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As representações sociais de professores do ensino fundamental
As representações sociais de professores do ensino fundamental
As representações sociais de professores do ensino fundamental
E-book256 páginas3 horas

As representações sociais de professores do ensino fundamental

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Sobre este e-book

Este é um estudo financiado pelo CNPq, desenvolvido entre os anos de 2013 a 2015. Nesta coletânea, apresentamos seus resultados que, além de corresponderem a cada uma das dimensões que investigamos, representam, também, uma atividade de elaboração realizada por professores-pesquisadores e alunos da pós-graduação em educação (PPGED/UFPA) que fazem parte do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Juventude, Educação e Representações Sociais (GEPEJURSE), vinculado ao Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará. Ele é formado por pesquisadores que consideram relevantes as pesquisas sobre a função e o trabalho do professor na Amazônia Paraense com o objetivo de investigar e analisar os fenômenos psicossociais da educação. Desse modo, o eixo da investigação presente nesta obra se volta para as representações sociais de professores do ensino fundamental das primeiras séries de escolas públicas de Belém, sobre a função e o trabalho que realizam, os desafios que encontram e as superações que realizam. È uma coletânea que convida o leitor a refletir sobre a profissão de professor no mundo contemporâneo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2017
ISBN9788547304355
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    As representações sociais de professores do ensino fundamental - Ivany Pinto

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    APRESENTAÇÃO

    A invenção de pesquisadores na constituição do sujeito

    Principio esta escritura por meio da minha e teço a escuta sobre o título com que ora cunho este prefácio. Esclareço que a palavra invenção encanta-me por algumas razões: a) distancia-se da repetição, b) aponta para a criação, c) é engenhosa. Afirmo, em certa medida, conhecer os pesquisadores que, além de organizarem, participaram da escrita desta obra. Eles são em número de três: Ivany Pinto, Sônia Eli Rodrigues e Francisco Valdiney Santos Anjos. Sujeitos que têm na linhagem e linguagem intelectual a capacidade de reunir as três razões acima descritas para investigar as representações sociais de professores do ensino fundamental enlaçadas no saber-fazer na escola.

    Esta coletânea buscou investigar o professor do ensino fundamental como forma de problematizar sua função e seu trabalho docente não apenas no campo das mudanças ocorridas no currículo do ensino fundamental agora ampliado para nove anos, mas também no sentido de observar o manejo do professor nesse cenário e as implicações engendradas pelas representações sociais norteadoras desta obra. Uma indagação é, assim, elaborada: como se constituem as representações sociais de professores do ensino fundamental das primeiras séries de escolas municipais de Belém-PA sobre a função e o trabalho do professor contemporâneo na perspectiva dos desafios e das superações encontrados por ele na execução de seu trabalho?

    O aporte teórico-metodológico desta obra é assentado levando-se em consideração a interpretação da complexidade do trabalho. Os autores aproximam-se, neste livro, da abordagem da Psicologia Social, de vertente psicossocial defendida por Serge Moscovici, que a define como a ciência do conflito entre o indivíduo e a sociedade [e, também,] dos fenômenos da ideologia (cognições e representações sociais) e dos fenômenos da comunicação (1996, p. 6).

    Trata-se de uma investigação realizada no período de 2013 a 2014, financiada pelo CNPq e sustentada pelo Grupo de Estudos e Pesquisa sobre a Juventude, Representações Sociais e Educação (GEPEJURSE – Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará no Campus Belém – PA), coordenado pela Profa. Dra. Ivany Pinto, que tem formação acadêmica em Psicologia da Educação.

    O escopo do livro versa sobre o estudo, os objetivos, o problema de pesquisa, a fundamentação teórica, a metodologia, as análises e os resultados. É uma abordagem qualitativa cujo lócus são 06 escolas públicas municipais situadas no centro e 57 situadas na periferia da cidade de Belém PA. Os sujeitos foram em número de 95 do sexo feminino, trabalhadores dos turnos matutino ou vespertino das séries iniciais.

