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PRÁTICAS EDUCATIVAS: ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NA REGIÃO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS
PRÁTICAS EDUCATIVAS: ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NA REGIÃO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS
PRÁTICAS EDUCATIVAS: ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NA REGIÃO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS
E-book404 páginas4 horas

PRÁTICAS EDUCATIVAS: ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NA REGIÃO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

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Sobre este e-book

Com muita satisfação recebi o convite para prefaciar o livro PRÁTICAS Educativas- Abordagens Multidisciplinares na Região Sul do Estado do Tocantins. Os autores (as) apresentam relatos de experiências e novas potencialidades para os contextos formativos, sobretudo reflexões que possibilitem repensar as práticas educativas da educação básica e superior.
É com imenso prazer que faço o prefácio, não só pela atualidade e relevância do tema, pelo qual sempre me interessei, mas também pelo respeito e admiração que tenho pelos autores desta obra, cujas posturas éticas, reveladas em suas atuações profissionais e comprovadas nas suas atividades acadêmicas que sempre se pautaram no exemplo do compromisso com a educação formal no país.
O tema central deste livro é a prática educativa. É composto por nove capítulos que trazem análises e reflexões de abordagens multidisciplinares sob vários enfoques, conforme as opções investigativas dos seus autores.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de dez. de 2019
ISBN9788540029057
PRÁTICAS EDUCATIVAS: ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NA REGIÃO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

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    PRÁTICAS EDUCATIVAS - Rise Consolação Iuata Costa Rank

    Muniz

    CAPÍTULO 1

    PRÁTICAS EDUCATIVAS E TECNOLOGIA ASSISTIVA: A EDUCAÇÃO FÍSICA EM FOCO

    Lucilene Gomes da Silva¹

    1 Graduada em Educação Física, Mestre, Docente da Universidade de Gurupi - UnirG.

    Layson Pimentel da Silva²

    2 Graduado em Educação Física pela Universidade de Gurupi - UnirG.

    Magna Milhomem Lima³

    3 Graduado em Educação Física pela Universidade de Gurupi – UnirG.

    Para pensar a prática educativa de professores de Educação Física com vistas à inclusão de alunos com deficiência é importante, inicialmente, refletir o significado do termo prática educativa, para que assim se possa alcançar êxito frente a esse desafio que é a inclusão, recorrendo a Sacristán (1999):

    A prática educativa é algo mais do que a expressão do ofício dos professores, é algo que não lhes pertence por inteiro, mas um traço cultural compartilhado, assim como o médico não possui o domínio de todas as ações para favorecer a saúde, mas a partilha com outros agentes, algumas vezes em relação de complementaridade e de colaboração, e em outras, em relação de atribuições. A prática educativa tem sua gênese em outras práticas que interagem com o sistema escolar, e, além disso, é devedora de si mesma, de seu passado (SACRISTÁN, 1999, P.91).

    Nesse sentido, na atualidade, as escolas regulares têm se empenhado para conduzir a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente educacional por meio do conhecimento e metodologias próprias para cada tipo de deficiência que existe, propostas curriculares para garantir processos de ensino e aprendizagem que atendam às especificidades e diferenças apresentadas pelos alunos. Nesse contexto a Educação Física não fica alheia a estes esforços, esta também é vista como área do conhecimento que complementa e colabora com este processo.

    A educação inclusiva tem sido, de acordo com Pacheco (2007), citado por Magalhães, Cunha e Silva (2013) debatida nas esferas da justiça social, pedagogia, reestruturação escolar, melhorias de programas e atendimentos. Nos aspectos da legalidade ela se direciona aos valores de igualdade e aceitação. E nos aspectos das práticas pedagógicas uma escola inclusiva precisa aderir a uma abordagem mais diversificada, flexível e colaborativa do que de uma escola tradicional.

