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Da universalidade à singularidade na ação educativa
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Da universalidade à singularidade na ação educativa
E-book268 páginas3 horas

Da universalidade à singularidade na ação educativa

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Sobre este e-book

A obra Da universalidade à singularidade na ação educativa apresenta a discussão da complexidade que envolve a prática educativa fundamentada na epistemologia da racionalidade moderna, nos preceitos da homogeneidade e da funcionalidade e, ao mesmo tempo, inserida em um mundo real de diferenciações e singularidades. Isto é, se por um lado a ação educativa situa-se no âmbito de um conjunto de regras, normas e valores alinhados a um desemprenho funcional e homogêneo na e da produção do saber, por outro lado essa ação é enriquecida com a produção de saberes a partir da construção da vida envolvendo singularidades e/ou desigualdades em termos de condições sociais, étnicas, culturais, físicas e ambientais. Ao longo dos diferentes textos, argumenta-se que, no mundo prático da vida, como a expressão do sujeito e da singularidade, aflora-se um contexto novo desafiando a epistemologia clássica da ação com base na homogeneidade, na funcionalidade do saber e na evolução.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2017
ISBN9788547305215
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    Da universalidade à singularidade na ação educativa - Lindomar Wessler Boneti

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    APRESENTAÇÃO

    É com prazer e alegria que o grupo de pesquisa Fundamentos epistemológicos das políticas educacionais e a problemática na escola na contemporaneidade, vinculado ao programa de pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), apresenta uma obra que busca desafiar o leitor com o debate de uma significante temática dos dias atuais no campo da sociologia da educação: a singularidade no âmbito dos preceitos epistemológicos da modernidade no contexto da ação educativa.

    O grupo de pesquisa Fundamentos Epistemológicos das Políticas Educacionais e a Problemática da Escola na Contemporaneidade congrega um grupo de pesquisadores nacionais e internacionais cujo foco de pesquisa se centraliza na relação entre os fundamentos epistemológicos clássicos das políticas educacionais, a razão moderna e as práticas educativas inerentes ao espaço escolar. Nesse contexto, chama a atenção a complexidade em torno da elaboração dos saberes constituídos na construção da vida que envolve singularidades e/ou desigualdades em termos de condições sociais, étnicas, culturais, físicas e ambientais.

    Assim, Da universalidade à singularidade na ação educativa promete trazer novos elementos de análise sobre essa questão, cujo debate guarda ainda controvérsias, a partir de elementos ainda pouco discutidos.Um aspecto importante que caracteriza este livro como algo novo no sentido de contribuir significativamente na discussão dessa temática diz respeito à pluralidade de análise que compõe os diversos textos neste livro apresentados. Nesta obra, a diversidade do método teórico e do olhar científico é bem-vinda e considerada necessária, dada a complexidade da temática em estudo.

    O primeiro capítulo, intitulado Introdução a um debate: do moderno ao singular na ação educativa, de autoria de Lindomar Boneti, Maria José Menezes Lourega Belli e Nizan Pereira Almeida, busca introduzir a temática abordada de diferentes perspectivas pelo conjunto de 10 textos que compõem o todo da obra. Ou seja, no capítulo introdutório, discute-se a complexidade que se apresenta no contexto da ação educativa nos dias atuais. Argumenta-se que o mundo prático da vida, como a expressão do sujeito e da singularidade, aflora um contexto novo desafiando a epistemologia clássica da ação com base na homogeneidade e funcionalidade do saber e na evolução.

    Dando continuidade, o segundo capítulo, intitulado A origem e a institucionalização da Sociologia no Brasil, de autoria de Sandra Maria Mattar Diaz, analisa a institucionalização da Sociologia no Brasil e a influência que exerce na educação pela primeira escola de pensamento sociológico, o positivismo. A autora expõe o surgimento da Sociologia na Europa, os principais pensadores da escola positivista, assim como sua internacionalização por intermédio dessa escola francesa e a chegada desse campo científico no Brasil.

