A arte de conviver: Um olhar inclusivo
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A arte de conviver - María Guadalupe Buttera
Índice
Agradecimento
Prólogo
Fundamentação
1. A difícil arte da convivência humana
EIXO 1
1. Aprendendo a estar sós
2. Aprendendo a estar em família
3. Aprendendo a conviver com os outros
4. O espelho para conhecer-nos
5. Homens e mulheres corajosos
6. Cada um em seu lugar...
EIXO 2
1. O Homem vazio e excluído da convivência
2. Quase todos os conflitos
3. Homens e mulheres
4. Ao observarmos como dirigimos
5. Quando falta a luz
6. Desenvolver a capacidade de estabelecer limites
EIXO 3
1. Aprender a vincular-nos de maneira sadia
2. Num grupo, todos têm direito de ocupar seu lugar
3. O valor de um verdadeiro amigo
4. Amizade entre homens e mulheres
5. O desafio dos líderes de hoje
6. A comunidade do futuro
7. Sempre o caminho da convivência é o amor...
Epílogo
1. Nutrir-nos uns aos outros
2. Qual é o segredo da convivência
Bibliografia
01Tudo o que em ti ressoa
e em mim também,
a ambos nos arrebata,
como um singular arco
que de duas cordas
uma voz gera.
Que instrumento
em tensão nos mantém,
e que violinista
em sua mão nos sujeita?
(Rainer María Rilke)
Toda vida verdadeira é encontro.
(Martin Buber)
Mais valem dois do que um só, porque terão proveito do seu trabalho. Porque se caem, um levanta o outro; mas o que será de alguém que cai sem ter um companheiro para levantá-lo?
(Eclesiastes 4,9-10)
AGRADECIMENTO
− À Vida, que me despertou e que me chamou a servir.
− A meus pais, por tudo o que me deram e por seu apoio nunca ausente.
− A meu irmão, Hugo, por estar presente e ajudar-me quando tive necessidade.
− A meus filhos – Noelia, Ricardo e Gaspar –, por enriquecerem minha vida e mostrarem-me claramente o caminho do amor.
− A meu primeiro marido e pai de meus filhos, Ricardo, porque tudo o que vivenciamos juntos foi o que mobilizou minha aprendizagem e meu crescimento.
− A meu amado marido, Richard, por acompanhar-me no caminho do amor maduro com paciência e compromisso.
− A todos os homens e mulheres de minha família que trilharam o caminho da vida antes de mim e que facilitaram o meu.
− A todas as minhas amigas, amigos, companheiros, mestres, professores, chefes, porque tudo o que compartilhei com cada um de vocês tornou possível o crescimento na difícil Arte de Viver plena e feliz.
− A você, leitor, por estar aí e permitir que este trabalho tenha sentido.
Muito obrigada a todos! Que a Vida viva por meio de nós!
María Guadalupe
Prólogo
Um dos aspectos mais importantes do exercício pleno de nossa existência é a difícil arte de conviver.
Viver com os outros não só é um desafio, mas também uma aprendizagem significativa que interpela nossas múltiplas inteligências, emoções, sentimentos, apegos, aceitações e nos encaminha – quando a resposta é saudável – à maturidade e à autêntica felicidade.
A chave da consciência social é o fato de nascermos, crescermos, vivermos e morrermos interrelacionados com os outros no universo.
Nós, seres humanos, nos acompanhamos nos momentos mais importantes de nossa vida, podendo esse acompanhamento mostrar-se enriquecedor para nossa existência e nossa saúde integral, ou entorpecer ou inibir nosso desenvolvimento e nosso amadurecimento, o que causa múltiplas discórdias e doenças.
Observamos hoje que muitos homens e mulheres estão mais solitários que nunca, excluídos; não esperam nem sabem sair dessa situação e, além disso, estão desesperados, perderam a paz. É possível reverter esse estado de caos e de angústia social? É possível transformar a solidão em acompanhamento adequado, a exclusão em inclusão, a não espera em harmonia, a desesperança em esperança e a perda da paz em sossego?
Se desejarmos relacionar-nos de maneira adulta, madura e aprender a ser felizes junto a outras pessoas, deveremos perguntar-nos e responder-nos, com sinceridade, quando e a partir de onde podemos começar.
A difícil arte da convivência é um caminho árduo e íngreme, o que implicará trilhá-lo a partir de uma nova mentalidade: aprendendo a estar só consigo mesmo, a reconhecer-nos na intimidade, assim como a estar integrados em nossos grupos familiares, de amigos, de trabalho; num clima relacional em que seja possível exprimir as identidades e potencialidades pessoais, integrando-as numa ação conjunta, a serviço do bem comum e contribuindo para a unidade. Esse é o desafio que nos é apresentado pela atual complexidade social.
Esse caminho só será possível se conseguirmos preencher os vazios existenciais com conteúdos que estimulem o desenvolvimento das potencialidades que todos nós, seres humanos, possuímos, superando o ego que divide, julga, exclui e gera conflitos, esclarecendo nossas obstinações, crescendo como pessoas carismáticas e sadias, com vistas ao próprio bem e ao da comunidade na qual estejamos imersos.
Estar sadiamente vinculados significa respeitar, com honestidade e responsabilidade, os outros como a si mesmo, aprender a compartilhar conquistas e frustrações, bem como reconhecer a igualdade na diversidade.
O desenvolvimento desse tipo de sabedoria fortalece as relações com aqueles que nos cercam e constitui uma busca de toda a vida que requer, entre outras coisas, abertura ao novo, conhecimento do ser humano, paciência, trabalho e muita lucidez.
Os autores
Fundamentação
021. A difícil arte da convivência humana
Trabalhando-se para estar bem consigo mesmo e com os outros
Encontrar em cada pessoa
as características que a diferenciam
dos outros é conhecê-la.
(Hermann Hesse)
Conto
Contam que houve certa vez, numa carpintaria, uma estranha assembleia.
Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças.
O martelo assumiu a presidência, mas a assembleia o notificou que tinha de renunciar. A causa? Fazia barulho demais! E, além disso, passava todo o tempo batendo.
O martelo aceitou sua responsabilidade, pedindo, contudo, que também fosse expulso o parafuso; disse que era preciso dar-lhe muitas voltas para que servisse de algo
.
Diante do ataque, o parafuso igualmente aceitou, mas, por sua vez, pediu a expulsão da lixa. O parafuso explicou que era muito áspera na abordagem e sempre tinha atritos com os outros
.
Embora concordasse, a lixa requereu a expulsão do metro, que nunca deixava de medir os outros, segundo seu padrão, como se fosse o único perfeito
.
Entrou nesse momento o carpinteiro, pôs o avental e começou seu trabalho. Fez uso do martelo, da lixa, do metro e do parafuso. Por fim, a tosca madeira inicial transformou-se num lindo jogo de xadrez.
Quando a carpintaria voltou a ficar deserta, a assembleia retomou a deliberação. Tomou então a palavra o serrote, que disse:
– Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, que não se mostra em absoluto fácil saber vincular-nos, mas o carpinteiro trabalhou com esmero, flexibilidade
e abertura nossas qualidades, extraindo o melhor de nós.
É isso o que nos torna valiosos. Assim, não devemos pensar agora em nossos pontos maus e concentrar-nos,