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Educação jesuítica e teoria da complexidade: relações e práticas na formação de professores
Educação jesuítica e teoria da complexidade: relações e práticas na formação de professores
Educação jesuítica e teoria da complexidade: relações e práticas na formação de professores
E-book236 páginas9 horas

Educação jesuítica e teoria da complexidade: relações e práticas na formação de professores

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Sobre este e-book

Educação jesuítica e teoria da complexidade: relações e práticas na formação de professores é resultado de um longo percurso de investigação da própria prática pedagógica do autor desta obra.

O questionamento sobre a expressão acerca da articulação entre os fundamentos teóricos da educação jesuítica em relação à abordagem epistemológica da teoria da complexidade conduz o leitor ao aprofundamento de dois dos componentes fundantes que dialogam com a formação da cultura moderna: a educação e a ciência. Pelo viés da educação, o estudo da proposta pedagógica da Companhia de Jesus em seu percurso histórico e na atualidade; pelo viés da ciência, a sistematização da episteme moderna até seus desdobramentos ao longo do século XX, chegando aos componentes estruturantes do pensar complexo. Decorrente desse duplo movimento, a obra situa traços da formação e profissionalização docentes, dialogando com processos formativos e exercício da prática pedagógica, classificando elementos teóricos que, em uma relação prática-teoria, podem colaborar diante da formação do professor da educação básica, na busca por referenciais pedagógicos formativos em diálogo com a atualidade.

São pressupostos desta obra a busca por colaborar junto a uma formação de professores pelo signo da excelência, bem como o compromisso com uma educação embasada na justiça. É um estímulo para todos aqueles e aquelas que ainda acreditam em projetos formativos ou educativos que envolvam os sujeitos em seu tempo e espaço, embasados em uma sólida concepção antropológica e mediatizados por aquilo que é mais específico do conhecimento: o ato de transformar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547303167
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    Educação jesuítica e teoria da complexidade - Fernando Guidini

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    PREFÁCIO

    A produção acadêmica sobre a educação básica e a prática pedagógica de seus professores está em expansão e representa uma necessidade da área para alimentar os debates sobre os desafios que esse campo de saberes apresenta para os educadores e também para a sociedade. A expansão e a democratização da escolarização em todos os níveis requerem um forte investimento na qualidade da formação docente que se articula com as práticas concretas que se realizam nas escolas. Entretanto nem sempre o fenômeno da expansão vem acompanhado da necessária qualificação das práticas pedagógicas, com visíveis necessidades de investir nessa direção.

    Quando o cenário desse processo educativo refere-se a uma determinada pedagogia, com princípios historicamente constituídos e aceitos como orientadores de uma prática escolarizada, se instala, com mais força ainda, a necessidade de uma constante escuta e indagação sobre a efetividade de seus princípios.

    O estudo de Fernando Guidini se insere nessa perspectiva, já que se aninha numa escola confessional jesuíta que se orienta e inspira pela pedagogia jesuítica. Ocupando postos de liderança na estrutura escolar, Fernando manteve o espírito independente e inquiridor, próprio da profissionalidade que inclui o exercício sistemático de refletir sobre a própria prática.

    Sua grande questão centrou-se no interesse em perceber se a prática pedagógica dos professores da Escola expressava os fundamentos teóricos da educação jesuítica. Para além desse aspecto, tomou, ainda, a abordagem epistemológica da teoria da complexidade como referente e teceu, entre as duas posturas teóricas, interessantes e consistentes relações. Em seus objetivos, a pesquisa analisou os elementos teóricos presentes na educação jesuítica e na teoria da complexidade; categorizou os referenciais presentes na pesquisa em relação à educação jesuítica e à teoria da complexidade, classificando os elementos centrais resultantes em sua articulação prática-teoria.

    São visíveis as contribuições do estudo do Fernando. A seriedade ao tratar o tema se revela na qualidade do texto que provoca reflexões e inferências. Usando autores reconhecidos na contemporaneidade, faz das diferentes contribuições um alicerce para desenvolver um pensamento próprio, que revela sua maturidade profissional e capacidade interpretativa.