    Na sequência, com o terceiro capítulo, intitulado Aspectos epistemológicos da Educação segundo o positivismo comteano, de autoria de Gleison Vieira, passa-se à análise da forma como os referenciais filosóficos de educação do positivismo tratam da relevância da reprodução dos mecanismos da sociedade na busca por uma conservação social. O texto concentra-se em obras ligadas à história do positivismo, expondo algumas de suas reflexões pedagógicas, prospecções de ensino e perspectivas sobre educação. Evidencia-se que, embora não tenha editado uma obra consagrada exclusivamente ao tema educação, há uma concepção e um projeto intimamente presente nessa corrente filosófica voltado ao tema, enfatizando a conservação de mecanismos ideais de funcionalismo social por meio da divisão de trabalho, por meio da reprodução social.

    Conta-se, a seguir, com o quarto capítulo, intitulado A expressão das desigualdades escolares no contexto histórico das políticas educacionais, de autoria de Cátia C. Michalovicz, que tem como foco a análise de algumas políticas públicas na história da educação brasileira, procurando identificar traços das desigualdades escolares em sua implementação. Salienta a contribuição dessa análise de alguns elementos da história da educação e das políticas na área para o estudo do tema desigualdades escolares.

    No quinto capítulo, apresenta-se o artigo intitulado Representações sociais de familiares de mulheres em situação de privação de liberdade na Penitenciária Feminina do Estado do Paraná no contexto da situação social e educacional, de autoria de Ana Lúcia Langner e Romilda Teodora Ens. As autoras apresentam uma análise sobre a representação social que as famílias formulam a respeito da situação prisional vivenciada por mulheres privadas de liberdade na Penitenciária Feminina do Estado do Paraná.

    Na sequência, apresenta-se, no sexto capítulo, o texto intitulado Plano Nacional de Educação – PNE 2014, de autoria de Fernando Botto Lamóglia. O autor faz uma análise de como a construção da cidadania vem sendo (des)tratada em uma perspectiva histórica dos documentos legais representados pela Constituição Federal de 1988, LDB de 1996 e no Plano Nacional de Educação de 2014.

    No sétimo capítulo, apresenta-se o texto intitulado Universidade e sociedade: educação formal e tecnologia social, escrito por Maria José Menezes Lourega Belli. A autora reflete sobre a importância do ambiente acadêmico como espaço para o desenvolvimento de experiências dialógicas com objetivo de integrar os diferentes sujeitos e seus contextos sociais em interações coletivas potencializadoras de trocas e geração de conhecimento e saberes.

    O oitavo capítulo traz o artigo intitulado Louceiras do Maruanum e as sociabilidades do mundo da vida: práticas culturais e o reconhecimento de território quilombola, escrito por Célia Souza da Costa. A autora discute a importância da cerâmica como prática cultural da comunidade quilombola de Santa Luzia, que passa por processo administrativo junto ao INCRA (Amapá).

    A seguir, o nono capítulo apresenta o artigo escrito por Regina Bergamaschi Bley, intitulado Saberes construídos no âmbito da construção da vida do catador de materiais recicláveis. O texto está assentado nos dados obtidos a partir da pesquisa realizada com catadores de materiais recicláveis no município de Curitiba, Paraná. Procurou-se demonstrar, por meio da referida pesquisa, que o catador de materiais recicláveis, em sua dinâmica da luta pela sobrevivência, constrói alternativas, recursos e capital social.

    Por último, no décimo capítulo, é apresentado o artigo intitulado A Pastoral da Criança e as influências da Pedagogia de Paulo Freire, de autoria de Ednilson Cunico. Nesse texto, o autor analisa a proposta de trabalho da Pastoral da Criança com movimentos que surgiram a partir da década de 60, procurando explorar conceitos e influências da Pedagogia de Paulo Freire. A Pastoral da Criança atua por meio de pessoas voluntárias em milhares de comunidades no Brasil e no mundo, com o compromisso de combater a mortalidade infantil pela orientação junto às famílias, em seu contexto familiar e comunitário. O trabalho procura fortalecer o compromisso com a construção da cidadania, conforme consta no Guia do Líder.