    O questionário foi aplicado para caracterizar o perfil dos sujeitos e, em seguida, deu-se a aplicação da entrevista para escutar sobre o objeto deste estudo. Para análise dos dados, as unidades foram organizadas no sentido de identificar as objetivações e ancoragens que se inscrevem nas representações sociais reveladas pelos sujeitos da pesquisa. O estudo buscou, por meio das representações sociais, tecer os sentidos, significados e significantes do discurso do professor considerando-se a dialética das seis dimensões traçadas metodologicamente e epistemologicamente para esta análise.

    Na primeira dimensão, Joana D’Arc Vasconcelos das Neves e Kleber Moraes abordam o ser professor no atual contexto histórico-social: desafios e superações. Essa forma de ser professor origina uma dualidade entre o campo empírico e teórico do ensino e o campo sociocultural e afetivo das relações transferenciais esboçadas no espaço escolar, ou seja, embora os sujeitos não saibam como exercitar o saber-fazer pedagógico, expressam uma atitude voltada para o prazer de ser professor. Na segunda dimensão, a escola como dispositivo valorativo e motivacional, Francisco Valdiney dos Anjos e Mariléia Trindade conduzem-nos a pensar que o desejo fomenta a motivação. A natureza do trabalho docente pode fazer emergir o prazer em seu savoir-faire. Esse estudo revelou as ambivalências nas falas presentificadas e subjetivadas na autonomia, na valorização e no reconhecimento, os quais produzem sentidos para os sujeitos cada um em seu tom, em seu ritmo e em sua cadência.

    Na terceira dimensão, vínculos afetivos, emoções e saúde/doença na trajetória profissional, Neide Rodrigues e Marlene Feitosa abordam os processos afetivos do professor no cotidiano escolar relacionados ao modelo de sociedade contemporânea e às condições do trabalho do professor. Nesse sentido, em decorrência do processo de não reconhecimento da atividade docente na educação básica, verifica-se, a olho nu, um sofrimento psíquico desse profissional. Na quarta dimensão, influências na escolha da profissão do professor: desafios e superações, Vivian da Silva Lobato e João Maria Torres discutem a escolha da profissão do professor e apontam que essa escolha deriva de várias influências, dentre elas: flutuações do mercado de trabalho, posição social dos pais, ligada, portanto, à atividade que exercem, bem como à sua posição socioeconômico-cultural ou a seus níveis de escolarização.

    Na quinta dimensão, a prática pedagógica e educativa de professores do ensino fundamental de escolas públicas de Belém, Ivany Pinto Nascimento, Andreea Vieira e Patrícia Kimura apresentam a prática pedagógica e educativa de professores do ensino fundamental de escolas públicas de Belém-PA. As autoras evidenciam que as contradições entre o saber e o fazer pedagógico são perceptíveis e que há falta de reconhecimento do trabalho do professor. O trabalho construído coletivamente no lócus da escola e as trocas teóricas possibilitam a constituição da identificação do professor. Por fim, a sexta dimensão. Sonia Eli Rodrigues e Roseli Sousa escrevem sobre a (in)visibilidade das tecnologias no espaço escolar. Evidenciou-se, nessa dimensão, que os professores estão atentos à necessidade do paradigma da tecnologia na educação. As representações sociais dos professores entrevistados sobre as tecnologias é que elas servem de ancoragem para as representações sociais dos professores sujeitos dessa investigação. Por outro lado, este estudo esboça, no professor, uma contradição entre a necessidade, o desejo e a realidade no que se refere às redes sociais na sala de aula. Na escola, falta uma política de formação específica nesta área.

    A partir da análise de conteúdo (FRANCO, 2004) das seis dimensões que revelam a escuta dos professores acerca de cada uma delas, é possível pensar, sentir, assimilar e evocar esse universo multifacetado de aspectos pelos quais a escola está engendrada. É evidente que os estudos sistematizados nesta produção não se esgotam aqui, porque nos mobilizam para outros, reconhecidos como desdobramentos acerca do trabalho do professor do ensino fundamental. A construção de conhecimentos no campo da educação é fundamental para que a escola, a partir da pesquisa, venha a mobilizar intervenções necessárias e implicações pedagógicas que possam reverberar uma nova dobra no contexto do trabalho do professor do ensino fundamental.

