Os pecados secretos da economia
5/5
()
Sobre este e-book
Essa discussão sobre os limites da ciência econômica, no entanto, não se restringe a especialistas ou a esclarecidos. A linguagem de McCloskey é clara, e os exemplos são tomados do cotidiano, de modo que o leitor – qualquer que seja seu universo – poderá se divertir, se irritar e certamente refletir com as colocações dessa grande intelectual que se define como "uma mulher do meio-oeste que já foi um homem, pós-moderna, amante da literatura e da estatística, defensora do livre mercado, uma progressista episcopal de Boston".
Com notas do economista Luciano Sobral, que situam o leitor na constelação de economistas e suas teorias, o livro condensa alguns argumentos fundamentais para compreender os limites de um modelo de pensamento que vem sendo difundido há mais de meio século, notadamente pela Escola de Chicago, cujos professores e ex-alunos já somam mais de 29 Prêmios Nobel de Economia. Sem negar a importância da ciência econômica clássica ou do pensamento liberal dos economistas britânicos, como Adam Smith, McCloskey tenta levar a discussão a um outro patamar, para além de posições políticas enrijecidas – afinal, como ela diz, há muito trabalho a ser refeito.
Relacionado a Os pecados secretos da economia
Ebooks relacionados
O universo neoliberal em desencanto Nota: 5 de 5 estrelas5/5Princípios de Economia Política e Tributação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnsaios filosóficos Nota: 0 de 5 estrelas0 notas50 ideias de Capitalismo que você precisa conhecer Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIntrodução à Teoria Econômica de John R. Commons Nota: 5 de 5 estrelas5/5O tempo de Keynes nos tempos do capitalismo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuem Manda no Mundo? Nota: 4 de 5 estrelas4/5Crônicas antieconômicas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEconomia e conhecimento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO capital e suas metamorfoses Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEconomia da longevidade: O envelhecimento populacional muito além da previdência Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Economia: Como evoluiu e como funciona - Ideias que transformaram o mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUma introdução à economia do século XXI Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEconomia institucional: Fundamentos teóricos e históricos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNove Clássicos do Desenvolvimento Econômico Nota: 3 de 5 estrelas3/5O retorno da geopolítica na Europa: Mecanismos sociais e crises de identidade de política externa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPão nosso de cada dia: Opções econômicas para sair da crise Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desenvolvimento econômico no brasil: desafios e perspectivas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Dinheiro: o poder da abstração real Nota: 5 de 5 estrelas5/5Inflação, desemprego e taxa de juros: a Curva de Phillips e a Regra de Taylor para a economia brasileira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEstados e mercados: Os Estados Unidos e o sistema multilateral de comércio Nota: 5 de 5 estrelas5/5Moeda e crise econômica global Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA crise financeira internacional Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO mito da austeridade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA escassez na abundância capitalista Nota: 5 de 5 estrelas5/5A crise permanente: O poder crescente da oligarquia financeira e o fracasso da democracia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasResgatar o Brasil Nota: 4 de 5 estrelas4/5Adultos na sala: Minha batalha contra o establishment Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Economia para você
A ciência de ficar rico Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desvendando O Metodo De Taufic Darhal Para Mega Sena Nota: 4 de 5 estrelas4/5As seis lições Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPerguntas ao ChatGpt: Sobre finanças Nota: 4 de 5 estrelas4/5Jogando Para Ganhar: Teoria e Prática da Guerra Política Nota: 5 de 5 estrelas5/5A interpretação das demonstrações financeiras: O guia clássico de finanças do Investidor Inteligente Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFinanças: Gestão familiar sem complicações Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Mercado do Luxo No Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBitcoin: A moeda na era digital Nota: 5 de 5 estrelas5/5Investir em Ações: Aprenda a Investir na Bolsa de Valores Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Cadeia de Valor de Michael Porter: Desbloqueie a vantagem competitiva da sua empresa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Que Os Pobres Não Sabem Sobre Os Ricos Nota: 5 de 5 estrelas5/5O caminho da servidão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGestão Das Finanças Pessoais E Familiares Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnálise Técnica: Análise de Preços para Investimentos em Ações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Investindo Na Bovespa Fácil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDemocracia, o Deus que falhou Nota: 3 de 5 estrelas3/5Liberdade e propriedade: Ensaios sobre o poder das ideias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSeja muito mais que um milionário: Um passo a passo para virar a chave das suas finanças Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOficina Da Prosperidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiálogo com Gestores: Desafios e Estratégias em RH Nota: 0 de 5 estrelas0 notas100 dicas de ouro - Vendas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA CULPA SEMPRE FOI MINHA: E do Benefício Social Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLucros e perdas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA ação humana Nota: 5 de 5 estrelas5/5O método Seis Sigma: Aumentar a qualidade e consistência do seu negócio Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTrade Na Prática Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Avaliações de Os pecados secretos da economia
1 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Os pecados secretos da economia - Deirdre McCloskey
ideias.
