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Encontros e vazios: Qual de nós já não viveu isso?
Encontros e vazios: Qual de nós já não viveu isso?
Encontros e vazios: Qual de nós já não viveu isso?
E-book327 páginas4 horas

Encontros e vazios: Qual de nós já não viveu isso?

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Sobre este e-book

Estamos fadados a apenas pequenos momentos, insights de alegrias, enquanto a vida é composta de dúvidas, conflitos, lutas e devaneios cotidianos?
Somos moldados diante da esfera de nossa sociedade, nossa cultura e assim somos levados e ter sonhos, desejos, que nos precedem e nos moldam de forma a influenciar nossos próprios desejos e sonhos, ao passo que talvez não desejamos realmente o que queremos, mas o que nos moldaram a desejar... o curso superior, o casamento, os filhos... quantos sonhos nossos realmente vivemos, quantos estradas das ilusões de liberdade e plenitude total podemos realmente vivenciar ao longo de nossas vidas?
Quantas vezes teve vontade de desistir, de fugir de voltar no tempo e mudar decisões, quantas vezes olhamos o motociclista que passa, o paraquedas nas alturas, os montes Irlandeses ou as riquezas dos Emirados e pensamos: o que estou fazendo aqui onde estou?
Somos levados por nossa inquietude, incógnitas e incertezas e o que nos toma será apenas um produto final da vaidade, consumo e da tristeza?
ENCONTROS & VAZIOS, não tem como fim a busca destas questões, mas o embate com cada canto escuro, omisso de nossos pensamentos, ao qual muitas vezes não o externalizamos, não por não ter coragem, mas muitas vezes para não atingir quem amamos, ou mesmo por fraqueza...ou não?
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento1 de mai. de 2019
ISBN9788554549879
Encontros e vazios: Qual de nós já não viveu isso?

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    Encontros e vazios - Cristian França

    www.eviseu.com

    Agradecimentos

    A vida, que nos concede um novo respirar a cada amanhecer proporcionando novas possibilidades, expectativas e oportunidades de nos refazermos, de refazer nossos passos e nossos sonhos!

    A todas as pessoas que duvidam da força de vontade, da determinação e da força de um sonho.

    As pessoas de bem, que agem todos os dias levando sorrisos, simpatia e ajuda ao próximo.

    Aos meus professores, aos livros e a todas as dúvidas, que plantaram em mim a semente a curiosidade e da obstinação!

    A toda minha família, que ajudaram a moldar quem eu sou!

    Ao mar e ao vento que nos presenteiam com o doce sabor da liberdade!

    Onde tudo começa...

    E NA ÁREA REQUINTADA DO PARAÍSO... a chuva fina e tenra molha tudo sem parar, há três dias os pingos na janela escorrem como carros de fórmula 1, rápidos, ágeis e sem parar. A coberta ainda no sofá denuncia a preguiça destes dias, o montante de falta de vontade de fazer algo e a umidade aliada ao frio é o amigo ideal da velha amiga: a tristeza.

    Ela se levanta devagar, vai até a porta do quarto e olha na sala abaixo do seu pé direito, e vê o sofá ainda com a referida coberta, é mais uma manhã igual a todas outras.

    Vai ao banho demorado, no meio dele resolve encher a banheira, coloca essências, a água quente e o silêncio fazem lembrar dois dias antes, na praia, na casa azul, o beijo na porta, o lanche natural e o sexo na biblioteca...

    As horas passam, é tempo de lutar contra a preguiça e a falta do que fazer, os dias assim são os mais sombrios, pois a solidão do frio e da chuva, só a remete à própria solidão de sua alma, dos falsos sorrisos.

    A mesa está posta, a sala grande mostra a praia logo em frente, e a mansão em plena Florianópolis em sua imponência de luxo, desejo e posse por sua beleza e tamanho, esconde em sua história a história de seus moradores e a beleza deste paraíso ainda não foi forte o bastante para matar o que a mata a cada dia: o vazio!

