Querida Madrugada
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Poesia para você
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Querida Madrugada - Giuliano de Oliveira Mangueira
Agradecimentos
Esta obra só se faz existente graças à generosidade e ao apoio de alguns.
Agradeço a Luís Felipe D´Oliveira, cujo amor pela literatura (as tantas trocas que muito me influenciam) e a benevolência de sua alma colaboraram para um sonho de força às vezes já minguada tomar escopo real e sólido. Meu amigo e irmão, sem você eu não veria poesia em nada.
Agradeço à Mariana, Juliana e toda a família Santos Balby, que reabastecem de amor e paz minhas criações e minha presença. Que fazem de mim amigo, irmão, filho e, por isso, um humano melhor.
Agradeço à Maria Joaquina Colins por ter tomado essas poesias como suas crias e feito nelas melhorias que, a meus olhos, tornaram-nas irretocáveis e completas. Sua paciência, empenho e carinho com minhas produções e ideias lhes dão o mais indistinguível sentido.
Agradeço à Renata Maria Bezerra pelo apoio incondicional e a mais nobre amizade. Pelo esforço e vontade em me ver bem, pelos conselhos e o humor, que de todos os quais tive contato, é o mais livre, leve e desprendido (do sol que se põe tão redondo quanto os demais).
Agradeço à Ingrid Piauilino pelo olhar tão generoso quanto crítico, pelo tempo e empatia com o gradiente de qualidade das produções que lhe mando.
Agradeço a minha mãe, Juliene Lima de Oliveira, e a toda a minha família por me possibilitarem estar aqui vivo e provido de toda estrutura e tranquilidade para levar adiante minha escrita e meus sonhos.
A música é madrinha, inspiração e amiga dessas poesias que nasciam furtivas e noturnas. E, portanto, esse livro será ainda melhor apreciado ao som desta playlist:
Nota do Autor
Regadas a vinho ou cerveja, café ou suco de acerola, levadas pela insônia ou pelo intento da escrita, é pelas madrugadas que sigo desfigurando páginas em branco com esses desabafos, pilherias, afagos e ideias desanuviadas.
Destas dezenas de poemas, denuncio a vaidade e a imodéstia de muitos que, se pudessem, se fariam exibidos em outdoors ou comerciais do horário nobre, e confirmo a cerimônia e o acanho de tantos que, se dependessem deles, teriam pedido desculpa às folhas desfiguradas e retornariam à sua forma de abstração descartável. Mas reafirmo, acima de tudo, o intuito de dar a todos eles a mesma atenção e o desrespeito a suas vontades.
Exibidos ou tímidos, nascem das insônias que só esperam deitarmos a cabeça no travesseiro para iniciar a enxurrada de ideias, memórias e dores de cotovelo.
São eles notívagos testemunhos de todas as vezes em que pensei saber o que estava passando, que ri sozinho das minhas piadas, orgulhei-me solitariamente de alguma estrofe bem acabada, que concordei comigo mesmo – não abandonando nunca mais o vício do solilóquio, que me amarrei em um filme e não parava de encená-lo e parafraseá-lo, que me flagrei tão burro e me cogitei tão sábio, que cantarolava melodias autorais – e prevendo seu retumbante fracasso, vesti e pus na rua apenas os versos. Para que sejam recitados apenas; cantados, felizmente, jamais.
Era madrugada, afinal, e a vizinhança contava com a paz do meu silêncio.
23:59# o carteiro da rua nº2 / pobres e leais / só visita a mãe / miscelânea tarada/ final do arco-íris / não nasci careca / escrófula do dragão / iguarias necessárias para suportar a realidade / e tu sempre vazia / um par de sapatos no meio-fio / aliviado e determinante / amamentador de drinks /adormecidos na areia da praia / salmodia / desmaio na praça / mês de copa / avalanche acusatória / rosário de esperanças esquecidas / estado de espírito / relatos frívolos
Mesinha de bar
Sou amigo dum vendedor de seguros
que é amigaço do carteiro da rua nº2
que é amigão do rapaz que vende gás,
ontem bebemos nós três
um vinho de quatro reais,
e agora somos amigos,
amicíssimos – pobres e leais
Durmo no sofá, lá mesmo acordo
eis aqui a população adulta
maniac depression but stone free
ovelha negra da família só visita a