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Perdidos na Escócia
Perdidos na Escócia
Perdidos na Escócia
E-book358 páginas6 horas

Perdidos na Escócia

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Sobre este e-book

  Justo quando você pensa que está perdido, pode acabar se apaixonado.

  Sam Farouk está tendo um ano ruim. As coisas foram por água abaixo desde que ela encontrou seu namorado a traindo nos Globos de Ouro. Uma reviravolta infeliz faz com que ela trocasse a ensolarada cidade de Los Angeles pelos planaltos frios e chuvosos da Escócia. Ela tem a chance de trabalhar como uma das maquiadores em uma nova série baseada em uma coleção de livros de fantasia pela qual todos estão delirando, mas ela não consegue evitar se sentir perdida e com saudades de casa. Até começar a se apaixonar por Hugh MacLeod, o ator escalado para interpretar o papel de Abarath, matador de dragões e galã em meio expediente.

  Hugh MacLeod está pronto para sua grande chance. Depois de mais de uma década aceitando todo papel possível apenas para se manter à tona, ele pode finalmente mostrar seu talento numa série da qual pode se orgulhar. A dedicação de Hugh com sua carreira vem em primeiro lugar, e esse é um dos motivos pelo qual ele não esteve em um relacionamento sério por um tempo. Mas quanto mais perto de Sam ele fica, mais ele sabe que está em sérios problemas. Como ele poderia não se apaixonar pela morena sexy e misteriosa que trabalha em seu corpo todo santo dia? Cada toque, cada olhar é uma tortura.

  Se perder um no outro pode ser errado, mas poderia acabar sendo exatamente o que eles precisam.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de dez. de 2021
ISBN9781547553068
Perdidos na Escócia

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    Perdidos na Escócia - Hilaria Alexander

    Perdidos na Escócia/Lost in Scotland

    Copyright © 2017 Hilaria Alexander

    Tradução: Bruna CarolinePedroso

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida em qualquer forma ou por nenhum meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocopias, gravado, ou por qualquer armazenamento de informação ou sistema de recuperação, sem a autorização expressa, por escrito, do autor exceto pelo uso de citações breves em uma resenha.

    Esse é um trabalho de ficção. Nomes, personagens, lugares, negócios, eventos e incidentes são ou os produtos da imaginação do autor ou usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera coincidência.

    Este livro foi licenciado apenas para seu gozo pessoal. Ele não deve ser revendido ou oferecido a outras pessoas. Se estiver lendo este livro e não o comprou, ou se ele não foi adquirido para seu uso, então você deve devolvê-lo ao vendedor e adquirir sua própria copia. Obrigado por respeitar o trabalho do autor.

    Prológo

    Sempre gostei do desastre que vinha com as desavenças de Hollywood, fosse uma amizade, uma historia de amor, ou apenas celebridades atacando outras celebridades. Cresci em Los Angeles, então estava acostumada a tudo isso; fofocas faziam parte da minha realidade. Eu amava o público, términos mesquinhos de celebridades, e mais recentemente, as difamações no Twiiter e no Instragram.

    Por mais que elas alegassem querer privacidade, celebridades pareciam nunca conseguir se segurar. As coisas sempre ficavam feias, mesmo com os casais mais poderosos.

    Praticamente todo divórcio acabava mal, apesar dos mais famosos estarem Oh-tão-preocupados com o bem-estar das crianças.

    Nunca ficávamos sem drama em Hollywood, fosse no estúdio ou fora dele.

    Acontece que sou uma das pessoas que gostam do espetáculo – isto é, até me encontrar no meio de um e meu nome se tornar uma manchete.

    Reconheço que em parte era minha própria culpa. Eu decidira que o dia do acerto de contas deveria ser um assunto público. Me recusei a pegar o caminho mais difícil. Deram-me limões, e eu iria servir limonada.

    Capítulo 1

    Sam

    Janeiro

    Eu sonhava em participar do Globo de Ouro desde menina.

    Meus pais trabalharam no ramo por décadas, e enquanto crescíamos, minha irmã e eu queríamos trabalhar em filmes. Enquanto eu fazia mais o tipo de garota por-trás-das-câmeras, minha irmã adorava os holofotes, e acabou se tornando uma das jovens atrizes mais amadas de Hollywood. Aos vinte e seis anos, já havia ganhado um Globo de Ouro e uma nominação ao Oscar.

