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Transcendência Cristã
Transcendência Cristã
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E-book559 páginas6 horas

Transcendência Cristã

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Sobre este e-book

Meu objetivo com este livro é entendermos o que realmente é ser espiritual e o como podemos desenvolver a nossa espiritualidade. Veremos que ser espiritual é ser humano. A teologia cristã reitera que, de fato, ser espiritual é ser cada vez mais humano. Isso porque, desde a fundação do mundo, fomos arquitetados por Deus para servir um propósito, e quanto mais espirituais nós somos, mais perto chegamos da finalidade para a qual fomos criados. Veremos que desde o Éden, Satanás opera de modo a confundir o homem, fazendo com que pense que é mais ou menos do que foi criado para ser. Todavia, só poderemos viver uma vida plena ao entender nossa identidade em Deus, nada menos e nada além de seres que existem para glorificá-lo. Mas o que significa ser espiritual? Creio que essa pergunta pode gerar um debate bem grande, mas vamos respondê-la de uma maneira bem simples: ser espiritual é se tornar cada vez mais parecido com Jesus Cristo. Ele é o nosso exemplo de ser humano, e a nossa meta a alcançar. Acredito também que ser espiritual não se restringe a uma proclamação pública da fé, ou a esgotar todo conhecimento que há para ser estudado. Vamos demonstrar que a principal forma de transmissão da espiritualidade se dá mediante nossas ações e nosso amor. Assim, uma pessoa espiritual permite que sua vida seja 100% conduzida pelo Espírito Santo. O ponto de partida da espiritualidade cristã, assim como a conversão é o início da vida para o cristão, é nela também que começa a se tornar espiritual. Por consequência, o novo nascimento nos permite reconhecer quem somos, e a entender quem precisamos nos tornar (não por nossa própria força, mas pela graça de Deus). Quando olhamos para dentro de nós, em um processo de interioridade, percebemos que somos pecadores e precisamos de um Salvador. Veremos que o primeiro passo para se tornar alguém completo, é reconhecer a nossa natureza caída. A Bíblia deixa bem claro o quão pecadores nós somos. Várias passagens nos mostram que não somos nada sem a graça e a misericórdia de Deus, durante o desenrolar de nosso texto iremos apresentando e meditando os diversos textos sobre espiritualidade. Jesus com uma linguagem simples, composta de exemplos práticos baseados no cotidiano dos ouvintes, em sua maioria adultos, apresentava seus ensinos por meio da metodologia da espiritualidade amorosa, especialmente andragógica, isto é, tendo por centro do aprendizado o adulto, na espera de um resultado que mostrasse a ressignificação do assunto para o aprendiz, ou seja, que aquele princípio de vida fosse aprendido de forma significativa. Nas últimas décadas, ocorreram transformações que atingiram todos os níveis da vida. A crise ecológica, social, e da civilização, a perplexidade diante dos complexos problemas da atualidade têm provocado a aproximação de diferentes áreas do conhecimento, procurando respostas, ações cooperativas, movimentos interdisciplinares. Nesta perspectiva, o paradigma ecológico-holístico emerge cada vez mais como uma nova forma de compreender o mundo, uma nova realidade científica e social. O holismo postula que há uma tendência, que se supõe seja própria do Universo, a sintetizar unidades em totalidades organizadas. O homem é um todo indivisível, que não pode ser explicado pelos seus distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico)considerados separadamente. O objetivo é um entendimento de conjunto, uma visão do todo que possui as características próprias e independentes das características de suas partes. A física quântica, os princípios de indeterminação de Heisenberg e de complementaridade de Niels Bohr, o desenvolvimento da ética ecológica e da educação ambiental, como também os conhecimentos de diferentes áreas abrem uma nova perspectiva para a ciência. Veremos que as estratégias docentes usadas por Jesus no ensino de seus discípulos e demais seguidores, podem ser usadas atualmente pelos docentes no ensino da espiritualidade, principalmente para
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de out. de 2022
Transcendência Cristã

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    Transcendência Cristã - Saluar Antonio Magni