    Assume o estudo de caso como caracterizador de seu estudo e o faz com propriedade. Essa condição, entretanto, não significa restrições para que se possam estabelecer relações e parâmetros com casos similares, quer no conteúdo, quer na metodologia.

    Paulatinamente temos assumido a compreensão de que o espaço de trabalho é um importante lugar de formação. O exercício profissional, quando acompanhado de reflexão sistemática, produz saberes e legitima seus protagonistas. Nesse contexto, a ação da escola precisa, cada vez mais, de uma valorização, reconhecendo a importância dos atores que se movimentam em torno de objetivos comuns.

    Os desafios constantes que se apresentam aos educadores decorrem das mudanças sociais e culturais contemporâneas, incidindo sobre os papéis a serem desempenhados por eles. Nada é estático em educação, e o processo de mutação se dá num ritmo vertiginoso, exigindo da escola também mudanças. As Instituições, entretanto, vivenciam valores e princípios em que acreditam e desejam preservar. Como enfrentar esses desafios? Como ressignificar as bases teóricas que sustentam a pedagogia jesuítica, como no caso deste estudo, assumindo a complexidade como referente?

    A escola, aqui entendida na sua dimensão simbólica como o espaço e o território onde se materializam os processos de aprendizagem, requer esforços intencionais de ruptura paradigmática, favorecendo a construção de racionalidades ampliadas. Nossos alunos são pessoas culturalmente situadas, com aspirações e representações da realidade que definem suas expectativas e possibilidades. São portadores de saberes que precisam ser levados em conta e, se necessário, ressignificados. Assim, também, é preciso considerar que os professores igualmente são portadores de valores culturais e políticos. São marcados por uma história de formação que os faz reproduzir práticas, precisando da necessária reflexão sobre elas, para analisá-las na sua condição valorativa e teórica.

    O estudo de Fernando leva em conta essas premissas, propondo dimensões de análise para a discussão do desenvolvimento profissional a partir da prática pedagógica, que articula os elementos teóricos da educação jesuítica e da teoria da complexidade, categorizados e analisados organicamente a partir da práxis dos professores pesquisados. Aponta categorias em suas considerações finais que indicam continuidades e/ou rupturas em face do conhecimento produzido ao longo do estudo: concepção de conhecimento, identidade profissional, autonomia, formação permanente no trabalho, relação universidade-escola.

    A docência é uma atividade complexa. Só quando for reconhecida essa complexidade poderemos avançar em processos de qualificação mais efetivos. Exige saberes específicos que têm um forte componente de construção na prática. Entretanto é uma prática que não se repete, é sempre única. E necessitamos da teoria para melhor compreendê-la; de uma teoria que não se coloca em justaposição ou se quer generalizadora, mas como possibilidade de fundamentação que pode iluminar os processos de compreensão do vivido. Esse compromisso é visível no envolvimento e produção do autor.

    As experiências e investigação que deram origem ao conteúdo deste livro testemunham o esforço que vem sendo feito por um colégio jesuíta em favor da solidariedade, especialmente acreditando no trabalho colaborativo. A expectativa é de que a socialização do conhecimento produzido nesse contexto possa estimular outros estudos similares, numa rede de energias que apontem para uma educação da melhor qualidade.

    Muito honrada me senti por ter acompanhado como observadora interessada o percurso formativo do Fernando. E aposto que a divulgação de sua pesquisa em forma de livro dará importante contribuição para a Rede Jesuíta de Educação e inspirará, por seus princípios universais, todos que acreditam no poder da educação e da solidariedade, além de colaborar epistemologicamente nos processos formativos docentes.

    Maria Isabel da Cunha

    Professora do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), São Leopoldo, RS.

