alegria por estar em Galádria parece ser a sua única fonte de coragem perante a viagem lhe vai proporcionar inúmeros encontros.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento6 de set. de 2018
ISBN9781547529599
Crónicas de Galádria II - Encontros: Crónicas de Galádria, #2
Autor

David Gay-Perret

Bonjour et bienvenue ! / Hello and welcome (English further down) Heureux que vous fassiez un tour sur cette page ! Si vous souhaitez en savoir plus sur moi, sur mon livre (distributeurs, langues disponibles, infos sur le processus d'écriture...) ou sur la musique composée pour le livre, rendez-vous sur mon site : www.gayperret.com Vous trouverez ce que vous cherchez sous: "A propos => Qui suis-je?" "Chroniques de Galadria" "Musique => Mes compositions => Chroniques de l'Autre Monde" Enfin n'hésitez pas à prendre contact : david.gayperret'arobase'gmail.com ~~~~~ Glad you're taking the time to visit this page! If you'd like to know more about me, about my book (distributors, languages available, info about the writing process...) or about the music composed for the book, please visit my website: www.gayperret.com You'll find everything you need below: "About => Who Am I?" "Chronicles of Galadria" "Music => My Compositions => Chroniques de l'Autre Monde" Finally, don't hesitate to get in touch at david.gayperret'at'gmail.com

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    Crónicas de Galádria II - Encontros - David Gay-Perret

    katana

    A totalidade das Crónicas de Galádria compõe-se de seis volumes disponíveis, em várias línguas, no formato e-book (para uma lista completa e actualizada das traduções e dos distribuidores, siga este link ou vá a www.gayperret.com, anexo Crónicas de Galádria, Tradução):

    Crónicas de Galádria I – O Outro Mundo

    Crónicas de Galádria II – Encontros

    Crónicas de Galádria III – Ensinamentos

    Crónicas de Galádria IV – Tranquilidade

    Crónicas de Galádria V – Começar de Novo

    Crónicas de Galádria VI – Esperança

    ––––––––

    NB: É possível que alguns dos volumes ainda não estejam traduzidos na língua que está a ler neste momento. Para ver quais os disponíveis em que idiomas e os progressos das traduções, vá ao link indicado anteriormente.

    katana

    Índice

    Prefácio

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Capítulo 13

    Capítulo 14

    Capitulo 15

    Capítulo 16

    Capítulo 17

    Capítulo 18

    Capítulo 19

    Capítulo 20

    Capitulo 21

    Capítulo 22

    Capítulo 23

    Capítulo 24

    Capítulo 25

    Capítulo 26

    Capítulo 27

    Capítulo 28

    Capítulo 29

    Capitulo 30

    Capítulo 31

    Capítulo 32

    Capítulo 33

    Capítulo 34

    Capítulo 35

    Mapa

    Prefácio

    Antes de se lançar na epopeia que o espera, gostaria de dizer que estou a tentar tornar este livro disponível no maior número de línguas possível. Se domina várias delas e se se sente tentado(a) pela aventura, vá ao site Babelcube para entrar em contacto comigo! A língua original é o Francês, mas estou aberto a outras, chamando a atenção para o facto de algumas já não estarem disponíveis.

    katana

    Gostaria igualmente de mencionar o meu último projecto relativo a este livro: tenciono fazer uma série de animação dividida em episódios, um pouco à maneira dos Anime japoneses. O ideal seria trabalhar em colaboração estreita com um estúdio de animação para beneficiar do know-how, dos conselhos e dos recursos dos profissionais, retribuindo com os meus pontos de vista e as minhas ideias para a realização e para as minhas músicas, assegurando, bem entendido, o respeito pelo ambiente da história.

    Torna-se necessário perceber que o lado conto iniciático das Crónicas é resultado de uma miscelânea de temas e ideias acrescentados à medida que me surgiam de maneira espontânea sem uma reflexão global a montante (um pouco como um diário). No entanto o fim da narrativa da aventura ficou marcada por uma compreensão e uma apreensão novas da minha vida e do mundo (elementos que não pude partilhar por a história, infelizmente, já ter terminado)! No entanto, à luz do que acabava de aprender, apercebi-me de que tudo aquilo de que queria falar já lá estava, se bem que mal expresso (já que não tinha construído a aventura com tal em mente). A criação de uma série de animação não permitiria, portanto, iniciar o processo criativo com tais temas e mensagens-chave em mente para em seguida os transmitir através da história de maneira clara, estruturada e lógica.