    Os autores deslizam suas falas na cadeia metonímica de que a pesquisa ergue os pilares do ato educativo, sem contar que a produção do saber e do conhecimento constitui-se na transferência entre aquele que tem um sujeito suposto saber (professor) e aquele que traz para a escola um semissaber (aluno). Ambos poderão pensar um jeito de olhar esses dois saberes na busca de encontrar um método cujo intuito seja marcar o ensinar e o aprender pela releitura dos resultados destacados na investigação e por processos eminentemente reificados.

    A tríade bakhtiniana, constituída de eu para mim (como o professor vê a si mesmo), de eu para o outro (como se vê na relação com o outro), e de outro para mim (de que forma o outro me vê), compreende uma dança com a qual os pesquisadores em movimento buscam fazer par com os sujeitos da pesquisa, visando a inventar o passo de modo que cada um seja convidado a olhar para si mesmo. Em seguida, permite-se olhar para o outro e, de forma relacional, busca o olhar do outro para dar continuidade à dança. A melodia encanta, os pares são trocados e, nesse instante, quem os assiste sabe que o compasso de cada par tem seu ritmo próprio porque não se trata de desejar a harmonia, todavia de escutar o quanto a diversidade importa muito mais que a pretensa igualdade.

    Envolver na dança inúmeros pesquisadores, assim como mestrandos e doutorandos, deixou-me curiosa, pois não sabia como seria essa dança. Entretanto, quando adentraram na pista metaforizada pela semiologia dos signos e sinais presentificados nos pergaminhos, deram provas de que o ritmo e a partitura, em que pese as diferenças, delinearam-se pela partilha. Mostraram o quanto é (im)possível que esse sujeito faltante e desejante, em algum momento da dança, faça o tropeço, o ato falho, o equívoco.

    O que importa é ousar a dança que tenta se deslocar do cogito-cartesiano para o eu sou, onde não penso, invenção lacaniana convidando-nos a ler, neste verão, este livro: As representações sociais de professores do ensino fundamental enlaçadas no saber-fazer na escola. Bastam dois passos: adquirir e solicitar autógrafo. A partir daí, o pesquisador e o leitor, de mãos dadas, entram na coreografia desta obra, inventam o sujeito da pesquisa, constituem-no na sinfonia das representações sociais e enamoram-se das inscrições aqui simbolizadas... Reveladas em ato.

    Profa. Dra. Maria de Lourdes S. Ornellas

    Dra em Psicologia da Educação, Psicanalista e

    Docente e Pesquisadora da Universidade do Estado da Bahia

    Terra, 14 de julho de 2014.

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    Primeira Dimensão

    Ser professor no atual contexto histórico-social: desafios e superações

    Joana D’Arc Vasconcelos das Neves

    Kleber Moraes

    Segunda Dimensão

    A escola como dispositivo valorativo e motivacional

    Francisco Valdiney dos Anjos

    Mariléia Trindade

    Terceira dimensão

    Vínculos afetivos, emoções e saúde/doença na trajetória profissional

    Neide Rodrigues

    Marlene Feitosa

    Quarta Dimensão

    Influências na escolha da profissão do professor: desafios e superações

    Vivian da Silva Lobato

    João Maria Torres

    Quinta Dimensão

    A prática pedagógica e educativa de professoras do ensino fundamental de escolas públicas de Belém

    Ivany Pinto Nascimento

    Andreea Vieira

    Patrícia Kimura

    Sexta Dimensão

    A (in)visibilidade das tecnologias no espaço escolar

    Sônia Eli Rodrigues

    Roseli Sousa

    Referências

    Sobre os(as) Autores(as)

