Currículo escolar
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Currículo escolar - Viviani Anaya
Patricia Ap. Bioto-Cavalcanti; Rosiley Teixeira; Viviani Anaya (orgs.)
Currículo Escolar (Pedagogia de A a Z; vol.2)
Copyright © 2013 by Paco Editorial
Direitos desta edição reservados à Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.
Coordenação Editorial: Kátia Ayache
Revisão: Isabella Pacheco; Nara Dias
Capa: André Fonseca
Diagramação: Mathueus de Alexandro
Edição em Versão Impressa: 2013
Edição em Versão Digital: 2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Conselho Editorial
Profa. Dra. Andrea Domingues (UNIVAS/MG) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi (FATEC-SP) (Lattes)
Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna (UNESP/ASSIS/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha (UFRGS/RS) (Lattes)
Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa (FURG/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes (UNISO/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins (UNICENTRO-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Romualdo Dias (UNESP/RIO CLARO/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Thelma Lessa (UFSCAR/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt (UNIPAMPA/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Eraldo Leme Batista (UNIOESTE-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani (UNIMEP-Piracicaba-SP) (Lattes)
Paco Editorial
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Sumário
Folha de Rosto
Créditos da Obra
Apresentação
Capítulo 1: Sobre As Origens do Currículo e da Escola Moderna - Patricia Ap. Bioto-Cavalcanti
Introdução
1. Os Primeiros Registros ou O Gérmen do Currículo: Os Estudos Liberais
2. A Virada Instrucional
3. A Proposição da Escola Moderna
Considerações Finais
Referências
Capítulo 2 : Constituição E Influência Do Campo Teórico Curricular, Das Tendências Pedagógicas E Da Práxis Docente - Viviani Anaya
Introdução
1. Teorias Curriculares, Tendências Pedagógicas e Práxis Docente
2. O Campo Teórico Curricular e a Ressignificação da Práxis Docente
Considerações Finais
Referências
Capítulo 3: A Organização Pedagógica das Escolas Primárias Paulistas: Poderíamos Denominar Currículo? - Rosiley A. Teixeira
Introdução
1. Para Início de Conversa
2. A Organização das Escolas Primárias Paulistas
3. Como Eram e Funcionavam Essas Escolas?
4. A Inspeção, os Regulamentos e a Uniformização das Práticas Escolares
Considerações finais
Referências
Capítulo 4 : O Curriculo e as Aprendizagens – Limites e Possibilidades - Célia Regina Teixeira
Introdução
1. Currículo
2. As Aprendizagens
Referências
Capítulo 5: Conhecendo Diferentes Propostas Curriculares - Célia Vanderlei da Silva, Sandra da Costa Lacerda
Introdução
1. Propostas Curriculares: Panorama
1.1 Proposta curricular da cidade de São Paulo para a Educação Infantil
1.2 Proposta curricular para o ensino fundamental do município e estado de São Paulo
1.3 Organização/Proposta Curricular do Método Montessori
1.4 Organização/Proposta Curricular da Escola da Ponte
1.5 Organização/Proposta Curricular Pedagogia Waldorf
1.6 Organização/Proposta Curricular da Escola de Summerhill
1.7 Organização/Proposta Curricular da Escola Lumiar (Pedagogia por Projetos)
Considerações Finais
Referências
Capítulo 6: Como as Teorias Tradicionais Ainda se Mantêm Atuais No Chão da Escola, Apesar de Toda Modernidade Pedagógica - Célia Vanderlei da SilVa, Sandra da Costa Lacerda
Introdução
1. Correspondência Entre Escola e Produção – Bowles e Herbert Gintis
2. Aparelhos Ideológicos do Estado – Louis Althusser
3. Capital Cultural e Processo de Produção Cultural – Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
4. Pedagogia do Oprimido e Educação Bancária – Paulo Freire
5. Teoria Sociológica do Currículo – Basil Bernstein
6. Conceito de Hegemonia – Michael Apple
7. Pedagogia das Possibilidades – Henry Giroux
8. Discutindo as Teorias
Considerações Finais
Referências
Os Autores
Célia Regina Teixeira
Célia Vanderlei da Silva
Patricia Ap. Bioto-Cavalcante
Rosiley A. Teixeira
Sandra da Costa Lacerda
Viviani Anaya
Coleção Pedagogia de A a Z
Paco Editorial
Lista de Figuras
Figura 1 - O Convite
Maria Montessori
Jogo de Matemática
Tabela 1: quadro síntese adaptado
Apresentação
A Coleção Pedagogia de A a Z
tem como princípio trazer à tona elementos teóricos e práticos presentes na formação e na prática docente. Assim, os volumes que compõem a Coletânea discutem temas ligados aos desafios contemporâneos presentes nos cursos de formação de professores e na prática docente. Consideram, além disso, os debates travados no campo científico acerca de cada tema, de modo a contribuir para um aprofundamento das reflexões e das propostas que concorrem para o progresso da educação no país.
