Aos olhos de Sam
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Sobre este e-book
Aos olhos de Sam e ante sua objetiva, Pedro se tornava uma obra de arte, um ícone intocável...
Em um mundo onde, biologicamente, o homem se situa entre o lobo e a hiena, Sam é um fotógrafo de moda famoso. É também um Alfa que recusa se dobrar às exigências da sociedade que o cerca.
Pedro é um jovem modelo. Novato no meio, ele atrai imediatamente o olhar profissional de Sam, que decide trabalhar com ele o máximo possível.
Ao final de uma campanha publicitária estressante, Sam sente que o jovem Pedro vai exalar seus calores. Para protegê-lo dos outros Alfas, ele resolve levar o garoto para sua casa, onde o modelo estará em segurança. Mas Sam não esperava que o seu próprio instinto reagisse aos ferormônios do jovem Ômega.
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Aos olhos de Sam - Beth Carlington
Capítulo 1
Há algumas décadas, o número de Alfas na população começou a cair perigosamente, enquanto a população Ômega continuou estável. Embora a maioria das pessoas ainda fosse Beta, isso trazia inúmeras complicações: o mundo passou a girar essencialmente em torno dos Alfas, e o restante da população passou a contar com eles, principalmente levando-se em conta a capacidade natural que eles tinham de comandar e de proteger.
Em face dessa redução alarmante do número de Alfas, vários governos começaram a pôr em prática protocolos para forçá-los a se acasalarem. A venda de supressores para os Alfas foi proibida na maioria dos países, e centros onde eles podiam encontrar Ômegas extremamente excitados se espalharam por toda parte.
Samaël Williamson detestava esses centros. Ele os odiava a tal ponto que comprava supressores de fornecedores escusos, arriscando-se a ter sua reputação manchada. Fotógrafo de moda bastante requisitado, ele passava a vida rodeado de Ômegas. Pensar, ainda que por um único instante, que ele pudesse, usando sua natureza
como uma desculpa falaciosa, atirar-se descontroladamente sobre um de seus clientes deixava-o fora de si. O ser humano havia ultrapassado o estado de besta. Depois de civilizações inteiras terem sido construídas e de se ter criado a cultura e a tecnologia, ver-se reduzido à mais pura expressão de sua bestialidade despertava nele desejos assassinos. Para evitar passar seus chamados cios
em um centro, ele simulava conquistas, álibi que alguns de seus amigos aceitavam confirmar.
Alguns podiam pensar que ele esperava o Ômega de sua vida, aquele ou aquela com quem a compatibilidade seria tal que ele seria incapaz de viver sem ele ou sem ela. Mas isso não tinha nada a ver, Sam não tinha a alma de um romântico. Ele era um artista, e, a seu modo, ele amava cada um de seus modelos. E se, por acaso, seu amor fosse reduzido a um único ser, Sam acreditava firmemente que não seria mais capaz de transcender seus modelos, e perderia o que fazia dele o melhor em sua profissão: seu talento.
Ademais...
– Myra, o que está acontecendo com você hoje? – reclamou o fotógrafo, largando sua objetiva para se aproximar da modelo.
A bela Beta mordia os lábios.
– Não sei, Sam. Não é nada em particular, mas... eu não sei, eu não levo jeito.
Sam olhou para cima. O céu estava de um azul magnífico, como só se podia ver na Califórnia. Essa sessão de fotos de maiô para a próxima coleção de Diesel estava infernal. Obviamente, ele não estava no lugar dos modelos, de maiô na praia em pleno mês de fevereiro. Mas que droga, afinal! Era o trabalho deles...
– Sabe o que mais, minha querida? Vamos passar para o próximo modelo e você vai descansar um pouco. Ok?
– Obrigada, Sam, você é realmente um bom sujeito.
Não, ele não era, mas os modelos eram sua ferramenta de trabalho tanto quanto sua máquina fotográfica e suas objetivas. Fora de questão para ele ofendê-los.
– Ok! – respondeu ele, virando-se para o resto da equipe. – Vamos mudar! Quem é o próximo modelo?
Uma moça loira aproximou-se dele. Lola, sua assistente, era uma Beta também, linda, mas faltava a ela o dom para estar na frente de sua objetiva. Contudo, ela tinha outras habilidades, e Sam apreciava uma bela garota que também fosse esperta.
– Ele se chama Pedro Boscalino, é um novato.
Sam fez uma careta. Ele não gostava dos novatos. Eram muito seguros de si, e ele sempre perdia um tempo enorme ensinando-os como ficar na frente de uma objetiva, como suscitar o desejo no cliente, enfim, como ser um modelo de verdade!
– Vamos continuar então!
Uma certa agitação se espalhou pela equipe e o modelo apareceu. Os olhos de Sam se arregalaram ligeiramente. Oh, Deus! Diante dele apareceu uma estonteante beldade esguia e sexy, de uma tez caramelada e músculos delgados e perfeitamente delineados, usando apenas um minúsculo maiô que mal ocultava suas partes íntimas. Ele avançava com a desenvoltura de quem estava acostumado a ser olhado e admirado.
O Alfa em Sam rugiu. Era um Ômega, ele podia sentir em suas entranhas. Sam olhou-o se aproximar, seu corpo perfeito, seus olhos enormes, seu rosto de traços finos, seus lábios carnudos, sensuais, feitos para serem beijados.
Ele parou diante de Sam.
– O que eu devo fazer? – perguntou o adônis, olhando para os lados.
Um sorriso enorme desenhou-se nos lábios de Sam.
– Como você sentir – respondeu o fotógrafo, curioso para ver o que o jovem rapaz tinha em seu âmago.
– Ok.
O garoto instalou-se sobre uma das pedras e se deixou pender para trás, expondo seu ventre e o maiô, como desejaria qualquer publicidade. E o olhar que ele lançava para Sam não tinha nada de inocente. Sam sentia calor, apesar das baixas temperaturas. Esse garoto? Era um futuro sucesso. Ele tinha o dom para a fotografia, sabia como se valorizar e não precisava de conselhos. O estômago de Sam se contraiu e um sorriso alucinado alargou seus lábios: ele iria adorar trabalhar com esse rapaz.
– Exatamente isso! – gritou ele. – É