A Lei Da Inércia: Planejamento Pedagógico e Aprendizagem
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Sobre este e-book
O livro está escrito para o professor, em uma linguagem simples que toca nos problemas reais da sala de aula; oferece problemas sugestivos de atividades a serem levadas para as aulas e, eventualmente, fazerem parte do planejamento a ser conduzido. Os problemas, envolvendo conteúdos que tratam da mecânica newtoniana, focalizando a Lei da Inércia – sempre mal compreendida e pouco explorada no ensino –, são típicos dos manuais de física correntes ou obtidos das pesquisas sobre ensino de física. O texto é uma mensagem para a ação do professor, disposto a ouvir, dialogar, refletir sobre suas ações, reelaborar continuamente seu planejamento, sem perder o foco do conteúdo a ensinar, com especial atenção às barreiras cognitivas que dificultam a aprendizagem.
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Pré-visualização do livro
A Lei Da Inércia - Jesuína Lopes de Almeida Pacca
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2018 do autor
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
A meu pai, que me queria doutora.
A minha mãe, que me queria professora.
AGRADECIMENTOS
São muitas as pessoas às quais preciso agradecer. Começo com os professores que conheci nos muitos cursos de formação continuada e com os muitos estudantes de pós-graduação que orientei no mestrado e no doutorado. Com eles aprendi que ouvir é o primeiro passo para dialogar e assim me tornei professora, ensinando e aprendendo.
À querida amiga Sueli Mancini, professora exemplar, que nos deixou tão cedo e que sempre soube ouvir e compreender os problemas educacionais e humanos dentro da escola pública em que trabalhou tanto tempo. Com a lembrança da Sueli, estendo meus agradecimentos a todos os professores com os quais convivi e que comigo produziram material para o ensino da física.
Com a lembrança do Professor Nicolau Carone, meu professor de desenho na Escola Estadual Professor Antônio Firmino de Proença, agradeço aos excelentes professores do ginásio que me propiciaram chegar à USP, sempre cursando o ensino público.
Ao colega e amigo Alberto Villani, pela parceria durante 40 anos de trabalho acadêmico. À Lia, amiga e secretária no Instituto de Física, sempre disposta a ajudar. À Drª. Tassiana Fernanda Genzini de Carvalho, minha colaboradora no grupo de pesquisa em ensino de ciências, desde sua iniciação científica.
Ao Igor, meu marido, e ao Sérgio, meu filho, pela companhia, paciência e confiança no meu trabalho.
Ao Rafael e ao Pedro, meus netos queridos, pela alegria de viver e aprender.
APRESENTAÇÃO
A foto na capa expressa a dinâmica de um movimento regido pelo Princípio físico da Inércia: o torpedo mantém a sua velocidade horizontal mesmo após ser largado do avião!
Este livro propõe tratar de um conteúdo de Física Clássica, obrigatório em qualquer currículo para o ensino de Física, especialmente no nível médio ou no fundamental II: as leis de Newton, centralizadas na Lei da Inércia. Dentro de uma concepção construtivista da aprendizagem, apresenta os conteúdos essenciais da Física a serem construídos na sala de aula, com a preocupação na manutenção do diálogo com o pensamento espontâneo dos aprendizes. Inicia, no Capítulo I, com um diagnóstico das concepções prévias, também chamadas de senso comum ou espontâneas, e prossegue com a elaboração de um modelo possível da Física Alternativa que estaria na base dos modos errôneos de pensar dos aprendizes e que não tem respaldo no conhecimento científico acreditado. Na sequência, com o Capítulo II, trabalha com problemas especiais, apresentando as soluções físicas que são coerentes com o modelo científico da Física newtoniana que, para o professor, são os objetivos a alcançar; o foco do desenvolvimento interativo na sala de aula deve ser os conflitos cognitivos entre as ideias newtonianas e as ideias alternativas de senso comum.
Em uma visão pedagógica, o texto conversa continuamente com o professor, trazendo resultados da realidade da sala de aula e apontando os conflitos entre esses conhecimentos, numa ação coerente com preceitos construtivistas para a elaboração dos conteúdos adequados. Em uma visão científica, o texto se desenvolve construindo a ideia da ciência como a elaboração de modelos explicativos dos fenômenos naturais que a realidade apresenta; construção essa que impõe a observação e a experimentação, ao mesmo tempo em que constrói e reconstrói explicações coerentes com a complexidade que a natureza vai revelando. As teorias físicas resultantes estão sempre em processo de aprofundamento e de universalização dos seus princípios; assim, os modelos são representados por meio da linguagem matemática que possibilita resolver problemas em certo contexto fenomenológico com as condições apropriadas para a aplicação. O livro traz a palavra do professor que comunga dessa concepção de ensino e relata sua experiência particular aplicando o planejamento produzido no programa.
Concluindo, o livro traz a produção exemplar de professores capacitados numa Formação Continuada que procura trabalhar coerentemente com as ideias construtivistas para construir uma concepção sobre o ensino das ciências e do trabalho com seus estudantes. Esses professores parecem ter adquirido autonomia para escolha de questões planejadas e para focalizar no conteúdo que, de forma significativa e essencial, leva ao entendimento das leis de Newton. No Capítulo III, a composição de uma pedagogia, de cunho construtivista e formativo, na sala de aula, com o tratamento do conteúdo científico nos seus aspectos essenciais e fundamentais, é apresentada pelos autores dos planejamentos concretizados. A palavra do professor sobre o ensino na realidade da sua sala de aula, focalizando o conhecimento do estudante e planejando, conduzindo, as atividades orientadoras da aprendizagem significativa, está registrada em cada planejamento pessoal.
