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Por um raio de luz
Por um raio de luz
Por um raio de luz
E-book365 páginas4 horas

Por um raio de luz

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Sobre este e-book

Sequestrada.

Violada.

Mia acorda no meio de um verdadeiro pesadelo: aprisionada em um quarto completamente isolado, à mercê de um homem com o rosto encoberto por uma máscara e determinado a possuir seu corpo e sua alma...

Entre punição e prazer, escuridão e claridade, começa um jogo doentio entre vítima e raptor. Perdida em um turbilhão de sensações, Mia deve ceder aos desejos desse homem si quiser sua liberdade de volta. Correndo o risco de perder sua alma...

IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de jun. de 2018
ISBN9781547532377
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    Por um raio de luz - Sara Agnès L.

    Por um raio de luz

    Sara Agnès L

    ADVERTÊNCIA

    Esta é uma obra de ficção. Trata-se de um romance que versa sobre a Síndrome de Estocolmo e contém cenas de estupro.

    Almas sensíveis, favor, absterem-se.

    01

    PRISIONEIRA

    ––––––––

    A escuridão me envolve. Meu corpo treme involuntariamente, minha cabeça dói. Tento abrir os olhos, mas o sono faz meus músculos pesarem como chumbo. Já é noite, não consigo enxergar nada à minha volta. Viro a cabeça para todos os lados até compreender que meus olhos estão vendados. Vendados? É algum tipo de piada? Eu me contorço, esmurro as paredes da caixa em que estou presa, mas minhas mãos e meus pés estão amarrados. Tento gritar, mas uma mordaça me impede. Gemendo, tento me soltar com gestos bruscos. Presto atenção aos sons: estou em um carro em movimento.

    Um sentimento de pavor me domina.

    Fecho os olhos sob a venda espessa e respiro devagar, tentando me acalmar. É como se eu estivesse presa num sonho nebuloso. Sinto um gosto amargo na boca. Será que fui drogada? Aos poucos, começo a recobrar as lembranças. Depois de dar uma parada na biblioteca, passei num quiosque não muito longe para comprar comida japonesa. Saí do quiosque... e não lembro mais nada! Não tenho a menor ideia de como vim parar nesse carro. Tento lembrar mais alguma coisa, um encontro... em vão!

    Com os movimentos limitados, tateio no vazio, procurando algum objeto, qualquer coisa que possa me ajudar a me soltar, mas não há nada ao meu alcance. A única saída é atacar meu agressor com as pernas, mas como atingi-lo sem enxergar? Esfrego a cabeça contra o chão para remover a venda dos olhos, mas ela está tão apertada que não se move nem um pouco. Engulo um soluço. Talvez eu tenha chance se conseguir passar as pernas entre meus braços. Contorço-me em todas as direções. Se conseguir colocar as mãos pra frente, posso tirar a venda e a mordaça, arrancar com os dentes a corda que prende minhas mãos ou atingir meu agressor com os punhos...

    De repente, o carro treme, reduz a velocidade e para. Angustiada, contorço-me novamente, mas não consigo! Desde quando perdi minha flexibilidade? Fico imóvel por um instante quando uma porta se abre. Então, tento girar sobre meu corpo para preparar um ataque com os pés, mas minhas mãos estão esmagadas sob o peso do meu corpo, sem falar dos meus músculos, ainda adormecidos, que demoram a responder aos meus comandos.

    Quando o porta-malas se abre, um ínfimo brilho de luz se infiltra sob minha venda. Sem hesitar, dou um chute no ar, mas uma mão firme prende meu tornozelo e me impede de acertar o alvo.

    — Vejo que você já está acordada...

    Voz de homem. Grossa. Tento me debater e gritar quando ele me ergue, mas ele ameaça:

    — Quanto mais você se debater, pior será para você.

    Como prova de suas palavras, ele me aperta mais forte contra seu corpo. Tremo como uma folha de papel. Respiro ruidosamente e deixo escapar um gemido quando ele me coloca no chão para fechar o porta-malas. Tento distinguir qualquer coisa através do tecido espesso que cobre minhas vistas. Um feixe de luz, uma sombra, qualquer coisa. Essa escuridão me enlouquece!