    No misto de preguiça e mau humor, posse e vazio, finalizando o café da manhã com frutas, sucos, patês, abre o jornal, consulta a coluna social, pois é dia de ver sua foto, sua causa, seu projeto ali estampado, logo o sorriso lhe vem aos lábios, eis que ali está a vaidade imbutida no fazer o bem, seu projeto, seu jantar de arrecadação para um hospital, ao qual os mais ricos, poderosos, famosos locais e convidados estarão presentes, em roupa de gala, luxo e demonstração de poder e riqueza, mas é para o bem local, uma causa fraternal, a ajuda aos menos favorecidos!

    Por isso o banho demorado, a banheira com essências, passa rápido pelo quarto do filho, ele com apenas seus 5 aninhos olha vem abraçá-la, um beijo rápido e um passar de mão na cabeça e a entrega de volta à babá, pois o tempo urge e cobra sua postura no dia de hoje.

    Hora de ir a academia, hoje apenas um treino mais leve, só aeróbicos, depois ao massagista... sai elegantemente, como toda sua rua, o carro imponente reflete ao local, a rua principal que ao final tem o bar-praia da balada, as festas de champangne, as baladas mais vips, devagar ela dirige, fita os olhos na casa da esquina, como se quisesse ver algo, chega mesmo a diminuir a velocidade, mas ao longe nota somente a diarista que limpa o quintal.

    Dia de badalação, na academia suas amigas a cercam, valorizam e elogiam sua festa, o comentário do dia é a grande festa fraternal, um dia muito esperado, afinal, festa de gala, smokies, vinhos caros, comida de primeira linha por uma bagatela de apenas mil reais por pessoa, que na verdade serão doados a algumas entidades assistenciais e ao hospital

    Ricas, belas, magras, e ainda por cima de tudo, boas, fraternas... a vida que todas as mulheres poderiam pedir a Deus!

    Agora, só em seu carro ela IMERGE EM PENSAMENTOS...

    DO LADO MENOS NOBRE DA ILHA, a menina negra de belo rosto mas comum, a garota de olhar sério, reflexiva, olha pela janela do ônibus o trânsito passar, os olhos buscam os carrões à beira da orla, na avenida beira mar, as mesmas pessoas de todos os dias estão ali, em seus pensamentos paira sempre a mesma pergunta: a vida não muda ?...

    Neste misto de cotidiano, correria e questionamentos, a menina é confrontada em suas inquietações, das dificuldades da vida, das diferenças absurdas das classes sociais, dos dramas da vida...

    Ao ser retomada da realidade... desce perto do Shopping Beira Mar, na correria e correndo da chuva, a sombrinha vira como que por vontade própria naquela sensação de que se o dia está mais ou menos no sentido de que dá para piorar um pouco mais.

    Em uma outra visão, poderíamos descrever que as gotas passeavam alegres naquele corpo jovem, escorriam elevando a imaginação dos que ali passavam, tentando lhe fisgar sequer um olhar...

    Mas não era essa a realidade da pequena, era sim de descrever que já estava atrasada, pois em dias de chuva a linda ilha parece que além de brotar flores e frutos, brotam também carros pelas avenidas, e como todos, com pressa, buzinas e aflições, já ao amanhecer, tirando da alma a leve sensação de estar bem ali, ao lado do tão sonhado paraíso que faz lotar aquele pedaço de terra envolto pelo mar, todos os anos, todas as temporadas.

    A realidade que a cerca neste momento são uns poucos palavrões, a roupa molhada, a pressa e a vida emputecida da poça de àgua que acaba de inundá-la ao passar um carro a toda velocidade...