    Portanto, se conhece pessoas que trabalhem na animação e que possam estar interessadas ou se você mesmo está nessa situação, não hesite em contactar-me!

    ––––––––

    São horas de ir à procura da aventura que se avizinha. Boa leitura e boa viagem...

    Para todos aqueles que ainda sabem amar...

    Capítulo 1

    CAMINHAVA há quanto tempo? Glaide não fazia a mínima ideia. Shinozuka, e até a colina, tinham desaparecido há muito do seu campo de visão. O rapaz não pensava, não reflectia, tanto olhava para o chão como para o horizonte, consciente de que não estava em condições de exprimir uma ideia objectiva do que se preparava para fazer, preferindo, portanto, continuar a andar.

    De súbito o horizonte tingiu-se de cor-de-rosa. Ao longe o adolescente via montanhas e por trás delas aparecia o sol, uma bola de fogo de um vermelho brilhante...

    - A madrugada – murmurou ele. - Já...

    Os seus lábios estavam entorpecidos, por estarem há tanto tempo cerrados. A fadiga dos quilómetros percorridos despertou-o de repente, obrigando-o a sentar-se. Os pensamentos começavam a aparecer-lhe de novo na mente, confusos, turvos, mas ele não tentou pô-los em ordem, entretido a contemplar o que a natureza lhe oferecia. No seu coração o jovem desejava que aquele momento não tivesse fim. Aquele instante de serenidade não devia dar lugar ao turbilhão de dúvidas e incertezas que o ameaçava.

    De súbito Glaide ouviu barulho de grunhidos e estocadas. Não havia dúvida, alguém se batia nas proximidades. O terreno era ondulado e o adolescente não reparara que não estava só, apesar de ter tido o cuidado de evitar as estradas. Intrigado, o jovem procurou a origem dos sons, subiu um pequeno monte, chegado ao alto estendeu-se no chão para se esconder na erva e rastejou lentamente na direcção da batalha. O pequeno outeiro não devia ter mais de três metros de altura e o rapaz pôde, uma vez chegado ao cume ver, mais abaixo, um homem de idade rodeado por uma dezena de ogres e duas ou três outras criaturas mais pequenas e menos musculadas que pensou serem duendes. Por terra jaziam já cinco corpos, retalhados por múltiplos golpes de espada. O rapaz ficou surpreendido, era como se os monstros tivessem dado com alguém mais forte do que eles.

    Estes lançaram, então, um ataque em conjunto. O homem, com a velocidade de um relâmpago, atirou a sua arma pelos ares, saltou por cima de um dos duendes para não se deixar cercar, recuperou a espada e, sem se virar, espetou-a no pequeno corpo de um dos seus agressores, após o que atirou de novo a arma pelo ar para esquivar os ataques lentos e pouco seguros.

    Alguns instantes mais tarde a espada caiu-lhe na mão e ele crivou de golpes outros três ogres. Os ferimentos, porém, eram pouco profundos e eram necessários vários para deter aquelas máquinas de matar. O homem parecia sabê-lo porque, em vez de continuar a retalhar os três feridos, atirou-se aos outros, fazendo girar a arma, retalhando, esquivando-se.

    Glaide estava espantado. Era evidente que a técnica não funcionava porque os assaltantes não morriam e já lá iam dez minutos que o confronto começara. Se continua assim, pensou o rapaz, vai cansar-se porque já não é novo. O rapaz desembainhou a sua espada. Um pouco de acção não lhe faria mal nenhum.

    Mas a sua intervenção não foi necessária. O ancião, após distribuir mais alguns golpes pelos seus adversários e de os ferir com gravidade, desencadeou alguns ataques mortais, rápidos e precisos. Os corpos caíram por terra quase todos ao mesmo tempo, retalhados. O desconhecido embainhou a sua espada, lançou um olhar em redor, recuperou o seu saco e retomou o seu caminho, não parecendo nada cansado, deixando atrás de si um pequeno campo de batalha com dezoito cadáveres. Só uma pequena gota de suor, a cintilar-lhe na testa, indicava que acabava de combater.