    Lista de Abreviaturas e Siglas

    Sumário

    introdução

    cAPÍTULO i

    EDUCAÇÃO jesuítica EM SEU PROCESSO HISTÓRICO E EM SUA ATUALIDADE

    1.1 – As origens do Ratio Studiorum

    1.2 – A filosofia presente na educação jesuítica

    1.3 – Resgate epistêmico

    1.4 – O método em seus passos

    1.5 – Sobre os primeiros séculos da educação jesuítica

    1.6 – A evolução de um percurso

    1.7 – A Pedagogia jesuítica hoje

    1.8 – A pedagogia jesuítica em seus novos apontamentos: entre os movimentos internacionais e a Rede Jesuíta de Educação

    cAPÍTULO ii

    TEORIA DA COMPLEXIDADE EM SEU PERCURSO EPISTEMOLÓGICO

    2.1 – A Ciência Moderna

    2.2 – Uma nova reflexão

    2.3 – O Paradigma Emergente

    2.3.1 – Todo o conhecimento científico é científico-social

    2.3.2 – Todo conhecimento é local e total

    2.3.3 – Todo conhecimento é autoconhecimento

    2.3.4 – Todo conhecimento científico visa constituir-se em senso comum

    2.4 – Complexidade

    2.5 – Complexidade, Educação e Formação de professores

    CAPÍTULO iii

    PERCURSO METODOLÓGICO

    3.1 – O Método

    3.2 – O desenvolvimento da pesquisa

    3.2.1 – Os sujeitos da pesquisa

    3.2.2 – Questionário

    3.2.3 – Grupo focal

    3.2.3.1 – O grupo

    3.2.3.2 – Os participantes do grupo

    3.2.3.3 – O sistema de registro

    3.2.3.4 – As questões

    3.2.3.5 – A transcrição

    CAPÍTULO IV

    SABERES, FORMAÇÃO ACADÊMICA E PRÁTICA PEDAGÓGICA

    4.1 – Processo formativo dos professores

    4.1.1 – Aspectos da trajetória pessoal e profissional dos sujeitos da pesquisa

    4.1.2 – Contextualização histórica

    4.1.3 – Saberes provindos da prática

    4.2 – Didática e formação docente

    4.2.1 – Inter-relação entre os conteúdos

    4.2.2 – Realidade experienciada e vivenciada

    4.2.3 – Sistematização do conteúdo/conhecimento

    4.3 – Prática da educação jesuítica

    4.3.1 – Formação humana

    4.3.2 – Ser para os demais em busca do magis

    4.3.3 – Cura personalis

    4.3.4 – Educação valorativa

    4.4 – Complexidade, prática pedagógica e formação do professor de educação básica

    4.4.1 – Provisoriedade das ciências no tempo e no espaço

    4.4.2 – Concepção sistêmica de mundo

    4.4.3 – Princípio dialógico

    4.4.4 – Relação professor-aluno

    CAPÍTULO V

    EDUCAÇÃO jesuítica E TEORIA DA COMPLEXIDADE na formação DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

    À guisa de conclusões

    Referências

    introdução

    Esta obra tem sua origem em minha prática como professor da educação básica em um colégio na cidade de Curitiba¹.

    A experiência educativa desse colégio privilegia em seu Projeto Político Pedagógico (PPP) uma prática pedagógica autônoma, autonomia essa sendo construída na prática pedagógica por parte dos professores que, ao elaborarem seus projetos de ensino, dialogam com a supervisão tanto pedagógica quanto da sua área específica de conhecimento. Ao elaborar tais projetos, sendo os professores formados nas mais diferentes áreas do conhecimento, o colégio aponta para que a vinculação da sua prática pedagógica como professor esteja fundamentada e justificada em elementos teóricos da educação jesuítica e do paradigma emergente², institucionalmente vinculado à proposta teórica do pensamento complexo em sua abordagem sistêmica, crítica, dialógica e transdisciplinar no processo de construção do conhecimento. Os professores, ao serem acompanhados no desenvolvimento de seus projetos de aula e em sua rotina autônoma diária, entram em contato com elementos teóricos dessas duas vertentes pedagógicas, em estreita articulação na instituição.