    Ao abrir a porta do escritório de designer, todos a olham meios assustados com a cena, a roupa encharcada, o cabelo escorrido, a maquiagem borrada e face triste e raivosa ao mesmo tempo. Chega com mais pressa ainda, corre ao banheiro e reclamando em voz baixa, dá uma possível geral, no banheiro, assim, é chegado a hora de trabalhar!

    Assim é a ilha, um canto do mundo, pedaço de paraíso, um canto de mar, e como em todos os cantos, uns podem sorrir, curtir, viver e aproveitar, uns poucos outros, na batalha da vida, cotidianos sofridos, sequer tempo para a praia olhar!

    Quiçá então, quem dera realidades tão distantes, pudessem um dia, na sorte das coisas loucas desta vida, um dia, sequer uma noite, juntar estes cantos de histórias e lhes fazer encontrar, nos bares, nos sorrisos noturnos sem nomes, sem classe social, mas apenas juntar pessoas com suas histórias, olhares singelos, abraços e afagos sinceros, ou por interesses, sexuais, negociais, ou apenas por estarem vivos e ali, naquele lugar!

    Mundos distantes, uns de sonhos, glórias, colunas sociais, rolex no braço e o contentamento de poder ajudar, enquanto outros pequenos e pobres, nos seus dias de glórias pode ser a quitação de um boleto de água ou luz, que agora no aperto do mês, não deixaram cortar.

    Ah, linda Floripa! Que me vendeu o sonho da vida de glória, de passeios noturnos com pegadas na areia, da cena de filmes, mas que na vida real como em todo mundo, não pode entregar a todos, o desfecho deste sonhar!

    E quando vivemos no paraíso e não mais reconhecemos isso, quando vivemos o amor que aos poucos a rotina nos rouba, que no calor de um abraço, não recebemos o mesmo calor, assim como o sol que nasce para todos, e muitas vezes só faz brilhar alguns...

    É neste sentimento que brotam vazios, angússtias da alma, desejo do poder e dinheiro enquanto outros, não tem tempo para amar, sim, neste sentido, em que os pensamentos que brotam, surgem como crianças questionando a tudo, tirando a certeza, pairando a dúvida, nascendo dúvidas e incertezas em cada um de nós, com medos perdidos, olhares aflitos, buscando não se sabe bem o quê, na ânsia daquilo que nem mesmo sabemos explicar!

    Cuidado, pois destes encontros e enfrentamentos, no amanhecer do dia, na correria da tarde ou no calar da noite, não podemos dar vida, ao que nos incomoda, que nos tira do rumo e começa a falar com nossa alma!

    Ou sim, pudera, estamos vivos, prensados na vida com suas exigências, rotinas marcadas de dias perdidos, sem flores nem risos, mas apenas seguindo os ponteiros do tempo, que nos fazem escravos e como num grande big bang, devemos sim, ter o direito de surtar, virar a mesa, arrancar a ferida, estancar o sangue que nos tira a vida, de aventuras perdidas, sonhos deixados por dias amargos?

    Agora, só em seu computador se perde em si, IMERGE EM PENSAMENTOS:

    NO PEDAÇO RICO, ele se levanta, olha a menina ruiva de pele de seda e corpo de sereia ao seu lado, sim, ela dorme e na sua juventude ainda guarda um pouco daquele jeito angelical, a face ruborizada no rosto de anjo...

    No vício de seu canto, sempre olha aquela poltrona Luiz XV, e o quadro clássico na parede, a moldura coberta com fio de ouro apenas revela o luxo do lugar, a pintura do anjo caído, com uma das asas feridas, parece tão real, que um dia poderá saltar dali, o closet em mármore, e o piso térmico emergem mais um pouco de um jovem de poder e dinheiro!

    Quantos desejam todos os dias um pouco do seu lugar, o rolex no braço, o conversível mercedez na garagem, as duas harleys e claro, seu lugar no heliponto, para idas e vindas mais rápidas, emergenciais, ainda que o gosto das rodovias e a poeira das estradas corra em suas veias.

