Cartas de amor
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Cartas de amor - Maria Josephina Mignone
Copyright © 2016 por Maria Josephina Mignone
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A despeito dos esforços de pesquisa envidados pela autora / editora para identificar a autoria das fotos expostas nesta obra, as mesmas não são de autoria conhecida, restando seus direitos reservados. Idênticos esforços de pesquisa foram empreendidos pela autora / editora na identificação de pessoas descritas no livro ou capturadas pela imagem nas fotos, sem que houvesse identificação positiva de algumas das mesmas. Agradecemos o envio ou a comunicação de toda a informação relativa à autoria das fotos e/ou identificação das pessoas e/ou outros dados que, porventura, estejam incompletos ou imprecisos, de maneira sejam devidamente creditados em uma próxima edição, desde que comprovadas a titularidade e propriedade dos direitos alegados.
Em respeito à autenticidade das cartas, foi mantida pela autora / editora a ortografia original das mesmas na versão digitada.
Organização, Compilação, Caderno de Fotos, Edição, Pesquisa, Índice Onomástico, Produção Editorial e Revisão
Anete Rubin
Capa e Projeto Gráfico
Thelma Madarás
Imagens
Acervo Pessoal Maria Josephina Mignone
Revisão da Introdução e Texto da Contra-Capa
Wilma Madarás
Digitação
Hélio João Maina Filho
Editoração, Diagramação e Tratamento de Imagens
Copiadora e Bureau Ipanema – Marco Antonio de Luca
Catalogação: Biblioteca Mercedes Reis Pequeno da Academia Brasileira de Música
Protocolo de Registro no Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional – 019798_1/6 de 02/12/2016
Todos os direitos reservados no Brasil por Maria Josephina Mignone
jomignone@br.inter.net
Caixa Postal 5201, Copacabana, CEP 22060-970, Rio de Janeiro – RJ
Grata pelo consentimento à publicação das fotos :
Ana Cristina França de Oliveira Figueiredo
Ani Álvaro Vaz
Aniela Improta França
Esther Serruya Azulay
Eudéa Alba Corrêa Ramos
Felinto Leopoldo de Souza Moraes
Glória Queiroz da Costa
Laís de Souza Brasil
Lauro Gomes Pinto
Leila Zacharias
Luiz Guilherme França de Oliveira Figueiredo
Marcelo Lobo de Oliveira Figueiredo
Maria do Carmo Tinoco Gambini
Maria Helena Pinto da Silva Elias
Maria Lucia Godoy
Maria Thereza de Menezes Tinoco
Marina Helena Lorenzo Fernandez Silva
Myrian Dauelsberg
Rui Álvaro Vaz de Oliveira
Tamiko Muramatsu
Tomás Improta França
Vera Astrachan Grinfeld
Vera Maria França de Oliveira Figueiredo
Vera Sílvia Camargo Guarnieri
Zilca Antunes da Costa Fortes
AGRADECIMENTOS
Ao amigo Lauro Gomes, a quem, após o falecimento de Mignone, devo a continuidade de minhas realizações musicais;
A Myrian Dauelsberg, insigne mestra, que sempre esteve presente na vida musical do casal Mignone;
A Thelma Madarás, pela criatividade e beleza dos seus projetos gráficos;
A todos os amigos que me estimularam à realização deste livro;
A minha filha Anete, sem a qual este livro não existiria …
SUMÁRIO
Prefácio
Myrian Dauelsberg
Apresentação
Lauro Gomes
Introdução
Maria Josephina Mignone
Capítulo I
Cartas transcritas - Francisco Mignone a Maria Josephina Mignone
Capítulo II
Cartas transcritas - Maria Josephina Mignone a Francisco Mignone
Fotos
Capítulo III
Bilhetes, Cartões, Envelopes e Telegramas
Capítulo IV
Cartas originais - Francisco Mignone a Maria Josephina Mignone
Capítulo V
Cartas originais - Maria Josephina Mignone a Francisco Mignone
Índice para pesquisa
PREFÁCIO
RELEMBRANDO MIGNONE …
A casa de Mariuccia Iacovino e Arnaldo Estrella, meus pais, foi durante décadas um ponto de encontro entre artistas, escritores e compositores. Foi lá que, ainda criança, conheci Mignone.
Habituei-me a vê-lo com frequência tocando suas últimas composições e trocando idéias ao piano com Arnaldo, Mariuccia ou com ambos.
Estrella tinha uma leitura invejável e gostava de conhecer logo as novas obras do Mignone reduzindo as partituras orquestrais com grande facilidade. Mignone e Estrella se entendiam muito bem musicalmente.
Lembro-me dos elogios que Estrella fazia após suas visitas: É realmente espantoso a facilidade com que Mignone compõe e admirável as suas orquestrações!
Recordo-me de Mignone ensaiando com meus pais o concerto dedicado ao duo, que compôs para violino, piano e orquestra e que teve a sua estréia em Lisboa com imenso sucesso.
Mais tarde quando voltei ao Brasil, após um período de estudos na Europa, tive a alegria de ter Anete como aluna. Naquela época dava aulas a muitas filhas de músicos famosos e estava ciente da minha responsabilidade, pois tinha que apresentar resultados!
Jamais esquecerei a figura distinta e elegante do Mignone, sentado pacientemente na sala de visitas enquanto Anete dava aula.
A minha admiração pela sua modéstia só fez crescer! Lembro-me ainda de uma audição de alunos onde apresentaríamos obras para piano a 4 mãos e 2 pianos. Faltava repertório para as alunas iniciantes. Mignone em poucos dias me fez uma surpresa e trouxe-me uma deliciosa suíte infantil que intitulou de Seguida
– composta em poucos dias. Anos mais tarde dedicaria sua Sonata para Violoncelo a meu marido Peter Dauelsberg. Esta obra foi apresentada durante a 1ª Bienal de Música Brasileira com grande sucesso.