    INTRODUÇÃO

    Profª Drª Ivany Pinto Nascimento

    A proposta deste estudo organizou-se em torno do campo da educação que consideramos relevante para a trajetória daqueles que, como nós, inserem-se nos estudos sobre a formação de professores na perspectiva da investigação sobre o trabalho que desenvolvem no ensino fundamental. Outro aspecto é a nossa trajetória acadêmica. Os estudos delineados no mestrado, no doutoramento, no pós-doutoramento até os dias atuais mobilizaram-me investimentos acadêmicos no campo da educação, seja como pesquisadora e professora, como psicóloga, seja como orientadora de dissertações e teses no programa de pós-graduação em educação do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará. Esses investimentos devem-se ao campo de educação no qual exerço a maior parte de minhas atividades acadêmicas e, também, ao acompanhamento e problematização das mudanças nesse campo em articulação com aquelas geradas em um contexto social macro.

    Um ponto de destaque que se interliga ao anterior é o desafio que comparece em cada proposta de pesquisa que versa sobre a educação, na medida em que a responsabilidade com os traçados de uma investigação demanda esforços que possam contribuir com os conhecimentos já sedimentados nessa área. Além disso, há a possibilidade de apresentarmos problematizações que se encaminhem para o círculo das proposições, debates, questionamentos e ações que possam intervir na qualidade do ensino do país, sobretudo no da região Norte.

    Por fim, pesquisar sobre as representações sociais de professores do ensino fundamental das primeiras séries de escolas municipais de Belém é conhecer e analisar a função e a atividade do professor na contemporaneidade a partir da perspectiva dos desafios e das superações que tal profissional encontra na execução de seu trabalho. O presente estudo, portanto, convida-nos a enveredar de alguma forma por uma avaliação sobre a identidade do professor do ensino fundamental articulada às suas representações, que têm como um dos vínculos o trabalho que realiza no contexto histórico-social atual que, por sua vez, é pleno de desafios, mas, também, passível de superações.

    Os pontos mencionados, que se conjugam com outros, são indicativos de que sempre existirão razões para se investigar a docência na perspectiva daquilo que é pensado, sentido e representado, uma vez que as profissões incorporam demandas sociopolítico-culturais. Isso significa que os cenários são cada vez mais complexos em virtude das transformações sociais associadas aos avanços da ciência e da tecnologia. Esses avanços, sem dúvida, encaminham-nos para processos de aprendizagem, nos quais a lógica que orienta a atividade e a tomada de decisões do sujeito exige formas aprimoradas para que ele possa lidar com o inusitado e com as adversidades. Para completar a complexidade dessas exigências, cabe ao sujeito contemporâneo o desenvolvimento de princípios básicos para qualquer processo de construção de conhecimento, como atenção, percepção, memória, persistência e emoção conjugadas a processos cognitivos acelerados.

    O papel do professor, bem como seu trabalho no processo ensino-aprendizado, é questionado e posto em xeque não somente pelo contexto social que vive transformações acentuadas, mas também pelos índices de reprovação e evasão escolar que ainda lideram os altos percentuais que caracterizam a limitação do aproveitamento escolar. Vale acrescentar que existem variáveis de outras ordens, como a emocional, a social e a cultural, que interferem no aproveitamento escolar do aluno na medida em que ainda não dispomos de educação, escola e ensino para todos e que atendam às necessidades dessas variáveis. Contudo, a cobrança maior, por vezes, é depositada no trabalho do professor. Assim sendo, é importante que se escute o professor que trabalha no ensino fundamental; os consensos que partilha com seus pares sobre a função e a atividade que realiza na contemporaneidade na perspectiva dos desafios e das superações que encontra ao executar seu trabalho.

    Os estudos realizados para compreender as pesquisas sobre o trabalho do professor, seus saberes e sua formação (ANDRÉ et al., 1999; PLACCO, 2005; MENIN e SHIMIZU, 2005; MIZUKAMI e REALI, 2002) evidenciam a complexidade de pensarmos e abordarmos essa temática. Para isso, necessitamos requerer a delimitação de referenciais teóricos que sejam, ao

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