    O Globo de Ouro era uma de minhas premiações prediletas.

    Eu amava a atmosfera – sempre era mais engraçada e tinha um ar mais leve que os Oscars. As piadas também eram melhores, e geralmente incluíam rir dos participantes embriagados. Eu também amava as festas. Fui a algumas delas no passado, graças a minha irmã Amira, mas esse ano estava indo com meu namorado, Eric Oliveira.

    A série onde ambos trabalhávamos, o qual ele ajudou a criar e a escrever, havia sido nominado como Melhor Comédia de TV. Eu estava tão orgulhosa dele. Ele trabalhara duro para chegar lá.

    Hi, My Name is Georgia era o orgulho de Eric, com a atriz Quinn Levy, e rapidamente se tornou o queridinho dos críticos. A audiência não era das melhores na primeira temporada, mas felizmente a emissora nos dera uma segunda chance.

    A segunda temporada teve boas críticas até agora, mas novamente, a audiência continuar caindo nos trouxe à beira da paranoia. Todos os dias, temíamos que a emissora decidisse nos tirar do ar. Mas, um mês atrás, acordamos com a maior notícia de todos os tempos.

    Georgia não apenas fora nominada para um Globo de Ouro como Melhor Comédia, mas ambos os atores principais conseguiram uma nominação em suas respectivas categorias. A audiência começou a subir, e embora a série estivesse em férias de Natal, nossos números na Hulu e na Netflix também estavam altos. Parecia que Georgia finalmente estava conseguindo a grande chance que merecia.

    Quinn Levy fazia o papel de Georgia, além de ser a cocriadora e coescritora da série. Quinn era linda naquela típica forma desagradável de atriz de Hollywood – alta, magra e loira – mas tinha uma personalidade tão incrível que era praticamente impossível odiá-la. Ela era engraçada, e sempre apoiava a todos, um verdadeiro membro da equipe. No estúdio, sempre tentava tornar o trabalho de todos mais fácil. Em Hollywood, ela defendia sem rodeios a luta pela igualdade de remuneração para as mulheres.

    No entanto, se havia uma coisa na qual ela era horrível, era em errar.

    Não importa quantas vezes ela ensaiasse uma cena, sempre haveria um momento, especialmente durante as gravações no meio da noite, onde ela saía de personagem e começava a rir enquanto dizia suas falas. Ela errava mais que Jimmy Fallon em Saturday Night Live. Uma noite, tivemos que filmar uma cena quase cento e cinquenta vezes. Fora isso, ela era um amor. Ela era de Georgia, por coincidência, e tinha a bondade e as maneiras de uma bela sulista.

    Ela dava as entrevistas mais engraçadas – bem, quase tão engraçadas quanto as de minha irmã. Ninguém ganhava de minha irmã Amira – ou Mira Farouk, como o mundo a conhecia – quando se tratava de encantar a imprensa.

    Quinn terminou de contar uma piada sobre quando era uma comediante de stand-up, e todos rimos. Enquanto anunciavam o começo da transmissão, tilintamos nossos copos e aplaudimos. Eric me abraçou e me beijou na bochecha.

    - Você está tão sexy, Sam. Mal posso esperar para te arrancar desse vestido – ele sussurrou em meu ouvido, me fazendo arrepiar. Sete anos como um casal – incluindo dois morando juntos – e ele ainda me excitava como no primeiro dia.

    - Você vai ter que fazer isso, já que a estilista de Amira me costurou nele – respondi sedutoramente, olhando para ele. Seus olhos se arregalaram, e ele respondeu com um grunhido profundo enquanto dava uma olhada em meu corpo, que estava envolto em um vestido vermelho justo que descia de minhas costas até a minha bunda.

    Eric e eu estávamos juntos desde um quente verão trabalhando na mesma série, sete anos atrás. Depois de resistir a ele por semanas, tive que sucumbir a seu charme. Até hoje, nossa paixão era incandescente. Todo mundo sabe o quão frágil os relacionamentos são em Hollywood, e isso era verdadeiro tanto para os atores quanto para os que não tinham um holofote apontando para eles o tempo todo. Até meus pais, depois de três filhos e muitos anos de um casamento feliz, se divorciaram dez anos atrás.