    1

    SUMÁRIO PG

    INTRODUÇÃO 5

    CAPÍTULO 1 IMANÊNCIA E A TRANSCENDÊNCIA DE

    DEUS 15

    CAPÍTULO 2 TRANSCENDÊNCIA HUMANA E

    CAPACIDADE DE AUTOTRANSCENDÊNCIA 21

    CAPÍTULO 3 O SENTIDO DA VIDA E A ALEGRIA ESPIRITUAL 26

    CAPÍTULO

    4

    A

    TRANSCENDÊNCIA

    E

    ESPIRITUALIDADE

    DO

    CUIDADO

    E

    DO

    ACOLHIMENTO 55

    CAPÍTULO 5 PROPOMOS COMO FRANCISCO, UMA ESPIRITUALIDADE QUE SEJA VIVA, SÓBRIA E

    LIBERALMENTE CAPAZ DE SE ALEGRAR 73

    CAPÍTULO

    6

    SOMOS

    CORPORALMENTE

    TRANCENDENTAIS

    E

    ESPIRITUALMENTE

    CORPORAIS 101

    CAPÍTULO 7 O QUE É TRANSCENDÊNCIA

    ESPIRITUAL CRISTÃ 124

    CAPÍTULO 8 A TRANSCENDENTALIDADE DOS

    EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS 142

    CAPÍTULO 9 A MÍSTICA TRANSCENDENTAL E A METODOLOGIA EM QUE SE BASEIAM OS

    EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS 150

    CAPÍTULO 10 O TRANSCENDENTE PRINCÍPIO E

    FUNDAMENTO DA VIDA 163

    CAPÍTULO 11 A TRANSCENDÊNCIA NOS AJUDA MESMO PECADOR: SER AMADO E CHAMADO POR

    DEUS 180

    CAPÍTULO 12 TRANSCENDENDO EM ORAÇÃO

    DISCERNIR ESPIRITUALMENTE CONSOLAÇÃO E

    DESOLAÇÃO 203

    CAPÍTULO 13 CONTEMPLAÇÃO DA PESSOA E

    MISSÃO DE JESUS – CRISTIFICAÇÃO DE NOSSOS

    SENTIDOS 226

    2

    CAPÍTULO 14 VOCAÇÃO E MISSÃO DO CRISTÃO QUE

    TRANSCENDE 265

    CAPÍTULO 15 APRESENTAR NOSSA DECISÃO NA PAIXÃO E NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO 294

    CAPÍTULO 16 MEU PROJETO DE VIDA NA

    TRANSCENDÊNCIA 332

    CONCLUSÃO 341

    BIBLIOGRAFIA 346

    LIVROS PUBLICADOS PELO AUTOR NO CLUBE DOS

    AUTORES 346

    3

    AGRADECIMENTO

    Agradeço de maneira toda especial à minha esposa Teka, pelo incentivo e toda retaguarda necessária para que eu pudesse ter tempo, paz e tranquilidade para contemplar e meditar os assuntos abordados neste livro. Agradeço também aos Padres: Adroaldo, orientador do CEI, que me orientou nos exercícios espirituais, e me ajudou a construir toda experiência dos retiros, contemplações, meditações e estudos, obtidos durante os Exercícios Espirituais em etapas, que realizamos eu e minha querida esposa, em Itaici. Ao padre Chiquinho, Vitor e em especial Geraldo de almeida Sampaio, que ajudaram na minha formação religiosa e apostólica no movimento de Cursilhos de Cristandade que fiz em 1983. À

    Márcia, minha acompanhante nos exercícios, pelas suas inspiradas orientações, à Irmã Fátima que orientou nosso grupo de oração e discernimento e me orientou na busca de conhecer a minha personalidade através das tipologias e em especial o eneagrama.

    Irmã Zenaide, psicóloga que acompanhou o nosso grupo de partilha e melhoria da personalidade. E a todo o pessoal do CEI, Centro de Espiritualidade Inaciana de Itaici, que me proporcionaram todo conhecimento intelectual, e especialmente afetivo, da metodologia Inaciana. E onde tive a oportunidade de realizar uma especialização sobre orientação e acompanhamento espiritual, coordenado pela FAGE de Belo Horizonte. Ao Movimento de Cursilho de Cristandade, especialmente à Escola Vivencial, onde durante mais de 30 anos tenho recebido e compartilhado com amigos e irmãos de fé, a minha vida de cristão comprometido, procurando vivenciar o tripé: oração, formação e ação evangelizadora. Em especial à Canção Nova, especialmente ao Padre Léo, que já vive na eternidade, pelos ensinamentos e orientações nos muitos seminários de cura interior que tive oportunidade e a felicidade de participar, sob a orientação do nosso querido e cheio da Graça de Deus, Monsenhor Jonas Abib, fundador da Canção Nova, hoje a maior e mais efetiva comunidade de evangelização do mundo católico.

    4

    INTRODUÇÃO

    Sim, que eu vos conheça Senhor e me conheça cada vez mais para que eu possa me tornar uma pessoa melhor e possa te servir como Tu queres!

    Quero iniciar este livro sobre "Transcendência Cristã", Um caminho para a conexão com o divino no caminho dos exercícios espirituais de santo Inácio de Loyola. A transcendência trata-se daquilo que está além do mundo material, refere-se aos fenômenos de natureza metafísica. Tem origem na palavra latina

    trancendere, que significa ultrapassar. É um importante conceito para a filosofia e está na gênese das reflexões sobre o sentido da existência do mundo e da vida humana, desde os filósofos da Grécia Antiga. Transcendência também é tema de grande valor e discussão para a teologia e para as religiões. Alcançar a transcendência é estar em contato com o mundo espiritual, com as divindades - é a superação dos limites físicos do ser humano.

