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Planejamento Estratégico: O Templo
Planejamento Estratégico: O Templo
Planejamento Estratégico: O Templo
E-book266 páginas4 horas

Planejamento Estratégico: O Templo

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Sobre este e-book

Inovador, o livro ideal para empresários, gestores da administração das organizações públicas e privadas, estudantes de graduação e pós-graduação em Administração. Permite fazer escolhas de sucesso por meio da ferramenta do Planejamento Estratégico, vivenciando a sua utilização em um doa maiores empreendimentos do Mundo; o Templo do Rei Salomão.
Contempla ainda, exercícios e estudos de caso para debates e reflexões, permitindo desenvolver as habilidades norteadoras da tomada de decisão.
Diferenciado pelo seu ineditismo em mostrar um tema extremamente técnico por meio de uma história repleta de experiências de vida, que além de provocar emoções, tendem a trilhar pontos de vistas diferentes na maneira de encarar a vida; mostra a importância de acreditar em seus ideais e manter sempre o foco em seu negócio.
Afinal, o Rei Salomão foi um sábio ou foi um déspota? Descubra nessa obra.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento1 de jul. de 2019
ISBN9788530007423
Planejamento Estratégico: O Templo

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    Pré-visualização do livro

    Planejamento Estratégico - Adalberto Camargo Oricolli

    www.eviseu.com

    Introdução

    Uma viagem no tempo que mistura ficção e realidade, mostrando a saga de um jovem que busca seu crescimento pessoal e profissional em uma época em que a oportunidade era inversamente proporcional à quantidade de pessoas que a almejavam. Deu-se o no me de Saul ao personagem dessa narrativa, apenas por simbolismo, por se tratar do nome do primeiro rei de Israel, o qual foi sucedido por David e este por Salomão.

    O início dessa história dá-se em um vilarejo nas proximidades de Jerusalém, onde Saul trabalhava na confecção de tijolos de barro e palha, juntamente com membros da família e alguns amigos. Um certo dia, Saul e mais dois amigos resolvem deixar a rotina de amassar tijolos para procurarem algo melhor para suas vidas, e partem para Jerusalém, na esperança de encontrar um bom trabalho e melhorar a qualidade da vida que levavam.

    Nessa aventura, Saul consegue trabalho como esquadrejador de pedra, contando com a ajuda de um taberneiro de nome Tubal Olegar, que vem a se tornar o seu melhor amigo. Como trabalhador no Templo, conquista uma promissora carreira até chegar ao grupo de estafe do rei, que eram indivíduos denominados Mestres e que adotavam uma certa irmandade comandada pelo Mestre Arquiteto do Templo.

    Nesse grupo, teve a oportunidade de se envolver no planejamento estratégico do empreendimento, no qual relata de forma detalhada os passos realizados no processo desde o diagnóstico estratégico até a determinação dos resultados esperados e seu funcionamento. Nesse período, surge o suporte emocional que precisava, que é Marihan, com quem constitui sua nova família, e nessa união é gerado um casal de filhos. A condição de família era um de seus propósitos, havia a herança herdada de seu pai que tinha como princípio que a constituição de uma família era o que dava o sentido à vida. A oportunidade que essa experiência proporciona é de se compreender de maneira diferente o processo do planejamento estratégico e seus envolvimentos.

    Uma versão romanceada, vivida pelo personagem Saul, mostra a construção dos passos do planejamento estratégico e as principais dificuldades em cada momento, como a necessidade do comprometimento com o empreendimento e a competência dos indivíduos envolvidos. Logicamente, essa é uma obra na qual foi utilizado o conhecimento de vários autores, os quais não foram citados na narrativa para não comprometer a condição atemporal. No entanto, as obras inspiradoras constam como referência bibliográfica, onde com muita relevância, sem demérito às demais, claro, temos a obra de Ze Rodrix, que além de escritor foi um grande compositor de músicas brasileiras e hoje descansa no Oriente Eterno.

    Dos pontos importantes que permitem reflexão e debates, faz-se notar entre eles a resposta ao questionamento de aonde se quer chegar. Podemos até dizer que havia uma dicotomia com relação aos objetivos do Templo. Em um momento, se voltava para a construção física do Templo como desejo de Yahweh, feito a David; e em outro momento, a preocupação com o seu funcionamento, promovendo graças e arrecadando metais.

