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O Itinerário Pioneiro do Urbanista Attilio Corrêa Lima
O Itinerário Pioneiro do Urbanista Attilio Corrêa Lima
O Itinerário Pioneiro do Urbanista Attilio Corrêa Lima
E-book420 páginas4 horas

O Itinerário Pioneiro do Urbanista Attilio Corrêa Lima

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Sobre este e-book

No livro O itinerário pioneiro do urbanista Attílio Corrêa Lima (2017), a professora, arquiteta e urbanista Anamaria Diniz coloca-se à disposição para narrar, documentar e analisar a trajetória desse pioneiro do planejamento urbano no Brasil, que foi Attílio Corrêa Lima (1901 – 1943). Com grande generosidade e, ao mesmo tempo, forte acento crítico, Anamaria Diniz deslinda a trajetória de Corrêa Lima com vistas a jogar luz na institucionalização do urbanismo no Brasil, quando a disciplina passou a ser pensada por governos municipais, estaduais e federais como essencial no processo de construção e desenvolvimento de nossas cidades. Material rico para quem deseja conhecer uma parte importante da formação da cidade moderna no Brasil, o livro de Anamaria Diniz é não só um relato da vida e da obra de Attílio Corrêa Lima, como também um documento da construção da história do urbanismo brasileiro.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de dez. de 2017
ISBN9788546210541
O Itinerário Pioneiro do Urbanista Attilio Corrêa Lima

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    O Itinerário Pioneiro do Urbanista Attilio Corrêa Lima - Anamaria Diniz

    Lima.

    1

    POR QUE ATTILIO?

    Questões instigantes vieram à tona quando me deparei com os documentos referentes ao período em que o arquiteto permaneceu em Paris como aluno premiado,¹⁰ desenvolvendo estudos para sua tese de urbanismo, intitulada Avant-projet d’aménagement et extension de la ville de Niterói-au Brésil. Constataram-se importantes lacunas em pesquisas até então elaboradas sobre o IUUP, principalmente no que se relaciona à formação dos primeiros urbanistas brasileiros nessa instituição bem como suas influências na produção urbanística no Brasil, em especial na formação de Attilio Corrêa Lima.

    Uma das primeiras pesquisas realizadas sobre a produção urbanística de Corrêa Lima é de Lopes (1993). Trata-se de sua dissertação de mestrado, A aventura da cidade industrial de Tony Garnier em Volta Redonda. O propósito de Lopes é reconhecer as bases de Attilio C. Lima na elaboração do projeto dessa cidade que data de 1941, em sua apreciação:

    [...] num período de efervescência do pensamento urbanístico moderno, o plano de Volta Redonda irá se inspirar no modelo da Cidade Industrial de Tony Garnier. Vinculada às matrizes conservadoras do pensamento socialista utópico de Proudhon e Saint-Simon, a cidade de Tony Garnier será traduzida no plano de Volta Redonda pelo urbanista Attilio Corrêa Lima. O modelo idealizado na primeira década do século XX, tomando como referência a região de Lyon na França, será descontextualizado no tempo e no espaço na sua versão brasileira, iniciando em meio rural do Vale do Rio Paraíba do Sul, entre o Rio de Janeiro e São Paulo, uma história marcada por profundas mudanças. (Lopes, 1993, p. XVII)

    Após uma breve descrição da formação de Attilio C. Lima na Enba e no IUUP, Lopes (1993, p. 76) destaca que [...] o período de Corrêa Lima na França é marcado pela realização dos primeiros Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM), onde se afirma o ideário do urbanismo progressista [...]. E o autor conclui que "[...] é compreensível que Corrêa Lima voltasse da França atualizado com a Cité Industrialle", sem, no entanto, apresentar uma análise mais profunda dessas influências na formação do urbanista ou mesmo como ela foi construída.