    Compreender o sentido da vida sempre esteve dentre as mais importantes buscas do ser humano. A transcendência tem a ver com a vida e a morte e com a possibilidade da existência de algo que vá além da vida terrena. O ser humano, na busca por sua imortalidade, procura explicações para a vida que vão além da realidade material em que vive e que consegue compreender com os sentidos. Sabemos que existe o mundo material porque vivemos nele e o experimentamos com nossos sentidos. Por outro lado, o que é do mundo espiritual e imaterial não pode ser comprovado científica e empiricamente. A transcendência seria, então, um caminho para a conexão com o divino, a projeção do ser humano para uma dimensão espiritual, onde podem ser encontradas as respostas para as profundas questões humanas. A religiosidade e a fé podem ser uma das formas pelas quais o ser humano poderá alcançar ou compreender o que é de natureza transcendental.

    Nesse sentido, algumas religiões, de acordo com sua doutrina, descrevem caminhos para o contato com o mundo espiritual.

    Existe nitidamente uma diferença entre religiosidade e espiritualidade, mas as duas fazem parte da transcendência, pois a religiosidade é uma função natural, inerente à psique. É um 5

    fenômeno universal e genuíno, e não algo aprendido. Desde os tempos mais remotos, constata-se que as religiões, as artes e os mitos sempre expressaram as mais profundas experiências humanas. Trilhar esses caminhos pode levar o ser humano, através do autoconhecimento, a vivenciar o espaço sagrado, chamado de numinoso.

    A religião é a experiência; algo nos toca e nós nos transformamos. A religião tem que ser uma experiência transformadora. Não se trata de religião como algo concreto, que possui credo, moral, normas. Mas sim de uma fé, que significa o encontro vivo com Deus, o encontro do espaço sagrado é individual. Os ritos (atos) e os mitos (falas) estão na base da construção de todas as religiões, e são eles, portanto, os demonstradores da criação de símbolos para a expressão do divino em nós. Por definição, tudo aquilo que é divino situa-se além da nossa capacidade de compreensão. Assim, A religião é o reconhecimento das realidades mais elevadas que a consciência não consegue compreender e, quando levada à plena fruição psicológica, produz a unidade interior e a totalidade do ser humano. Porém, o termo religião pode ser entendido como um corpo de dogmas. Nesse formato, ela se apresenta por meio de instituições. E foi com a institucionalização da religião judaico-cristã que passamos a desconsiderar as formas de expressão religiosa dos chamados povos primitivos e politeístas, perseguindo-as, buscando padronizar" a relação com o divino.

    Desconsiderando que a forma do contato com o divino é experienciado no sistema simbólico subjetivo. Fato também corroborado no estudo da percepção dos profissionais de saúde sobre a religiosidade dos idosos que definem a religiosidade como algo positivo na vida das pessoas idosas, mas apresentam "apesar de uma atitude respeitosa, alguns dos profissionais não distinguem religião de religiosidade e separam este universo daquele considerado cientifico. Portanto, reconhecer a distinção entre religiosidade e religião é um primeiro passo para compreensão do transcender com a natureza.

    6

    Transcendente e imanente são conceitos antagônicos que foram inicialmente discutidos por Platão, filósofo que viveu entre os anos 400 e 300 a.C, na Grécia Antiga. O antagonismo desses conceitos se refere à realidade material e imaterial. Transcendente seria aquilo que está além do estado material, que pertence ao mundo espiritual e cujo fim seria externo a si mesmo. Imanente, por sua vez, é aquilo que representa uma realidade material. É essa a realidade que conhecemos e que podemos experimentar e explicar com a utilização dos nossos sentidos. A imanência e a transcendência também estão relacionadas à concepção de Deus para as religiões. Algumas doutrinas, como as religiões panteístas, acreditam que Deus é imanente, que Ele é parte de tudo e, portanto, não pode ser dissociado do mundo material. Outras religiões, especialmente as de tradição judaico-cristã e islâmica, acreditam que Deus é transcendente. Ele é o criador de tudo, inclusive da matéria, por isso, é separado dela.

    Além da transcendência estaremos afirmando que Jesus possuía um modelo de espiritualidade próprio, que observava a pessoa em seu contexto e forma de aprender. Ao escutarmos as palavras transcendência/espiritualidade, uma enxurrada de coisas nos vêm à mente, por efeito de influências externas que condicionam a maneira como pensamos. Porém, estudando mais a fundo a espiritualidade cristã, somos confrontados com a percepção de que tudo o que entendemos como espiritual, na verdade não é. Particularmente, quando penso em alguém espiritual, imagino um monge, ou até mesmo uma entidade isolada, que não tem contato com a maldade ou o pecado.

    E você? O que vem a sua mente?

    Meu objetivo com este livro é entendermos o que realmente é ser espiritual/transcendental e o como podemos desenvolver a nossa espiritualidade. Veremos que ser espiritual é ser humano. A teologia cristã reitera que, de fato, ser espiritual é ser cada vez mais humano. Isso porque, desde a fundação do mundo, fomos arquitetados por Deus para servir um propósito, e quanto mais espirituais/transcendentais nós somos, mais perto chegamos da finalidade para a qual fomos criados.