    PREFÁCIO

    As publicações são importantes tanto para a atividade acadêmica quanto para qualquer outra, sobretudo quando refletem um trabalho sério de pesquisa que as fundamentam. O livro que você tem em mãos classifica-se como uma delas. Esta pesquisa traz à tona um assunto fundamental para quantos se dedicam à educação, uma das tarefas básicas da sociedade. Com objetividade, ela faz progredir o pensamento científico sobre a temática da Sociologia da educação. Sabe-se bem que a ciência progride com pesquisas sérias. Esta é, sem dúvida, uma delas, repito. Foi elaborada pelo grupo de pesquisa Fundamentos epistemológicos das políticas educacionais e a problemática da escola na contemporaneidade, vinculado ao programa de pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

    O tema abordado, Da universalidade à singularidade na ação educativa, traz à consideração do leitor assuntos fundamentais que o profissional da educação precisa levar em conta em seu dedicado trabalho diário. O especialista na área da educação precisa conhecer, quanto possível, tudo o que dá sustentação e está por trás daquilo que faz, do que fundamenta suas atividades. Ao incluir, neste livro, assuntos diversos da temática sociológica, os organizadores da publicação conduzem os passos do leitor estudioso a praticar um trabalho mais esclarecido. É preciso reconhecer que a educação possui, de fato, muitos enfoques e, ao considerá-los, levá-los em conta.

    Tratar de temas envolvendo aspectos da Sociologia da educação, como a influência do positivismo no Brasil, as políticas e os planos nacionais de educação adotados por aqui, as escolas e os tipos de educação que oferecem, é contribuir grandemente para alargar o pensamento e a ação dos educadores. Esses temas possuem a mesma finalidade de outros temas atuais introduzidos no livro, como os relativos à privação das liberdades nas prisões femininas, às práticas culturais das aglomerações quilombolas, às atividades dos catadores de material reciclável e às da Pastoral da Criança.

    Grandes educadores do passado, como Comenius ou Pestalozzi, Montessori ou Piaget, levaram os pedagogos e especialistas de hoje a pensar bastante e entender um pouco mais sua importante profissão. O mesmo mérito pode ser atribuído a antigos pensadores, como Platão, Sócrates e Aristóteles. O educador Paulo Freire, por exemplo, que figura entre os grandes expoentes da Pedagogia em nosso país, é um dos especialistas em educação abordados neste livro.

    É com publicações como esta que o pensamento pedagógico continua a florescer em nossos dias. Felizmente, ele está bem vivo entre nós e continua sendo produtivo nesta obra. É o que você pode verificar pessoalmente.

    Clemente Ivo Juliatto

    PUCPR

    Doutorado em Organização e Administração de Instituições de Ensino pela Columbia University, Estados Unidos.

    Professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná

    Sumário

    CAPÍTULO I

    INTRODUÇÃO A UM DEBATE: DA UNIVERSALIDADE À SINGULARIDADE NA AÇÃO EDUCATIVA

    Lindomar Wessler Boneti

    Maria José Menezes Lourega Belli

    Nizan Pereira Almeida

    CAPÍTULO II

    A ORIGEM E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA no brasil

    Sandra Maria Mattar Diaz

    CAPÍTULO III

    Aspectos epistemológicos e pedagógicos da educação segundo o positivismo comteano

    Gleison Vieira

    Capítulo IV

    A EXPRESSÃO DAS DESIGUALDADES ESCOLARES NO CONTEXTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS

    Cátia C. Michalovicz

    CAPÍTULO V

    Representações sociais de familiares de mulheres em situação de privação de liberdade na Penitenciária Feminina do Estado do Paraná

    Ana Lúcia Langner

    Romilda Teodora Ens

    CAPÍTULO VI

    A Gradativa Marginalização da Cidadania nas Políticas Públicas Educacionais

    Fernando Botto Lamóglia

    CAPÍTULO VII

    UNIVERSIDADE E SOCIEDADE: EDUCAÇÃO FORMAL E TECNOLOGIA SOCIAL

    Maria José Menezes Lourega Belli

    CAPÍTULO VIII

    As Práticas Culturais e as Sociabilidades do Mundo da Vida: A Cerâmica Utilitária como Instrumento para o Reconhecimento de Território Quilombola

    Célia Souza da Costa

    CAPÍTULO IX

    os SABERES construídos NO ÂMBITO DA CONSTRUÇÃO DA VIDA DO CATADOR DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

