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Paulo Freire: Uma Arqueologia Bibliográfica
Paulo Freire: Uma Arqueologia Bibliográfica
Paulo Freire: Uma Arqueologia Bibliográfica
E-book507 páginas10 horas

Paulo Freire: Uma Arqueologia Bibliográfica

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Sobre este e-book

O livro Paulo Freire: uma arqueologia bibliográfica é fruto de um denso esforço investigativo que reuniu pesquisadores(as) brasileiros(as) sobre o pensamento freireano, buscando analisar e evidenciar o conjunto de influências presentes em sua obra. Na forma de uma arqueologia, escava o conjunto de escritos de Freire desde o final dos anos de 1950, até as obras publicadas postumamente. Como resultado, elenca e analisa no formato de verbetes 501 presenças identificadas nos seus livros, incluindo autores e autoras, instituições, pessoas, lugares e fatos históricos, proporcionando aos leitores e às leitoras um amplo panorama teórico e conceitual do seu pensamento político e pedagógico. Portanto, este livro é indicada a estudantes, pesquisadores e demais interessados em compreender a complexa e densa estrutura teórica que Paulo Freire consolidou em seus mais de 30 livros publicados.
A expressão "Arqueologia bibliográfica" pretende remeter à compreensão que o próprio Paulo Freire tinha da consciência, respectivamente da conscientização, como uma construção histórica composta por complexas tramas que se relacionam de muitas formas, ora se contrapondo, ora se complementando ou confirmando, todas elas compondo um estar-no-mundo único. O livro apresenta instrumentos que auxiliam a encontrar peças e rastros deixados nas páginas por esse nosso grande educador, que inspirem olhares mais profundos e mais largos sobre a educação em nosso tempo. Com as informações sobre a bibliografia referida neste livro, cada leitor e cada leitora poderá compor com mais propriedade a sua própria narrativa sobre Paulo Freire e sua obra.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de jan. de 2020
ISBN9788547336189
Paulo Freire: Uma Arqueologia Bibliográfica

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    Pré-visualização do livro