    Glaide deixou-se ficar escondido porque não queria falar com aquele homem; não, não queria falar com o mestre do estilo Murockaï. O adolescente reconhecera de imediato a maneira aérea de combater que caracterizava aquela escola, assim como a espada manejada pelo homem, muito parecida com a de Jérémy. Além do mais Gryth afirmara que o seu mestre regressaria dentro em pouco. De facto o homem estava a caminho...

    O rapaz virou-se de maneira a olhar para o céu. O sol subia no horizonte, deviam estar a ser sete ou oito horas da manhã. À sua volta estava tudo calmo, não havia qualquer perigo. O seu espírito reclamava-o, eram horas de recuperar os sentidos.

    Com o olhar sempre mergulhado na imensidão azulada, Glaide deixou fluir os seus pensamentos, primeiro imprecisos e depois, pouco a pouco, mais ordenados. O rapaz sentia desespero, alegria, dor e culpa, sentimentos contraditórios que se lhe misturavam no coração, obrigando-o a acalmar-se para poder analisar a situação de maneira objectiva e obrigando-o a dizer em voz alta:

    - Chamo-me Glaide e estou em Galádria porque Emily e Gwenn foram anunciadas no Livro Do Crepúsculo Infinito. Jérémy é o Protector de Gwenn, eu sou o de Emily e, como tal... - A voz ficou-lhe bloqueada na garganta, mas ele obrigou-se a continuar: - Nós temos espadas e temos de aprender a servir-nos delas. Para isso existem escolas criadas por Novak O Libertador. Jérémy aprende o estilo Murockaï e eu... - As certezas de Glaide terminavam ali. A partir dali eram as dúvidas... - De momento eu não aprendo nada, procuro o mestre do estilo Iretane para que ele me ensine. O meu objectivo é dominar a técnica para poder proteger a minha Magg e os meus amigos. Assim que esta nova força tomar conta de mim, partirei à sua procura.

    Como já tinha o seu objectivo definido, o rapaz acalmou-se e a sua respiração tornou-se mais regular. Sim, já sabia o que fazer. No entanto uma pequena voz dizia-lhe que não seria assim tão fácil e ele continuou em voz alta:

    «Mas o homem pode estar num sítio qualquer das Terras Conhecidas; foi visto pela última vez em Shinozuka há dois anos. Eu não lhe conheço os gostos nem sei que locais frequenta.

    Ao pronunciar aquelas palavras, Glaide sentiu a raiva a crescer-lhe no peito e gritou:

    «Mas procurar onde?

    Enervado, o jovem acocorou-se e continuou:

    «O tipo pode estar num lado qualquer! O que é que eu faço aqui, a perseguir uma quimera? Acalma-te, Glaide, acalma-te...

    O adolescente estendeu-se no chão, ofegante, mas pouco depois o seu rosto iluminou-se com um sorriso. O desespero abandonara-o, a raiva súbita reanimara-o, fazendo-o sentir-se cheio de coragem. De facto o homem podia estar num sítio qualquer, mas tinha Galádria inteira diante de si; não precisava de procurar, bastava-lhe ir onde quisesse e pedir informações nas tabernas que não deixaria de visitar! Mas começar por onde? Glaide lembrou-se de Zorick ter mencionado os anões e de ter dito que, segundo ele, aquele povo vivia nas montanhas a leste.

    «É isso . Vou ver os anões! Em geral eles são boa gente, não devo ter problemas!

    Apesar de não saber o que havia de dizer àquele povo, o adolescente tinha vontade de viajar. Glaide não conseguira determinar as verdadeiras razões da sua partida, começava a ter saudades dos amigos e sabia que o manuseamento da sua espada deixava muito a desejar, mas para o diabo as perguntas sem resposta e as fatalidades; ia tornar-se o Destruidor e para isso precisava, decerto, de saber bater-se, mas também precisava de conhecer Galádria! A sua decisão estava tomada: começaria por tentar encontrar os anões e eventualmente os elfos, ao mesmo temo que procuraria informações sobre o paradeiro do mestre da escola Iretane.