    Entre noitadas e garotas, sonhos e conquistas, o que mais pode querer o grande caçador, carne nova, desejos ardentes, como o vampiro que deseja a jugular da menina, assim, o desejo da vida por ele, de contos e encantos, de olhares e conquistas, de vontade de vida, como se nunca pudesse acabar, como se a cada dia vivesse um novo começo, uma nova oportunidade, enfim, o mundo para se conquistar.

    Ele, não espera e não acorda a doce menina, e em sua ansiedade do dia a dia, deixa ela dormindo, desce as escadas, o mural revela seus saltos de paraquedas, suas viagens aos exterior, de blues, rock, de balões, de lugares onde poucos estiveram, onde muitos nunca terão a possibilidade de estar e nem mesmo sonhar!

    Estátuas e mais quadros decoram a grande sala, que na verdade mais parece um museu de arte clássica, suas motos no meio da sala destoam dando um tom mais rustico que na verdade combinam proporcionando esta desproporcionalidade, o piano e a guitarra mais ao canto...

    Pega o carro e sai rapidamente, a solidão das manhãs o fizeram nunca tomar café em casa, gosta da rua, dos lugares luxuosos, da bela doceria artesanal ao longo da rodovia, ali pode já pela manhã praticar sua arte de conquistar pessoas, de ouvir, sorrir, tornar o dia mais agradável para todos que o cercam.

    Assim, ele chama as atendentes pelos nomes, cumprimenta a maioria das pessoas, recebe elogios de sua boate, sorri, pisca, dá vida à manhã por onde passa!

    Quem de nós não sonhou com essa vida, com as possibilidades de conhecer mundo, conquistar pessoas, ser disputado em todos os lugares, a fama pela fama, conquistas, sorrisos, postos e oportunidades, estão à frente, um universo de pessoas alí, paradas esperando suas maravilhosas ideias, seus comentários inteligentes, sábios, que norteiam a região, os que estão à volta!

    Ahhh! Qual ser humano ao passar por grandes e luxuosos carros, ver os filmes e novelas onde as pessoas vão aos melhores lugares, os pratos mais finos, servidos da maneira mais nobre e não desejou? Ou que seja então a grande fazenda, com milhares de cabeça de gado, a grande plantação de soja, prédios, empresas... assim, é este nosso menino prodígio!

    Quem no auge desta alegria, do poder desta conquista, juntado ao poder dos negócios, do brilho e do sucesso, neste local, bem neste pedaço de paraíso, poderia imaginar algum dia ser confrontado pela vida, por algum tipo inquietação que aflige meros humanos, meros mortais?

    Será possível que na alegria deste sorriso, no poder imensurável de tantas conquistas, aventuras de sonhos e realizações poderia ter espaço para dúvidas, para que uma sensação de vazio qualquer que possa arremetê-lo algo menos feliz?

    Logo chegam mais 02 amigos, conversam um pouco sobre negócios, sobre a garota da casa, detalhes sórdidos, risadas, falácias machistas...

    Agora só em seu carro, IMERGE EM PENSAMENTOS:

    JÁ NOUTRO LADO, um jovem senhor, também acordou cedo, também olhou para o lado e viu a mulher dormindo, viu também o quarto desarrumado, o cachorro acabou dormindo de novo no meio...

    O filho menor já está à porta, esperando para fazer o número 02, tomar banho, trocar de roupa... a filha do meio (21), chora na cozinha na briga com o irmão mais velho (23), e o dia parece começar novamente da maneira mais normal desta vida rotineira.

    Ele se levanta e antes de ir ao filho, dá uma olhada na mulher que dorme, ainda naquela última gota de esperança e olhar e sentir o coração bater, de ver uma mulher linda à cama, mas o que vê, é apenas a máscara facial escorrida da noite, um pé com meia ainda furado, uma roupa larga, cabelos despenteados...