    Felizmente, Eric e eu estávamos indo muito bem. Ele era ainda mais atraente depois de recentemente ter completado trinta anos. Seu cabelo era preto, e seus olhos de um lindo verde esmeralda. Sua pele era bronzeada, o que acrescentava ainda mais sensualidade a toda sua personalidade. Seus pais eram do Brasil e imigraram para os Estados Unidos quando ele era uma criança. Quando ele era mais jovem, foi abordado por um olheiro para ser modelo, mas recusou. Ele provavelmente poderia ter sido uma versão masculina da Gisele se quisesse, mas ao invés disso decidiu trabalhar na televisão. Contemplei seu perfil e sorri quanto ele me pegou encarando. Mordi meu lábio em antecipação com o que iria acontecer naquela noite.

    Que crise dos sete anos? Eu continuava fascinada por ele, e ainda estávamos transando tanto quanto costumávamos no começo do namoro. Até mesmo conseguíamos sair às escondidas nas noites em que precisávamos trabalhar até tarde.

    Aliás, Eric parecia ainda mais apaixonado ultimamente, talvez pelo fato das coisas estarem melhorando com a série.

    Era apenas uma questão de tempo até que ele me pedisse em casamento... pelo menos eu achava que sim.

    Eu não era uma dessas mulheres cujo único objetivo na vida era se casar, mas amava meu homem e queria passar o resto da minha vida com ele. Eu sabia que casamento estava nos nossos planos porque ele mesmo vinha me dizendo isso. Era ele quem tocava no assunto, explicando que queria se casar depois que fizesse sucesso. Ele era ambicioso e determinado, e sabia que era apenas uma questão de tempo até que pudesse trabalhar em uma série de sucesso.

    Uma vitória para Georgia definitivamente garantiria seu status, e talvez um anel em meu dedo também.

    ***

    Alguns prêmios e muitas bebidas depois, acenei para minha irmã do outro lado da salão enquanto ela voltava para sua mesa depois de anunciar o vencedor do prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. Ela estava sentada com o diretor e o elenco do seu mais novo sucesso, No Time Like the Present. Amira e Ross David, o diretor do filme, tornaram-se uma dupla dinâmica na indústria cinematográfica. Ross chamava Mira de sua musa, puramente porque ela era um camaleão muito talentoso. Aliás, Mira parecia ser capaz de se adaptar a qualquer papel, não importava o desafio. Eu sabia que muitas pessoas em Hollywood especulavam que Mira e Ross eram um casal, mas minha irmã me garantiu que a relação deles era puramente profissional; nós não tínhamos segredos entre nós. Ela era apenas três anos mais nova que eu e era minha melhor amiga. Eu sabia que não tinha nada acontecendo com o diretor, porque eu sempre sabia quando ela estava mentindo. Eu não tinha nada contra Ross David – ele era bonito e bem sucedido – mas ele também era quatorze anos mais velho que Mira. Eu não queria um homem velho namorando minha irmã de vinte e seis anos, e nosso pai também não iria querer, com certeza.

    Alguns prêmios depois, todos amaldiçoamos Gael Garcia-Bernal em voz baixa quando Wilder Simmons, o personagem principal em Georgia, perdeu a categoria de Melhor Ator em Série de Comédia – mas só depois de ter certeza que as câmeras não estavam apontadas para nossa mesa. Nós sabíamos que era pouco provável, e estávamos cientes do alvoroço que Mozart in The Jungle causava. A Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood parecia estar completamente encantada com essa série.

    - Eu vou perder para Julia Louis-Dreyfus, eu apenas sei – Quinn disse quando Seth Myers e Amy Poehler foram apresentar a categoria de Melhor Atriz em Série de Comédia. Vi ela respirar fundo nervosamente, e quis segurar sua mão, mas Eric estava sentado ao lado dela e eu não conseguia alcança-la.   Nós duas trocamos um olhar, e lhe dei um sorriso encorajador. Ela assentiu e sorriu de volta, parecendo inquieta.