    Glaide pôs-se em pé de um salto, com o vigor renovado. A jornada prometia, era preciso pôr-se a caminho! Mas como havia mais de vinte e quatro horas que não pregava olho, o rapaz deixou-se cair de novo, vencido pela fadiga. O sol continuava a subir no céu, tranquilamente. Ao ver que nenhum perigo o ameaçava, Glaide decidiu repousar no alto do pequeno monte em que ainda se encontrava.

    ––––––––

    O rapaz acordou algumas horas mais tarde e sentou-se com o corpo cheio de dores, recordando os acontecimentos recentes.

    - Estou cheio de dores nos músculos – queixou-se ele em voz alta.

    Glaide levantou-se, pensando que não se lembrava de ter tido tais dores durante as noites passadas ao relento a caminho de Shinozuka com os amigos, se calhar por causa da excitação da viagem. O rapaz prometeu a si próprio resolver o problema o mais depressa possível e em seguida pôs-se a caminho, mastigando as poucas provisões que levava e bebendo a água de uma cabaça, desejoso de chegar a uma cidade, consciente, também, de que o ideal seria caminhar fora das estradas principais. Glaide tomou a direcção da localidade de Morthiaz, indicada no mapa.

    Enquanto caminhava, o jovem deu-se rapidamente conta de umas rajadas de vento que levantavam a poeira do caminho, pensou que uma capa de viagem seria bem-vinda, para além de que lhe serviria de colchão durante a noite e decidiu ver se arranjava uma assim que tivesse oportunidade.

    ––––––––

    O rapaz caminhou durante uma hora, assobiando, cantarolando e falando sozinho para afastar a solidão, mas as imensidão que atravessava, silenciosa, acabou por fazê-lo calar. O adolescente contemplava a paisagem que se lhe oferecia e admirava cada instante dos jogos de luz provocados pelos raios dourados sobre a erva alta e as sombras ondulantes das árvores com as quais se cruzava. O espectáculo, porém, não substituía uma conversa a sério e a solidão começou a pesar-lhe.

    O adolescente sabia, desde o princípio, que viajar sozinho seria uma provação, tanto para o corpo como para o espírito mas mesmo assim decidira tentar e não se enganara. Falar apenas consigo próprio e ter apenas o vento como interlocutor podia parecer poético, mas ao cabo de algumas horas tornava-se exasperante e por isso decidiu que, no futuro, viajaria sempre que possível na companhia de outros homens ou mulheres, mesmo que tal o obrigasse, por vezes, a alterar um pouco o itinerário ou caminhar mais devagar. No fundo não tinha pressa, não tinha ninguém à sua espera. Ou antes, tinha alguém à sua espera, mas só dali a muitos meses ou mesmo muitos anos...

    Capitulo 2

    GLAIDE chegou a Morthiaz ao fim da tarde, por uma estrada secundária. A cidade era bastante grande, se calhar devido à proximidade com a capital e a estrada principal estava cheia de gente.

    O jovem perguntou a si próprio o que estariam os seus amigos a fazer neste momento. Andariam à sua procura? Teria hipótese de se encontrar com eles ali? Se os encontrasse, continuaria com eles. Se não, continuaria sozinho. O rapaz, porém, não se cruzou com ninguém que conhecesse.

    Glaide dirigiu-se ao mercado. Os gritos dos vendedores, os regateios e a vida que se desprendia do local faziam-lhe bem. O rapaz cruzou-se várias vezes com Maggs e respectivos Protectores, muitas vezes homens e mulheres com cerca de trinta anos. Alguns, porém, eram mais velhos. Glaide evitou mostrar a sua espada. Se o reconhecessem como Protector e lhe fizessem perguntas, não conseguiria explicar a ausência da sua Magg!

    As bancas estavam cheias de mercadorias diversas: armas ali, especiarias acolá e sempre os pregões dos vendedores, gabando as qualidades deste ou daquele produto! Glaide sorriu e pôs-se à procura de uma capa que lhe chegasse aos pés, simples e pouco cara.

    O jovem encontrou o que queria na banca de um comerciante discreto, instalada um pouco afastada das outras. O homem vendia colares e outros berloques sem importância, mas no meio do bric-à-brac inútil encontrava-se uma magnífica peça de tecido castanho.

