Ensino de Física: O Significado Atribuído às Expressões Matemáticas
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Sobre este e-book
Esta obra busca entender as concepções de estudantes e professores sobre as expressões matemáticas do ponto de vista da Física, além de identificar e descrever as suas representações, bem como o nível de conceitualização dos estudantes ao interagirem com tais expressões.
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Ensino de Física - Antonio Jorge Sena dos Anjos
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO ENSINO DE CIÊNCIAS
Aos meus netos, Antonio, Ana e Caio, na esperança de uma educação mais humana, inclusiva e fraterna e, em especial, um ensino de Física com mais significado.
AGRADECIMENTOS
À minha família, pelo incentivo e apoio incondicional.
Aos dois grupos de sujeitos que diretamente participaram do estudo que deu origem a esta obra, respondendo questionários e entrevistas: o grupo de estudantes das três escolas participantes, Colégio Gênesis, Colégio Padre Ovídio e Colégio Estadual Imaculada Conceição e o grupo de professores de diversas escolas públicas e particulares da cidade de Feira de Santana-BA. Sem a participação deles, jamais o estudo teria sido realizado.
Aos meus orientadores, Concesa Caballero e Marco Antonio Moreira, por suas precisas e competentes intervenções, sempre recheadas de encorajamento e incentivo ao longo da realização do trabalho.
APRESENTAÇÃO
Enquanto estudante de Ensino Médio, acredito que não fui muito diferente dos demais no que se refere ao entendimento de como se processava o ensino e a aprendizagem nas diversas disciplinas que compunham o currículo escolar. Mesmo durante o curso de licenciatura em Física, ainda não havia despertado para a forma como se ensinava especialmente a Física. Mais tarde, com o avançar dos estudos e começando a construir uma visão crítica do ensino dessa matéria, passei a perceber o quão este era demasiadamente centrado nas expressões matemáticas. A partir dessa constatação, que visivelmente contrasta com os resultados apontados pelas pesquisas em ensino de Física, fui levado a repensar o meu próprio fazer docente, revendo as minhas crenças e atitudes. Não satisfeito, passei a buscar mais e mais informações que me permitissem a construção de novos saberes acerca do papel das expressões matemáticas nos processos de ensino e aprendizagem em Física.
Neste livro, abordo a temática do papel das expressões matemáticas nos atos de ensinar e aprender em Física, sob o ponto de vista das concepções emitidas por estudantes e professores, aliadas ao tratamento dispensado às expressões matemáticas (popularmente conhecidas como fórmulas) pelos livros didáticos de Física. Tudo isso, amparado por teorias de ensino e aprendizagem e respaldado nos resultados da pesquisa em Ensino de Física.
Na Introdução
da obra, faço algumas reflexões críticas sobre o ensino de Física nas escolas e questiono o papel das expressões matemáticas na medida em que pergunto: o que de Física entendem os estudantes quando usam as expressões matemáticas na resolução de problemas? Que representações elaboram os indivíduos quando operam com essas fórmulas
? Em que medida as fórmulas
podem revelar-se numa representação suficientemente dinâmica de modo a formar um modelo de mundo que possa rodar
e, portanto, predizer e explicar?
Em seguida, na Revisão de Literatura
, destaco alguns trabalhos de pesquisa realizados nos últimos anos, oriundos de teses, dissertações e artigos publicados em livros e periódicos especializados, nacionais e internacionais que, de alguma forma, discutem e refletem a temática em foco: o papel das expressões matemáticas ou fórmulas
nos processos de ensino e aprendizagem em Física.
No capítulo seguinte, Problema, Objetivos e Hipótese
, procuro delinear o problema de pesquisa, definir os objetivos, buscando responder ao que se pretende com a investigação, bem como as metas que se espera atingir e, finalmente, sugiro uma hipótese como uma tentativa de criar indagações a serem verificadas ao longo do trabalho investigativo.
Em Referencial Teórico
, teço considerações sobre as teorias e propostas, tanto do ponto de vista da Física quanto da Psicologia Cognitiva, que se constituíram em referências para efeito de tratamento dos dados e análises dos resultados.
No Marco Metodológico
busco definir, sob o ponto de vista metodológico, o tipo de estudo que se pretendeu desenvolver, além de delinear o contexto, amostra e instrumentos e registros de dados da investigação.
Análise e Resultados
é o capítulo que trata de analisar e comentar os resultados advindos dos processos de coleta e tratamento dos dados obtidos por meio da aplicação de questionários e entrevistas junto aos professores e aos estudantes, além das análises dos textos didáticos.
Finalizo esta obra com as Considerações finais
, nas quais faço as devidas conclusões sobre o papel das expressões matemáticas nos processos de ensino e aprendizagem em Física, considerando as análises dos resultados, aliadas às teorias que suportam este estudo.
PREFÁCIO
Aprender Física é um direito da cidadania. Uma pedagogia libertadora deve tirar o ser humano do senso comum, das interpretações ingênuas, da aceitação acrítica de modelos e teorias.
A Física permeia a vida cidadã. Está na base das tecnologias de informação e comunicação, das engenharias, das técnicas de diagnósticos e tratamentos usados na medicina.
A Física possui modelos e teorias que explicam grande parte do mundo em que vivemos. A Biologia, a Química, a Neurociência e outras áreas científicas utilizam conceitos, princípios, modelos e teorias derivados da Física.
As interpretações físicas nunca são definitivas. A Física é uma busca permanente de melhores modelos e teorias para explicar o Universo desde perspectivas subatômicas até macrocósmicas.
Portanto, se a Física é tudo isso, e, se sua aprendizagem deve ser libertadora, seu ensino deveria facilitar a aprendizagem significativa de seus conteúdos e procedimentos.
Será que isso acontece na sala de aula? Infelizmente, não! No Ensino Médio, a Física é ensinada como se fosse um grande conjunto de fórmulas matemáticas e respostas corretas. Para cada problema existe uma fórmula e, para cada pergunta, existe uma resposta correta. Os alunos se sentem, então, obrigados a memorizar mecanicamente fórmulas e respostas corretas e acabam por odiar
a Física. Além disso, após passarem nas provas, esquecem, apagam
tudo.
Nas disciplinas de Física Geral, no Ensino Superior, a situação não é muito diferente. Em carreiras como Engenharia, por exemplo, os estudantes veem a Física como uma obrigação, não como uma disciplina fundamental para sua formação. Querem apenas passar e livrarem-se da Física.
Física não é um formulismo matemático, mas é ensinada como se assim o fosse. A culpa então, é da Matemática? Não! Assim como a Física, a Matemática permeia a cidadania. Aprender Matemática é também um direito da cidadania. Mas a maneira como a Matemática é inserida no ensino da Física acaba a distorcendo. A Matemática é muito mais do que equações e fórmulas.
Qual seria então, o significado, o papel das expressões matemáticas no ensino da Física? Precisamente esse é o foco do livro que está aqui sendo prefaciado. Nele são apresentadas concepções de estudantes e professores sobre as expressões matemáticas na perspectiva do ensino da Física, assim como sobre o tratamento dispensado a essas expressões em livros didáticos de Física.
Nesse sentido, foram feitas entrevistas com estudantes e professores de Ensino Médio e analisados vários livros didáticos, tendo como referência a temática impulso e quantidade de movimento. Salvo algumas exceções, ficou claro que entre os estudantes há um forte apelo à primazia e á superioridade das equações, colocando-as em extremo destaque em detrimento às teorias; entre os professores também foram observadas a prioridade e a