A lembrança que guardo de Mignone, além do grande compositor que foi, é a de um homem de grande nobreza, elegância e enorme conhecimento e cultura musical. Quanto ao ser humano, Mignone foi antes de tudo um ser amoroso, carinhoso e que demonstrou sempre profunda paciência com os jovens artistas que gostava de ouvir e aconselhar.
Revejo o inicio de seu namoro com Maria Josephina e seu renascimento gradativo após um período doloroso. Graças à Josephina recuperou um novo alento, uma nova vontade de compor e de viver.
Josephina, companheira de todas as horas, não só dedicou seu tempo com uma entrega total ao companheiro, como, após sua partida, foi e é responsável em grande parte pela divulgação de sua obra e por manter viva sua memória.
Uma bela história de amor que emociona aqueles que conheceram e tiveram a sorte de acompanhar a trajetória de vida de Mignone e Josephina.
MYRIAN DAUELSBERG
APRESENTAÇÃO
Amar é não ter medo de se expor ao ridículo. Amar é dizer poesias corriqueiras, abrir o coração e mostrar a alma que mora nele.
Francisco Mignone já era um compositor mundialmente celebrado quando, aos 66 anos, apaixonou-se perdidamente por uma ainda jovem mulher, professora e pianista, que assistia a uma aula inaugural ministrada por ele. Por acaso, ela tinha sido aluna da esposa do mestre, Liddy Chiaffarelli Mignone, falecida há dois anos. Por acaso, Mignone também tinha sido aluno do professor Agostino Cantú, que tinha sido o primeiro marido de Liddy.
Maria Josephina Mignone, nascida em Belém do Pará, veio, em bolsa de estudos, morar no Rio de Janeiro, quando o destino resolveu entrelaçar a vida dos dois.
No final da aula, Jô voltava para a sua residência, quando Mignone pediu para acompanhála. Os dois moravam em Copacabana e, quando chegaram na portaria do prédio, Mignone perguntou se ele podia convidá-la para assistir concertos em sua companhia. Jô respondeu que sim. Despediram-se. Alguns minutos depois o telefone toca. Era um Mignone ansioso, convidando-a para um passeio pelo bairro. Maria Josephina aquiesceu e aí começa esta história de amor, que ficaria registrada em declarações mútuas, de carinho e afeto, em cartas que agora estarão ao alcance de todos.
O dia era 9 de março de 1964. Ao voltar para casa, Mignone começou a escrever o poema para Jô:
Bendita seja tu, ó luz que me alumias,
Que dás vida real à crença dos meus olhos…
Este poema foi desenvolvido até o dia 9 de setembro, quando finalmente ficou pronto.
Nesta mesma noite, o mestre compôs as Seis Pequenas Valsas de Esquina
dedicando-as a sua amada.
No dia 27 de março, Mignone escreve a primeira carta:
"Jô, meu amor.
Si eu pusesse dar a esta página todo o calor, toda a dedicação, o afeto, o encantamento e a idolatria que lhe tenho e devoto, teria a certeza de ter escrito o mais belo poema de amor que até hoje foi escrito."
A correspondência foi intensa e apaixonada. Jô respondia com ternura. Esta primeira fase abrange o tempo de namoro, até o dia 14 de outubro, quando, por procuração, casaram-se no exterior e começaram a viver juntos.
A vida do compositor se transformou imediatamente. Encontrando a sua intérprete ideal, começa a trabalhar com rigor, compondo obras magistrais como a Fantasia Brasileira nº 4, Sonatas para Piano 3 e 4, as 24 Valsas Brasileiras, os 13 Choros e os arranjos de obras de Nazareth para dois pianos e, criando com a Jô, o consagrado Duo Mignone.
A vida continuava serena e bela. As cartas só prosseguiram quando Mignone viajava, e ele se preocupava, e muito, pelo bem estar de sua amada Jô e da filhinha Anete. A última, datada do dia 18 de junho de 1977, trata-se de carta formal e direta.
Querida Jô:
Na Fermata chegamos às seguintes conclusões: Fermata quer gravar unicamente obras editadas por ela (antiga Artur Napoleão). O disco então vai sair nas seguintes condições: de um lado as minhas Nazarethianas tocadas por você…
Beijo carinhoso para você e Anete. – Seu Daddy
Franz
e Daddy
eram apelidos carinhosos dados por Maria Josephina ao seu amado.
Aqui deixo também o meu depoimento.
Convidado para um jantar no apartamento do casal, Mignone começou a improvisar uma valsa, usando o meu nome como tema. Ao terminar reclamei: Maestro, esta obra vai se perder e não temos como registrar este momento. Queria ter gravado esta valsa composta para mim
. Ao que Mignone, risonho e simpático como sempre, me respondeu: Ora Lauro, não se esqueça que todas as obras que criei, foram para você
.
Após o enterro de Mignone, no dia 19 de fevereiro de 1986, todos se retiraram. Ficamos com Maria Josephina, somente eu e Luiz Antônio de Almeida, o nosso grande amigo e pesquisador. Jô, triste e acabrunhada disse: Com a morte do meu querido, o duo não existe mais, acabou-se a minha carreira
. Ao que respondi imediatamente: "Acabou? Agora que vai começar. Não se esqueça do árduo trabalho que você tem pela frente: Acabar os estudos das 24 Valsas Brasileiras e dos 13 Choros, que Mignone deixou