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Rio Javari: O Rio Martirizante na Bacia Amazônica
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E-book188 páginas2 horas

Rio Javari: O Rio Martirizante na Bacia Amazônica

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Sobre este e-book

"O Rio Javari, conhecido antigamente com o nome de "Hiauari", não notabilizou-se logo de princípio. Ao tempo em que passou por períodos de desbravamento não fez heróis, fez mártires. Não fez vencedores, fez vítimas. Não distribuiu glórias, matou e aniquilou." (Castilhos Goycochêia).

"Não basta chegar a ver, mas é necessário conhecer o heroísmo do seringueiro, os sacrifícios que empreendem nestas matas inóspitas. No rio Jacurapá, eu quis ver e acompanhar esse herói da floresta. [...] E constatei o imenso trabalho, a luta, as dificuldades que se encontram nesse serviço." (Frei Pio, da ordem dos Capuchinhos).

"Remate de Males etimologicamente quer dizer: lugar onde se findam os males. Definição esta que é uma verdadeira ironia da realidade, se se considerar que pelo seu péssimo clima aqui não se terminam os males, ao contrário com a máxima facilidade se adquirem muitas moléstias se a morte antes não acabar com todas as dores até mesmo com a existência" (Livro Tombo da Paróquia de S. Sebastião).

"Remate de Males, às treze e trinta. O igrejó, torre de zinco. Fazia um calor de rematar. O palácio do lugar é a loja maçônica, e todos acabaram virando maçons por causa da importância do palácio. Numa loja: – tem álcool? – Não senhor. – Não tem coisa nenhuma, chapéu de palha, remo, alguma coisa feita aqui para levar como lembrança! – Não tem não senhor, ninguém faz nada nesta terra desgraçada. Afinal topamos com um casal de maleiteiros na janela e as famílias na porta, maleiteiríssimos também. – Quantos filhos o senhor tem? – São doze, señor... difícil sustentar nesta terra desgraçada. Logo adiante: Menino, você não sabe quem tem umas bananas pra vender? – Não tem! – Não tem! Como não tem! porque não plantam! Ah... é uma terra desgraçada." (Mário de Andrade).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de set. de 2018
ISBN9788547316396
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    Pré-visualização do livro

    Rio Javari - Francisco Evandro Aguiar

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 do autor

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    À cidade de Cariré, no Ceará, minha terra natal.

    À Elizabeth Santos, minha mulher,

    aos meus filhos (Arimá, Raudete, Evandro, Isabelle),

    enteadas (Sônia, Cintia, Sarah),

    genros (Maurício, Don, Gustavo, Max, Paulo), nora (Helen)

    e netos (Vinicius, Giovanna, Caio, Maria e Arthur).

    AGRADECIMENTOS

    À professora doutora Marilene Corrêa da Silva Freitas, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que, com presteza e boa vontade, aceitou meu pedido para prefaciar este livro.

    À Ester Maia (in memoriam), pela cessão de várias fotos aéreas da região do rio Javari, feitas em outubro de 2014, algumas das quais usadas neste livro.

    A Jameson Damasceno Pinheiro de Menezes, advogado e professor do Instituto de Natureza e Cultura (INC), em Benjamin Constant, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), pelo inquestionável apoio nas frequentes viagens à região da Tríplice Fronteira.

    A Valmir de Barros Torres, geógrafo e experiente sertanista da Funai, hoje aposentado, conhecedor profundo das questões indígenas das Terras Indígenas do Javari, que muito contribuiu com informações sobre as etnias da área.

    A Moacir Maia, professor e venerável da loja maçônica Firmeza e Amor, em Benjamin Constant, que colaborou com documentação e informações sobre Remate de Males, muito enriquecendo esta obra.

    A João Barbosa da Silva (Sr. Ampola), empresário, que sempre facilitou o deslocamento do autor em suas embarcações pelo rio Javari.

    A Marcos Lira, geógrafo, especialista em ferramentas de geoprocessamento, que com competência ajudou o autor na elaboração do mapa final da área da bacia do rio Javari.

    A Camila de Oliveira Louzada, geógrafa, doutoranda em Geografia, que colaborou sempre com o autor em questões de  informática.

    Aos bibliotecários da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas, pelo acesso dado aos acervos bibliográficos raros (Beatriz do Carmo Alves e Danilo de Assis Ribeiro).

    À Paroquia de Tabatinga (AM), pelo acesso dado ao acervo de sua biblioteca, depositário de ricas informações da região do Alto Solimões.