VIRTUDES ERRONEAMENTE IDENTIFICADAS COMO PECADOS
A QUANTIFICAÇÃO
A quantificação, porém, não é um pecado. Desde o berço, a ciência social vem acompanhada pelos números. Os aritméticos políticos ingleses William Petty e Gregory King, e os demais do final do século XVII (prenunciados no início do mesmo século, como em tantas outras coisas que consideramos inglesas, por alguns holandeses), queriam, acima de tudo, saber Quanto, Que total, Qual parte. Era uma obsessão totalmente inédita. Que se pode chamar de burguesa. Quanto custaria drenar os charcos de Somerset? Qual parte do que a Inglaterra auferia com o comércio exterior dependia da existência das suas colônias? Que total disso, e Qual parte daquilo? Cem anos mais tarde, o bem-aventurado Adam Smith ainda se perguntava Quanto os salários pagos em Edimburgo eram diferentes dos de Londres (demais), e Quanto as colônias adquiridas na época graças às guerras incessantes contra a França ao longo do século XVIII valiam para a Coroa (não muito). É surpreendente notar que, ao final do século XVIII, os diagramas estatísticos já tinham sido inventados; o que não surpreende é que não tenham sido inventados antes – mais um sinal de que o pensamento quantitativo era uma novidade, pelo menos no Ocidente (havia séculos que os chineses já vinham reunindo estatísticas sobre população e preços). Os Estados europeus, da Suécia a Nápoles, começaram no século XVIII a coletar estatísticas que pudessem lhes render preocupações: preços, população, balanças comerciais, circulação do ouro. A palavra estatística
(derivada de estado
) foi cunhada por alemães e italianos entusiastas da ação estatal no início do século XVIII, apontando para uma história do uso dos números pelos Estados. Surgiu então a era da estatística, e tudo, das detenções pelo uso de drogas e das mortes devidas ao fumo, ao valor da vida e à classificação de crédito da vizinha ao lado, passou a ser objeto de expressão numérica.
O que se transformou numa espécie de loucura, é claro. Guias de turismo observam que os homens norte-americanos sempre querem saber a altura de cada torre, o número de tijolos que compõem cada muralha notável, quantas mortes ocorreram aqui, quantas pessoas viviam ali. Em 1775, Samuel Johnson revelou-se típico do seu tempo e do seu gênero ao registrar o tamanho de tudo que encontrava numa viagem pelo oeste da Escócia (usava sua bengala como instrumento de medida). Na década de 1850, os críticos conservadores do capitalismo, como Charles Dickens, já demonstravam grande irritação com a estatística:
Sr. Thomas Gradgrind – peremptoriamente, Thomas – Thomas Gradgrind. Com uma régua e uma balança, e a tabuada sempre no bolso, senhor, pronto para pesar e medir qualquer parcela da natureza humana, e dizer o resultado exato. É uma mera questão de números, um caso de simples aritmética.
[…]
Pai
, insistiu ela, o sr. Bounderby pede que eu o ame?
[…] A resposta depende tão materialmente do sentido que atribuímos a essa expressão. Ora, o sr. Bounderby não lhe faz a injustiça, e não faz a si mesmo a injustiça, de pretender que haja algo fantástico, fantasioso ou (uso termos sinônimos) sentimental. […] Portanto, talvez a expressão em si – somente sugiro, minha querida – pode ser um pouco inadequada.
O que o senhor aconselha-me a usar no lugar dela, pai?
Ora, minha querida Louisa
, disse o sr. Gradgrind, já completamente recuperado àquela altura, aconselho (já que me pede) que considere a questão, como foi acostumada a considerar qualquer outra, simplesmente como uma questão de Fatos tangíveis. Os ignorantes e os tontos podem dificultar tais assuntos com fantasias irrelevantes, e outros absurdos inexistentes, quando são vistos de maneira adequada – inteiramente inexistentes; porém, não é elogio dizer-lhe que você tem compreensão superior a isso. Ora, quais são os Fatos neste caso? Você tem, digamos, em números redondos, vinte anos de idade; o sr. Bounderby tem, digamos, em números redondos, cinquenta […]. Então, surge a pergunta: essa única disparidade é suficiente para constituir obstáculo ao casamento? Ao considerarmos essa pergunta, não é desimportante levarmos em conta as estatísticas sobre o casamento, tal como foram obtidas, até o momento, em Gales e na Inglaterra. Observo, em referência aos números, que na maioria das vezes esses casamentos são contratados entre partes de idades muito desiguais, e que a mais velha dessas partes contratantes é, em mais de três quartos desses exemplos, o noivo. É notável, por demonstrar a ampla prevalência dessa lei, que, entre os nativos das colônias britânicas na Índia, e também em parte considerável da China, e entre os calmuques da Tartária, os melhores meios de cômputo, a nós oferecidos por viajantes, rendam resultados semelhantes.
[1]
É certo que a contagem, o cômputo, pode ser uma ferramenta dos idiotas, ou do Demônio. Entre os vestígios mais perturbadores do campo de extermínio de Auschwitz estão os livros em que os carrascos voluntários de Hitler mantinham registros sobre cada indivíduo que exterminavam.
A teoria formal e matemática da estatística foi inventada em grande parte na década de 1880 por eugenistas (esses racistas ilustrados que se encontram na origem de tanta coisa nas ciências sociais) e aperfeiçoada no século XX por agrônomos (isso mesmo, agrônomos – em lugares como a estação experimental agrícola de Rothamsted, na Inglaterra, ou a Universidade do Estado de Iowa). A estatística, recém-matematizada, transformou-se num verdadeiro fetiche entre todas as novas candidatas a ciência. Ao longo da década de 1920, nos primórdios da sociologia, a quantificação era um meio de reivindicar