    Meus ouvidos tentam substituir meus olhos. Alguns objetos são arrastados. Então, o pouquinho de claridade desaparece quando ele se curva para me erguer nos braços novamente. Esforço-me para não me debater, e as lágrimas encharcam o pano que impede minha visão. Minha respiração se acelera. Não consigo parar de tremer. Esse homem me sequestrou. Esse pensamento me deixa ainda mais ofegante. Só tenho vinte anos e ainda não vivi nada! Por que eu?

    — Fique calma – diz a voz, levando-me não-sei-onde.

    Consigo apenas murmurar por causa da mordaça, mas ele me ignora e continua caminhando por algum tempo. Ele parece descer alguns lances de escada e, em seguida, coloca-me sobre uma superfície macia. Prendo a respiração quando percebo que se trata de uma cama. Tento me endireitar e me debater, mas ele me impede novamente, com um tom ameaçador:

    — Pare ou vai se arrepender!

    Ele me empurra contra o colchão, desamarra meus punhos e levanta meus braços. Braceletes frios de metal substituem a textura da corda. Eu entro em pânico. Ele me prendeu a uma cama! Meu Deus! Esse homem vai me violentar! Quando ele faz o mesmo com meus pés, dou um chute com toda a minha força, acertando-o. Ele solta um grunhido. Quando tento chutá-lo novamente, ele estala um tapa em meu rosto.

    — Pra você aprender, sua tolinha!

    Imploro para ele me soltar, mas as palavras saem incompreensíveis por causa dessa maldita mordaça. Depois de perder o sapato e a meia, meu pé direito é preso em um anel metálico. Meu corpo se esparrama sobre a cama e eu me contorço o quanto posso enquanto ele me agarra e se esforça para conseguir prender meu pé esquerdo. Cerro os dentes ao ouvir o som do clic. Sou uma prisioneira. E cega. É difícil respirar direito com esse pano tampando minha boca. O pânico me sufoca ainda mais. Talvez por isso, ele retira a mordaça. Enquanto tento aspirar uma enorme bola de ar fresco, ele me adverte:

    — Se você gritar, ninguém vai ouvir, mas você vai me pagar. Me fiz entender claramente?

    — O que... o que você quer? – pergunto ofegante.

    Minha garganta está seca, e eu regurgito a saliva na tentativa de umidificar meus lábios. Ele demora a responder, deixando-me esperançosa de que ele tenha cometido um erro. Talvez tenha me confundido com outra pessoa. Se ele estiver querendo resgate, ficará decepcionado. Meu pai não é nenhum empresário rico...

    — É você que eu quero, Mia – anuncia ele com uma voz grave.

    Sua resposta me apavora. Ele sabe meu nome; logo, não é um engano. Quando ele se instala na borda da cama, perto de mim, não consigo impedir que o medo me domine e cerro os dentes para que eles parem de bater. Tenho um sobressalto quando ele me toca, afastando os cabelos que caem sobre meu rosto.

    — Fique tranquila – diz ele em voz baixa –, eu não pretendo matá-la. Se você se comportar direito, prometo libertá-la em alguns dias. Você decide se, nesse tempo, farei mal... ou bem pra você.

    Seus dedos acariciam meus lábios, depois descem em direção ao meu pescoço. Viro a cabeça na outra direção, engolindo em seco. Inspiro e expiro cada vez mais rápido quando ele ousa continuar em direção aos meus seios e ao meu ventre.

    — Você é maravilhosa, Mia. Me seduziu no primeiro instante!

    Ele levanta minha camiseta e desliza sua mão sob o tecido para agarrar meu seio, preso no sutiã. Através da lingerie, ele amassa minha carne até meu mamilo reagir.

    — Por favor! – suplico com a voz trêmula – Não faça isso.

    Ele para e retira sua mão, mas suas palavras não são nada tranquilizadoras:

    — Tentei tirá-la da cabeça, mas quero você! Como um louco!

    Ele se endireita e ouço o barulho de seus passos se afastando.

    — Volto logo.