    Paulo Freire - Sandro de Castro Pitano

    Freire

    VERBETES

    A

    Adam Schaff 33

    Adão José Cardoso 34

    Aderbal de Araújo Jurema 34

    Admardo Serafim de Oliveira 34

    Adolfo Sanchez Vasquez 35

    Adriano Salmar Nogueira e Taveira 35

    África 36

    Agnes Heller 37

    Alan R. Lacey 38

    Albert Einstein 38

    Albert Memmi 39

    Alberto Guerreiro Ramos 41

    Alberto Heiniger 42

    Alda Neves da Graça do Espírito Santo 42

    Aldous Huxley 43

    Alexander Romanovich Luria 44

    Alexis-Charles-Henri Clérel de Tocqueville 44

    Alfred De Musset 45

    Alfred North Whitehead 46

    Alfred Willener 47

    Alfredo Bosi 47

    Almeida Júnior 47

    Almino Monteiro Álvares Affonso 48

    Almir Pazzianotto Pinto 48

    Aluízio Pessoa de Araújo 48

    Álvaro Alves de Faria 49

    Álvaro Borges Vieira Pinto 49

    Alvaro Manriquez 52

    Amadeu Thiago de Mello 52

    Amílcar Cabral 53

    Ana Mae Barbosa 55

    Ana Maria Araújo Freire (Nita) 55

    Ana Maria Saul 57

    Ana Teberosky 58

    Anacleto de Oliveira Faria 58

    André João Antonil 58

    André Malraux 59

    André Nicolai 60

    Ângela Antunes Ciseski 60

    Ângelo Broccoli 61

    Angicos 62

    Anísio Spínola Teixeira 63

    Ann Berthoff 64

    Anoréa Pellegrini Marques 64

    Anton Semyonovich Makarenko 64

    Antônio Calado 65

    Antonio Candido de Mello e Souza 65

    Antônio Carneiro Leão 67

    Antônio Chizzotti 67

    Antônio Cícero de Souza 68

    Antonio Faúndez 68

    Antonio Gramsci 69

    Antônio Joaquim Severino 71

    Antonio Lucio Vivaldi 71

    Ariano Suassuna 71

    Aristides Lobo 72

    Aristides Pereira 72

    Aristóteles 73

    Armin Gruen 74

    Arnold Toynbee 74

    Ashley Montagu 75

    Auguste Comte 75

    Auguste François César Prouvensal de Saint-Hilaire 75

    Augusto Pinochet 77

    Augusto Pinto Boal 77

    Augusto Salazar Bondy 78

    Aurenice Cardoso 78

    B

    Balduino Antonio Andreola 79

    Beatriz Muniz de Souza 79

    Behaviorismo 80

    Bernardo Mançano Fernandes 81

    Boaventura de Sousa Santos 81

    Bogdan Suchodolski 82

    Boris Bezema 82

    Boris Leonidovitch Pasternak 83

    Bronislaw Malinowski 83

    Burrhus Frederic Skinner 84

    C

    Caio Prado Júnior 86

    Camilo Torres Restrepo 86

    Candido Antonio Mendes de Almeida 88

    Carl Gustav Jung 89

    Carlos Alberto Torres 89

    Carlos Alfredo Arguello 90

    Carlos Castaneda 90

    Carlos Dias 91

    Carlos Drummond de Andrade 91

    Carlos Frederico Maciel 91

    Carlos Quijano 92

    Carlos Rodrigues Brandão 92

    Carlos Scliar 93

    Carlos Tünnermann Bernheim 93

    Carmen Hunter 93

    Catherine Walsh 94

    Cecília Brandão 95

    Cèlestin Freinet 95

    Celso Furtado 96

    Celso Ruy Beisiegel 97

    Charles Bally 98

    Charles Spencer Chaplin 98

    Charles Wright Mills 99

    Chefe Xavante 100

    Chen Yong-Kuei 100

    Chiapas 101

    Chico Anysio 101

    Chico Terra 102

    Christian Lalive D’épinay 102

    Cid Feijó Sampaio 102

    Claude Lévi-Strauss 102

    Claudius Ceccon 103

    Clodomir Santos de Moraes 103

    Clodomir Vianna Moog 103

    Conselho de Educação de Adultos da América Latina (CEAAL) 104

    Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) 104

    Conselho Mundial de Igrejas (CMI) 105

    Constance Kazuko Kamii 106

    Costa Pinto 106

    D

    Daniel Matenho Cabixi 107

    Darcy Ribeiro 107

    Dario Salas 108

    David Crystal 108

    Debora Mazza 109

    Décio Freitas 109

    Dermeval Saviani 109

    Deus 110

    Djacir Lima Menezes 112

    Dom Franic Split 112

    Dom Hélder Pessoa Câmara 112

    Dom José Vicente Távora 113

    Dom Pedro Casaldáliga 114

    Donald Askins 114

    Donaldo Macedo 114

    E

    E. L. Berlink 116

    E. S. Johnson 116

    Edmund Husserl 116

    Edna Castro de Oliveira 117

    Eduardo Chivambo Mondlane 118

    Eduardo Frei Montalva 118

    Eduardo José Gregorio Nicol I Franciscá 119

    Eduardo Sebastiani Ferreira 119

    Edward Olsen 120

    Eliane Marta Santos Teixeira Lopes 121

    Elza Freire 121

    Emanuel Kadt 125

    Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi 125

    Emílio Garrastazu Médici 127

    Emmanuel Mounier 127

    Enrique Pichon Rivière 129

    Eric John Ernest Hobsbawm 129

    Erica Sherover-Marcuse 130

    Erich Kahler 130

    Erich Seligmann Fromm 131

    Ernani Maria Fiori 132

    Ernesto Carneiro Ribeiro 134

    Ernesto Gutierrez 134