    Vale ressaltar um dado apontado por Rodrigues (2006) que a Educação Física pode ser uma disciplina escolar que tanto pode contribuir quanto pode vir a ser um empecilho nesse processo de inclusão de pessoas com deficiência. O autor explica que, quanto ao fator de favorecimento, temos a diversidade de conteúdos que a área possui comparada às outras disciplinas escolares, como: danças, jogos, ginásticas, esportes coletivos e individuais. Por outro lado, pode ser desfavorável por causa das dificuldades de adaptações para incluir alunos com deficiência, mesmo, diante dessa gama de conteúdos, e que nem sempre são fáceis, além do que, ainda se fazem muito presentes questões como: aparência física, rendimento e desempenho nesse meio esportivo.

    Assim, ao abordar o tema deficiência com professores de Educação Física, no contexto do ensino regular, este não é um assunto tranquilo de se dialogar e as razões dessas dificuldades perpassam por uma série de fatores que vão desde a formação profissional até as condições estruturais escolares.

    Fiorini e Manzini (2014) apresentam um levantamento de pesquisas na área da inclusão nas aulas de Educação Física que sinaliza as principais dificuldades dos professores como, por exemplo, a pesquisa de Brito e Lima, 2012; Fiorini, 2011; Cruz, 2008; Falkenbach et al., 2008, os quais apontam despreparo profissional advindo de uma formação acadêmica frágil.

    São dificuldades que vem sendo debatidas nessas duas últimas décadas no meio acadêmico e têm gerado pesquisas científicas, as quais apresentam alternativas pedagógicas para auxiliar os professores das mais variadas áreas de atuação do ensino regular. E a Tecnologia Assistiva (TA) é apontada como um desses caminhos favoráveis a serem adotados para se possibilitar a inclusão de alunos com deficiência.

    A Tecnologia Assistiva (TA) de acordo com Ferreira e Ranieri (2016) representa a adoção de recursos, estratégias, serviços e equipamentos que possibilitam às pessoas com deficiência a garantia de participação nas aulas com autonomia, independência e a obtenção de uma melhora na qualidade de vida. A (TA) na Educação Física pode ser usada a partir de adaptações nas regras, atividades, no ambiente ou nos materiais.

    BASES CONCEITUAIS SOBRE TECNOLOGIA ASSISTIVA (TA)

    A Tecnologia Assistiva (TA) é uma nova área do conhecimento e de pesquisa que tem sido considerada como um meio muito favorável para se garantir a inclusão de pessoas deficientes na sociedade como um todo e também no ambiente educacional.

    De acordo com a proposta do Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República: Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (CAT, 2007).

    A autora Bersch (2013) apresenta uma compreensão clara que auxilia no entendimento, num sentido amplo, de como utilizamos recursos materiais para tornar nossa vida mais fácil. Segundo a autora, cotidianamente fazemos uso de ferramentas que simplificam e favorecem as atividades do dia a dia, como: usar talheres, computadores, controle remoto, canetas, automóveis, relógios e celulares.

    Para Bersch &Tonolli, (2006) citado por Bersch (2013, p. 2):

    Tecnologia Assistiva - TA é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover vida independente e inclusão.

    Nesse sentido, os recursos e a tecnologia auxiliam de modo a deixarem a vida cotidiana mais fácil para as pessoas com deficiência, estes, muito mais que tornar a vida mais fácil, fazem ela se tornar possível.

    Bersch (2013) coloca que o uso da TA permite a ampliação de uma habilidade funcional deficitária seja por uma deficiência ou pelo envelhecimento permitindo a realização da função desejada.

    Dessa forma, o objetivo da TA é proporcionar à pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho (BERSCH, 2013 P. 2)

    Os recursos da TA são classificados de acordo com os objetivos funcionais a que se destinam. Esta classificação seguiu uma trajetória de debates e compreensões diversificadas entre as instituições e órgãos competentes de certificações em vários países como nos Estados Unidos e países da União Europeia. Já de acordo com Bersch (2013) que seguindo o American With Disabilities Act (ADA), órgão regulador dos direitos da pessoa com deficiência nos Estados Unidos da América, classifica os recursos da TA em: auxílios para a vida diária e vida prática; comunicação aumentativa e alternativa -CAA; recursos de acessibilidade ao computador; sistemas de controle de ambiente; projetos arquitetônicos para acessibilidade; órteses e próteses; adequação postural; auxílios de mobilidade; auxílios para qualificação da habilidade visual e recursos que ampliam a informação a pessoas com baixa visão ou cegas; auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo; mobilidade em veículos; esporte e lazer. Especificamente Bersch (2013) descreve cada categoria:

    Auxílios para a vida diária e vida prática

    São equipamentos que auxiliam as pessoas como: se alimentar com talheres adaptados, cozinhar, vestir-se, com abotoadores modificados, velcros, tomar banho e executar necessidades pessoais, barra de apoio.