    Em meu trabalho, percebo a necessidade de um permanente aprofundamento dessa questão relacional. Pela análise da minha prática, observo que os professores pouco estudaram os princípios da educação jesuítica ou mesmo do paradigma emergente, principalmente em suas concepções teóricas ou mesmo epistemológicas em sua vinculação com a educação.

    Nesse sentido, ao fundamentar a proposta educativa do Colégio em elementos de uma sempre maior autonomia pedagógica por parte dos professores, a instituição privilegia momentos formais de estudo a respeito da questão em sua relação com a proposta pedagógica³. Entretanto, percebo a necessidade de, em muitos momentos, traduzir determinados elementos teóricos e vinculá-los à prática pedagógica em sala de aula desses mesmos professores. Essa é uma situação com que constantemente me deparo em meu trabalho diário, necessitando de encaminhamentos e respostas aos questionamentos e dúvidas dos professores.

    Em face disso, esta pesquisa traz ao campo das questões pedagógicas a análise das possibilidades teórico-práticas dos princípios educativos da educação jesuítica e da teoria da complexidade na prática pedagógica de professores da educação básica.

    A proposta educativa jesuítica, inicialmente fundamentada e elaborada em um contexto moderno, traz consigo elementos que perpassam os séculos. Entretanto, tal proposta, em sua vinculação prática, dificilmente se encontra fechada ou alheia ao contexto pedagógico em que se torna realidade. Assim, a reflexão teórica pedagógica que surge a partir dessa questão tem seu nascimento nos passos do Ratio Studiorum, chegando à sua formulação atual, em uma relação local com os princípios epistemológicos da Teoria da Complexidade. Em meio às justificativas teóricas dessas concepções que perpassam o âmbito de diferentes ciências, encontra-se o atual professor que, nesse contexto específico, necessita fundamentar sua prática pedagógica conforme o projeto educativo da instituição em que desenvolve seu trabalho.

    É assim que me pergunto, diante da minha experiência de trabalho: os fundamentos teóricos e metodológicos que norteiam a educação jesuítica são conhecidos pelos professores? A articulação entre os diferentes princípios, tanto da proposta jesuítica de ensino quanto da Teoria da Complexidade, torna-se realidade na prática pedagógica dos professores do colégio? Como contribuir para a formação do professor a partir da realidade pedagógica pesquisada?

    Penso que tais questões se constituem como um bom objeto de pesquisa a respeito do qual ainda é necessário desenvolver um estudo mais aprofundado, versando sobre a dinâmica desses elementos teóricos na formação e atuação do professor. Tal estudo, tendo seu foco nas possibilidades teórico-práticas dos princípios educativos da educação jesuítica e da teoria da complexidade na prática pedagógica de professores de educação básica, poderá colaborar ainda mais para o aprofundamento e a articulação entre a dialética relacional prática-teoria em sua vinculação ao projeto educativo da instituição campo de pesquisa, além de colaborar epistemologicamente na formação de novos professores em seus cursos de Pedagogia ou licenciaturas, voltando-se, por fim, à nossa prática escolar brasileira.

    O caminhar epistêmico ainda introdutório aqui proposto, demonstra a necessidade de um maior aprofundamento das categorias de modernidade, homem nascente e educação, relacionadas ao contexto situacional em que se encontra a fundação da Companhia de Jesus e o início dos seus trabalhos apostólicos com a educação. Tais categorias, sempre em relação, expressarão atuais referenciais de ser humano, de ciência, de mundo e de educação que, em seu desenvolvimento ao longo dos últimos séculos, encontram-se vinculadas aos dias atuais sob um novo olhar e forma, vinculando-se também ao objeto de pesquisa aqui apresentado.

    Sendo assim, considero que a modernidade ocidental irrompe com uma série de questionamentos, mudanças e desafios: o papel da ciência, a questão artística, a centralidade do indivíduo, o novo mundo, o papel do estado etc. Nela se configura um determinado modelo de cosmos e de homem, configuração essa que foi se estabelecendo ao longo dos séculos, sempre com a autoafirmação cada vez mais candente do indivíduo que se sobrepõe como

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