    Uma das pesquisas importantes que apresenta fatos novos é a dissertação de mestrado de Luiz Gonzaga M. Ackel, intitulada Attilio Corrêa Lima: um urbanista brasileiro (1930-1943), defendida na Universidade Mackenzie de São Paulo em 1996. Ackel desenvolve os estudos recorrendo a fontes primárias do acervo da família Corrêa Lima. O pesquisador buscou as informações nos trabalhos, documentos, imagens e fotos de Attilio C. Lima para construir a trajetória do urbanista. No primeiro capítulo da dissertação, Ackel apresenta a formação do arquiteto, de seu nascimento, em Roma em 1901, à sua permanência na França. Fala da infância do arquiteto, que muitas vezes assistiu ao pai, José Octávio C. Lima, executar suas esculturas. Também aborda seu ingresso e formação como engenheiro-arquiteto na Enba (1920 a 1925), sua premiação em 1926, com o Prêmio de Viagem à Europa, e o curso de urbanismo no IUUP (1927 a 1931).

    Ackel analisa o Instituto a partir de Lamas (2004): "[...] através do Institut d’Urbanisme, a França estabelecia o ensino do urbanismo, codificava e definia a metodologia de composição urbana. E prossegue com as observações afirmando que: [...] a escola francesa caracterizava-se pela utilização de traçados clássicos, de quadrículas, praças e perspectivas, desenhadas à aquarela e carvão" (Ackel, 2007, p. 259).

    Ainda sobre o IUUP, Ackel cita alguns dos professores de Attilio C. Lima, tais como Leon Jaussely, Henri Prost, e destaca a disciplina Art et Technique de la Construction des Villes, ministrada pelo professor J. M. Gréber. O pesquisador reproduz na íntegra o conteúdo da apostila das aulas de Gréber.

    No trabalho de Ackel há várias referências a Lamas quando esse aborda a escola francesa de urbanismo. Entre elas, há a menção aos paradigmas urbanísticos seguidos pelos alunos do IUUP. O autor pondera que os modelos apresentados pelos professores estavam profundamente relacionados aos seus trabalhos profissionais elaborados em seus escritórios.

    Ao apresentar outros professores do Instituto, Ackel (1996, p. 29) sugere [...] a inegável influência de Agache na formação de Corrêa Lima, pois que ele havia trabalhado em 1929, no escritório do mestre, em Paris, na elaboração do plano para o Rio de Janeiro. O autor revela a colaboração de Attilio C. Lima nos planos do Rio de Janeiro de Agache, mas não detalha exatamente que participação seria essa. Porém, ao descrever a presença de Corrêa Lima no Congresso de Urbanismo de Paris em 1928, Ackel completa (1996, p. 29-30):

    [...] traçou-se ali um esquema ideal de cidades, que representava uma espécie de tratado da urbanística francesa e que recomendava que o tecido urbano deveria ser diferenciado em sete zonas [...]. A divisão da cidade por categoria de uso e a conseqüente criação de zonas especializadas.

    E conclui:

    [...] foi nesta fase de transição entre o urbanismo tradicional e as novas proposições colocadas em discussão pelo Movimento Moderno que Attilio realizou seus estudos em Paris. Ainda assim, em seus depoimentos e, sobretudo, nos seus trabalhos, ele admite ter sido influenciado pelos novos preceitos. (Ackel, 1996, p. 30)

    O autor dedica um capítulo ao trabalho de tese de Attilio Corrêa Lima, analisando desde o prefácio, escrito por Henri Prost, às proposições de intervenções.

    Prosseguindo a pesquisa de mestrado, em 2007, Luiz Gonzaga M. Ackel defende, na Universidade de São Paulo, sua tese de doutorado intitulada Attilio Corrêa Lima: uma trajetória para a modernidade. Nos primeiros capítulos, trata sobre a formação de Corrêa Lima na Enba, mediante a reprodução dos trabalhos realizados, nos quais se pode notar a influência do estilo neocolonial e do academicismo. Além disso, apresenta as disciplinas cursadas e os professores do arquiteto.