    7

    Veremos que desde o Éden, Satanás opera de modo a confundir o homem, fazendo com que pense que é mais ou menos do que foi criado para ser. Todavia, só poderemos viver uma vida plena ao entender nossa identidade em Deus, nada menos e nada além de seres que existem para glorificá-lo. Mas o que significa ser espiritual/transcendental? Creio que essa pergunta pode gerar um debate bem grande, mas vamos respondê-la de uma maneira bem simples: ser espiritual é se tornar cada vez mais parecido com Jesus Cristo. Ele é o nosso exemplo de ser humano, e a nossa meta a alcançar. Acredito também que ser espiritual não se restringe a uma proclamação pública da fé, ou a esgotar todo conhecimento que há para ser estudado. Vamos demonstrar que a principal forma de transmissão da espiritualidade se dá mediante nossas ações e nosso amor. Assim, uma pessoa espiritual permite que sua vida seja 100%

    conduzida pelo Espírito Santo. O ponto de partida da espiritualidade cristã, assim como a conversão é o início da vida para o cristão, é nela também que começa a se tornar espiritual.

    Por consequência, o novo nascimento nos permite reconhecer quem somos, e a entender quem precisamos nos tornar (não por nossa própria força, mas pela graça de Deus). Quando olhamos para dentro de nós, em um processo de interioridade, percebemos que somos pecadores e precisamos de um Salvador. Veremos que o primeiro passo para se tornar alguém completo, é reconhecer a nossa natureza caída. A Bíblia deixa bem claro o quão pecadores nós somos. Várias passagens nos mostram que não somos nada sem a graça e a misericórdia de Deus, durante o desenrolar de nosso texto iremos apresentando e meditando os diversos textos sobre espiritualidade. Jesus com uma linguagem simples, composta de exemplos práticos baseados no cotidiano dos ouvintes, em sua maioria adultos, apresentava seus ensinos por meio da metodologia da espiritualidade amorosa, especialmente andragógica, isto é, tendo por centro do aprendizado o adulto, na espera de um resultado que mostrasse a ressignificação do assunto para o aprendiz, ou seja, que aquele princípio de vida fosse aprendido de forma significativa. Nas últimas décadas, ocorreram transformações que atingiram todos os níveis da vida. A crise 8

    ecológica, social, e da civilização, a perplexidade diante dos complexos problemas da atualidade têm provocado a aproximação de diferentes áreas do conhecimento, procurando respostas, ações cooperativas, movimentos interdisciplinares.

    Nesta perspectiva, o paradigma ecológico-holístico emerge cada vez mais como uma nova forma de compreender o mundo, uma nova realidade científica e social. O holismo postula que há uma tendência, que se supõe seja própria do Universo, a sintetizar unidades em totalidades organizadas. O homem é um todo indivisível, que não pode ser explicado pelos seus distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico) considerados separadamente. O objetivo é um entendimento de conjunto, uma visão do todo que possui as características próprias e independentes das características de suas partes. A física quântica, os princípios de indeterminação de Heisenberg e de complementaridade de Niels Bohr, o desenvolvimento da ética ecológica e da educação ambiental, como também os conhecimentos de diferentes áreas abrem uma nova perspectiva para a ciência.

    Vamos verificar que Jesus ensinava com métodos e técnicas variadas, o mais comum observado nos evangelhos são as parábolas, pois ao contar parábolas, Jesus desenhava quadros verbais que retratavam o mundo ao seu redor. Ensinando por meio de parábolas, ele descrevia o que acontecia na vida real. Jesus identificava símbolos relevantes no contexto dos ouvintes para ensinar os princípios de vida desejados, ele usava uma história tirada do cotidiano, para, por intermédio de um fato já aceito e conhecido, ensinar uma nova lição. Essa lição, na maior parte das vezes, vinha no final da história e provocava um impacto que precisava de tempo para ser entendido e assimilado. Após essa tomada de ressignificação a história tornava-se significativa e as pessoas passavam a viver e disseminar as verdades conhecidas.

    Jesus ainda deixa uma fundamentação bíblica com sua afirmação em Marcos 4:11 quando fala: A vós outros vos é dado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se ensina por meio de parábolas. As parábolas é um recurso que cabe a todos 9

    os níveis de intelecto, cultura e social pois, normalmente atraem os ouvintes, provocam reflexões e geram ação. Para a aplicação da Palavra de Deus na vida dos seus discípulos, as parábolas aplicadas de forma andragógica poderá ter os resultados de transformação de vida esperada.

    Veremos as outras formas Jesus usou para ensinar: perguntas, preleções, histórias, conversas, parábolas, discussões, dramatizações, lições objetivas, planejamentos e demonstrações.

    Ensinou multidões, grupos, e pessoas individuais. Ensinou no templo, nas sinagogas, nas casas, nas praças, nas estradas, no deserto e na praia. Porém, o que se observa em comum é a forma andragógica que ministrou com cada ferramenta de ensino.

