Getúlio Vargas: A Biografia
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Getúlio Vargas - Edições LeBooks
HOMENS QUE MUDARAM O MUNDO
GETÚLIO VARGAS
1a edição
img1.jpgIsbn: 9788583863908
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Prefácio
Prezado Leitor
Getúlio Vargas (1883-1954) foi advogado, militar e político. Foi presidente da República por 19 anos, de 1930 a 1945, por via indireta e de 1951 a 1954 eleito pelo voto direto. A Era Vargas
foi marcada, ao mesmo tempo, por um período ditatorial e por um período democrático, além da criação de diversos direitos trabalhistas, entre eles, o salário mínimo, a carteira de trabalho e as férias anuais remuneradas. Populista, Getúlio foi chamado de o pai dos pobres
.
Getúlio Vargas foi o brasileiro que mais decisivamente moldou a vida do país no século XX. Amado, e odiado, por muitos, Getúlio foi Deputado Estadual, Deputado Federal, Ministro, Governador do Rio Grande do Sul, Presidente revolucionário, ditador e Presidente pelo voto popular — Getúlio foi a ponte entre o Brasil antigo e o Brasil de hoje. Trata-se, sem dúvida, de um dos maiores personagens de nossa história.
Uma excelente e proveitosa leitura.
LeBooks Editora
img2.jpg…Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.
Getúlio Vargas – Últimas palavras da Carta Testamento
GETÚLIO VARGAS
Sumário
01 – O homem e sua sombra
02 – Terra de malquerenças
03 – Chimangos e maragatos
04 – O conciliador
05 – O aprendizado do maquiavelismo
06 – Tempo de manobras
07 – A arte do equilibrista
08 – O último caudilho
09 – Da vida para a História
10 – A Carta Testamento de Getúlio Vargas
Consequências do suicídio e reações populares
Cronologia
Frases sobre Getúlio
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01 – O homem e sua sombra
Dele se pode dizer, sem exagero, que foi o brasileiro que mais decisivamente moldou a vida de seu país no século XX. Deputado estadual, deputado federal, ministro, governador do Rio Grande do Sul, presidente revolucionário, ditador, presidente pelo voto popular — Getúlio foi a ponte entre o Brasil antigo e o Brasil de hoje. Sua passagem pela política brasileira fez a diferença entre o Brasil arcaico, rural, de economia puramente reflexa, e o Brasil moderno, que tem seus problemas mas tem também o potencial de tomar-se uma nação progressista e civilizada. Mas quem foi esse homem? Como desprender sua figura do cipoal de acusações e louvores que sempre o cercou? Quais são as fases e momentos marcantes de sua vida?
O divisor de águas na vida de um líder político nem sempre é o momento empolgante, o gesto dramático. Pode ser um instante de reflexão e de autoconhecimento. Parece ser este o caso de Getúlio Vargas. Numa carta enviada de Corumbá a um amigo gaúcho, em 1903, Getúlio confessa seu desencanto com a carreira militar e manifesta seu desejo de voltar a Porto Alegre para estudar Direito. Começava aí a livrar-se dos condicionamentos de seu mundo infantil, daquele meio que tanto prezava as virtudes guerreiras, e a colocar um pé na política. Seguindo essa trilha, chegaria à pacificação política do Rio Grande, que era por sua vez a condição sine qua non para transformar esse Estado numa força de primeira grandeza, capaz de efetivamente pleitear a chefia do governo federal.
Alçado ao governo de seu Estado, em 1928, e em seguida à condição de chefe da Revolução vitoriosa, Getúlio não demoraria a perceber que tinha pela frente um segundo aprendizado. O Brasil daqueles tempos assentava-se em instituições políticas ainda mais frágeis que as de hoje. O título formal de presidente da República estava longe de garantir o efetivo exercício do poder. A simples permanência no cargo era um exercício cotidiano de equilíbrio em terreno movediço. Quem quisesse manter o país unido e orientá-lo no sentido do progresso econômico teria de assimilar, em maior ou menor medida, as artes do maquiavelismo, vale dizer, as manhas mais cruas do poder, e saber como canalizá-las para a construção do Estado.
A implantação do regime ditatorial, em 10 de novembro de 1937, já corresponde a uma terceira fase na trajetória de Getúlio Vargas. Reflete uma habilidade consumada no manejo do poder, mas também as deformações psicológicas e ideológicas do próprio aprendizado. Combinando um oportunismo cínico com o realismo resignado de quem pressente a proximidade da guerra, Getúlio assumiu a responsabilidade da formalização de uma ditadura — a primeira em nossa história.
A quarta fase tem início com a deposição do ditador, em outubro de 1945, e prossegue com sua volta quatro anos depois, legitimado pelo voto popular. O Brasil havia mudado muito, e Getúlio também. Aos 68 anos, parecia um homem amadurecido, mais transigente, compreendendo melhor e aceitando os limites que o regime democrático impõe ao exercício do poder. Dono de uma enorme popularidade, parecia apto a canalizar essa afeição para o fortalecimento das instituições políticas. Talvez tenha sido essa uma das maiores chances da democracia brasileira. O ator principal parecia excelente, o elenco coadjuvante não era de todo mau; mas o script trazia em seu bojo a carga negativa que se acumulara entre 1930 e 1945, da Revolução à ditadura. Em 24 de agosto de 1954, Getúlio escolheu o caminho que o levaria da vida para a História.
02 – Terra de malquerenças
Nem parecia coisa do Getúlio. Era uma carta melancólica, cheia de decepção e tédio. Integrado ao 25? Batalhão de Infantaria, em 1903, Getúlio não via a hora de voltar ao Rio Grande do Sul e abandonar de vez a carreira militar. Começava a compreender, pela primeira vez, que esse fora um sonho meio postiço, uma decorrência de sua formação, do meio em que vivera, dos heróis de carne e osso cujas histórias ouvira e a quem aprendera a admirar. O maior desses heróis era sem dúvida seu pai, Manuel do Nascimento Vargas. O velho Manuel lutara na Guerra do Paraguai e ostentava o título de general honorário do Exército brasileiro. Estancieiro, era agora o chefe do Partido Republicano Rio-grandense, o orgulhoso PRR de Borges de Medeiros, na pequena São Borja, cidade localizada na margem esquerda do rio Uruguai e que ali assinala a fronteira com a Argentina.
Durante quase dois séculos, ajuntamentos improvisados se batiam naquela fronteira, sempre sob o comando de homens altivos e destemidos, aos quais se dava o nome genérico de caudilhos. O traço constante dessas lutas fronteiriças era sua extrema violência. Em muitas delas o objetivo era a proteção contra os espanhóis
. Zona de colonização jesuítica, reivindicada pelo Brasil em meados do século XVIII, o chamado território das Missões tardou