    Quanto à formação no IUUP e a permanência de Corrêa Lima em Paris, Ackel (2007, p. 40) cita vagamente a existência de cartas que foram trocadas entre o urbanista e seu pai. Em uma delas, descrita pelo filho Bruno C. Lima, Attilio C. Lima comenta: "[...] que a maioria dos professores do Institut d’Urbanisme não gostava de Agache, a quem considerava retrógado e ultrapassado" (Grifo do autor).

    Também no trabalho de doutorado, Ackel destina um capítulo à análise da tese de Attilio Corrêa Lima. No texto, cujos conteúdos e estrutura são os mesmos da dissertação de mestrado, Ackel (2007, p. 46) reafirma:

    Attilio Corrêa Lima, evidentemente, foi bastante influenciado por Agache, quando elaborou sua tese de doutoramento para Niterói. Situada defronte ao Rio de Janeiro, na outra margem da Baía de Guanabara e interligava a Capital através de nova ponte proposta, Niterói foi concebida como uma natural extensão territorial do Rio, pois apresentava uma situação geográfica, apertada entre a serra e o mar.

    London (2002), em A circulação de idéias urbanísticas no meio profissional e acadêmico e sua influência nas obras de Donat Alfred Agache e Attilio Corrêa Lima, compara morfologicamente os planos de Agache para o Rio de Janeiro e a tese de Attilio C. Lima para Niterói, sem, contudo, mencionar a colaboração de Corrêa Lima nos planos do Rio. Quanto à pesquisa sobre o IUUP, London (2002, p. 15) assegura:

    Foram pesquisados os arquivos do Institut d’Urbanisme de l’Université de Paris. Este estudo só foi possível graças à gentil colaboração da professora Dra. Margareth da Silva Pereira, que cedeu diversas publicações sobre o IUUP, o Musée Social e demais instituições a eles relacionadas, tentando identificar as linhas de pensamento mais importantes e dissecando as disciplinas e principais professores. (Grifos do autor)

    Os estudos de London sobre o IUUP contribuem com novas análises por meio de acesso a documentos e publicações possibilitados pela professora Margareth Pereira,¹¹ incluindo informações importantes sobre disciplinas, alunos e seus professores nessa instituição. Há um passo adiante em relação ao trabalho de Ackel, uma vez que London pôde consultar diretamente a documentação do Instituto.

    London elabora um estudo sobre a vida e a obra de Agache e Attilio C. Lima, com especial interesse para a influência do urbanista francês na tese do arquiteto brasileiro. Esses dados foram apresentados de maneira cronológica, em forma de linha do tempo, que se estende de 1875 a 1959.

    No segundo capítulo de sua pesquisa, London analisa a importância do Institut d’Urbanisme de l’Université de Paris, desde a sua origem na École des Hautes Études Urbaines (EHEU), fundada em setembro de 1919, e depois quando se integrou à Universidade de Paris, em 1924:

    O IUUP teve papel preponderante pelo debate teórico, realização de planos e pela irradiação internacional. Exportou saber e formação e os seus urbanistas trabalharam na organização de muitas cidades pelo mundo, conferindo-lhes determinadas homogeneidade cultural, técnica e distributiva, ainda hoje reconhecível. (London, 2002, p. 23)

    Ao detalhar o conteúdo das disciplinas e o papel dos professores do IUUP, London destaca Marcel Poëte. Para afirmar a relevância de Poëte, menciona a disciplina por ele ministrada, Evolução das Cidades, descrevendo as atividades pedagógicas e de investigação que realizou, assim como as instituições onde ele trabalhou e aquelas as quais ajudou a fundar, como, por exemplo, em 1911 a Société Française des Architectes Urbanistes e a École des Hautes Études Urbaines (EHEU).

    Quanto aos alunos que frequentavam o IUUP, London elabora seus perfis com base em seus países de

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