    Jesus disse que há um tesouro precioso, que carrega em si um grande desejo: produzir alegria em quem o encontra. Portanto, aqueles que o encontram podem encher-se de alegria. O tesouro existe e a alegria é manifestada em quem o encontra. Ele contém a capacidade de produzir automaticamente essa alegria. Assim como quem tem uma habilidade, quer prová-la por intermédio do que faz, esse tesouro demonstra quem é pela alegria que produz em quem o encontra.

    Caros leitores/as como aprendi no cursilho e confirmei em minha vida: o tripé Oração, Estudo e Ação Apostólica. Buscando usar a máxima de Santo Inácio de Loyola: "em tudo amar e servir para a maior glória de Deus". Novo convertido ou não, todo cristão verdadeiro precisa crescer no conhecimento de Jesus Cristo, a fim de desenvolver as características do verdadeiro cristianismo. É

    urgente que aprendamos mais da pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo hoje em dia, pois infelizmente muitos falsos cristãos tem surgido, enquanto isso muitos outros não estão amadurecendo na vida cristã, e por isso não dando frutos com esmero no reino de Deus. É quase impossível ser um cristão ideal.

    Mas um cristão melhor! Esse deve ser o objetivo de todo aquele que crê em Cristo. Mas como se faz isso? Trabalhando em si mesmo, melhorando sua comunidade inteira e colocando ênfase na sua fé, você pode ser o tipo de cristão que inspira todo mundo ao seu redor. Convido vocês a rezarem este livro, pois teremos 10

    oração, contemplação e meditação, e especialmente de cura interior. Mas, na verdade os verdadeiros cristãos não precisam ser cobrados a obedecer as Escrituras Sagradas, pois por amor ao Senhor Jesus estes leem, estudam de boa vontade e com alegria obedecem. Veremos que cada espiritualidade, ou carisma tem a sua maneira de rezar, uns contemplativamente, outros na leitura orante, mas todos na busca de se encontrar com Deus Criador, Seu filho Salvador e do Espírito Santo orientador e que nos dá ardor para sempre e cada vez mais buscar fazer a vontade de Deus!

    Nestes anos tenho aprendido que nós somos responsáveis por tudo que acontece à nossa volta. Através dos nossos pensamentos, emoções e palavras, criamos situações ao longo de nossas vidas que poderão ser destrutivas ou construtivas. Todos os acontecimentos em nossas vidas até o momento em que nos encontramos foram criados por nossos pensamentos e crenças que tivemos no passado, pensamentos estes que usamos ontem, na semana passada, no mês passado, no ano passado e durante toda nossa vida. O que passou não pode ser modificado, mas, o importante é o que estamos escolhendo pensar agora, porque o pensamento sim pode ser modificado, pois todos os estados mentais negativos atuam como obstáculos à nossa felicidade.

    Muitos vivem irados, com raiva, e essa atitude é um dos maiores empecilhos para atingirmos o estado de liberdade interior, que é onde reside a felicidade. A raiva é tida como a mais hedionda das emoções, ela perturba nosso discernimento, nos causa desconforto e consegue devastar nossos relacionamentos pessoais com a força de um furacão, que põe abaixo ou pelos ares tudo que se interpõe à sua passagem. Estudos comprovam que a raiva, a fúria e a hostilidade são prejudiciais ao sistema cardiovascular, causando aumento de colesterol, de pressão alta e até de mortes prematuras.

    Fique certo caro amigo, pois estes sentimentos destrutivos quando brotam dentro de nós, acabam nos dominando de tal forma que destroem nossa paz mental e por isso são corretamente considerados como os nossos inimigos internos. Esses nossos inimigos internos só têm uma função, a de nos destruir e muitas 11

    vezes envolver também quem está a nossa volta, especialmente nossos familiares e amigos, exatamente os que mais amamos ou que deveríamos amar. Nossa presença de espírito e nossa sabedoria desaparecem, sentimos uma ansiedade que nos sufoca. Acabamos perdendo a capacidade de distinguir o que é certo ou errado, e aí, somos lançados num estado de confusão tamanha que agrava ainda mais nossos problemas e dificuldades. Você já deve ter percebido que quando isto acontece nossa tensão tende a aumentar, nosso nervosismo e nossa fisionomia também se transformam, e emanamos, desprendemos uma vibração tão hostil que todos se afastam. Até os nossos animais de estimação, como o gato ou cachorro, podendo mesmo nos transformar em autores ou vítimas de crimes hediondos contra pessoas próximas, ou mesmo contra nosso próprio ser.

    Quantos suicídios e vidas autodestruídas eu tenho visto nestes últimos anos. Quantas tristezas geram! Casais se separam de uma união que deveria ser indissolúvel, filhos matam pais, pais matam filhos, amigos se distanciam, pessoas perdem o emprego.

    Quanta angústia e desolação!

    A ira, a raiva, a depressão, o mau humor constante, a indolência e muitos outros problemas. São todos inimigos tão poderosos, que podem ficar atuando somente por instantes ou passar de geração para geração. Em alguns casos temos até raiva de pessoas que já faleceram há muito tempo, e assim o inimigo interno continua ativo com toda a sua força. Em outros casos mantemos raiva por desastres financeiros ou relacionamentos que já acabou há muito tempo.