O volume sobre o Currículo, dentro deste contexto, tem como objetivo relacionar teoria e prática. Para tanto, considera o currículo um dispositivo pedagógico construído pari passo à escola moderna, adquirindo, desta forma, papel central nas discussões e proposições acerca da escola, do professor, do aluno, dos conteúdos escolares, das práticas educativas, etc. As discussões deste fascículo procuram dar a entender este objeto currículo
, bem como fazer emergir o campo de constituição das teorias do currículo e sua inter-relação com as práticas desenvolvidas no espaço educacional.
O entendimento de currículo que fundamenta a construção deste fascículo baseia-se em argumentos e reflexões que apontam para o currículo como artefato escolar socialmente constituído e em permanente processo de elaboração, num campo de acomodação e contestação, composto por grupos econômicos e culturais diferencialmente fortalecidos e representados, em contextos igualmente diferenciados e historicamente construídos. Considera-o, ainda, como o rol de conhecimentos socialmente produzidos e selecionados para compor o percurso de estudo escolar, visando uma formação acadêmica e profissional, determinada, organizada em tempos, espaços, dispositivos pedagógicos, normas, regras, planos e métodos de aprendizagem e de ensino.
Assim, o volume de Currículo confere à escola e, consequentemente, ao currículo papel central na formação do sujeito e da sociedade. Na organização curricular emergem relações de poder, ideologias, culturas, massificação, mas, também, a possibilidade de reconhecê-las e identificá-las, buscando romper com o paradoxo que rege a constituição do currículo e as práticas educativas.
Com o primeiro capítulo, Patricia Ap. Bioto-Cavalcanti conta-nos sobre as origens do currículo na escola moderna. Por se tratar de um trabalho historiográfico, expõe os discursos, os movimentos sociais, as propostas que deram origem a essa escola. Revela que esse não foi um processo homogêneo. Dentre as disputas instauradas na busca do que deveria ser ensinado pelos professores e o que deveria ser conhecido pelos alunos, se organizou as primeiras versões do que hoje conhecemos por currículo . Esse, por sua vez, gestou novos métodos e processos educativos dando à escola uma nova forma que resultou, assim, em novos alunos e professores.
Seu texto nos conduz a uma história do currículo que passa necessariamente por Comenius e suas recomendações didáticas. Trata também da construção histórica do Ratium Studiorim que deu homogeneidade ao trabalho dos Jesuítas. Enfim, a autora conta-nos das origens do currículo escolar e de como esse, ao longo da história, vai conformando os sujeitos por meio da instituição de métodos de ensino, seleção de conhecimentos, traçando, com isso, o caminho a ser percorrido pelas crianças na escola.
No segundo capítulo, Viviani Anaya descreve a constituição do campo de estudos sobre o currículo, detalhando a constituição e a influência do campo teórico curricular, das tendências pedagógicas e da práxis docente. Têm como premissa constituir vetores de análise, e afirma que existem vários ângulos de abordagens do campo teórico curricular – definidor das ações desenvolvidas no espaço educacional, enquanto lócus de aprendizagem. Assim, para a autora, o currículo ilustraria a representação da cultura no cotidiano, não constituído apenas de conhecimentos factuais, mas do modo como os indivíduos e os grupos sociais representam tais conhecimentos.
No terceiro capítulo, Rosiley A. Teixeira analisa a organização curricular das escolas primárias paulistas, no inicio da República. Interroga o modo como a pedagogia por meio da escola transformou a criança em aluno, forjando hábitos e comportamentos que a tornariam útil à sociedade. Problematiza os dispositivos usados pelo governo paulista para uniformizar as práticas escolares (dentre eles o controle exercido sobre o professor). Na sequencia, recupera a organização dos tempos e espaços das escolas republicanas tendo em vista apresentar como estava dividido o período escolar tanto para escolas isoladas e reunidas, quanto para grupos escolares. Descreve seus horários e forma de funcionamento, a distribuição e quantidade as salas de aula, o material escolar , seus livros , seus aspectos disciplinares e avaliativos de modo a revelar a forma escolar instaurada na república paulista..