    Regina Bergamaschi Bley

    CAPÍTULO X

    A PASTORAL DA CRIANÇA E AS INFLUÊNCIAS DA PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE

    Ednilson Cunico

    SOBRE OS AUTORES

    CAPÍTULO I

    INTRODUÇÃO A UM DEBATE: DA UNIVERSALIDADE À SINGULARIDADE NA AÇÃO EDUCATIVA

    Lindomar Wessler Boneti

    Maria José Menezes Lourega Belli

    Nizan Pereira Almeida

    Introdução

    O propósito central deste artigo é refletir sobre os sentidos e desdobramentos que o iluminismo da razão foi adquirindo ao ser vivenciado em condições educacionais inseridas em ordenamentos sociais. A construção desse caminho investigativo passa pelo desafio de compreender como o pensamento moderno se ressignifica em uma polissemia narrativa que potencializa múltiplas ramificações geradoras de circularidades de conhecimentos e saberes. Desse modo, o entendimento desses fluxos interativos tornará possível analisar as argumentações dos preceitos da modernidade, bem como a construção de contra-argumentações. Tal dinamicidade impulsiona indagações sobre os impactos da ciência moderna nas ações educativas dos que compartilham os referenciais meritocráticos, bem como daqueles que abrem novos espaços para que a pluralidade social se faça presente.

    O desvelamento desses impasses permite perceber que, se existe uma necessidade de atualizar os pressupostos do racionalismo moderno por meio de reprodução e reinvenção de estratégias de cooptação, é porque sua constituição está permeada de contradições que se ampliam pela existência de novas experiências de se viver em sociedade e de fazer ciência. Assim, quando a educação se torna um ambiente aberto ao pensamento crítico é viável, é necessário que se construa de um novo eixo epistemológico para poder investigar e compreender como as desigualdades de condições sociais, étnicas, físicas e ambientais geram novos saberes e experiências.

    Esses referenciais abrem novos domínios de investigação e sedimentam as pesquisas e reflexões desenvolvidas neste livro. Nessa perspectiva, os temas presentes em cada artigo buscam contribuir para o fortalecimento do processo coletivo de aprendizagem em contextos sociais e acadêmicos. Portanto, busca-se compreender, por meio do contexto educacional, os tensionamentos que emergem entre os princípios epistemológicos da modernidade, enquanto sonho iluminista de redenção humana, em relação aos princípios epistemológicos da pedagogia inclusiva e democrática.

    Os caminhos epistemológicos da modernidade

    Aproximações sucessivas e constantes possibilitam o desenvolvimento de compreensões sobre os processos de formação e transformação da modernidade, que foi gradativamente adquirindo perspectivas multidimencionais devido ao fato de as diferentes práticas sociais imprimirem no tempo e espaço suas identidades culturais. Nesses ambientes de muitas vozes, o Iluminismo que, em sua essência, também foi plural, demarcou presença, seja por seus pensadores, seja pelas apropriações e recriações de suas ideias pelos sujeitos, movidos pela necessidade de desconstruir privilégios e alterar suas condições de vida.

    O significado da ideia de razão não se limitava ao sentido restrito da palavra; ele carregava também um sentido mais abrangente com significações construídas historicamente. A razão constituía o alvo das lutas da sociedade no final da Idade Média e início da Modernidade. Naquela época a conquista de uma sociedade mais racional significava a busca da justiça e da verdade quando a comprovação se apresentava como algo importante. Esse era o significado mais abrangente da palavra razão, que tomou forma a partir do momento em que a ciência assumiu para si a tarefa de pensar o processo de transformação da sociedade.

    A palavra razão trazia consigo um sentido de verdade, ou seja, a razão é entendida como portadora da verdade. Mas trata-se de uma verdade que, em decorrência do contexto histórico em que a ideia de razão passou a ser desenvolvida, conservava uma estreita ligação com os conceitos matemáticos – não porque a matemática em si fosse considerada a verdade, mas o método matemático seria o portador da verdade graças a seu sentido de objetividade e exatidão, o que levaria a uma indiscutível comprovação. Assim nasceu a ideia de razão, conservando até os dias atuais esse sentido matemático, sendo entendida hoje como algo calculado e decidido a partir de critérios racionais. A ideia do cálculo da razão vem mesmo da matemática, mas, por outro lado, a extrapola se analisarmos a questão a partir do sentido que é atribuído à razão nos dias atuais. O calcular, além de dar uma ideia de exercício matemático, tem um sentido de racionalizar. Uma ação racionalizada é calculada; mesmo que não envolva conceitos matemáticos, carrega critérios de verdade. Isto é, trata-se de uma ação pensada a partir de critérios que não sejam unicamente emocionais, que não sejam afetivos, que não tenham origem de preceitos religiosos etc. É nesse sentido que a razão é associada à ideia do material, do concreto, contrapondo-se à ação abstrata não objetiva.

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