    Francamente caros amigos, eu já passei por muito disso, e ainda hoje luto contra minhas instabilidades, temperamento difícil, impaciência e intolerância. Porém tenho descoberto, juntamente com minha querida esposa, que todos estes sentimentos podem ser construtivos, quando os utilizamos para detectar o que está dentro de nós como inimigos e com isso enxergar nossos egoísmos, nossas críticas, nossas lamentações, nossa falta de fé, ou sentimentos de culpar os outros por nossas mazelas, etc.

    12

    Por mais de 20 anos fui instrutor e trabalhei na coordenação de ensino na maior escola de aeronáutica da américa latina: a escola de Especialistas da Aeronáutica, como engenheiro de voo dava instrução de voo e controle de manutenção aeronáutica e segurança de voo, como já falei anteriormente, pois sempre fui agente do CENIPA, que é o Centro Nacional de Segurança de Voo. Mas como era uma Escola tinha as funções de planejamento e avaliação que me obrigaram, além da engenharia, administração e economia, entender de psicopedagogia. Para poder chefiar a área de psicopedagogia tive de fazer um curso de pedagogia, com ênfase na Administração de Ensino e na psicopedagogia, na Universidade da Força Aérea, para poder ajudar os alunos a escolherem suas profissões, nas 28

    especialidades que a escola oferecia. Além de ajudá-los nos problemas ligados a aprendizado e dificuldades de aprendizado.

    Temos aprendido que devemos usar a força das nossas emoções para destruir os maus sentimentos que habitam em nossa alma e impedem que nossa vida, e a de todos aqueles que dela participam desfrutem de alegria, paz e amor. Para conseguirmos dominar esses inimigos internos, temos descoberto algumas ferramentas que são acessíveis a cada um de nós, basta força de vontade e perseverança em aplicá-los e transformarmos para melhor, nossas vidas e a vida daqueles com os quais convivemos.

    É destas ferramentas que iremos desenvolver nossos estudos e reflexões

    Esse é o grande motivo pelo qual escrevo este livro: que minha experiência e a experiência de minha esposa, nossos erros e acertos, ajudem a cada um de vocês leitores amigos, a buscarem uma vida feliz e cheia de sentido e que a cura interior seja alcançada através do conhecimento de como se encontrar com Deus através da oração e do discernimento diário. Para que isto aconteça teremos estudos, exercícios, testes, oração, meditações e contemplações, na busca de nos conformarmos à pessoa de Jesus Cristo, pérola preciosa, nosso Mestre e Senhor. E assim sermos bons cristãos e discípulos missionários de Jesus Cristo!

    13

    No próximo capítulo iremos abordar algumas ideias sobre a doutrina da imanência de Deus em sua criação e de sua transcendência em relação a ela, que de fato, ser espiritual é ser cada vez mais humano. Isso porque, desde a fundação do mundo, fomos arquitetados por Deus para servir um propósito, e quanto mais espirituais nós somos, mais perto chegamos da finalidade para a qual fomos criados.

    14

    CAPÍTULO 1 IMANÊNCIA E A TRANSCENDÊNCIA DE

    DEUS Um importante par de ênfases que devemos preservar com toda certeza é a doutrina da imanência de Deus em sua criação e de sua transcendência em relação a ela. Ambas as verdades são ensinadas na Escritura. Jeremias 23, 24, por exemplo, destaca a presença de Deus em todas as partes do universo: Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? - Diz o Senhor; porventura, não encho eu os céus e a terra? - diz o Senhor. Nesse mesmo contexto, entretanto, tanto a imanência como a transcendência aparecem juntas: Acaso, sou Deus apenas de perto, diz o Senhor, e não também de longe (v.23). Paulo disse aos filósofos no areópago: embora não esteja longe de cada um nós, pois nele vivemos, nos movemos e existimos, como disseram alguns dos poetas de vocês: Também somos descendências dele"

    (At 17, 27b,28,).

    Por outro lado, lemos em Isaías 55, 8-9 que os pensamentos e os caminhos de Deus transcendem os nossos:

    Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor; porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos Em Is 6, 1-5, Deus é descrito sentado num trono, elevado e exaltado, e os serafins clamam: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos.

    Isaías está bem consciente de sua impureza e indignidade. Mesmo aqui existe um testemunho da imanência de Deus, pois os serafins cantam: toda a terra está cheia de sua glória (v.3).

    O significado da imanência é que Deus está presente e ativo dentro de sua criação e dentro da raça humana, mesmo naqueles membros que não creem nele ou não lhe obedecem. Sua influência está em toda parte. Ele age nos processos naturais e por meio deles.

    O significado da transcendência é que Deus não é uma mera qualidade da natureza ou da humanidade; ele não é simplesmente o mais elevado dos seres humanos. Ele não é limitado à nossa capacidade de compreendê-lo. Sua santidade e bondade vão muito 15

    além, infinitamente além das nossas, e isso também é verdade em relação a seu conhecimento e poder.