    - E o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Série de Comédia vai para... – Seth Myers disse.

    - Quinn Levy em Hi, My Name is Georgia! – Amy Poehler gritou, e todos em nossa mesa irromperam em aplausos e abraços, rapidamente roubando beijos de Quinn enquanto ela saia de nossa mesa, que ficava bem ao fundo, e se dirigia ao palco.

    Todos ouvimos seu discurso com lágrimas de alegria nos olhos, e subitamente, a emoção em nossos corações aumentou ainda mais – talvez tivéssemos uma chance de ganhar o prêmio de Melhor Comédia, afinal. Olhei em volta, para Eric, o elenco e os produtores sentados na mesa; eu sabia que todos estávamos pensando a mesma coisa, mas ninguém queria dizer em voz alta para não dar azar.

    Quando a hora chegou, Eric segurou minha mão com uma mão, e a de Quinn com a outra. Quando anunciaram o nome da nossa série, Eric abraçou Quinn primeiro, me deixando perplexa por um momento. Então ele se virou, me abraçou, e me deu um beijo rápido e apaixonado antes de seguir com o elenco e os produtores para o palco. Era um momento tão incrível que eu me sentia sobrecarregada de alegria. Eu estava sorrindo, mas lágrimas desciam por minhas bochechas, meu coração pulsando tão alto em meu peito quanto os aplausos da sala.

    Quinn foi hilária enquanto tentava agradecer a todos o mais rápido possível e então passar o microfone para os produtores do show. Todos eles tentaram agradecer e fazer seus discursos rapidamente porque sabiam que a música começaria a qualquer momento.

    Eric pegou o microfone, e ele parecia tão lindo e feliz que me fez perder o fôlego. Eu o amava tanto. Ele foi brilhante e engraçado em seu rápido discurso, agradecendo a seus pais e seus professores e a todos na emissora que apoiaram a série.

    ––––––––

    Mira: Ele não te agradeceu.

    ––––––––

    A mensagem de Amira chegou assim que eles começaram a sair do palco. Ela estava certa; ele não me agradecera. Os produtores fizeram questão de fazer um breve agradecimento a suas esposas e filhos, mas Eric não disse nada sobre mim. Claro, doeu um pouco, mas acontecia o tempo todo.

    ––––––––

    Eu: Cara, lembra quando você se esqueceu de agradecer seu diretor?

    Mira: Touché. Mesmo assim, não vejo como poderia me esquecer de meu companheiro dos últimos SETE anos.

    Eu: Talvez ele vá me compensar mais tarde. ;-)

    ––––––––

    Decidi esquecer o pequeno incidente de Eric, considerando que ele não teve muito tempo no palco antes que a música começasse a tocar, e fui esperar do lado de fora da sala da imprensa onde eles estavam dando as entrevistas.

    Melhor Comédia era um dos últimos prêmios, então todos estavam prestes a sair de lá e se dirigir à festa da Vanity Fair.

    Esperei, apoiada em uma coluna porque meus sapatos estavam me matando.

    Pouco depois, vi todo mundo de Georgia passar, mas não consegui ver Eric.

    Ou Quinn.

    Talvez estivessem segurando os dois para outra entrevista.

    Olhei ao redor, tentando decidir se eu deveria voltar para a mesa ou não, e então ouvi a risada de Quinn. Virei-me, e foi quando eu o vi.

    Foi quando os vi.

    E meu mundo inteiro desmoronou.

    Uma bala em meu peito provavelmente teria doído menos. Não havia como explicar como me senti quando vi meu namorado de sete anos beijando sua colega, minha chefe.

    Uma mulher que pensei ser minha amiga.

    Me escondi atrás da coluna enquanto os espiava... enquanto assistia o amor da minha vida capturar a boca de Quinn num beijo faminto. Ele segurava a cabeça dela pela nuca, e sua outra mão estava em volta de sua cintura. Ela ergueu seus braços e os envolveu no pescoço dele. Nem mesmo se parecia com um primeiro beijo; não havia hesitação alguma. Eles pareciam confortáveis demais com as bocas um do outro para ser a primeira vez que isso acontecia.

