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Anjo do Fogo: Anjos Caídos
Anjo do Fogo: Anjos Caídos
Anjo do Fogo: Anjos Caídos
E-book289 páginas4 horas

Anjo do Fogo: Anjos Caídos

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Sobre este e-book

Meu nome é Darcy Anderson e sou amaldiçoada por um poder sombrio: sempre que minha vida está em perigo, algo dentro de mim evoca um fogo elementar para me proteger. Eu não consigo controlar isso.

Uma noite fui atacada em minha casa. O fogo ... ficou fora de controle. Eu sobrevivi ao inferno, mas minha casa ardeu até o chão - com meus pais dentro.

Eu não sabia explicar à justiça o que aconteceu, então eles me mandaram para a prisão por dez anos por homicídio culposo.

Agora estou em liberdade condicional e tudo o que quero é voltar para minha cidade natal e reconstruir minha vida; mas o homem que me atacou está de volta para terminar o trabalho que havia começado.

Eu posso sentir o poder em mim crescendo. Se eu não puder controlar, isso vai me controlar e destruir tudo - e todo mundo - que eu amo.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de set. de 2019
ISBN9781071504628
Anjo do Fogo: Anjos Caídos
Autor

Valmore Daniels

Valmore Daniels has lived on the coasts of the Atlantic, Pacific, and Arctic Oceans, and dozens of points in between. An insatiable thirst for new experiences has led him to work in several fields, including legal research, elderly care, oil & gas administration, web design, government service, human resources, and retail business management. His enthusiasm for travel is only surpassed by his passion for telling tall tales.

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    Pré-visualização do livro

    Anjo do Fogo - Valmore Daniels

    Table of Contents

    Anjo do Fogo

    Capítulo Um

    Capítulo Dois

    Capítulo Três

    Capítulo Quatro

    Capítulo Cinco

    Capítulo Seis

    Capítulo Sete

    Capítulo Oito

    Capítulo Nove

    Capítulo Dez

    Capítulo Onze

    Capítulo Doze

    Capítulo Treze

    Capítulo Quatorze

    Capítulo Quinze

    Capítulo Dezesseis

    Capítulo Dezessete

    Capítulo Dezoito

    Capítulo Dezenove

    Capítulo Vinte

    Capítulo Vinte Um

    Capítulo Vinte e Dois

    Capítulo Vinte e Três

    Capítulo Vinte e Quatro

    Capítulo Vinte e Cinco

    Capítulo Vinte e Seis

    Capítulo Vinte e Sete

    Capítulo Vinte e Oito

    Capítulo Vinte e Nove

    Capítulo Trinta

    Epílogo

    Sobre o Autor

    Sobre o Tradutor

    Anjo do Fogo

    por Valmore Daniels

    Isto é uma obra puramente de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produto da imaginação do autor ou são usados ficticiamente. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência. Este livro não pode ser revendido ou distribuído sem permissão por escrito do autor. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, copiada ou distribuída de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico passado, presente ou futuro.

    Copyright © 2011-14 por Valmore Daniels. Todos os direitos reservados.

    Anjos Caídos

    Anjo do Fogo

    Anjo do Ar

    Anjo da Terra

    Anjo da Água

    Anjo do Escuridão

    O Livro Completo

    Visite-o em: ValmoreDaniels.com

    Distribuído por Babelcube, Inc.

    www.babelcube.com

    Babelcube Books e Babelcube são marcas comerciais da Babelcube Inc.

    Capítulo Um

    Quia ecce Dominus in igne veniet, et quasi turbo quadrigæ ejus: reddere in indignatione furorem suum, et increpationem suam in flamma ignis.

    (Porque, eis que o Senhor virá com fogo; e os seus carros como um torvelinho; para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo.)

    —Isaías 66:15

    Eu acordei em um mundo de fogo e cinzas.