    Comunicação Aumentativa e Alternativa CAA

    São materiais voltados para pessoas com deficiência comunicativa sejam escrita ou falada, esses materiais são as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica (BLISS, PCS e outros), letras ou palavras escritas, utilizados pelo usuário da CAA para expressar suas questões, desejos, sentimentos, entendimentos. Computador e tablets com softwares específicos.

    Recursos de acessibilidade ao computador

    São ferramentas destinadas às pessoas com limitações visuais, auditivas, intelectuais e motoras. Esses recursos se configuram em hardware e software especialmente idealizado para tornar o computador acessível com dispositivos de entrada (mouses, teclados e acionadores diferenciados) e dispositivos de saída (sons, imagens, informações táteis). Permitem reconhecimento de voz, dispositivos apontadores que valorizam movimento de cabeça, movimento de olhos, ondas cerebrais (pensamento), órteses e ponteiras para digitação. Software para ajustes de cores e tamanhos das informações (efeito lupa), os softwares leitores de texto impresso (OCR), impressoras braile e linha braile, impressão em relevo.

    Sistemas de controle de ambiente

    São recursos pautados em controles remotos que permitem pessoas com limitações motoras a executarem com mais autonomia funções do cotidiano, são projetados para tornar as pessoas mais independentes nas ações de ligar e desligar aparelhos, acender luz, som, abrir e fechar portas e torneiras.

    Projetos arquitetônicos para acessibilidade

    São ações estruturais que podem ser realizadas no ambiente seja casa, escola ou trabalho para permitir a circulação de pessoas com mobilidade física e sensorial reduzida a ter autonomia, e isso pode acontecer por meio de instalação de rampas, elevadores, adaptações em banheiros e mobílias.

    Órteses e próteses

    São peças artificiais que buscam substituir partes ausentes do corpo (prótese) ou são colocadas junto ao segmento corporal para se ter uma melhora na função desse segmento (órtese).

    Adequação Postural

    São equipamentos que permitem uma melhor adequação postural seja por meio de cadeiras de rodas específicas por peso, medidas, flexibilidade de acordo com a limitação músculo esquelética. São também almofadas e estabilizadores ortostáticos.

    Auxílios de mobilidade

    São peças que facilitam a mobilidade conhecidos como bengalas, muletas, andadores, carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétricas, scooters.

    Auxílios para qualificação da habilidade visual e recursos que ampliam a informação a pessoas com baixa visão ou cegas

    São instrumentos que auxiliam permitindo uma melhor condição visual, como os Auxílios ópticos, lentes, lupas manuais e lupas eletrônicas; os softwares ampliadores de tela. Material gráfico com texturas e relevos, mapas e gráficos táteis, software OCR em celulares para identificação de texto informativo.

    Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo

    Equipamentos que existem para auxiliar no déficit de audição são eles: aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY), sistemas com alerta táctil-visual, celular com mensagens escritas e chamadas por vibração, software que favorece a comunicação ao telefone celular transformando em voz o texto digitado no celular e em texto a mensagem falada. Livros, textos e dicionários digitais em língua de sinais. Sistema de legendas (close-caption/subtitles).

    Mobilidade em veículos

    São recursos em forma de acessórios em que uma pessoa com deficiência física possa dirigir um automóvel instalando câmbios para marchas, freios adaptados facilitadores de embarque e desembarque como elevadores para cadeiras de rodas.

    Esporte e Lazer.

    São adaptações que favorecem a prática de esporte e participação em atividades de lazer, como cadeiras de rodas adaptadas, bolas com ruídos sonoros, dentre outros.