    Meus olhos se encheram de lágrimas. Meus lábios tremeram. Eu estava me segurando na coluna com as mãos, sentindo que meus joelhos iriam falhar a qualquer momento.

    Senti vontade de chorar, mas de alguma forma consegui manter minha boca fechada.

    Não se mexa, disse a mim mesma. E então tive uma ideia.

    Quinn acariciou o rosto de Eric, e então eles se beijaram novamente.

    Peguei meu celular e tirei o máximo de fotos que consegui.

    Eles pararam de se beijar, e enquanto Quinn arrumava seu cabelo e vestido, me escondi atrás da coluna. Quando ouvi passos se aproximando de mim, circulei a coluna, tentando permanecer escondida. Eles riram, voltando para o salão de mãos dadas.

    Meu coração afundou, e finalmente deixei o soluço que estive segurando sair.

    Por quanto tempo? Por quanto tempo eles estiveram fazendo isso pelas minhas costas?

    Por quanto tempo Eric estivera me traindo?

    Comecei a repassar as últimas semanas mentalmente, os últimos meses em minha cabeça, tentando me lembrar de um detalhe, um momento, ou uma situação que eu deveria ter suspeitado, quando algo estranho deveria ter me dado alguma dica.

    As madrugadas... mas elas eram parte de seu trabalho, sempre. Escritores sempre ficavam acordados até tarde escrevendo roteiros... e eles não estavam sozinhos. Mas estavam juntos. Sempre juntos.

    Cerrei os punhos, e corri o mais rápido que pude em meu salto alto.

    Tranquei-me no banheiro mais próximo, precisando de um momento para espairecer. Não sabia como iria encarar Eric novamente, mas não podia confrontá-lo naquele momento.

    Não aqui. Não esta noite.

    Apoiei minha testa na porta e respirei fundo enquanto as lágrimas continuavam a cair, escorrendo por todo lugar: minhas bochechas, meu peito, meu vestido.

    Eric: Onde você está?

    ––––––––

    O desgraçado me mandara uma mensagem. Ri. Até mesmo ver o nome dele na tela do celular me causou repulsa. Engraçado quão rapidamente sua percepção das pessoas pode mudar. Eu não queria estar perto dele, mas não podia lhe contar o que eu vira – ainda não.

    Talvez nunca.

    Olhei para as fotos dele e Quinn em meu celular, e mal conseguia dizer quem estava na foto. Qualquer um que os conhecesse provavelmente conseguiria identificar suas silhuetas, mas nem todos iriam reconhecê-los. Suspirei, desapontada e irritada. Minha evidência era uma porcaria. Então, uma ideia me veio à mente.

    Parecia perigosa e louca, mas ah tão atraente. Eu já conseguia sentir na ponta da língua – o doce gosto da vingança.

    Funguei e digitei uma resposta rápida.

    Eu: Estou no banheiro. Já vou sair.

    Eric: Rápido. A transmissão acabou. Estamos saindo.

    ––––––––

    Abri a porta do banheiro, olhei para meu rosto manchado pelas lágrimas no espelho e liguei a torneira para arrumar minha maquiagem. Eu deixara minha bolsa para trás, como a idiota que eu era. Assim que acabei de limpar minhas lágrimas, uma multidão animada de mulheres embriagadas invadiu o lugar, e me dirigi de volta à nossa mesa. O salão estava meio vazio, as pessoas que sobraram dispersas pelo lugar, conversando.

    Eric ficou sozinho na nossa mesa, e enquanto eu andava em sua direção, ele se virou, como se sentisse que eu estava vindo. Sorriu calorosamente para mim, segurando minha bolsa em sua mão, e um sorriso brilhante se estendeu por seu rosto. Foi como uma faca cortando através de minha pele.

    Mentiroso. Mentiroso. Mentiroso.

    Tentei sorrir de volta, mas meus músculos faciais pareciam rígidos, como se eu tivesse acabado de colocar Botox. Precisei forçar um sorriso maior.

    Ele estendeu minha bolsa, e quando cheguei mais perto, depositou um leve beijo em meus lábios.

    Beijo de Judas.

    Você é um porco, Eric. Você é filho da puta. Você é um mentiroso. Cansei de ser enganada.