    Forçando meus olhos a ficarem abertos, desejei que a névoa em minha cabeça sumisse. Meus pulmões gritavam por ar, e eu abri minha boca para respirar, mas a fumaça grossa arranhou minha garganta. Ofegante com o esforço, de alguma forma, consegui colocar meus braços ao meu lado e levantar minha cabeça do chão.

    Através da cortina de cabelo na frente do meu rosto, meus olhos foram atraídos para uma aliança branca de casamento que brilhava intensamente no tapete carbonizado, mas o fogo crepitante arrastou minha atenção imediatamente para longe.

    As paredes de gesso do porão estavam descascando e derretiam sob a raiva do inferno. Crepitando e protestando, a mesa de centro barata de pinho na minha frente entrou em colapso. O tecido e as almofadas do enorme sofá foram totalmente consumidos, deixando nada mais do que o esqueleto preto em ruínas de sua estrutura de madeira.

    O intenso calor banhava minha pele enquanto o fogo consumia a beira do tapete em que eu estava, mas o meu primeiro pensamento não foi para minha própria segurança.

    Mãe! Pai!

    Era como se lâminas de barbear rasgassem meus pulmões e eu não conseguia emitir outro som. Um manto escuro do nada começou a rastejar sobre mim mais uma vez. A fumaça espessa no cômodo turvava minha visão.

    Um estrondo trovejou do outro lado do cômodo e me trouxe de volta à consciência. Lascas se espalhavam pelo chão enquanto a lâmina vermelha de um machado atravessava a porta. Mais um golpe foi dado até que conseguiu romper a porta e uma forma volumosa abriu caminho pela fumaça.

    O intruso correu até mim, com os braços esticados. Dedos fortes tentavam encostar na minha garganta. Tentando me proteger com o braço, soltei um grito de pânico.

    Darcy! A voz do homem saiu abafada através de uma máscara de plástico e ventilada, mas eu o reconheci como Hank Hrzinski, o chefe dos bombeiros. Você está ferida? ele gritou. Você se queimou?

    Sem esperar por uma resposta, ele me levantou do chão e me colocou em seus ombros. Fazendo o melhor que podia para me proteger das cinzas e dos destroços em chamas, ele voltou pelo caminho que havia feito para sair da casa. Eu perdia e recuperava a consciência. A fumaça queimava meus pulmões, e o movimento irregular que o chefe dos bombeiros fazia enquanto me carregava quase me fez vomitar.

    Lá fora, o ar frio me esbofeteou. Engoli e imediatamente comecei a expelir catarro e cinzas. O chefe Hrzinski me tirou de suas costas, me colocando no gramado da frente, foi quando um paramédico colocou em mim uma máscara com um tanque de oxigênio.

    Eu estava vagamente ciente de ouvir vozes gritando e silhuetas agitadas enquanto uma equipe de bombeiros lutava contra o incêndio. Os jatos de água de seis mangueiras desapareciam no fogo que consumia a casa.

    O teto quebrou e, com um rugido, entrou em colapso.

    Eu me esforcei para ficar de pé. Mãe! eu gritei. Pai!

    Alguém agarrou meus ombros e me forçou a sentar novamente.

    Mãe!

    ***

    Eu não sou sua mãe. Eu saí da cama desorientada. Meus lençóis estavam bagunçados e emaranhados ao redor dos meus pés, e minha camisa estava encharcada de suor.

    O que restava do meu pesadelo sumiu quando pisquei e olhei ao redor. As paredes familiares da minha cela eram tão cinzentas quanto desagradáveis, desde o primeiro dia que cheguei ao Centro Para Mulheres Do Arizona dez anos atrás.

    Pairando sobre mim estava o austero rosto de Jerry Niles, um dos guardas prisionais mais desprezíveis do nosso bloco de celas. Por anos tive que suportar suas piadas grosseiras e insinuações rudes.