    Ele sai do cômodo, fechando a porta atrás de si. Devo estar no porão de alguma casa, pois o escuto subir alguns degraus, e logo o chão range em algum ponto acima de mim. Mesmo sabendo que será em vão, eu me contorço, tentando me soltar. O pânico aumenta. Não consigo acreditar que não posso fazer nada. Preciso achar um jeito de escapar!

    Fico quieta quando ele retorna, mas minha respiração faz um ruído desagradável. O medo me impede de ficar calma.

    — Me deixa ir embora! – suplico ao sentir que ele está perto de mim – Eu juro que não conto pra ninguém!

    Tenho um sobressalto quando ele me toca, acariciando ligeiramente meu rosto.

    — Oh, Mia... Eu a soltaria, se pudesse.

    — Mas você pode!

    — Não, não posso! Estou obcecado por você! Será que você entende?

    Começo a chorar novamente. Balanço a cabeça e suplico:

    — Não faça isso, eu imploro!

    Ele se debruça sobre mim e seu hálito quente desliza sobre minha bochecha quando ele sussurra pertinho do meu ouvido:

    — Não tenha medo. Se você se comportar direito, eu prometo que só farei bem pra você.

    Desato a chorar e continuo a agitar a cabeça.

    — Fique calma! – brada ele – Vou tirar sua roupa.

    O som metálico de uma tesoura estala perto do meu ouvido.

    — Se você se mexer, pode se machucar.

    Antes que eu possa compreender suas palavras, ele se afasta. Sinto um calafrio quando ele corta minha calça de baixo até em cima. Ele demora devido à espessura do jeans, mas isso não o impede de continuar subindo até minha cintura. Ao fazer o mesmo na outra perna, ele sussurra:

    — Você não sabe quantas vezes imaginei seu corpo nu.

    Ele faz minha calça deslizar sob meu corpo bruscamente. Tremo como uma folha de papel quando ele se instala entre minhas coxas. Embora ele não tenha retirado minhas roupas íntimas, posso prever o que virá a seguir. Ele vai me possuir assim, imersa na escuridão total. Tenho um sobressalto quando ele recomeça a manusear minha camiseta, que cede facilmente; uma corrente de ar fresco toca meu ventre, fazendo-me arrepiar. Com um golpe, ele arranca minha roupa em farrapos, que desliza sob minhas costas. Estou apenas com minhas roupas íntimas, mas um golpe de tesoura faz meus seios saltarem livremente.

    — Meu Deus, não! – protesto ofegante.

    — Você é ainda mais linda do que eu podia imaginar!

    Uma mão quente acaricia meus seios, esmagando-os com dedos firmes, e ele prende gentilmente um bico que desponta. Viro a cabeça para o outro lado, engolindo um soluço. Sinto medo. Sinto-me realmente impotente.

    A tesoura cai por terra ruidosamente e eu estremeço quando ele se inclina sobre mim. Uma boca ardente substitui suas mãos sobre meus seios. Ele lambe minha pele enquanto eu me contorço em protesto.

    — Por favor. Pare.

    Apenas um fio de voz me escapa. Não consigo gritar. Acho que o medo me paralisa. Face à minha queixa, ele se endireita e sussurra:

    — Pare de lutar, Mia. Acredite, você não vai se arrepender.

    Quando uma mão pousa sobre meu sexo por cima da minha roupa íntima, eu me debato novamente. Movo meu quadril bruscamente, repelindo sua mão, e deixo escapar um não que ecoa num grito esganiçado. Em resposta, minha última peça de roupa é arrancada e uma mão se apodera do meu sexo, esmagando-o rudemente.

    — Quando mais você se debater, mais difícil será.

    — Pare! – repito aterrorizada.

    Dedos deslizam sobre minha pele e tentam penetrar minha intimidade quando eu grito, com a voz estrangulada pelo medo:

    — Não!

    Seus gestos ficam mais suaves e ele acaricia meu clitóris antes de responder:

    — Já disse: não quero fazer mal a você, mas serei obrigado se você não colaborar.

    Com um soluço, balanço a cabeça, mas meus gritos se elevam quando seus dedos mergulham em mim.

    — Oh, meu Deus! Pare! Eu sou virgem!