    EDUCAÇÃO FÍSICA A REALIDADE EM FOCO

    A prática educativa de professores de Educação Física que atuam no contexto escolar e que possuem em suas turmas alunos com deficiência é um tema crescente e que vem sendo estudado por muitos pesquisadores de várias universidades brasileiras. Estas versam especificamente sobre as dificuldades que estes professores passam por perspectivar um processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos da Educação Física de forma que todos possam participar.

    Fiorini e Manzini (2014) nos mostram que:

    As dificuldades não advêm apenas da área de conhecimento e da formação acadêmica. O ambiente escolar, segundo as pesquisas, possuía características administrativas e físicas que dificultaram a inclusão. Em termos administrativos, dificuldades quanto: 1) a falta de apoio da Direção (LAMASTER et al., 1998); 2) o número total de alunos em cada turma (MULLER, 2010); 3) o número de aulas de Educação Física (BRITO; LIMA, 2012); 4) a falta de horário, dentro da jornada de trabalho, para elaborar aulas adequadas à inclusão (FIORINI, 2011); 5) a ausência de um assistente (MORLEY et al., 2005). Dificuldade foi em relação à inadequação dos ambientes (ARAÚJO JÚNIOR; 2012). (FIORINI E MANZINI, 2014, P.388)

    Vem surgindo também, pesquisas quanto ao o uso que o professor de Educação Física faz das Tecnologias Assistivas (TA) em suas aulas, no entanto, é uma temática ainda muito nova e distante das práticas de ensino dos professores de Educação Física. Isso porque de acordo com Alves e Matsukura (2012), citado por Ferreira e Ranieri (2016), as atividades envolvendo o uso de TA são muito presentes em outras áreas como a Terapia Ocupacional, devido à formação acadêmica, no entanto outras áreas do conhecimento estão se voltando ao estudo e uso das TAs como a fisioterapia e a engenharia. Os autores afirmam a necessidade da área de Educação Física também se aprofundar nessa temática das TAs, uma vez que esta trabalha com atividades motoras diversificadas para seus alunos, esses com potencialidades e limitações também diversas.

    Em 2016, Silva e Lima desenvolveram uma pesquisa com professores de Educação Física da segunda fase do ensino fundamental da rede municipal de Gurupi – TO a partir da problemática: será que os professores de Educação Física adaptam recursos pedagógicos a partir da Tecnologia Assistiva como forma de garantir a inclusão de alunos com deficiência?

    A partir desse questionamento fizeram um diagnóstico conhecendo como estes professores ministravam aulas para alunos com deficiência, se conheciam formas de adaptar materiais pedagógicos que favorecessem o trabalho para alunos com deficiência; e se eram oportunizados meios de capacitação no âmbito da educação inclusiva.

    Metodologicamente o estudo se caracterizou como uma pesquisa de campo do tipo exploratória de natureza qualitativa. A amostra foi composta por cinco professores graduados em Educação Física que atuavam com turmas de 6º ao 9º ano do ensino fundamental, representando um professor para cada escola pesquisada. Utilizaram para coleta de dados uma entrevista estruturada, a qual contou com recurso de gravador. E as perguntas geradoras foram: 1ª pergunta: você possui alguma dificuldade para ministrar aulas para alunos com deficiência? Em caso positivo, quais são essas dificuldades? 2ª pergunta: você faz ou conhece alguma forma de adaptar materiais pedagógicos que favoreça o acesso para alunos com deficiência nas aulas de Educação Física? Em caso positivo, quais os tipos de adaptação? 3ª pergunta: você já participou de alguma capacitação no âmbito da educação inclusiva. Em caso positivo, qual foi à contribuição que você obteve para sua formação?

    A análise das informações baseou-se na técnica de Moreira, Simões & Porto (2005), designada como: Análise de Conteúdo: técnica de elaboração e análise das unidades de significados. E o trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Gurupi - UnirG (parecer número 1.502.651) e seguiu as orientações da lei 466/12 CNS, que regulamenta as pesquisas com seres humanos.