    PREFÁCIO

    Rio Martirizante, subtítulo do livro Na Bacia Amazônica, Rio Javari, é um estímulo à curiosidade de leitores, pesquisadores, formadores de opinião, cientistas, artistas. Isso porque a evocação do martírio está casada com informação preliminar que assinala ser o Javari um rio afluente do Amazonas, que tem suas origens no território nacional. Situado no ambiente físico dos demais tributários que compõem a Grande Bacia, o Javari, assim como ela, tem sua modelagem e dinâmica decorrentes do que o autor sublinha de mudanças geológicas, oceânicas e climáticas.

    Pode-se dizer que o roteiro em que o livro emerge como um mapa descritivo da paisagem do rio martirizante segue o curso dessas mudanças geológicas oceânicas e climáticas. E a elas o autor vai acrescentando informações históricas, políticas, sociais e econômicas. No competente traçado do professor doutor Francisco Evandro Aguiar, o debate sobre a nascente do Rio Amazonas e os tipos de águas de seus tributários, a formação geológica do Rio Javari e a descrição dele mesmo não encerram a sua caracterização como o rio desprezado pelos invasores, conquistadores e aventureiros. Sua importância física e diplomática permaneceu esquecida, ignorada, mesmo sendo um rio ladrão de terras, pela força corrosiva de meandros caprichosos, que ora dá terra a um lado, ora dá a outro, aos territórios: brasileiro e peruano.

    Mas o Javari tem particularidades científicas para além de sua fisiografia. Sediou eventos cósmico e histórico, tal seja a referência que o autor registra de queda de fragmento de meteorito em 1930 e da passagem de Che Guevara nos anos 60. Está presente nos tratados de Madri (1750), Santo Idelfonso (1777), Ayacucho (1867), o rio configura a fronteira com o Peru e a Bolívia e passa a ser decisivo. Decisivo porque a natureza do rio ajusta e reajusta limites. Aí ele cria e cresce em importância e representação que delimita espaços físicos e tempos históricos. Datas, dinâmicas, controvérsias disputas e acordos são revelados na aguda apreensão de fatos e dados que o autor incorpora à sua narrativa. Nascentes viram limites e intensificam buscas que alimentam a diplomacia. Imersão especial ao conhecimento, aprofundada e sublinhada, está contida em todo o livro nos oito capítulos que constituem esse importante estudo sobre o Rio Javari.

    E o rio assume sua feição humanizada nas ações dos grupos nacionais, na geopolítica dos poderes, na geografia dos países que silenciam as culturas e os povos ancestrais pré-colombianos, pré e pós-cabralinos. E ressurge galvanizado no estudo de caso, no esforço organizado de coletar e de coligir informações, na argúcia do detalhe, na saga das Comissões demarcações de limites. Essas próprias Comissões de reconhecimento são aventuras expedicionárias e políticas, pois sofrem impactos da natureza amazônica e dos constrangimentos que países e estados infligem-se para assegurar territórios e domínios. Os detalhes técnicos tornam-se vitais para o esclarecimento diplomático da ciência política, aplicados às relações internacionais. Esse aspecto é uma característica reveladora do artesanato intelectual que acresce importância deste livro.

    Muita pesquisa, concisão documental e descrição densa esclarecem perspectivas ficcionais, como informações lendárias, fantasiosas e hipotéticas como o autor as caracteriza, daquelas informações que passam a compor o acervo técnico que serve aos campos disciplinares de abordagens científicas. As expedições fazem o quadro de territórios e povos que passam a ser revelados em encontros e contatos. Impressionante é o relato dos vestígios da presença dos povos da floresta em sons, pontes, canoas, ubás armadilhas de pesca, acampamentos de caça. Tal como também se revela que os índios continuavam a servir de guias, integrados que eram em expedições de reconhecimento. Encontros de conflitos armados entre grupos indígenas e expedicionários reavivam a imaginação desses episódios pouco conhecidos – que demarcaram fracassos e sucessos de tentativas dos territórios brasileiros. O livro nos faz estimular a imaginação para além do relato.

    O autor é conhecido profissional da ciência da Geografia, com larga experiência profissional e pessoal na Universidade Federal do Amazonas. Em várias atividades e instituições pelas quais passou, deixou importantes contribuições. O pesquisador, professor e doutor Francisco Evandro Aguiar dispensa apresentações. Mas seu livro convida-nos a apreciá-lo como escritor, a aprendermos com ele sobre o rio martirizante e seu lugar na epopeia da conquista da Amazônia Brasileira que ele nos ajuda a desbravar.

    Manaus, dezembro de 2017.