    "Mas quem sabe, eu poderia ser o seu papai." acrescentou ele com um olhar malicioso que fez o meu estômago revirar. A memória dos meus pais mortos voltou e eu tive que lutar para evitar que meus olhos lacrimejassem.

    Puxei os lençóis para cobrir minhas pernas. O que você quer? eu disse. Você não deveria estar aqui antes do amanhecer. Uma rápida olhada pela janela confirmou que ainda não havia amanhecido.

    Warden disse para te levar ao processamento mais cedo. Ele quer que você saia daqui antes que amanheça. Diz que é melhor para todas as outras que ficarão para trás. Não quer lembrar a elas que existe um outro mundo do lado de fora.

    Tudo bem, tudo bem. enfiei uma mecha de cabelo solta atrás da minha orelha. Só me dê um minuto para eu me arrumar.

    Eu vou ajudo você a se vestir. ele se ofereceu com um sorriso doentio.

    Estremeci com o pensamento e senti uma onda de raiva me percorrer.

    Mantenha a calma!

    Eu consigo sozinha. eu disse em voz baixa.

    Ele olhou mais de perto para mim. O que foi isso?

    Nada!

    Não me venha com essa besteira. Você está me respondendo?

    Dei uma sacudida rápida negativamente com a cabeça. Não senhor.

    Minha resposta foi automática. Obediência era algo que eles exercitavam desde o início. Eles lhe diziam quando dormir e quando acordar, quando tomar banho e quando comer, e depois de um tempo, você acaba por se render a eles.

    Mas hoje eu sairia em liberdade condicional. Teria que aprender a tomar decisões por mim mesma, e não pular toda vez que alguém gritasse uma ordem.

    Reuni alguma coragem, levantei minhas sobrancelhas e acenei para que ele saísse da cela. Bem, você vai me dar um pouco de privacidade?

    Como uma cascavel pronta para dar o bote, Jerry se aproximou abruptamente do meu rosto, ficando cara a cara comigo.

    Não me provoque, Darcy. Você ainda não saiu, e muita coisa pode acontecer entre agora e a sua saída.

    Cerrei meus punhos, colocando-os debaixo do cobertor.

    Minha língua pode provar.

    Fechando os olhos, senti-me rígida como uma estátua, como se ignorá-lo o fizesse desaparecer magicamente.

    Minha boca pode sorrir.

    Que maluquice. disse Jerry. Você deve estar louca da cabeça.

    No beliche acima de mim, minha companheira de cela mudou de posição durante o sono e murmurou alguma coisa.

    Olhando de relance na direção de onde vinha o barulho, Jerry se endireitou e deu um passo para trás. Curvando os lábios com uma cara de desgosto, ele gritou: Se viste. Como eu disse, Warden quer você fora daqui hoje, sua maldita incendiária. Todos nós queremos.

    Abri meus olhos quando ele saiu da cela. Ele havia deixado a porta da cela aberta, mas permaneceu do lado de fora de guarda, apenas fora de vista.

    Eu estou no controle. disse a mim mesma enquanto soltava os lençóis da cama de um aperto sufocante.

    Manchas escuras marcavam o pano onde meus dedos haviam agarrado o material.

    Capítulo Dois

    Eu fiquei parada no ponto de ônibus do lado de fora em frente aos portões da prisão e coloquei meus braços em volta do meu peito.

    Quase nunca chovia no sul do Arizona e, quando isso acontecia, não durava muito tempo. Claro, hoje a chuva caiu forte o dia inteiro. Eu prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, e sempre que movia minha cabeça, os fios molhados corriam ao longo da pele nua do meu pescoço e enviavam calafrios pela minha espinha. Minha respiração saia como nuvens de fumaça no ar da manhã.

    Silenciosamente rezei para que o sol saísse enquanto olhava a estrada com olhos assustados.

    Um carro veio em alta velocidade e passou por cima de uma poça d’água. Pulei para trás, mas uma enorme quantidade de água espalhou-se por todo o meu jeans e tênis.