    Nestes dias de chuva, muita chuva, o cheiro do cachorro toma conta da casa, com apenas dois banheiros na casa para 05 pessoas, todos saindo pela manhã, filhos para a escola, ele para o trabalho e a mulher à cama... com aquele jeito de sempre de que vai dormir mais um pouco.

    Cuida do pequeno, dá bronca no mais velho e no corredor da casa muda o caminho para socorrer a menina que estava a ponto de atacar o irmão que acabara de tomar o suco dela... e assim o dia começa para o querido e competente trabalhador.

    A casa úmida, alguns bolores e manchas, roupas espalhadas por todos os lados, na esperança de secá-las, ele retoma a rotina, corre com um, dá bronca, faz café, separa os lanches, pede ajuda para trocar o menor de roupa e com o atraso acaba sem o banho dele.

    Na pequena casa de apenas 80 metros, simples, na periferia de classe média baixa, ele olha para os lados e sempre lhe vem o mesmo pensamento: com tantos estudos, pós graduações... o que estou fazendo aqui? O que deu de errado? Depois de uma ótima faculdade, 2 especializações, nas mais renomadas do país, de ser uma das promessas da faculdade e das pós, como foi nosso personagem aos seus 45 nos se encontrar neste estado?

    Quantos devaneios neste meio tempo, sim dos poucos segundos em que o próprio ar, já não parece mais nosso, dos sonhos que se foram, da vida que nos coloca em rumos antes nunca imaginados, e nas curvas da vida, muitos, assim como ele, não imaginavam que aquela sensação vazia, de incompletude, da dúvida amiga que lhe persegue todos os instantes, pudesse ser um fardo tão pesado!

    O fim da genialidade, a hipervalorização do ter, do mundo contemporâneo e suas manifestações efêmeras, não deixaram espaços para reflexões, debates profundos da natureza humana e seus sonhos de sucesso e realizações, eis que diplomas perdidos, das horas investidas, parecem não ter mais sentido, perdendo-se ele em seus questionamentos críticos, quanto ao conhecimento, sabedoria, habilidade técnica e a vida patética que se encontra!

    Já no caminho para o trabalho, o jovem homem, em seu carro 1.0, um grande profissional altamente capacitado,... o carro lotado de pequenas ferramentas onde presta várias consultorias de serviços em rede para várias empresas. Deixa o pequeno na creche, Yara fica na Faculdade e o filho mais velho vai para outro rumo, prestar serviços...

    Deixado os filhos, agora, só em seu carro, IMERGE EM PENSAMENTOS:

    Nossas incógnitas e nossos vazios!

    Olhando a beira mar, as pessoas passam, perdidos em suas riquezas ou mediocridades, em seus lares luxuosos ou nas dívidas apertadas das casas populares, não importa quem somos, de onde viemos ou mesmo onde estamos, parece que um sentimento de querer mais, ser mais, maior, melhor, mais reconhecido, mais merecedor, mais sucesso, ao mesmo tempo em que é a força motriz de nossas esperanças, em muitas outras, a tristeza amarga de nossos dias, as incógnitas de nossas inquietudes diárias...

    Na beleza da mulher rica loira, linda e magra, bem casada, do jovem belo, malhado, milionário, conquistador, ou dos meros mortais como a jovem ANA e o genioso trabalhador de classe média baixa, todos, todos estão a procura de algumas respostas, de algumas inquietações, será que somos eternos descontentes, eternos insatisfeitos?

    Eles olham as pessoas nas ruas e devem se perguntar, será que todos estão como eu? Será que tantas pessoas buscam a tal felicidade, ou algo que possa completá-los de maneira a sentir a plenitude em si, ou será a felicidade apenas poucos instantes de uma vida cheia de momentos infelizes?

    Sempre que olhamos alguém com mais posses, com belos carros, pensamos que estes tem muitos menos problemas, e ao mesmo tempo quando olhamos pessoas pobres, numa casinha simples, que sempre estão a sorrir, alegres e cativantes, sem lamentações e sempre, sempre com palavras motivadoras, nos perguntamos: como podem, como conseguem?