    Os resultados dos autores nos revelaram que:

    Quadro referente à pergunta nº1: você possui alguma dificuldade para ministrar aulas para alunos com deficiência? Em caso positivo, quais são essas dificuldades?

    Quadro referente à pergunta nº 2: você faz ou conhece alguma forma de adaptar materiais pedagógicos que favoreça o acesso para alunos com deficiência nas aulas de Educação Física? Em caso positivo, quais os tipos de adaptação?

    Quadro referente à pergunta nº 3 você já participou de alguma capacitação no âmbito da educação inclusiva. Em caso positivo, qual foi à contribuição que você obteve para sua formação?

    Os dados levantados nessa pesquisa desenvolvida por Silva e Lima (2016) revelam pontos que, assim como as pesquisas apresentadas por Fiorini e Manzini (2014), precisam ser debatidos com vistas a buscar meios para proporcionar que o professor de Educação Física possa atuar e consequentemente a inclusão de pessoas com deficiências seja de fato realizada. Nesse sentido, precisamos repensar a prática educativa.

    REPENSANDO A PRÁTICA EDUCATIVA

    Os dados apresentados pelas pesquisas mencionadas anteriormente podem ser considerados como o ponto de partida para se repensar a prática educativa inclusiva de professores de Educação Física, sendo assim, o primeiro passo para essa reflexão acredita-se que se encontra no âmbito da formação profissional.

    Nota-se nos dados apresentados por Lima e Silva (2016) que 80% dos professores apresentam dificuldades em ministrar aulas para alunos com deficiência. A primeira fonte de aquisição de conhecimento e desenvolvimento de competências e habilidades profissionais é adquirida durante a formação profissional inicial. Cruz e Ferreira (2005), citado por Ferreira e Ranieri (2016), sugerem que na formação profissional, disciplinas como Educação Física Adaptada devem aproximar os conteúdos da formação inicial com experiências práticas que envolvam alunos com deficiências. Sugere-se aqui, que essas experiências não fiquem apenas restritas a uma disciplina apenas, como as nomeadas: Educação Física Adaptada ou outras denominações. Estas discussões devem ser fomentadas transversalmente em todas as disciplinas que compõem as matrizes curriculares dos cursos de Educação Física.

    Por que não preparar o profissional para o ensino dos conteúdos da cultura corporal com embasamento teórico e experiências práticas voltadas para o ensino de alunos que possuem deficiências? Assim, estaria sendo oportunizado o aprendizado de estratégias de ensino riquíssimas, por exemplo: na dança, na ginástica, nos esportes, na natação dentre outros elementos que compõe a cultura corporal. E nessas, também poderia ser apresentado o uso das TAs como recurso facilitador do processo ensino e aprendizagem.

    Ressalta-se que essa é uma urgência na formação profissional que já vem sendo conclamada por vários estudiosos da área e que esta se associa com outras questões da ordem de legislação nacional para formação de professores de Educação Física que afetam diretamente a organização curricular dos cursos de formação profissional, discussão importante, porém, que fogem das esferas do presente estudo.

    O segundo passo dessa reflexão para se repensar a prática pedagógica dos professores de Educação Física será dado a partir das estratégias que os professores sujeitos da pesquisa de Lima e Silva (2016) revelaram. Práticas e estratégias que retratam as dificuldades de não saberem como adaptar as aulas necessitando fazerem uso de pinturas, mostrar bola e passar textos para copiar como forma de adaptação em suas aulas.

    São iniciativas que não garantem a inclusão, mas sim, a permanência segregada destes e dos demais, quando todos estão na quadra jogando, os alunos com deficiências estão fazendo outras atividades ainda que correlacionadas. É o que expressa S1 em uma situação de ensino com alunos deficientes visuais e cadeirantes: "Com o conteúdo voleibol eu trabalho mais com a parte da pintura para o aluno ter uma noção do que é uma quadra de voleibol, as adaptações ocorrem neste sentido".