    Prof.ª Dr.ª Marilene Corrêa da Silva Freitas

    Universidade Federal do Amazonas

    Sumário

    CAPÍTULO 1

    Uma Introdução

    BIBLIOGRAFIA 

    CAPÍTULO 2

    Estrutura Geológica da Bacia do Rio Javari

    Bacia Sedimentar do Acre 

    Bacia Sedimentar do Solimões 

    A concha do rio Javari 

    BIBLIOGRAFIA 

    CAPÍTULO 3

    O Rio Javari

    O rio São Francisco 

    O rio Amazonas 

    O rio Uruguai 

    Os rios Paraguai e Guaporé 

    O rio Javari: uma pequena história 

    O Javari, uma descrição física e geomorfológica 

    O clima do Vale

    Um bólido cai do céu no rio Curuçá

    Ernesto Che Guevara no Javari

    BIBLIOGRAFIA 

    CAPÍTULO 4

    A Linha Verde e a fronteira Brasil-Bolívia

    BIBLIOGRAFIA 

    CAPÍTULO 5

    As expedições que buscaram as nascentes do rio Javari 

    A primeira expedição de reconhecimento

    A segunda expedição de reconhecimento

    A terceira expedição de reconhecimento

    A quarta expedição de reconhecimento 

    A quinta expedição é de definição das fronteiras do Brasil com o Peru e a fixação do marco de definição das nascentes do rio Jaquirana/Javari 

    BIBLIOGRAFIA 

    CAPÍTULO 6

    Remate de Males

    APÊNDICE 

    BIBLIOGRAFIA 

    CAPÍTULO 7

    As Terras Indígenas do Javari

    Grupos indígenas isolados 

    Os extremos das comunidades indígenas do Javari 

    BIBLIOGRAFIA

    CAPÍTULO 8

    Ocupação e Povoamento

    Atalaia do Norte 

    Benjamin Constant 

    Islândia (Peru) 

    Exército Brasileiro 

    Reservas Naturais: 

    BIBLIOGRAFIA 

    APÊNDICE

    CAPÍTULO 1

    Uma Introdução

    Existem várias teorias que tentam indicar a nascente do rio Amazonas, dado às variáveis de escoamento que drenam as águas para o curso principal, desde os altos picos andinos, escorrendo pelas terras montanhosas, até chegar à imensa planície mais abaixo.

    A nascente do rio Amazonas é assunto ainda hoje muito discutido e que, presentemente, com a disponibilidade de novas ferramentas, como as imagens de satélite e o complemento de outros recursos de interpretação, é possível se proceder de maneira mais confiável, para melhor, se considerar certos aspectos, como, por exemplo, o real ponto de origem do rio Amazonas, um dos maiores agentes paisagísticos do planeta. Assim, a preferência se deu para as barrancas do rio Ucayalli, confirmadas por expedições anteriores, cujas vertentes que seguem para o sul do Peru serem mais longas sobre a Cordilheira. Esses pequenos cursos d’água, são cinco riachos, chamados de quebrados e o mais longo desses, chamado de Apacheta, cuja nascente fica no Monte (Nevado) Quehuicha, foi definido como a origem do grande rio (MARTINI et al, 2008). Tendo em vista esse ponto, que está a mais de 5.500m de altitude, até sua foz no Oceano Atlântico, a extensão do rio Amazonas é de 6.992,15 quilômetros, enquanto o segundo maior rio em extensão é o Nilo – que mede 6.852,06 quilômetros. O rio Amazonas, portanto, é 140,09 quilômetros mais longo do que o Nilo (MARTINI, 2008, p. 2) ( Foto 1, p. 97).

    A descarga do rio Amazonas no Oceano Atlântico é de 260.000 m³/segundo aproximadamente. Há uma variação grande considerando se é cheia ou vazante.

    Outros números são grandiosos, como a dimensão de sua bacia 5.846.100km² que se estende por vários países, sendo sua área maior no Brasil, além dos seus tributários mais importantes, tanto na margem direita como na esquerda, todos em solo brasileiro. Vários desses afluentes têm suas origens em território nacional, outros em terras de nações vizinhas. No primeiro caso, destacam-se: Javari, Tapajós, Xingu, Jutaí, Manacapuru, Jari, Nhamundá (o verdadeiro rio das amazonas), Trombetas etc. No segundo caso, os rios Madeira, Negro, Japurá, Juruá, Purus e outros poucos.

    É evidente que todos esses cursos d’água, considerando as suas origens e os terrenos nos quais traçam seus leitos, guardam características distintas quanto à composição química de suas águas, o que vem a determinar coloração diferente, uns de águas brancas, outros de cor negra e outros, ainda, cristalinos (SIOLI, 1967). O Rio Javari tem águas brancas (Foto 4, p. 99)

    Assim é que, os rios de água barrenta, na classificação referida, tidos como rios de água

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