    A capa parecia imensa. O adolescente aproximou-se e o homem, velho, de pele escura, com uma barba branca de vários dias que lhe escondia o rosto, levantou o olhar para ele. As sobrancelhas hisurtas ergueram-se-lhe quando Glaide lhe perguntou se podia ver com que se parecia o tecido uma vez desdobrado. O desconhecido levantou-se lentamente, pegou na mercadoria e desdobrou-a por completo.

    O rapaz contemplou sem uma palavra, por um instante, a capa extremamente simples. O tecido era espesso e podia oferecer uma boa protecção contra o frio, que no entanto não parecia existir ali, e contra o pó. O mercador estendeu o artigo a Glaide, encorajando-o a experimentá-lo.

    O rapaz aceitou o desafio e constatou que a capa cobria-o por completo, deixando apenas uma abertura no lado esquerdo para lhe permitir pegar na espada e atirar as pontas por cima dos ombros para poder combater, por exemplo.

    No alto havia também, perto da cabeça, várias pregas que permitiam proteger a boca. Sentindo-se bem, agasalhado, Glaide pagou o que devia, agradeceu ao mercador e afastou-se com a sua nova capa ao vento.

    O passo seguinte consistia em encontrar uma caravana ou um grupo de pessoas que se dirigisse para as montanhas. O rapaz consultara o seu mapa e vira outra cidade pequena. Portanto, era possível que houvesse gente a dirigir-se para lá!

    As suas buscas, porém, foram em vão; chegado a um albergue, já noite, continuava sem companheiro de viagem. Glaide sentia-se abatido, tanto mais que percebera que viajar sozinho tinha outro inconveniente: os turnos de guarda.

    De facto o jovem ficava à mercê de um qualquer adversário durante a maior parte da noite, se bem que podia passar um exército por ele sem que o visse. Portanto, não havia outra hipótese; no futuro teria, obrigatoriamente, de encontrar um sítio seguro antes de decidir descansar porque não lhe agradava nada a ideia de dormir no alto de uma árvore...

    Porém, como já tinha à sua disposição um colchão confortável, Glaide deu consigo a apreciar um luxo que, dentro em pouco, se tornaria certamente raro.

    ––––––––

    A manhã chegou e sempre preocupado por não ter companheiro de viagem, Glaide dirigiu-se para a entrada da cidade na intenção de continuar o seu périplo na direcção das montanhas. Entretanto a esperança não o abandonara por completo: talvez se cruzasse com alguém na estrada?

    O desejo foi-lhe concedido porque, percorridas algumas centenas de metros,  o adolescente ouviu gritos nas suas costas:

    - Ei, tu aí com a capa grande! Espera!

    O rapaz virou-se e viu um homem jovem a gritar ao longe com um dedo apontado na sua direcção, mais ou menos com vinte e cinco anos. A seu lado uma mulher, que devia ter a mesma idade, dirigia-se também a ele:

    - Sim, tu! Espera por nós, por favor!

    Glaide ficou onde estava, surpreendido. Oxalá queiram acompanhar-me, pensou ele, convencido que estava na presença de um Protector e da sua feiticeira branca.

    O casal parou em frente do adolescente, corado de tanto correr e o homem exclamou, dando uma palmada amigável no ombro do seu interlocutor:

    «Pouca gente vai para leste e nós já desesperávamos de encontrar companheiros de viagem, mas afinal encontrámos-te. O meu nome é Tyv, sou Protector, e esta é Paeh, a minha Magg.

    - Encantado. O meu nome é Glaide.

    O rapaz olhou em volta e foi obrigado a admitir que pouca gente, de facto, ia para leste. Como se lhe lesse os pensamentos, Tyv acrescentou:

    - Só há uma aldeia pequena a alguns dias de viagem daqui, o que explica o pequeno número de viajantes, mas um Protector e a sua Magg devem oferecer sempre a sua ajuda! E agora que temos companhia, a viagem vai ser mais agradável.

    - Tyv – interrompeu-o calmamente a denominada Paeh - não seria melhor perguntar ao Glaide se ele não se importa de viajar connosco?

    - Aceito com prazer – respondeu de imediato o interessado, desatando a rir.

    - Nesse caso toca a andar – disse Tyv.