    Merda! eu gritei. Mostrei ao motorista o dedo do meio e ele me mostrou o seu, antes que seu carro virasse a esquina.

    Babaca!

    Tentando me manter aquecida, segurei o colarinho da minha jaqueta ao redor do meu pescoço. Olhando para as nuvens escuras, amaldiçoei-as silenciosamente. Ao mesmo tempo, não pude deixar de me perguntar se havia alguma ligação entre o mau tempo e minha saída da prisão. Ou talvez eu estivesse apenas louca e imaginando que o mundo aqui fora estava me punindo.

    Assim que avistei um raio de sol entre as nuvens, um barulho estridente de freio de um Greyhound me assustou e soltei um grito. Depois que coloquei meu coração de volta no meu peito, me abaixei e peguei minha bolsa.

    Um motorista de meia-idade desceu do ônibus enquanto cobria a cabeça calva com um boné.

    Você vai embarcar? ele perguntou, me dando um olhar de expectativa. Eu balancei afirmativamente a cabeça e passei minha bolsa para ele. Ele abriu uma porta na lateral do ônibus e, reclamando, jogou minha bolsa lá dentro.

    Dei um passo em direção à porta, mas o motorista pigarreou.

    Bilhete? ele perguntou.

    Hã? Oh, sim.

    Eu me atrapalhei procurando em meus bolsos o bilhete enquanto tentava ignorar seu olhar impaciente. Depois de um momento, achei o bilhete e o entreguei. Ele acenou para mim, subi o pequeno lance de escada do ônibus … e congelei.

    Pela primeira vez em dez anos, vi-me diante de um grupo de desconhecidos. Meu coração disparou, fiquei com falta de ar e a náusea tomou conta de mim.

    Senti os olhos de todos em mim, irritados e acusadores. Eles me conheciam? Sabiam do meu passado? Sabiam do meu tormento?

    Senhora! era o motorista. Ele fez um movimento com a mão para que eu entrasse e resmungou.

    Tentei respirar, mas a ansiedade me dominou.

    Nós temos horário. disse ele com uma voz aborrecida.

    De certa forma, isso ajudou a me acalmar. Isso me lembrou que mesmo no grande e caótico mundo exterior, em todos os lugares que você vai e tudo o que você faz, é por causa de algum tipo de rotina, e eu achei isso muito reconfortante. Lá dentro, cada minuto de cada dia é regulado, e você acaba por se render a ele.

    Lentamente, recuperei a compostura e me preparei para me juntar aos desconhecidos do ônibus.

    Pelo que pude ver, os únicos dois assentos que ainda estavam desocupados estavam na última fileira, em cada lado do corredor. Apenas um tinha janela.

    O motorista do ônibus fechou a porta e acomodou-se em seu acento. Pisou no acelerador e o ônibus deu um solavanco. Agarrei a barra na parte de cima do ônibus, antes que eu caísse de cara e, amaldiçoando baixinho o motorista, andei pelo corredor.

    Duas mulheres idosas me encaravam com os rostos fechados. Forcei meus olhos a olharem para frente, mas não consegui desviar meus ouvidos. A velhota de cabelos azuis sentada ao lado da janela tentou manter a voz baixa, mas eu a ouvi de qualquer maneira.

    Eu não sei por que eles deixam essas mulheres pegarem o ônibus. Deveria haver uma regra.

    Quando passei, levantei meu queixo e fingi não ouvir. Eu disse a mim mesma para não deixar que isso me atingisse, mas então sua companheira de cabelo prateado apertou sua bolsa com força em seus braços gordos.

    Eu gritei: Não precisa se preocupar com a sua bolsa, senhora. Eu não estava presa por roubo, eu estava presa por homicídio culposo!

    Ambas ofegaram espantadas, mas eu não pude deixar de sentir um certo prazer com a reação delas. Deixei que aquilo me afetasse, e isso era algo que eu havia jurado que não iria deixar que acontecesse.