    - Não tem nada a dizer? – ele disse com um sorriso.

    - Como assim? – eu disse, confusa.

    - Sam, nós ganhamos! Um Globo de Ouro, porra! Nós conseguimos. A série não vai ser cancelada novamente.

    Dã, claro que foi isso que ele quis dizer.

    - Sim! Estou tão feliz, querido. Estou tão orgulhosa de você – eu disse a ele, acariciando seu rosto da mesma forma que Quinn fizera momentos antes. Tentei sorrir novamente, mas saiu mais como uma careta. Eric não pareceu notar, apenas passou seus dedos por meu longo cabelo negro e pressionou seu corpo contra o meu, me dando outro beijo.

    Com língua dessa vez.

    Fechei meus olhos, enjoava com seu toque. Quis vomitar, mas não podia deixá-lo perceber que tinha algo errado. Não podia deixá-lo perceber que eu sabia.

    Ainda assim, não consegui responder ao beijo tão avidamente quanto normalmente o faria.

    De repente, ele parou.

    - Querida, você está bem? – Eric perguntou, com as sobrancelhas franzidas, demonstrando preocupação. Idiota.

    Engoli em seco e balancei minha cabeça

    - Estou bem.

    Ele ergueu meu queixo e estudou meu rosto.

    - Você parece que esteve chorando.

    - Bem, foi uma noite agitada, e eu estava tão feliz quando ganhamos que não consegui evitar as lágrimas – eu disse, passando um dedo sob meus olhos, limpando os últimos borrões de maquiagem. Funguei. Naquele momento, ele parecia preocupado, lindo, atencioso. Naquele momento, parecia o namorado perfeito – mas na realidade, ele era um mentiroso. Era um traidor. Eu queria gritar na cara dele. Eu queria que ele pagasse. Queria que ele sofresse. Como ele pôde fazer isso comigo? Como pôde me trair numa noite dessas? Por quanto tempo estiveve me traindo?

    - Tem certeza de que está bem?

    - Sim, juro que estou! É só que... estou um pouco bêbada, e minhas emoções estão por toda parte.

    - É. Eu também – ele disse com um olhar sonhador, me puxando para mais perto de si e apertando minha bunda.

    Vai se foder. E vai se foder Quinn.

    Eu não iria cair em silêncio.

    Eu iria derrubar todos comigo.

    - Pronta para ir? – ele perguntou, e eu concordei, um milhão de pensamentos e cenários diferentes passando por minha cabeça.

    Não faça nenhuma decisão precipitada. Por mais que fazer uma cena na festa pareça uma boa ideia, você só vai acabar parecendo a namorada louca.

    Não se apresse.

    O que eles dizem sobre vingança?

    É melhor servida fria.

    Eric segurou minha mão enquanto saíamos do salão até o manobrista. Esperamos do lado de fora de Beverly Hilton e entramos em um carro para ir à festa da Vanity Fair. Eric estava ocupado olhando seu celular, e enquanto eu o encarava, de forma tão descuidada e óbvia, me senti enjoada.

    Meu estômago estava dando voltas. Nós não havíamos comido nada, e depois eu me afogara em pelo menos cinco taças de champanhe. Eu estava tonta. Queria gritar com Eric, sentado ao meu lado como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse beijado outra mulher meia hora atrás. Seus olhos encontraram os meus, e eu queria chorar e deixar minha decepção se espalhar por todo lado. Em vez disso, desviei o olhar.

    - Sam, qual o problema?

    - Eu não me sinto bem. Acho que preciso ir para casa. – Não suportaria ir festejar com ele e todo o resto, ter que fingir que estava feliz por todos nós. Não queria ficar perto de Quinn e agir como se fossemos amigas.

    Ele desdenhou de minhas palavras.

    - Sam, qual é. Você vai se sentir melhor mais tarde. Como pode cair fora agora? Achei que você quisesse ir a essa festa... – Ele procurou meus olhos, mas desviei o olhar. Ele estava certo. Eu queria ir a essa festa.

    Não mais.

    - Eu não quero abaixar a moral, e não quero acabar ficando doente enquanto estiver lá. Sei que vou ficar melhor se eu for para casa. – Ele revirou os olhos e passou uma mão por seu cabelo, frustrado.