    O homem para e retira a mão bruscamente. Eu me quedo inerte, respiração suspensa, a cabeça esticada pra frente. Minha confissão bastará para trazê-lo de volta à razão? Escuto atentamente, tentando adivinhar sua resposta, quando ele mergulha seus dedos novamente em meu ventre.

    — Não! – grito novamente.

    Ele pressiona dentro de mim e sai tão repentinamente quanto entrou, balbuciando palavras incompreensíveis. O colchão pula quando ele desce da cama. Tento fechar as pernas. Em vão. Ainda assim, um raio de esperança brilha em mim. Terá o anúncio da minha virgindade trazido esse homem de volta à razão?

    — Eu não havia previsto isso – esbraveja –, pois você se previne, eu vi as pílulas na sua bolsa. E você já está saindo com aquele cara há quase três semanas. Carl Bergman. Não minta pra mim! Eu o vi meter a língua em sua boca semana passada!

    Mesmo sem enxergar nada, meu rosto se volta em sua direção. Tento me concentrar no timbre de sua voz. Como pode esse homem saber tanto sobre mim? Eu o conheço, seguramente! Então, por que não consigo reconhecer sua voz?

    — Aquele cara age como se já tivesse fodido você – continua num tom irritado –, e ele provavelmente já meteu a rola num monte de garotas do campus!

    O campus. Alguém da universidade? Tento visualizar os rostos, mas já faz quase duas semanas que as aulas acabaram. Será algum garoto que me convidou pra sair e eu não lembro?

    — Por que você ainda é virgem?

    Surpresa, balbucio:

    — Eu... eu não sei. Eu queria... eu não estava... não estou pronta.

    Seu silêncio me parece assustadoramente longo. O que será que ele está fazendo? Quando ele se mexe, meu ouvido tenta decodificar seus gestos. Alguma coisa cai no chão, depois o ruído de uma correia sendo desapertada me coloca em alerta.

    — Não. Por favor – repito, sentindo as lágrimas me voltarem aos olhos.

    — Eu serei gentil – promete.

    — Não quero. Não estou pronta – insisto.

    Ele ignora minhas palavras, sobe na cama e se coloca entre minhas pernas. Suas mãos empurram minhas coxas e abrem meu sexo à sua frente. Eu luto com dificuldade contra seus gestos, e minhas amarras metálicas fazem um ruído desagradável cada vez que eu me debato.

    — Você fez muito bem em esperar – diz ele, voltando a acariciar meu clitóris – porque aquele tal de Bergman é um idiota. Ele não merece uma mulher como você.

    Eu fico tensa. Tento mover o quadril para me esquivar de suas esfregadelas, mas suas pernas se elevam e bloqueiam as minhas em uma posição indecente, abertas a seu bel-prazer, embora as algemas em meus pés puxem minha carne desagradavelmente. À medida que ele se agita num ritmo mais rápido, sua ereção começa a roçar e a pressionar meu sexo.

    — Logo, você será minha – murmura ele, mordiscando meus mamilos.

    Cerro os dentes quando ele mergulha novamente seus dedos em minha intimidade, empurrando fundo com suavidade antes de continuar a acariciar meu pequeno botão de carne. Ele aumenta o ritmo, reduz, pressiona mais forte, demorando terrivelmente. O que ele está esperando? Que faça logo o que tiver de fazer e acabe logo com isso! Depois de vários minutos, ele recomeça num ritmo mais contínuo, e eu tento conter um sobressalto.

    — Sim. Se libere – encoraja-me ele.

    Eu fixo o ponto luminoso que custa a atravessar o tecido que tampa minha visão, tentando entender o que acontece comigo. Meu corpo está prestes a ceder a esse tipo doentio? Meus dedos envolvem firmemente as barras da cabeceira. As esfregadelas sobre meu clitóris se aceleram e o homem começa a arremeter sua verga dura contra mim com pequenos golpes, esfregando-a e pressionando-a rudemente contra meu sexo.

    — Pare! – imploro – Por favor! Eu...

    Minha voz se estrangula num soluço de surpresa e eu fecho a boca imediatamente, consciente de que acaba de me escapar um gemido. Como é possível? Mesmo odiando o que ele está fazendo comigo, meu corpo começa a reagir às suas carícias.