    Há de se respeitar as iniciativas do professor nessas situações, o qual representa atitudes positivas ao tentar incluí-los, embora não sejam as mais assertivas. Nesse contexto, poderiam ser adotadas estratégias simples que vão ao encontro do que propõe a Tecnologia Assistiva, como o voleibol sentado, com rede mais baixa, uma estratégia interessante para incluir alunos cadeirantes ou deficientes físicos em esportes coletivos como o voleibol, além disso, Pereira e Teixeira (2012), diz em que alguns recursos assistivos para o ensino de conteúdos da Educação Física escolar já foram criados e podem ser produzidos de forma adaptada na escola. São exemplos deles: as bolas com guizos para alunos com deficiência visual, os cartões com símbolos para comunicação rápida com alunos que apresentam deficiência auditiva, entre outros recursos.

    A utilização de jogos respondida por 40 % dos sujeitos (S2; S3) é uma excelente ferramenta de ensino, pois estimula o raciocínio, coordenação motora e a memória e quando utilizado como recurso pedagógico torna o ensino mais prazeroso. A esse respeito, Marques (2013) argumenta que os jogos auxiliam na educação integral do aluno, participação, além de estimularem a comunicação dos alunos que possuem dificuldades de se expressar, fato esse que ocorre no autismo e na síndrome de down.

    A adaptação de regras, respondida por 20 % dos sujeitos (apenas pelo sujeito S3). É uma estratégia viável que a Tecnologia Assistiva propõe para favorecer a inclusão de alunos deficientes nas aulas de Educação Física, são várias possibilidades de adaptações que o professor pode utilizar, dentre elas: reduzir o tamanho da quadra, abaixar a rede, propor regras para aumentar o número de passes antes da finalização da jogada para favorecer a participação dos educandos que possuem dificuldades de socialização. Mas, apenas fazer adaptações nas regras não é suficiente para incluir o aluno deficiente nas aulas de Educação Física escolar. Nesta perspectiva Soller citado por Ferreira (2012) alerta que os professores desta área devem ter cuidado para não adaptarem demais as regras, pois esta atitude pode constranger o aluno que apresenta deficiência, segundo o autor, as adaptações devem ser feitas, mas os objetivos devem ser mantidos, com o cuidado para não adotar propostas competitivas, e sim criar um modelo de Educação Física escolar acolhedor, que ofereça propostas cooperativas e inclusivas.

    A elaboração de textos foi respondida por 20 % dos sujeitos (apenas pelo sujeito S4). O qual disse: "Na escola passada onde trabalhei, elaborava textos e pedia para eles copiarem, pois não conseguiam participar das atividades na quadra." Constata-se que essa ação relatada por esse sujeito, representa dificuldades em criar estratégias que consigam favorecer a inclusão. Essa estratégia de colocar o aluno com deficiência para copiar texto enquanto os demais estão na quadra com atividades práticas proporciona a exclusão, porque neste caso não foi oferecido aos alunos deficientes a mesma experiência de participar das atividades em quadra. Porém, respeita-se a iniciativa deste professor mesmo sabendo que a estratégia adotada não é inclusiva.

    Mostrar a bola foi respondido por 20 % dos sujeitos (apenas pelo sujeito S1). S1: "Costumo mostrar a bola para esses alunos. As adaptações acontecem mais ou menos neste sentido". Pode-se analisar que esse sujeito também possui dificuldades em relação as estratégias que consigam incluir os alunos deficientes nas aulas de Educação Física, porque a atitude de apenas mostrar a bola para o aluno deficiente não pode ser considerada uma estratégia inclusiva. Mas como já foi exposto anteriormente não se pode condenar as iniciativas apresentadas pelos professores, pois não conhecemos de fato a sua realidade. Sobre este assunto cabe o que Oliveira, citado por Gomes (2013), considera que muitos professores nas aulas de Educação Física com a desculpa de preservar os alunos deficientes adotam medidas equivocadas, como apenas explicar para o educando a dinâmica do jogo ou colocá-lo para ajudar na arbitragem, quando o desejo dele na maioria das vezes é participar das aulas juntamente com os outros alunos, com isso, o professor não explora as potencialidades do aluno deficiente, muita vezes, por insegurança ou falta de conhecimento.

    O terceiro e último passo que se levanta aqui para reflexão consiste em analisar a formação continuada

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