    Sem querer filosofar sobre o tema felicidade, seja em sua essência, ou apenas de forma superficial, será que temos que buscar mais e mais momentos felizes a todo instante, ou não é este o caminho, mas sim um equilíbrio de tantos fatores que rondam a nossa vida e a nossa existência?

    Por que e como este vazio, pode acometer tantos, independente de raça, cor, idade, classe social?

    Será que na ânsia de que seja estabelecido a felicidade, o sucesso, a prosperidade, o amor... deixamos que esta busca nos cause a cegueira do que realmente devemos nos importar? Assim, nesta eterna busca de algo maior, mais caro, mais importante... descontruímos o ser, o saber, o conhecimento em mero detrimento de nos oprimirmos, de nos caçarmos em nós mesmos e a eterna busca, torna-se nossa a mais profunda forma de tristeza?

    Tente imaginar esta cena, quatro vidas totalmente diferentes, de berços, de sonhos, de criação, agora parados em seus carros e ou computador com o fone de ouvido, não, não é aquele dia em que ouvimos uma musica que nos faz vibrar, não é uma Highway to Hell, quiçá uma Born to be Wild, mas um daqueles dias chuvosos, melancólicos, em que o que nos toca é uma One, ou The Unforgiven...

    Um daqueles dias em que o segundo parado, parece o último segundo antes da morte, como em uma cena multiacelerada revemos nosso próprio filme e chegamos a ver nossos parentes de frente quando ainda no carrinho de bebê, os beijos melados dos avós, a corrida torta ainda quase que engatinhando, o primeiro dia na escola, a primeira briga, os primeiros grandes amigos, as risadas, brigas de travesseiros, os aniversários, os primeiros beijos, namoros, o vestibular, a formatura, o coração acelerado e a certeza do amor...

    Ahhhh, este filme que nos rega, nos rege, quem nos dera pudéssemos regá-lo e que nós fossemos o regente, o maestro desta trilha sonora que embala cada uma de nossas singelas vidas...

    O que deu errado, qual o problema, será que estaríamos melhores se tivéssemos feito outras escolhas, outros rumos, será que se voltássemos no tempo, poderíamos concertar esse aperto no peito, esta melancolia que fica à sombra, como a nos olhar pelo canto da porta, sim aquele meio rosto a te espreitar, ou ainda mais, será este destino, ocasião a sombra que nos assusta a noite, aquela sombra na madrugada ao olhar pela janela e ver colado na mesma à espreita de mais um dia?

    Assim, vimos as luzes aceleradas dos visores, dos carros que passam cada vez mais rápidos, das pessoas correndo na calçada, da chuva, da hora, do tempo, da vida! Como se essa corrida insana nos levasse para o paraíso, para o nirvana, ou que tivéssemos o grande encontro com o equilíbrio de nossas energias, ou com Deus...

    E a vida passa de forma mais efêmera que possamos imaginar, tão rápido quanto um sucesso moderno, sem peso, sem conteúdo, sem marcar época ou construir algo de verdadeiro, mas como chegar a este ponto, no ápice de deixar uma grande marca, uma linda história, se nem mesmo sabemos onde queremos e o que queremos?

    As questões, incógnitas que nos preenche nestes dias, é o vazio que só eleva a incerteza, que nos consome em meras ilusões e expectativas de nossas vaidades, nos aprisionando em nossos consumos, como se isso pudesse sanar algo em nossas almas, que além de nada curar, nos apresentar uma tristeza profunda, como se o medo, o fracasso, ficassem em cada esquina, só com a metade do rosto fitando seu andar, seu dia a dia, na espera do seu tropeço para que a tristeza possa sorrir!

    De volta a vida real...