    — Entregue-se a mim, Mia – sussurra ele, beijando meu ventre.

    Fecho os olhos e aperto a madeira da cabeceira até sentir meus dedos doerem. Seu hálito quente percorre meu ventre. Sua língua encontra seus dedos e beija meu sexo ruidosamente. Meu Deus! Não! Embora meus lábios se apertem um contra o outro para evitar que eu deixe escapar um grito, um protesto sai de minha garganta. Não consigo mais controlar meu corpo.

    — Não! – sussurro – Tenha misericórdia!

    Minha respiração se acelera e eu cerro os dentes num gemido. A boca desconhecida interrompe suas carícias desagradáveis enquanto seus dedos me invadem novamente. Lentamente, mas fazendo um som que me deixa atônita.

    — Seu corpo está cedendo, Mia, eu posso sentir. Pare de lutar, você está apenas adiando o inevitável.

    Enquanto ele fala, as batidas recomeçam sobre meu clitóris. Eu me reviro, forçando as algemas. Tento mover o quadril para diminuir as sensações que me traem e dominam meu corpo. Ao perceber isso, ele coloca a boca em meu sexo e enrola os braços ao redor de minhas coxas, imobilizando-me. O atrito de sua língua me provoca arrepios agradáveis do abdômen à nuca. Solto gemidos infames cada vez que tento protestar. Inclino-me pra frente, tentando resistir a esse fogo que ele sopra sobre meu corpo. Sem sucesso. Quando deixo escapar o primeiro gemido, ele investe com força contra meu clitóris. Apesar de tentar resistir ao tremor que ele faz brotar em mim, deixo escapar mais gemidos infames quando o orgasmo me submerge. Curvo-me pra frente, a garganta seca, respiração entrecortada.

    Sem me dar tempo para me recompor, ele monta em mim e traça um sulco entre meus seios com a língua. Quando seu sexo invade o meu com um golpe rude e seco, eu me enrijeço, sentindo uma dor insuportável no centro do meu corpo.

    — Não! – protesto ofegante.

    — Agora, você é realmente minha!

    Ele permanece lá, imóvel, mergulhado no fundo do meu ventre. Meus músculos se retesam desagradavelmente em volta do seu sexo e meus olhos deixam cair novas lágrimas no tecido que me encobre a visão. O impacto foi mais suave do que eu esperava, mas, ainda assim, sinto-me horrorizada pelo ato que ele acaba de cometer. Quando ele recua, é apenas para se ajeitar e entrar mais fundo em mim, e eu respiro ofegante, desatando em soluços.

    — Minha – repete ele num rugido.

    Furiosa, balanço a cabeça vigorosamente e grito:

    — Jamais!

    Ele se move novamente, soltando gemidos de prazer. Eu choro impotente. Ele demora. Embora seus movimentos sejam mais suaves do que no começo, eu me sinto terrivelmente humilhada.

    — Oh, Mia... Logo, seu corpo se submeterá ao meu...

    — Melhor morrer! – balbucio.

    Sua mão agarra meu pescoço e aperta até quase obstruir minha respiração. Imediatamente, lamento as palavras atiradas sob o efeito da cólera. Conjetura ele me matar assim?

    — Cuidado com o que deseja – adverte ele.

    Ainda com os dedos ao redor do meu pescoço, ele recomeça suas arremetidas, num ritmo mais acelerado, até começar enfim a gozar, soltando pequenos rugidos roucos.

    — Oh, Mia! Se você soubesse quantas vezes imaginei esse momento...

    Cerro os dentes numa careta, decepcionada pela dor entre minhas coxas se esvair aos poucos. Desejaria ter me desmanchado em lágrimas, mas me sinto aliviada por ele soltar meu pescoço. Suas mãos tombam ao redor de minha cabeça, e seu corpo subjuga completamente o meu. Pressionando a boca contra meu ouvido, ele goza até quedar-se inerte, ainda dentro de mim. Pronto, ele ejaculou. Agora, tenho certeza. Eis-me aqui, profanada. Suja. Miro o tecido escuro, engolindo novas lágrimas. O que será que ele fará de mim agora?

    Tenho um sobressalto quando uma mão começa a acariciar meu rosto e tento me esquivar de seus gestos virando a cabeça.