    Passei por elas e ignorei o súbito interesse dos passageiros que me ouviram. A todo o tempo, eu dizia a mim mesma para eu me acalmar. Haveria mais conflitos nos próximos dias, e se eu não conseguia ignorar duas velhas fofoqueiras, como conseguiria me controlar pelo resto da minha vida?

    Tive uma súbita vontade de me virar e correr de volta para os braços reconfortantes da prisão. Em vez disso, fui até o assento que tinha janela, sentei-me e olhei para fora enquanto o ônibus entrava em um mundo estranho e assustador da minha liberdade recém conquistada.

    Não deixei ninguém ver que eu tinha lágrimas caindo dos meus olhos. Não deixei ninguém saber que, por dentro, eu era apenas uma garotinha assustada que não queria nada mais do que ter alguém que me pegasse em seus braços e dissesse: Tudo vai ficar bem. O que eu queria e o que eu conseguiria eram duas coisas diferentes.

    Conheci muitas pessoas cruéis e mesquinhas em minha vida, e se você mostrasse a elas até mesmo uma pequena rachadura em sua armadura, elas veriam sua fraqueza e atacariam. O ódio, o desentendimento, o medo e a intolerância corriam soltos entre estranhos, e se você deixar que chegue até você, isso te destruiria.

    Os passageiros no ônibus irradiavam tudo isso, desde a indiferença de um lado até completa animosidade do outro. Mas eu tinha que ser forte. Eu tinha que ser firme. Eu tinha que ser tão dura quanto pedra.

    Como uma criança com medo de escuro, disse a mim mesma, repetidas vezes, para ser corajosa.

    Tinha coisa muito pior à minha frente:

    Eu estava indo para casa.

    Capítulo Três

    Enquanto o ônibus ia pela estrada, ele passava por pequenas cidades, fazendas, ranchos, armazéns decrépitos e postos de gasolina e minha ansiedade lentamente foi desaparecendo.

    Eu absorvia tudo o que via. Bebia as cores e os contrastes. Olhava para os passageiros dos carros e das minivans. Deixei minha imaginação correr solta com a noção de que todas as possibilidades estavam à minha frente. O futuro era vasto, assim como a estrada à nossa frente, e eu me senti tonta com os pensamentos de como minha vida poderia ser maravilhosa.

    Sem dúvida, meus companheiros de viagem se perguntavam se eu tinha vindo de algum tipo diferente de instituição, do jeito que eu sorria como um idiota quando vi uma manada de cavalos com seus potros brincando em um campo gramado.

    Não me importei. Deixe-os pensar o que quiserem. Eu estava livre e, embora temesse ir para casa, estava ansiosa para começar de novo e reconstruir minha vida. O destino me deu uma segunda chance de fazer as coisas direito, e desta vez eu estava determinada a fazer exatamente isso.

    Uma pequena onda de incerteza passou por mim, quando passamos por uma placa de trânsito: Bem-vindo a Middleton, AZ. (pop. 2628).

    Começar tudo de novo seria bom, e meu conselheiro de reintegração social na prisão me encorajou a reparar meu relacionamento com minha família, em vez de me mudar para uma nova cidade e começar do zero.

    Fugir é simplesmente evitar os problemas em sua vida. ele me disse. A única maneira de resolver os problemas em seu passado é enfrentar eles no presente.

    Essa onda de incerteza transformou-se em uma profunda sensação de desconforto. Eu tinha alguns problemas muito grandes para resolver. Por exemplo, meu tio, Edward, não havia falado mais do que duas palavras seguidas comigo nos últimos dez anos.

    O motorista do ônibus começou a desacelerar enquanto nos aproximamos do estacionamento empoeirado do Motel Lazy Z … um prédio antigo, de um único nível, disposto ao lado da rodovia.