    CLAUDIA se dirige ao principal salão de festa da cidade, a grande festa anual de caridade, ajuda para o Hospital e outras entidades médico-assistenciais de Florianópolis, um encontro de celebridades, atores, megas empresários, voltados a doações e caridade. Todos os anos ela e mais suas organizadoras preparam tudo para este lindo evento, e nada, nada pode sair fora do eixo.

    Ela chega e todos se ajeitam, olha um por um, taça por taça, disposições da mesa, simpática porém crítica, faz alguns ajustes aqui outro ali, retira duas taças de seus lugares, pois nota que que foram secas ao pano e ficaram ali alguns microfios, ajusta algumas rosas... suas assessoras logo se aproximam para dar os detalhes finais.

    São mais de dois milhões arrecadados nesta festa, divididos nas 3 entidades, uma grande ajuda e apoio, assumida por ela há 3 anos atrás e desde então com valores e luxuosidade crescentes!

    Cruza por ela a doce e meiga funcionária da D & SIGN, ela vagamente se lembra da moça, mas não é de ficar dando atenção para pessoas sem sobrenome e sem espaço na coluna social, em dias comuns quiçá em dias de glamour.

    A menina a olha, pois está ali dando suporte ao grande vento e perde aquela esperança de reconhecimento, tendo em vista que participou das últimas 3 reuniões de mkt e mídia tanto do evento quanto da clínica do marido da cliente, mas a correria lhe afasta do momento da revolta e tristeza, é hora de engolir tudo e não refletir, pois o dever chama e não pode esperar.

    Algumas de suas amigas e convidadas, falam baixinho em um dos cantos sobre a cor da mesa ao canto, o quanto ela é brega, e que este ano ao que parece a festa não está tão à altura assim, e no laço da inveja e da mediocridade, ao chegar a anfitriã, todas correm para abraçá-la e parabenizá-la pelo evento maravilhoso e tão especial...

    A futilidade trivial acometida neste instante, só não é menor que os vários olhares na mesma direção, o clima é de sorrisos, abraços, ajuda, fraternidade, mas as almas estão envoltas da luxúria e da vaidade, ao qual o egocentrismo tem seu palco estralado e o grande papel da noite!

    Entre sorrisos e abraços, brindes a danças, olhares e afagos, nada melhor que fazer caridade, ao menos que seja para ajudar pobres coitados, ao gosto de que a foto na coluna social seja a maior, a mais comentada!

    Sim, sim, vale o gesto e entre vaidade e luxúria, abraços e falsidades, ainda melhor assim, captando recursos para ajudar instituições e ou os pobres do que nada disso, queira ou não, uma boa ajuda vem deste grande evento.

    Ela e seu marido, desfilam, dançam, cumprimentam as pessoas, e o grande e esperado discurso se aproxima, uma das horas mais esperadas...

    Enquanto ela brilha em meios aos assédios, fotos, abraços e sorrisos, ele, um mero coadjuvante, um médico conceituado, mas ofuscado pelo brilho da musa da noite, da dona do espetáculo, e neste caminhar, a noite se desenrola, entre taças, vinhos caros, e a melhor e mais cara comida do ano.

    O orador e apresentador, inicia os agradecimentos, declama de modo formal, porém alegre os patrocinadores, a importância do evento e ao final, com agradecimentos a toda equipe de organização, nada mais nada menos dirigida por CLAUDIA Matarazzo Abulquerque Mendes de Orlens!

    Sob olhares e aplausos, ela discursa elegantemente, o brilho de seu sorriso coadunando com seus olhos e as joias raras em seu colar denotam toda sua classe, sua pose de bailarina e sua apelido doux et mince (doce e fina).

    Cita toda sua equipe, reforça a importância do evento, quantas crianças foram ajudadas, quanto retorno social, elenca números de atendimentos, setores, mostrando que além de doce e fina possui grande habilidade para lidar com pessoas e com gerenciamento, cita nome

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