No quarto capítulo, de Célia Regina Teixeira aborda a temática curricular e aponta sua trajetória conceitual refletindo sobre as práticas cotidianas. Remete sua discussão ao modelo de sociedade, de sujeito, de currículo e ações pedagógicas que devemos defender e implementar com vistas a um ensino de qualidade. As discussões apresentadas pela autora ao longo do texto se pautam na organização curricular e reflete sobre como, ao se constituir determinada organização, ocorrem formas de controle que dificultam a emancipação do aluno no processo de aquisição dos saberes proporcionados no espaço formal e informal. Por fim, defende um modelo qualitativo e formativo que possibilite ao aluno seu avanço efetivo na aquisição dos conhecimentos veiculados, via organização curricular.
No quinto capítulo, Célia Vanderlei da Silva e Sandra da Costa Lacerda apresentam um breve panorama acerca de diferentes propostas de organização curricular da escola de educação básica, tomando por base os sistemas de ensino público do estado e município de São Paulo e iniciativas diferenciadas do ensino privado. Destacam de modo interessante algumas propostas curriculares, dentre elas a organização curricular da Secretaria Estadual e Municipal de São Paulo; a Pedagogia por Projetos; o Método Montessori; Summerhill, Pedagogia Waldorf e a Escola da Ponte. Assim, o conhecimento acerca de como essas propostas são organizadas, suas principais características e de que forma as experiências educativas podem se articular com a construção do currículo na sala de aula, são fundamentais para uma reflexão sobre o tema, levando-se em conta as questões e demandas que se colocam para a educação, na atualidade.
No quinto capitulo, Célia Vanderlei da Silva e Sandra da Costa Lacerda partem, do trabalho realizado em sala de aula e das discussões com suas alunas para analisar de que modo a abordagem tradicional pode ser observada, ainda, nos dias atuais no chão da escola
, e sendo colocada em prática, seja no trabalho pedagógico, na seleção dos conteúdos, nas metodologias e/ou nos processos avaliativos. Ao longo do texto analisam as relações que as alunas estabelecem entre teoria tradicional e as práticas pedagógicas ao observarem a realidade das escolas durante o estágio. Na leitura atenta do capítulo verifica-se que as alunas, ao serem apresentadas às teorias críticas do currículo, vão se apropriando de seus conceitos e colocando em xeque suas concepções. Concepções essas que (sabemos) foram construídas ao longo de suas experiências de escolarização.
Ao idealizar este fascículo, procuramos romper com o paradoxo que permeia a sociedade, a escola, o currículo e os sujeitos, apresentando o contexto em que a escola está inserida, afirmando que as mais variadas formas de organização curricular implicam, necessariamente, na formação das estruturas sociais. Este contexto, não raro, é complexo, assim como são complexas as condições para que este processo formativo se desenvolva.
Assim, discutir conceitos, premissas e pressupostos, permite o debate sobre os aspectos específicos do currículo, da escola e da formação, objetivo primeiro da educabilidade, em seu sentido mais profundo, e papel primordial da universidade.
Viviani Anaya, Patricia Ap. Bioto-Cavalcanti e Rosiley A. Teixeira
Capítulo 1: Sobre As Origens do Currículo e da Escola Moderna
Patricia Ap. Bioto-Cavalcanti
Introdução
Pode-se considerar os séculos XVI e XVII como fundamentais para uma virada na História da Educação. Em meio a guerras e reformas religiosas, a redistribuições de poder político, a viagens ultramarinas, descobertas científicas, circulação de saberes, instauração de processos disciplinadores de comportamentos e mentalidades, uma escola foi gerada. A escola em sua forma moderna. Escola esta intrinsecamente ligada a todos estes processos.
Fundamental para a inauguração deste modelo de escola foi a criação e uso de uma série de termos educacionais. Para este estudo importa considerar a origem do termo curriculum
, por volta de fins do XVI. Não se pode dizer que um termo é um simples termo. Ele sempre está em relação direta ao fenômeno que gerou sua existência. Considerar o contexto histórico e inter-textual em que o currículo apresentou-se como elemento fundamental na proposta da escola em sua forma moderna é o objetivo deste capítulo.
Para este estudo são fontes de analise as obras produzidas no período citado, como a Didática Magna, de Comenius, de 1659, a obra de Charles Hoole, A New Discovery of the Old Art of Teaching Schoole, in Four Small Treatises, de 1660, e a Ratium Studiorum atque Institutio Jesu, da Companhia de Jesus, publicada em sua versão definitiva em 1599. Estas obras são consideradas como tratados pedagógicos, pois expressam a tentativa de uma pensamento e proposição total sobre a escola, de seus fundamentos últimos e primeiros, aos