    É importante manter juntas essas duas doutrinas, mas nem sempre é fácil fazê-lo, pois há problemas em saber como entendê-las. A maneira tradicional de pensar na transcendência de Deus tem sido espacial quanto à natureza: Deus está no céu, muito acima do mundo. Essa é a figura encontrada na Bíblia, mas agora reconhecemos que em cima e embaixo não se aplicam de fato a um espírito, que não se localiza em algum ponto específico do universo. Além disso, com nosso entendimento da terra como uma esfera, em cima e embaixo não são termos significativos.

    Haveria outras imagens que poderiam ser usadas para transmitir corretamente a verdade da transcendência e imanência de Deus?

    Consideramos útil o conceito de diferentes níveis ou âmbitos de realidade. Por exemplo, várias realidades podem coexistir dentro do mesmo espaço, sendo ainda independentes de tal forma que um não possa ter acesso ao outro. Aliás, várias instâncias diferentes do mesmo tipo geral de realidade podem, ainda, estar separadas umas das outras em certos aspectos. Os físicos nos dizem que mais de um universo pode ocupar o mesmo espaço. Uma ilustração é o fenômeno do som. Há vários sons diferentes (imanentes) que estão presentes, mas não os ouvimos.

    A razão é que ocorrem numa frequência que o ouvido humano, por si, não consegue captar. Se, no entanto, tivermos um receptor de rádio, esses sons tornam-se audíveis. De maneira semelhante, muitas imagens estão presentes, mas não são vistas, a menos que tenhamos um receptor de televisão. Deus está presente e ativo dentro de sua criação, ainda assim ele também a transcende, pois ele é um tipo de ser totalmente diferente. Ele é divino.

    Já destacamos importância de manter as duas ênfases.

    Imanência significa que Deus faz grande de sua obra por intermédio de meios naturais. Ele não se restringe a milagres. Ele chega a usar pessoas descrentes comuns como Ciro, a quem descreveu como seu pastor e ungido (Is 44, 28; 45,1). Ele usa a tecnologia e as habilidades e o aprendizado humanos. Mas é importante ter em mente a verdade de que Deus é transcendente.

    16

    Ele é infinitamente mais que qualquer evento natural ou humano.

    Se destacarmos demais a imanência, podemos identificar tudo o que acontece com a vontade e a atuação de Deus, precisamos ter em mente que há uma separação entre a santidade de Deus e boa parte daquilo que acontece no mundo. Se destacarmos demais a transcendência, entretanto, podemos esperar que Deus faça milagres todas as vezes, quando ele pretende agir por intermédio de nosso esforço. Podemos acabar fazendo pouco caso da criação, esquecendo que ele mesmo está presente e atuante nela. Podemos depreciar o valor do que fazem os não cristãos, ou não considerar que eles possuem algum grau de sensibilidade à mensagem do Evangelho, esquecendo que Deus está agindo neles e mantém contato com eles.

    A imanência divina de grau limitado ensinada nas Escrituras envolve várias implicações: Deus não se limita a agir diretamente para cumprir seus objetivos. Embora seja bem óbvio que Deus está agindo quando seu povo implora e acontece uma cura milagrosa, é também ação de Deus quando, pela aplicação de conhecimentos e práticas medicinais, o médico é bem sucedido, conseguindo restaurar a saúde do paciente. A medicina faz parte da revelação geral de Deus, e o trabalho do médico é um canal de atividade divina.

    Deus pode usar pessoas e organizações que não sejam declaradamente cristãs. Nos tempos bíblicos, Deus não se limitava a atuar por intermédio da nação da aliança, Israel, ou por intermédio da Igreja. Ele chegou a usar a Assíria, uma nação pagã, a fim de punir Israel. Ele é capaz de usar organizações seculares ou nominalmente cristãs. Mesmo os não- cristãos fazem algumas coisas genuinamente boas e louváveis. O amor é presente em todas as pessoas que fazem o bem, não só a nós cristãos.

    Devemos ter apreço por todas as coisas criadas por Deus.

    O mundo é de Deus, e Deus está presente e ativo no mundo.

    Embora o mundo tenha sido dado à humanidade para ser usado na satisfação de suas legítimas necessidades, ela não pode explorá-lo a seu bel prazer ou por cobiça (Um dia Deus julgara os que destroem a Terra – Ap 11, 18; Is 26, 21). A doutrina da imanência 17

    divina tem, por conseguinte, uma aplicação ecológica. Também possui implicações no que se refere às nossas atitudes para com outras pessoas. Deus está genuinamente presente em todos (embora não no sentido especial em que Deus habita nos cristãos).

    Portanto, ninguém deve ser desprezado ou tratado com desrespeito.

    Podemos obter algum conhecimento acerca de Deus por meio de sua criação (Rm 1, 20; Sl 19, 1-8). Toda ela veio à existência por intermédio de Deus e, além disso, Deus nela habita de modo ativo. Podemos, então, detectar indícios da personalidade de Deus observando o comportamento do universo criado. Por exemplo, parece que um padrão definido de lógica se aplica à criação. Existe nela uma ordem, uma regularidade. Os que creem que Deus é esporádico, arbitrário ou excêntrico por natureza e que seus atos são caracterizados por paradoxos e até contradição, ou não observaram direito o comportamento do mundo ou consideram que Deus não opera nele de forma alguma.