    E o grupo pôs-se a caminho com Glaide muito contente com a companhia, sentindo-se em segurança. O rapaz deixou passar alguns minutos e começou a fazer perguntas:

    - De onde é que vocês vêm?

    - De uma pequena cidade do sul – respondeu-lhe a rapariga. - Adrish. Conheces?

    - Hã... sim – balbuciou o adolescente. - Sim, passei por lá uma vez, mas não tive tempo de a visitar.

    Adrish ficava perto de Rackk. O rapaz tinha de ser prudente, não podia descuidar-se. O homem tomou a palavra:

    - Como te disse, vamos a Yzur, a aldeia mais a leste, ver como se portam os habitantes e se os podemos ajudar. Depois vamos para sul. E tu, o que é que vais fazer àquele canto das Terras Conhecidas?

    - Gostaria de me encontrar com os anões das montanhas – respondeu Glaide.

    - Anões! Não há dúvida de que és corajoso! Nunca te cruzaste com eles?

    - Não, nunca. Gostava de ver o aspecto deles e se é verdade o que dizem deles.

    Ou, pelo menos, o que li sobre eles, acrescentou o rapaz para si mesmo.

    - Guerreiros pequenos e lentos, mas mais sólidos e mais resistentes do que uma muralha! Interessante... - retorquiu Tyv.

    Glaide hesitou, em seguida, em revelar o objectivo final da sua viagem, mas depois achou que não fazia mal:

    - Também ando à procura do mestre da técnica Iretane. Com... - O rapaz mordeu a língua; por pouco não dizia que começara o seu treinamento em Rackk. Recompondo-se, o adolescente continuou, já mais seguro de si: - Comecei a fazer perguntas aqui e ali e fiquei a saber que o último mestre a ensinar a técnica estava escondido algures nas Terras Conhecidas...

    - Parece que sim – retorquiu sonhadoramente Tyv.

    - Se queres aprender a Iretane, deves saber que ela é ensinada exclusivamente aos Protectores – interveio Paeh. - Devo dizer-te que estou surpreendida por não ver a tua Magg ao teu lado.

    Glaide mordeu de novo a língua; acabava de revelar o seu estatuto sem querer, lembrando-se ao mesmo tempo que Drekhor lhe dissera, de facto, que a Iretane, contrariamente aos outros estilos, só era ensinada aos Protectores.

    - A minha Magg está em Shinozuka com dois amigos – respondeu ele, decidindo dizer a verdade e acrescentando, ao ver os seus companheiros a abrir a boca: - Ela não está comigo por uma questão de segurança. Toda gente tem segredos e ainda não chegou a hora de eu vos contar os meus. Mas digamos que sou um mau combatente e que quero aprender a Iretane para a poder proteger.

    Tyv e Paeh ficaram um momento em silêncio e depois esta declarou:

    - No que me diz respeito, se a tua Magg não está contigo é porque tens boas razões para isso.

    Como que para dar a entender que o assunto estava encerrado, Tyv acrescentou:

    - Voltando aos anões, que vais perguntar-lhes?

    - Hã... não sei. Para ser sincero, diria que não tenho nada de especial para lhes dizer. Gostaria apenas de os conhecer!

    Mas aquilo era apenas uma parte da verdade. Na realidade o facto de os elfos e os anões estarem tão afastados do mundo intrigava-o. Glaide desejava, mais do que tudo, ver as estradas percorridas por inúmeras raças! Porém, como convencer aqueles poderosos guerreiros a sair dos seus covis? O rapaz tinha, no entanto, uma quase certeza: se as coisas continuassem daquele modo e se não morresse até lá, parecia-lhe inevitável uma batalha campal, ocasião, então, para juntar todos os povos!

    O rapaz não sabia quanto tempo duraria uma tal guerra e até se ela teria lugar, mas como  não tinha nada que fazer, queria tentar ajudar os anões, de maneira a que eles ficassem em dúvida para com ele. Em seguida, chegado o momento, bastar-lhe-ia pedir-lhes que se juntassem às fileiras dos Homens!

    O plano não era muito viável e o adolescente sabia que prestar um serviço com as suas magras competências era quase impossível, mas precisava de um objectivo e de uma razão

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