    Para qualquer empreendimento, antes de se investir em sua estruturação física, faz-se necessário verificar se há demanda para o negócio proposto. Afinal, alguém tem que pagar a conta.

    No caso do Templo, a demanda estava baseada unicamente na fé em que Yahweh iria prover a demanda tão logo o empreendimento começasse a funcionar. Ele seria autossustentável pelas graças de Yahweh.

    Outro ponto abordado e que merece especial atenção é quanto os aspectos culturais influenciam na prospecção de um empreendimento. Quando já existe uma cultura instalada no local e para que haja o seu funcionamento, é necessário interferir e promover mudanças nessa cultura, nesse jeito de ser. Com certeza, haverá muita resistência e tentativas de boicote.

    No nosso caso, fica claro mais uma vez que Salomão deixou nas mãos de Yahweh.

    CAPÍTULO 1

    I. O início do empreendimento

    Após quase vinte dias de viagem, chegamos a Jerusalém. Podemos avistar os muros que cercam a construção do grande templo. Quanto mais nos aproximamos, mais as imagens vão ficando consistentes e já se pode sentir os cheiros e sons característicos de uma grande cidade.

    Nosso grupo é formado pelo número mágico de três homens, cada um com conhecimentos e habilidades diferentes. Fugiram da cidade de Tirza, à margem ocidental do rio Jordão, em busca de realizar sonhos que somente o progresso poderia proporcionar.

    Heitor é o mais velho, 28 anos distribuídos em aproximados 120 quilos de massa bruta, sempre pronto para auxiliar. Seu porte avantajado contrasta com o seu bom humor peculiar. Sempre brincamos que é só tamanho. Qualquer um que bater o pé mais forte bota para correr. Filho de comerciantes fenícios, tem grande habilidade para negociar e trabalhar com números. A ele coube a função de confeccionar o orçamento e dimensionar os recursos que seriam necessários para nossa viagem.

    Johabem Danil possui a minha idade, 22 anos, e seu ponto forte é a perspicácia em ter respostas rápidas para situações inusitadas. Apesar dessa presença de espírito que até já nos tirou de algumas enrascadas, não é muito responsável com suas ações. Costuma assumir compromissos nem sempre possíveis de se cumprir, principalmente quando envolvem mulheres. A bebida e os ambientes noturnos o têm corrompido. Quando iniciamos a viagem, tivemos de retirá-lo de um prostíbulo e colocá-lo, embriagado, deitado nos fundos de nossa carroça.

    Eu sou Saul, e embora tenha nome de rei, sou o último filho dos sete irmãos de uma família de aldeões. Tenho um conhecimento bem razoável sobre construção e possuo algo de muito raro para a época, o domínio e a arte de ler e escrever. Se meu pai não me deixou herança em bens e recursos financeiros, ao menos me concedeu a maior de suas regalias, que era o conhecimento da escrita, a que também já havia herdado de seu avô que fora escriba nos portos de Tiro.

    Comecei a trabalhar quando menino. Aos 11 anos passava o dia no mercado esperando as caravanas de mercadores, e ali ganhava alguns ducados alimentando e escovando cavalos. Quando completei 13 anos, fui trabalhar na construção de casas com um tio de minha mãe. Minha primeira função foi a de fabricar tijolos.

    Era um trabalho árduo que não exigia muita técnica, por isso se atribuía aos aprendizes; misturava-se bem a argila e a palha com água. A massa resultante era depositada em moldes de madeira e colocada ao sol para secar. Após três dias os tijolos eram retirados dos moldes e empilhados.

    Aos 16 anos, deixei a função de masseiro e passei a ser empilhador, me proporcionando à oportunidade de conviver e conhecer Heitor e Johaben Danil, com os quais trabalhei até os 22 anos, e juntos empreendemos nossa viagem a Jerusalém.

    Fizemos muitas coisas juntos em seis anos. Tempo suficiente para percebermos que se não empreendêssemos em alguma coisa, se não buscássemos alguma alternativa de trabalho iríamos morrer às margens do rio Jordão empilhando tijolos e nos encharcando de vinho nos finais de semana.

    E foi num desses finais de semana que surgiu a ideia de tentarmos a sorte em Jerusalém.