    A imanência de Deus significa que há pontos em que o evangelho pode fazer contato com o descrente. Se Deus está de alguma forma presente e ativo em todo o mundo criado, está presente e ativo dentro de seres humanos que não lhe entregaram pessoalmente o seu viver, sua vida. Assim, há pontos em que estarão sensíveis à verdade da mensagem do evangelho, aspectos em que já estão em contato com a obra de Deus. A evangelização tem por alvo encontrar esses pontos e dirigir a mensagem a eles.

    Podemos dizer que a doutrina da transcendência possui várias implicações que afetam nossas outras crenças e nossas práticas. Existe algo mais elevado que os seres humanos. O bem, a verdade e o valor não são determinados pelo fluxo inconstante deste mundo e pela opinião humana. Existe algo que, de cima, confere valor à humanidade. Deus nunca pode ser completamente determinado pelos conceitos humanos. Isso significa que todas as nossas ideias doutrinárias, por mais que sejam úteis e corretas em sua base, não podem explicar plenamente a natureza de Deus. Ele não é limitado pela compreensão que temos dele.

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    Certamente, nossa salvação não é conquista nossa. Não somos capazes de nos elevar ao nível de Deus, preenchendo os padrões dele para nós. Mesmo que fôssemos capazes de fazê-lo, ainda não seria conquista nossa. O próprio fato de sabermos o que ele espera de nós é um fruto de sua auto revelação, não de descoberta nossa. Mesmo à parte do problema complementar do pecado, portanto, a comunhão com Deus é estritamente uma questão de uma dádiva sua para nós. Sempre haverá uma diferença entre Deus e os seres humanos. O abismo entre nós não é apenas uma disparidade moral e espiritual que se originou com a queda. É

    metafísica, tendo raízes em nossa criação. Mesmo depois de redimidos e glorificados, ainda seremos criaturas humanas. Nunca nos tornaremos Deus. Por isso, a reverência é adequada em nosso relacionamento com Deus. Algumas adorações, salientando legitimamente a alegria e a confiança que o crédulo tem no relacionamento com um Pai celeste amoroso, passam desse ponto e chegam a uma familiaridade excessiva, tratando- o como igual ou, ainda pior, como um servo. Se compreendermos, no entanto, o fato da transcendência divina, isso não acontecerá. Embora a expressão de entusiasmo até, talvez, exuberante tenha seu lugar e seja necessária, ela nunca deve nos levar à perda do respeito.

    Nossas orações também serão caracterizadas pela reverência.

    Santo Inácio de Loyola, que bem conheceremos à frente, nos diz no seu princípio e fundamento da criação: o ser humano é criado para amar, servir e reverenciar a Deus, portanto, em vez de fazer exigências, oraremos como Jesus: ‘Não seja o que eu quero, e sim o que tu queres", isto é : seja feita a Sua vontade e não a minha!

    Procuraremos a obra genuinamente transcendente de Deus. Desse modo, não esperaremos que aconteça apenas o que pode ser realizado por meios naturais. Mesmo usando todas as técnicas disponíveis da aprendizagem moderna para cumprir as metas divinas, nunca cessaremos de depender de sua obra. Nunca negligenciaremos a oração, pedindo sua orientação e intervenção especial, portanto que fique claro: somos dependentes de Deus!

    Assim como na questão da imanência de Deus, também no caso da transcendência precisamos cuidar contra os perigos da ênfase 19

    excessiva. Não buscaremos a Deus apenas no religioso ou devocional; também o buscaremos nos aspectos seculares da vida. Não buscaremos exclusivamente os milagres, mas também não os desconsideraremos. Alguns dos atributos divinos, tais como a santidade, a eternidade e a onipotência são expressões do caráter transcendente de Deus. Outros, como a onipresença, são expressões da imanência. Se todos esses aspectos da natureza de Deus receberem a ênfase e a atenção que a Bíblia lhes confere, o resultado será um entendimento plenamente harmonioso da Pessoa de Deus. Embora Deus nunca seja totalmente compreendido por nós por estar muito além de nossas ideias, pensamentos e formas, ele está sempre ao nosso alcance quando nos voltamos para ele. Isaias nos diz: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. Isaías 55 8, 9.

    Deus relaciona-se com o mundo como um Ser Transcendente. Ou seja, Deus é auto- suficiente e não precisa do mundo. Ele está acima do universo e muito além do mundo (Ec 5.2; Is 6.1).

    Portanto, Deus se relaciona com o mundo com um Ser Imanente. Isto significa que Deus está presente em sua criação. O

    Ser divino está ativo no universo, envolvido nos acontecimentos do mundo e da história humana (At 17 27, 28).

    No próximo capítulo vamos buscar entender a transcendência

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