    O ônibus entrou no estacionamento e inesperadamente parou sem aviso prévio, fazendo com que eu fosse jogada na parte de trás do assento da minha frente. A mochila de alguém caiu do bagageiro, dando a um passageiro um começo desagradável; e uma lata de refrigerante meio cheia, derramou líquido sobre os tênis de uma jovem mulher.

    Depois de abrir a porta, o motorista, ignorando as reclamações dos passageiros, pegou uma prancheta e uma caneta e registrou seu progresso.

    Middleton. ele anunciou com uma voz desinteressada, enquanto ele se levantava do seu assento e descia os degraus.

    Eu fui a única a levantar. Todos os outros, pareciam que estavam indo para Flagstaff ou além.

    Ignorando os olhares das duas velhinhas, andei pelo corredor. Quando me aproximei da saída, respirei fundo. Por um curto período, o ônibus se tornou um refúgio seguro. Agora, como um passarinho recém-nascido deixando o ninho pela primeira vez, tive que reunir toda a bravura que podia e fazer esse salto para o vasto mundo para testar minhas asas.

    No topo da escada, vacilei. Não havia rede de segurança, ninguém para me pegar se eu caísse. Se desse mais um passo, estaria completamente sozinha.

    Atrás de mim, a velha de cabelos azuis revirou os olhos e soltou uma tosse impaciente.

    Do lado de fora, o motorista colocou minha bolsa sem a menor cerimônia no cascalho, levantando uma pequena nuvem de poeira.

    Sua parada?

    Balancei a cabeça e dei o meu primeiro passo real para a liberdade, mas um único passo foi tudo o que consegui dar.

    Respirando fundo, me centrei. Tive que reunir minha coragem e encarar o presente. Você pode ir mais depressa, senhora? disse o motorista.

    Eu sorri sem graça e dei outro passo para longe do ônibus, dando a ele espaço suficiente para manobrar seu corpo para dentro. A porta se fechou com um som estridente. Não havia como voltar atrás.

    Depois de muito tempo que o ônibus se afastou, eu ainda permanecia de pé no acostamento da estrada, minha bolsa aos meus pés e meu coração na garganta.

    ***

    O Motel Lazy Z estava exatamente como eu me lembrava, e sua familiaridade foi o suficiente para me fazer entrar em movimento. Ergui minha bolsa e entrei na recepção do motel.

    Preparando-me para o pior, fiquei impressionada com o inesperado: não havia ninguém lá.

    A recepção, no entanto, era um desastre total. Os papéis estavam espalhados por cima de todo o balcão, os fichários estavam empilhados em cima de pastas e revistas. Um telefone antigo com um teclado rotativo estava manchado com a sujeira de milhares de dedos oleosos, e um livro de visitas mofado estava aberto em uma página que tinha mais manchas de café do que assinaturas. Ao lado de um antigo monitor de computador, uma pilha de mapas antigos aguardava ainda ser comprada, o que nunca havia acontecido. Uma mosca zunindo voava em cima de uma tigela de doces desembrulhados, como se tivesse medo de uma possível armadilha.

    A recepção em si era pequena e apertada, e metade dela era como se fosse um lounge para os clientes. Dois bancos compridos estavam encostados na parede, com almofadas cor de laranja esfarrapadas e empoeiradas. Uma mesa dobrável servia como uma estação de café, a única área que parecia bem cuidada e limpa. Uma antiga foto de um celeiro abandonado pairava sobre a máquina de café.

    Aproximei-me da mesa, deixei minha bolsa no chão e toquei a campainha prateada.

    Uma voz profunda precedeu o homem que vinha pela porta dos fundos: Já te atendo em um…

    Tio Edward era mais alto do que aparentava. Como muitas pessoas mais altas que as outras, seus ombros haviam se desenvolvido numa tentativa de parecer menos imponente. A pele do seu rosto magro estava desgastada pelo tempo. Ele estava no final dos seus cinquenta anos, mas poderia

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