    Já se fazia tarde quando Johaben Danil adentrou na taberna, acompanhado de um convidado. Mohamed Al-Faj era um guia de caravanas que trazia as notícias do mundo exterior.

    Apontando para o guia, Johaben Danil, falou em tom discursivo:

    — Meus amigos, eis aqui a nossa oportunidade de mudarmos de vida, de sairmos desse buraco e de sermos alguém. Aqui vamos morrer empilhando tijolos iguais nossos pais e os pais de nossos pais. Vamos para Jerusalém! É lá que está o futuro!

    — Mas o que tem o Sr. Mohamed com isso? — Indaguei a Johaben Danil.

    — Meu caro Saul, o Sr. Mohamed é quem vai nos guiar até Jerusalém. Ele tem alguns contatos por lá que podem nos arrumar empregos na construção do Templo.

    — Isso não está me cheirando muito bem! Moramos aqui há tanto tempo, já estamos calejados de tanto fazer a mesma coisa e nunca ter aparecido nada melhor, e de repente, surge como num passe de mágica, o Sr. Mohamed, com a solução para nossos problemas. Quanto isso vai custar?

    — Lógico que vai custar alguma coisa para vocês. O meu trabalho é cobrado. — Eu vivo disso, interrompeu Mohamed. — Vou levar vocês até a porta do maior empreendimento da Terra. Algo que vocês jamais sonharam ou imaginaram. Vou apresentá-los a alguns camaradas meus. Até aí é comigo! O resto vai depender da capacidade de cada um.

    Heitor virou a caneca em um único gole e a bateu contra a mesa. — Vamos planejar esse negócio. Não podemos cometer erros, pois é a nossa vida que está em jogo.

    Heitor, que tinha maior habilidade com números, seria o encarregado de montar os custos do projeto. As anotações das operações necessárias ficaram aos meus cuidados e Johaben Danil nos ajudaria com sugestões.

    O primeiro passo foi fazer uma relação dos recursos que seriam necessários para uma viagem de vinte dias. Segundo Mohamed, necessitaríamos de três cavalos ou uma carroça puxada por um único cavalo, além de 30 ducados, que era o preço cobrado pelo serviço de guia.

    O preço de um único cavalo girava em torno de 15 a 20 ducados, dependendo das condições e procedência do animal. Se tivéssemos que adquirir três cavalos, teríamos uma previsão de gastos de 60 ducados aproximadamente.

    Uma carroça tracionada por um cavalo custaria aproximadamente 25 talentos, era a melhor opção. Por ano cada um de nós recebia, por trabalhar no empilhamento, em torno de dois ducados por mês, o que no ano todo não chegava a 30 talentos. Em média teríamos, individualmente, que investir nessa empreitada às escuras um ano de duro trabalho.

    Ficamos até ao amanhecer sentados do lado de fora da taberna decidindo nossas vidas e fazendo suposições sobre o empreendimento que nos aguardava.

    De uma coisa todos tinham certeza: de que ninguém tinha experiência de vida suficiente para administrar as incertezas que estariam por vir e os resultados que colheríamos pelas decisões tomadas.

    Buscar resultados de forma empírica ou administrar decisões por oportunidades entre erros e acertos não pode ser considerada a melhor forma para delinear os caminhos de qualquer empreendimento.

    Era preciso planejar as atividades e os caminhos a serem seguidos, através de objetivos bem definidos. Isso garantiria a utilização racional e otimizada dos recursos que nós dispúnhamos e uma maior probabilidade de acertos em nossas ações.

    Se quiséssemos garantir a continuidade e a perenização de nosso empreendimento, nossas escolhas teriam de ser bem pensadas.

    Lembro-me de meu pai, que sempre que tinha uma oportunidade, me dizia que a vida era um constante exercício de escolhas e que sempre haveria ganhos e perdas. Para se escolher, era preciso pôr na balança, porque as consequências de nossas escolhas seriam nossas para sempre. Não há como voltar no tempo e tomar uma outra decisão porque fomos infelizes na primeira escolha.

    II. Pensar a decisão

    Para que um plano d ê certo, não basta a realização de todo um trabalho de reflexão e preenchimento de papéis.