    — Não se preocupe. Tudo ficará mais fácil daqui a alguns dias.

    Suas palavras me inquietam, e, mesmo sem poder enxergar nada, não consigo me impedir de voltar a cabeça em sua direção.

    — Alguns... dias? – repito.

    — Você não acredita realmente que fiz tudo isso apenas para me contentar com uma transa vulgar e sem interesse, não? – retruca.

    Tenho um sobressalto quando ele solta uma de minhas mãos, que cai pesadamente sobre meu seio. Quando ele solta minha outra mão, esfrego meus pulsos doloridos, mas, quando tento retirar a venda que me cobre os olhos, ele solta um ruído estranho.

    — Espere um pouco. Eu vou subir e preparar algo para comermos. Aproveite para conhecer seus novos aposentos. Use o banheiro para se limpar. Coloquei um peignoir sobre a cômoda.

    Ele pousa sua mão em minha cabeça antes de continuar:

    — Se você gritar, ninguém ouvirá, mas juro que você se arrependerá. Será que fui bem claro?

    Tremo e apenas balanço a cabeça afirmativamente para confirmar que compreendi. Quando ele se vai, quedo-me inerte, esperando seus passos se afastarem. Ele fecha a porta à chave. Mesmo depois de ouvi-lo no andar de cima, demoro um bom tempo para retirar a venda. Sem conseguir desfazer o nó, deslizo-a com dificuldade pelo alto da cabeça. O cômodo é grande, pode-se dizer um pequeno estúdio sem janelas, paredes pintadas de cores suaves e móveis de madeira. À direita da cama, uma mesinha com duas cadeiras. Está longe de parecer um cárcere. Os únicos sinais que provam meu cativeiro são as algemas presas em cada extremidade da cama, e eu não hesito em soltar meus tornozelos.

    Enquanto analiso o local, meus olhos cruzam com meu reflexo no espelho da cômoda em frente à cama. Estou numa situação deplorável, os olhos vermelhos e os cabelos emaranhados. Fico ofegante ao descer os olhos em direção às minhas pernas. Percebo manchas de sangue entre minhas coxas e sobre a colcha da cama. Ainda ofegante, levanto-me e passo pela única porta aberta. Ajoelho-me em frente à privada e vomito tudo o que há dentro do meu estômago. Nessa posição ridícula, desato a chorar.

    02

    A MÁSCARA

    ––––––––

    Fico um longo tempo sob a ducha, depois encho a banheira e mergulho na água quente. Muito quente, aliás, mas não o suficiente para parar esse tremor que me domina. Passo um pouco de sabão na bucha e esfrego todo o meu corpo vigorosamente. Tenho a impressão de que ele me tocou por toda parte, preciso arrancar a marca de seus dedos da minha pele. Amaldiçoo-me por ter parado naquela padaria, mas mais ainda por ter cedido às carícias desse homem. Embora consiga me manter calma, eu não consigo controlar as crises que assaltam meu corpo. Choro de raiva no fundo da banheira. Sinto-me impotente e envergonhada.

    Cada vez que ouço um barulho no andar de cima, prendo a respiração e fico atenta, com medo de que ele volte. Deve fazer uma hora que estou na banheira, lavando-me e colocando mais água quente para manter a temperatura. Quando o assoalho range e a porta lá em cima se abre, eu me endireito bruscamente. Ouço seus passos nas escadas e, sem nem mesmo me secar, visto rapidamente o peignoir, a única vestimenta que há no quarto. Apertando o tecido contra meu corpo, continuo fechada num canto do banheiro, esperando que ele resolva ir embora.

    No cômodo ao lado, a porta do quarto se abre suavemente. O homem entra e eu o escuto colocar algo sobre a cômoda. Quando ouço seus passos se aproximarem, recuo conta a parede do fundo e prendo a respiração. Ele dá umas batidinhas suaves na parede que nos separa.

    — Mia? Eu trouxe uma sopa para você. Venha comer. Também coloquei lençóis limpos na cama. Seria gentil de sua parte vir se acomodar. Volto logo. Vou colocar a roupa para lavar.

    Quando ele se afasta de

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