    - O que deu em você? – ele perguntou, e por um momento, seus olhos pareceram assustados, como se soubesse que eu sabia. Então, quando o carro parou, sua expressão mudou. Ele ligou a luz e ergueu meu queixo, examinando meu rosto.

    - Sabe, você parece meio pálida. Talvez esteja certa. Talvez seja melhor você encerrar a noite.

    Certo. Assim, você vai poder se esgueirar por aí com sua amante. Ele me deu um selinho nos lábios e outro em minha testa. Eu queria chorar. Queria que tudo isso fosse um sonho ruim. Eu queria acordar ao lado dele como se nada tivesse acontecido.

    Queria ser capaz de amar e confiar nele novamente, confiar nele da maneira que confiava uma hora atrás. Ele se despediu, e enquanto saía do carro, senti como se tivesse perdido uma parte de mim. Senti como se uma parte enorme da minha vida de repente tivesse acabado.

    Na volta para casa, meus sentimentos se alternavam entre raiva e tristeza enquanto o motorista tentava puxar conversa fiada. O respondi distraidamente, incapaz de pensar em qualquer coisa que não fosse a cena de traição que eu testemunhara. Eu estava com o coração partido, mas sabia que não iria deixar Eric Oliveira sair ileso. Recebi uma mensagem de minha irmã.

    Mira: Onde você está?

    Eu: Não estou me sentindo bem. Champanhe demais. A caminha de casa.

    Mira: Isso é muita baboseira. Você estava ansiosa para isso.

    Eu: Exagerei no champanhe. Por que ninguém te diz que você precisa pular o tapete vermelho para conseguir um jantar aqui?

    Mira: Eu sei. Cometi o mesmo erro antes, acredite.

    ––––––––

    Eu disse boa noite para Amira, mas sabia que não iria conseguir esconder isso dela. Ela sempre conseguia me ler como um livro aberto, e minha mãe também. Ela iria saber que algo estava errado.

    Eu precisava conversar com ela.

    Liguei para ela, que atendeu depois de alguns toques.

    - Mãe, preciso da sua ajuda.

    Naquela noite, resisti à vontade de quebrar tudo que Eric possuía ou tudo a que era apegado. Resisti ao impulso de incendiar a casa. O tecido do meu vestido de gala farfalhou no chão liso enquanto eu passava pela sala, tentando me acalmar e decidir o que precisava fazer. Consegui sair do vestido e me preparei para dormir, sem acender as luzes, gostando do silêncio, e fui para cama com lágrimas escorrendo por meu rosto. Fechei meus olhos, mas não consegui dormir, então deitei embaixo das cobertas, nua, planejando minha vingança.

    Capítulo 2

    Sam

    ––––––––

    Agosto

    - É tão lindo, mãe. – Apontei a câmera do meu celular para o cenário à minha frente.

    - Dá pra ver. É tão deslumbrante quanto você na TV. Tão verde.

    - É quase muito para assimilar de uma vez só.

    A Escócia era intimidante de um jeito misterioso. A Califórnia era tudo que eu conhecia, e eu mal tinha passei um tempo nos Estados Unidos. Além de algumas vezes em Londres com meu pai e meus irmãos para visitar meus avós, nunca visitei nenhum outro lugar no mundo. A Escócia era tão estrangeira e nova quanto era possível, mas agora, iria ser minha casa pelos próximos oito meses. Virei a câmera para mim novamente.

    - Já conheceu algum dos seus colegas de trabalho?

    - Ainda não, apenas um dos amigos de Mira, Lainey. Ela me pegou no aeroporto e me levou para minha casa. Eu tenho uma colega de quarto, mas ainda não a conheci. Alguns membros da equipe saíram ontem a noite, para se conhecerem melhor. Eu perdi isso.

    - Ah, bem. Você vai ter tempo para conhecer eles. Você tem sorte de ter conseguido esse trabalho no último minuto.

    - É, eu sei.

    - Samhain, vai ficar tudo bem. Você é uma maquiadora talentosa. Você sabe que conseguiu esse trabalho graças ao seu currículo extenso, e não

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