    Confabular à luz das estrelas não iria nos levar à Jerusalém. Era preciso, acima de tudo, ter a decisão de organizar e programar os planos de ação sugeridos. Essa atitude seria fundamental para o sucesso ou o fracasso do empreendimento. Teria de haver meu total envolvimento e comprometimento, assim como de Heitor e de Johaben Danil. Quando se planeja algo, todos os envolvidos nas decisões devem participar e opinar. O não envolvimento leva o plano a não ser efetivamente implementado, tornando-o fadado a cair no descrédito.

    Em todo empreendimento, nosso destino e objetivos propostos devem ser fruto de nossas decisões. Somente nós temos o poder de decidir nossas vidas.

    Considerando que vamos sair de uma zona de conforto e entrar em uma desconhecida, precisamos responder com rapidez às exigências do ambiente ao qual seremos inseridos. Somente um bom objetivo pode Nortear a escolha dessas respostas. É ele que vai orientar nossas ações e ajudar a escolher os caminhos que deverão ser trilhados e que tenham maior probabilidade de acerto, nos dando alguma garantia de objetivos possíveis de realização e de um fluxo de vida promissor.

    O fluxo da vida é uma questão de lei de causa e efeito. Cada um de nós constrói nossa história através das ações que praticamos. Não se colhe o que não se planta. Se quisermos colher frutos de boa qualidade, não basta apenas plantar uma boa semente. É necessário planejar o crescimento da árvore, prever as intempéries que ela vai enfrentar, ajudá-la a crescer e estar por perto quando tiver que transpor os seus momentos difíceis.

    Se vamos em busca de riquezas, temos que inicialmente plantá-la. Temos que visualizar o futuro. Para querer uma vida rica, tanto material quanto espiritual, é preciso antes traçar um caminho que nos leve a essa condição.

    Nossa vida pode ser predestinada já na infância. E grande parte disso pode depender de nossos pais, os empreendedores. Há filhos que nascem sob tetos abastados, em famílias bem constituídas, com crenças e valores bem definidos e, no entanto, ao atingir a fase adulta, desviam-se daquele padrão esperado pelos pais. A semente era boa, mas não teve o seu crescimento acompanhado da forma que necessitava. Cada semente, cada árvore, necessita de cuidados diferentes, assim como cada filho se diferencia pelo sexo, personalidade, idade e principalmente o momento que cada um está passando ou vivendo. O filho que viveu sob o jugo dos egípcios aos dias do Êxodo não tem as mesmas crenças e valores dos da era do trabalho livre na terra prometida.

    Da mesma forma tem-se exemplo de filhos que nascem sob condições desvantajosas e tornam-se vencedores na fase adulta.

    Assim como qualquer empreendimento, alguns nascem em condições mais favorecidas e outros em menos, alguns obtém sucesso, outros, fracasso. A história de cada um deles se diferenciará pela forma como irão perceber o mundo às suas voltas e lidar com os obstáculos do caminho, transformando situações adversas em desafios a serem vencidos.

    Afinal, cuidar de filhos ou de empreendimentos necessita, antes de qualquer coisa, refletir sobre as consequências que ações infundadas podem gerar para o futuro de ambos.

    III. A necessidade de planejar

    Nosso plano inicial se dividia em dois objetivos distintos; Heitor efetuara os cálculos dos custos e recursos e eu fiquei com a responsabilidade de fazer um enunciado das etapas necessárias para o empreendimento acontecer. O primeiro se resumia exclusivamente na viagem com um tempo estimado em 20 dias. A segunda etapa seria bem mais complexa e dependia do conhecimento de cenários que para nós ainda eram desconhecidos, pois estava ligada ao que seria após a chegada nos primeiros tr ês meses, com o agravante de que cada um de nós teria destinos diferenciados.

    Assim traçamos nosso primeiro plano de ação.

    Inicialmente, procuramos deixar bem claro o que realmente queríamos e em quanto tempo isso deveria acontecer. Essas informações seriam fundamentais para definirmos os recursos de que iríamos precisar para nossa jornada.

    Em seguida, discutimos bastante e procuramos todas as razões possíveis que justificassem esse desejo de sair de Tirza, um cenário conhecido, e ir para Jerusalém, um cenário apenas de sonho. Analisar as vantagens e, principalmente, os riscos, era fundamental para balizar nossa decisão, pois sabíamos que uma vez iniciada a jornada, o retorno seria quase impossível.

