Jonas
De M. Flanagan
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Sobre este e-book
Em um mundo turbulento...
Um mundo cheio de sofrimento, injustiça, perseguição e morte...
Um mundo onde as pessoas matam em nome da religião e das divindades; onde as pressões do conflito em massa e o impacto do homem só aumentam...
Um mundo onde às vezes a escuridão parece reinar, onde tudo está perdido...
Nesse mundo, JONAS nos desafia a ter esperança... a nos perguntar “e se...?”
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Jonas - M. Flanagan
JONAS
de M. Flanagan
Copyright © 2014 M. Flanagan
Todos os direitos reservados
Imagem da capa © Photographer / Stockfresh
Chamas
Chamas; é só o que dá para ver. O fogo queimando de forma constante.
Mas não é um inferno furioso. São chamas tranquilas,
com faíscas suaves e breves... quietas, mas queimando toda a madeira.
As chamas fascinam, atraem o observador para uma estranha paisagem: um mundo passageiro, um momento real, mas em mudança.
Os olhos do homem de Xoi San refletem o fogo cintilante; seus profundos pensamentos pairam à luz do fogo, e sua mente transita tranquilamente entre a vigília e o sono. Alegre, ele respira profundamente, enquanto seu filho se agita dormindo no colo. A fina areia do Kalahari envolve o corpo da criança, que se encolhe contra o pai, sentado com uma perna dobrada debaixo dele e a outra esticada em direção ao fogo. Com os olhos fechados, a criança tenta recostar a cabeça em um local confortável, entre a coxa e as costelas nuas do pai. Seu rosto se vira levemente para cima, revelando os traços suaves moldados pelos cabelos.
O pai sorri, enquanto brinca gentilmente com os cachos do filho, que dorme.
A mãe, sentada ali perto, se inclina e beija o rosto da criança. Um arco que protege a família, possivelmente parte do abrigo, tinge a cor do fogo cintilante.
A cena se afasta até virar um ponto brilhante no sombrio continente africano... o mundo lentamente escurece, até que um novo brilho se revela ao longo de sua borda curva. Os mares do Sul brilham pela luz débil até aparecer a massa continental da Austrália. Cada vez mais perto, através dos vastos desertos... mais perto ainda... A silhueta de um casal aborígene aparece contra o céu tingido pela alvorada. Os olhos escuros, geralmente desconfiados, agora demonstram o carinho do casal. Um admira os detalhes do rosto do outro: os contornos bem delineados, os fios encaracolados e finos dos cabelos negros. Aqui, também, um arco de vegetação serve de proteção... mais suave.
Mais uma vez, a cena se afasta e o mundo se inclina, mostrando o litoral do Nordeste Asiático. Uma família toma café da manhã na sua moderna casa. Outra vez, um arco de algum material indistinto reflete timidamente os raios de sol que atravessam a janela. Um tecido macio, talvez?
"Quem é você? Onde você está?
"Com qual propósito? Política, fé, cultura...
E se...? E se você for conhecido e amado? Conhecido em todos os aspectos do seu ser e da sua experiência... e amado.
Naquele café da manhã, um lugar vazio à mesa e fotos de alunos felizes pregadas na geladeira indicam que uma filha está longe - em outro país.
E se você for amada... desejada, sentida por estar ausente... acolhida de braços abertos, calorosa e generosamente quando chegar.
Novamente, o mundo se inclina - para o Oriente Médio, onde uma família recebe ao lar um filho recém-formado. Os rostos brilham de alegria; ouvem-se risadas; os filhos mais jovens se aproximam do irmão mais velho. O pai coloca a mão no ombro do filho, que valoriza aquele gesto e a proximidade o máximo possível. Uma mesa em segundo plano está totalmente posta para a celebração. O mesmo material/objeto aparece - ligeiramente arqueado sobre a família, na mesma posição que antes.
Mais uma vez, o mundo gira, trazendo a massa continental da América do Norte na sua alvorada. Então - chegando mais perto – aparece uma casa nos subúrbios dos EUA. Agradável. Não uma casa abastada; mas agradável.
Jonas Michelakis, um homem de 50 anos, dorme na cama. Os cachos pretos da sua juventude agora se tornam grisalhos pelas preocupações e os estresses da vida. Os lábios, ainda expressivos e de beleza viril, se movem ligeiramente a cada respiração, que suavemente escapa em ritmo regular. Ele sempre teve sono pesado. Felizmente. Isso mantinha sua sanidade.
O mesmo material
... fazia um arco sobre ele.
Seria um truque de luz?... Não. Está bem claro agora. Aquele arco de proteção - antes tão indefinido e confuso - é a linda asa emplumada de um anjo. Feita de penas macias e esculpidas, mas também - inexplicavelmente - de olhos: um lindo olho no centro de cada pena. O anjo é alto... mais alto e mais forte do que qualquer homem.
Agora o anjo se inclina - perto do rosto de Jonas - e, de forma gentil e imperceptível, beija sua testa. O rosto do anjo - maior do que o dos humanos - não o distingue como masculino ou feminino. Sua pele linda e suave brilha um dourado - ou seria prateado? - com os primeiros raios de sol. Nesse tipo de anjo, o rosto tem formato humano; seu olhar revela o mais profundo e puro amor, contemplando o rosto de Jonas.
Jonas
Jonas começa a acordar; pisca, sonolento, com a luz do sol entrando pela janela. Então, ele pega o despertador da mesinha de cabeceira para ver as horas e aperta o botão Cancelar
triunfantemente - Ufa! - após se antecipar ao alarme.
Ele se levanta, desliza os pés nas pantufas - que ele deixou arrumadas na noite passada - e desce as escadas até a cozinha.
Ainda sem coordenação por causa do sono, ele bate a colher do café, derramando generosamente o fino pó preto no balcão e no chão limpo. Aquilo imediatamente o desperta; agora irritado, ele joga a colher na pia, onde o plástico bate contra a borda de metal e espalha mais café ainda - dessa vez sobre o balcão e no chão embaixo dele. Quando ele vê o caos que fez com o café, exclama: "Ah, não! Não, não, não! Olha