O capítulo sobre as concepções dos estudantes mostra o que seriam instrumentos para explicitar as formas errôneas de pensar, enquanto o seguinte trata o conteúdo científico com rigor e propriedade, revelando os conflitos com as concepções errôneas do senso comum. No conjunto do livro, todos os capítulos compõem uma mensagem de ação do professor, disposto a ouvir, dialogar, refletir sobre as ações e reelaborar sua sequência programada, sem perder o foco planejado. Nesse sentido, espera-se do professor poder exercitar sua autonomia na construção do conhecimento científico na sala de aula e na interação dialógica significativa diante do conflito cognitivo.
PREFÁCIO
Quero destacar quatro pontos importantes no presente livro para, por meio deles, expressar o quão boas julgo as contribuições que ele oferece aos professores da Educação Básica, em especial os do ensino médio em ciências.
Concepção de aprendizagem e desenvolvimento. A professora Jesuína expõe, ao longo do livro, de diversos modos, sua concepção construtivista da aprendizagem e desenvolvimento. Penso que essa concepção pode ser resumida da seguinte forma:
• Considera-se o que os alunos são capazes de pensar e dar alguma resposta aos problemas propostos pelo professor;
• As observações sobre pensamento, ação e saber dos alunos são feitas em um contexto de interação, em que o professor faz perguntas, coloca problemas, mobiliza discussões, pede argumentos, enfim, favorece a produção de expressões individuais em um contexto coletivo no âmbito da aula ou classe;
• As concepções dos alunos, suas ideias espontâneas ou de senso comum são respeitadas, aproveitando-se seus eventuais erros conceituais para se estruturar seus modos de pensar ou os modelos explicativos que utilizam, modos ou modelos esses a serem confrontados de forma compreensiva e dialógica com aqueles propostos pelos cientistas, cujo pensamento ou forma de compreender as mesmas questões o professor busca ser um representante ou mediador didático confiável e convincente;
• Trata-se, então, de avaliar e valorizar as respostas qualitativas dos alunos, o nível ou fase de desenvolvimento em que se encontram sobre os problemas discutidos, visando a que eles alcancem o nível seguinte, em uma contínua aproximação ao atual conhecimento científico nos termos em que o professor pode formular ou explicar no contexto das aulas;
• A aprendizagem significativa dos conteúdos e o desenvolvimento das estruturas de compreensão e explicação dos alunos sobre os problemas analisados são, então e igualmente, uma questão do professor. Seu compromisso é promover a reelaboração do conhecimento dos alunos na perspectiva do conhecimento científico. Em suas ferramentas didáticas, encontram-se aquelas que consideram o saber, a dificuldade, a falta de estudo ou, quem sabe, a falta de interesse dos alunos. Sua intencionalidade pedagógica é favorecer o encontro entre a ciência, no nível em que pode apresentá-la, e o conhecimento alternativo, não menos importante, dos alunos.
Concepções de ensino e avaliação. As concepções de ensino e avaliação desenvolvidas pela professora Jesuína em seu livro são igualmente construtivistas, mas agora na perspectiva do professor que planeja e dá as aulas:
• Recorre-se a situações-problema, isto é, à colocação de problemas que solicitam uma posição dos alunos, quanto aos seus modos de solução e explicação, e que, em seu momento oportuno, requerem a intervenção ou mediação do professor na direção de sua intencionalidade pedagógica;
• O planejamento das situações didáticas é considerado um recurso fundamental do professor. Com ele, concebe-se o quê, o quanto, o como e o quando ensinar e avaliar;
• Formular planos de aulas, e não apenas seguir o que o livro didático propõe, é o que importa ao professor. Neles, são considerados os conflitos cognitivos a serem vividos pelos alunos.
Formação continuada de professores. Considerar igualmente os processos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, bem como os de ensino e avaliação do professor em sua dupla face de planejamento e atuação pedagógica, requer, segundo a professora Jesuína, a formação continuada dos professores sobre sua prática docente. Essa formação supõe um longo e rigoroso processo, em que aquilo que o professor pratica com seus alunos na aula, ele também vivencia, com seus colegas, no contexto formativo. A isso, ela se dedica há mais de 40 anos, no Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
• No contexto de formação continuada, trata-se de o professor aprender a ouvir, dialogar, refletir sobre as ações propostas, reelaborar a sequência programada, não perder o foco, saber sustentar uma interação dialógica;
• Neste livro, para exemplificar sua função de formadora de dezenas de professores de Ciências, em especial da Física, ela recorre ao que fizeram Nálcio Rodrigues Pereira, Maria Helena Dias de Camargo e Arnaldo Ribeiro Alves para planejarem e darem aulas sobre as Leis de Newton a alunos do ensino médio;
• Nos textos dos referidos professores, é interessante verificar a forma zelosa, cuidadosa, pela qual planejaram, estudaram, ensinaram e avaliaram os conteúdos;
• Em síntese, o que se constata é o como ela desenvolve a competência docente de seus alunos e o como eles aprendem habilidades de planejar, dar aulas, avaliar e regular o andamento do curso, discutir o plano das aulas, relatar ocorrências, discutir com os pares, observar e diagnosticar os conhecimentos prévios dos alunos, conduzir bem e alcançar os objetivos propostos.
Conteúdos a aprender e a ensinar. Neste livro, a professora Jesuína mostra como ensinar conteúdos de Física (Leis de Newton) a alunos do ensino médio, na perspectiva construtivista por ela adotada. Mecânica, força, aceleração, interação entre ação e reação, energia, velocidade, espaço, tempo, movimento, repouso,