    O próximo passo foi o mais difícil, relacionar os recursos que seriam necessários e o que dispúnhamos. Não seria tão difícil se tivéssemos recursos sobrando, o que não era o nosso caso. Quando não se tem tantos recursos disponíveis, é preciso adequá-los às necessidades.

    Johaben Danil sugeriu que fizéssemos três relações e as discutíssemos separadamente e assim foi: a primeira lista, tudo o que seria imprescindível para a viagem; a segunda, o necessário; e a terceira, o desejável. Estabelecendo as prioridades seria mais fácil e racional tomar decisões. É como peneirar massa para tijolos em três peneiras de malhas diferentes. O que ficar na primeira peneira é a parte ruim que só deve ser usada para reboco, dizia Johaben.

    Esse exemplo da peneira eu acabaria levando para toda minha vida. Sempre quando tinha algo para decidir e não me sentia tranquilo, me vinha à cabeça as peneiras de Johaben.

    Nunca em nossas vidas tínhamos discutido tanto uma decisão. Normalmente, nossas decisões eram todas levadas pela emoção e oportunidade que o momento oferecia, e nunca se pensava nas consequências que ela proporcionaria. Acho que agora tínhamos um plano. Heitor era o rei dos planos. Para qualquer coisa dizia que tinha um plano, mas na verdade não passava de uma ação impensada. Era apenas o ímpeto de agir, de fazer alguma coisa.

    De volta para casa, vou contando os passos pelo caminho escuro. Sempre tenho a sensação de que alguém me observa e sinto medo. Sempre há ladrões dispostos a acabar com a vida de alguém em troca de qualquer migalha. Acho que estou só com minhas companheiras de sempre, a lua e as estrelas, que já sinalizam que a noite está se findando e breve o sol vai despontar no horizonte e eu ainda tenho de trabalhar um dia todo empilhando tijolos.

    Minha angústia e meus medos, no entanto, não são só do caminho que tenho que percorrer para chegar à minha casa. Esse eu conheço! Mas o caminho até Jerusalém, esse é uma incógnita. Por mais que tenha planejado e pensado nos mínimos detalhes da viagem, o plano por si só não me dá nenhuma garantia de sucesso, apenas me dará uma probabilidade maior. No fim, sempre acabamos esquecendo de algum detalhe ou nos deparando com algo inesperado. Então para quê planejar? Só porque a chance de as coisas acontecerem são maiores? Para me ajudar a dimensionar os recursos que vou precisar? Para controlar minha vida?

    Não sei. Com certeza vou poder vislumbrar meus horizontes com os pés mais no chão e diferenciando a realidade da utopia, e isso vai me ajudar nas decisões. O que eu gostaria mesmo é que o plano me esclarecesse sobre quais deveriam ser minhas decisões e não apenas me ajudasse nas escolhas. Mas infelizmente isso não é possível.

    Olhe lá minha casa!

    IV. O plano saiu do papel

    Às quatro horas da manhã a caravana guiada por Mohamed deixou a cidade de Tirza. Conforme a luz do sol surgia, íamos nos acostumando com o ambiente. Um emaranhado de sons, pessoas e animais se confundiam no meio da poeira fina que se levantava no movimento pela estrada.

    Nossa posição era quase no final da fila. Na frente seguiam os camelos com seu andar característico, quase todos carregados de mercadorias, logo atrás, os cavalos e jumentos, alguns puxados e outros como montarias se misturando com os andarilhos. Muitas famílias possuíam apenas um animal que servia como meio de transporte, ora dos mantimentos, ora da mulher ou dos filhos menores.

    Por último vinham as carroças e os carroções puxados por parelhas de cavalos ou de bois.

    Conforme seguíamos no cortejo, eu ficava observando as pessoas e imaginava o que se passava naquelas cabeças, quais as razões que as levavam a fazer aquela jornada. A maioria era comerciante, mas havia aqueles que buscavam oportunidades de trabalho como nós, outros simplesmente fugiam de uma vida sem muitas esperanças, mais no intuito de tentar a sorte em outro lugar.

    Viajamos por três dias e três noites, parando somente

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