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Reconciliados
Reconciliados
Reconciliados
E-book76 páginas56 minutos

Reconciliados

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Sobre este e-book

Nos contos deste livro, personagens improváveis ​​enfrentam desafios únicos que não são o que parecem: 

* Um índio americano ignora sua cultura e é atormentado por alucinações provocadas por seus antepassados.

* Dois caçadores de cervo brigam após um acidente durante uma caça malsucedida.

* Uma mulher à procura de romance pela internet tem o encontro mais louco de sua vida.

* Um pai tenta desesperadamente melhorar sua relação espiritual com o filho adolescente nas ruas de Las Vegas – quando uma pessoa aparece de surpresa.

E muitos mais! Será que esses heróis serão capazes de se reconciliar com suas fraquezas e enfrentar os desafios da vida? 

Esta coletânea, que combina ficção literária e fantasia, retoma o conceito de conto como manifestação da arte; as histórias contidas aqui falam por si só. 

IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de jun. de 2015
ISBN9781507112755
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    Reconciliados - Michael La Ronn

    Índice

    ––––––––

    Highwind

    A Origem

    Como Se Nunca

    Ponta da Flecha

    Ahhh, Que Droguinha!

    O Livro de Cutty

    O Amorgrama

    Sophie e a Foca

    Mais Uma História de Amor

    Mudando de Ideia

    Quer Mais?

    Sobre Michael La Ronn

    Highwind

    Elan entrou na aula da Srta. Coragem carregando uma caixa com livros de estórias e os soltou em uma mesa da altura de seus joelhos. Vieram do restaurante, disse ele, enxugando o suor com a camisa branca e suja. A caridade pela qual meu chefe ligou.

    Duas dúzias de crianças sentadas no tapete de leitura olharam para ele; a Srta. Coragem, sentada em uma cadeira de balanço, desviou os olhos do livro de contos e sorriu. Crianças, temos livros novinhos.

    As crianças berraram tão alto que assustaram Elan.

    O Sr. Highwind trabalha no Italian Bistro, disse a Srta. Coragem.

    Eu apenas lavo a louça.

    Agradecemos mesmo assim, disse a Srta. Coragem. Diga, Sr. Highwind – você é um ameríndio, certo?

    Elan coçou a nuca e fez que ia sair, mas a Srta. Coragem continuou.

    Já que está aqui, eu gostaria que – se tivesse tempo – você talvez pudesse falar com as crianças.

    Elan começou a suar. Por que eu faria isso?

    Estamos estudando sobre o Velho Oeste, e seria ótimo se as crianças ouvissem uma história de alguém como você. Talvez possa nos contar sobre sua tribo.

    Tribo? Tribo! Quem era ela para pedir isso? Ele não sabia se deveria se sentir ofendido, humilhado ou envergonhado. Eu não sou o mais indicado...

    Ele nem deveria estar naquela escola. Ele deveria estar na cozinha no bistrô, com os braços enfiados na água com sabão durante a hora do almoço. Mas ele saíra para fumar quando o proprietário, um gordo italiano chamado Mikey, colocou a cabeça para fora da porta, chamou-o com o dedo e disse que precisava de um favor. Elan não conseguia entender como uma decisão tão aleatória o levara até ali.

    A Srta. Coragem atravessou a sala e o pegou pelo cotovelo. Elan, tenho certeza de que você tem uma história incrível para contar.

    Não, ele gaguejou, recuando para o corredor, Conte algo sobre caubóis e índios ou coisa assim. Você é a professora. Ele correu pelo corredor e saiu, procurando a luz do sol.

    Elan falava três idiomas – o inglês, a língua do tempo e sua língua tribal nativa –, mas a única coisa que realmente ajudava era o silêncio. Ele o sentia dentro de si, transbordando como um rio após a chuva, cobrindo lentamente as rochas e a sujeira de seu espírito. Um dia, tudo ruiria por meio de sua boca, derramando palavras no meio do nada. Isso seria... conveniente. Dessa forma, quando pessoas como a Srta. Coragem lhe pediam para falar sobre si mesmo – sobre sua cultura –, ele apenas olhava para o céu e deixava que a cachoeira de silêncio jorrasse de sua boca; essa era sua resposta. 

    Ele entrou em sua picape e dirigiu pela escola, passando pelos gramados dos subúrbios e pela rodovia Pacific, que serpenteava através da floresta. O assobio das árvores que passavam o fez esquecer da Srta. Coragem e as crianças; porém, ficou mais difícil esquecer a reserva. Por que ele a deixou? Droga, ele ainda não tinha descoberto isso. Ele não tinha nenhuma ligação com esta terra, mesmo sendo apenas a três horas de distância da reserva. Ele não poderia mais pedir às florestas de sua terra natal que lhe respondessem aos problemas abstratos da vida; essas não eram as árvores de sua terra, e essa não era a terra de seus antepassados. Ele não sabia se poderia mais voltar para lá. Tudo o que sabia era que tomaria essa sinuosa estrada de volta para a cidade, de volta para o restaurante, onde lavaria louça e, às onze horas, quando os últimos pratos e vasilhas estivessem brilhando na prateleira e a última garçonete tivesse pendurado o avental, ele voltaria para o interior, atiraria-se sobre o capô da caminhonete, olharia para o céu e tentaria compreender sua vida. 

    Elan estava no meio da floresta quando uma parede de bétulas surgiu diante dele, bloqueando o caminho. Ele colidiu com elas; corvos apareceram e deixaram o céu negro como a noite. Com a testa cheia de sangue, rastejou para fora da picape e ouviu um pandeiro distante sibilando no ar, com uma voz na escuridão cantando:

    Ei. Ei. Ei.

    Ouviu um passo, que se dividiu em dois, depois em quatro, e depois em cem. A cada passo, um olho escuro aparecia no mato, piscando e lançando em Elan uma luz vermelha.

    Ei. Ei.

    Os olhos falaram, na linguagem de sua tribo, Conte-nos uma história.

    Elan limpou o sangue da testa e disse:

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