    Ernesto Oliveira Júnior 134

    Ernesto Rafael Che Guevara de La Serna 135

    Ernst Lang 136

    Escola Nova 138

    Esther Pillar Grossi 139

    Eugene Ionesco 140

    Eunice Vasconcelos 140

    Exílio (Bolívia, Chile, Estados Unidos da América, Suíça) 141

    Ezequiel Theodoro da Silva 144

    F

    Faria Goes 146

    Ferdinand de Saussure 146

    Fernando Cardenal Martinez 147

    Fernando Collor de Mello 148

    Fernando de Azevedo 148

    Fernando Dénis 150

    Fernando Gasparian 150

    Fernando Henrique Cardoso 150

    Ferreira Gullar 151

    Fidel Alejandro Castro Ruz 151

    Florestan Fernandes 152

    Francisco Chico Whitaker Ferreira 153

    Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand 153

    Francisco José de Oliveira Viana 154

    Francisco Julião 154

    Francisco Weffort 156

    François Jacob 157

    François Maurice Adrien Marie Mitterrand 158

    Frantz Omar Fanon 158

    Frei Betto 162

    Frei Carlos Mesters 162

    Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) 163

    Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) 163

    Fundação Wilson Pinheiro 164

    G

    Gabriel Bode 165

    Gabriel Marcel 165

    Gajo Petrović 167

    Galdino Jesus dos Santos 167

    Gaston Bachelard 167

    Gelson 169

    Georg Lukács 170

    Georg Wilhelm Friedrich Hegel 171

    Georges Snyders 172

    Geraldo Bastos Silva 174

    Germano de Vasconcelos Coelho 174

    Germano Guzman 175

    Getúlio Vargas 175

    Gianfrancesco Guarnieri 175

    Gilberto de Mello Freyre 176

    Giuseppe Lombardo Radice 179

    Golpe Civil-Militar de 1964 179

    Graciliano Ramos de Oliveira 180

    Guiomar Namo de Mello 181

    Gumercindo de Sousa Milhomem Neto 181

    Gustavo Gutiérrez Merino 181

    H

    H. P. Lee 183

    Hannah Arendt 183

    Hans Freyer 184

    Harry Braverman 184

    Heitor Villa-Lobos 185

    Helen Mathews Lewis 185

    Hélio Jaguaribe Gomes de Mattos 185

    Heloíza Bezerra 186

    Henri Bergson 186

    Henrich Dauber 186

    Henrique Cláudio de Lima Vaz 187

    Henry Giroux 187

    Herbert José de Souza 187

    Herbert Marcuse 188

    Herbert Read 188

    Hermano de Deus Nobre Alves 189

    Highlander (Research and Education Center) 189

    Hugo Assmann 190

    Humberto Maturana 191

    I

    Igreja Católica 193

    Ina Von Binzer 194

    Instituto Cajamar 194

    Instituto de Ação Cultural (Idac) 195

    Instituto de Capacitação e Investigação Em Reforma Agrária (Icira) 196

    Instituto Paulo Freire (IPF) 197

    Instituto Superior De Estudos Brasileiros (Iseb) 197

    Ira Shor 198

    Iracy Ornellas 199

    Iranxe 199

    Irmã Beth Amarante 200

    István MészÁRos 200

    Ivan Illich 200

    J

    Jacques Chonchol Chait 203

    Jacques Maritain 203

    James Hal Cone 204

    Jânio da Silva Quadros 204

    Jarbas Maciel 204

    Jean William Fritz Piaget 205

    Jean Ziegler 206

    Jean-Paul Sartre 207

    Jean-Yves Calvez 208

    Jerome Levinson 208

    Jesus Belo Galvão 209

    Jesus Cristo 209

    João Belchior Marques Goulart 211

    João Cabral de Melo Neto 212

    João Francisco de Souza 212

    João Frederico C. A. Meyer 213

    João Guimarães Rosa 213

    João Mauricio Rugendas 214

    João Xxiii (Papa) 215

    Joaquim Costa 216

    Joaquim Maria Machado de Assis 216

    Joaquim Nabuco 217

    John Belloff 217

    John Dewey 217

    John Gerassi 218

    John Locke 219

    John Luccock 219

    John Macdermott 220

    Jomard Muniz de Brito 220

    Jonathan Kozol 221

    Jorge Ampa 222

    Jorge Cláudio Noel Ribeiro Júnior 222

    Jorge Leal Amado de Faria 222

    Jorge Monteiro de Melo 223

    José Arthur Rios 223

    José Carlos Mariátegui 223

    José Lins do Rego 224

    José Luís Fiori 225

    José Maria de Eça de Queiroz 225

    José Maria Nunes Pereira 226

    José Ortega y Gasset 226

    José Pessoa 227

    Josef Schuber 227

    Josef Stalin 227

    Joseph Albert Lauwerys 228

    Joseph Fitzpatrick 228

    Joseph Moermann 228

    Jost Trier 228

    Juan Mantovani 229

    Judy Goleman 229

    Jules Regis Debray 229

    Júlio de Carvalho 229

    Júlio Furquim Sambaquy 230

    Julius Nyerere 230

    Jürgen Habermas 231

    Jürgen Moltmann 232

    K

    Kampa 234

    Karel Kosik 234

    Karl Gunnar Myrdal 235

    Karl Jaspers 236

    Karl Mannheim 237

    Karl Marx e Friedrich Engels 240

    Karl Popper 245

    Karl Vossler 246

    Kimiko Nakamo 246

    Koch-Grümberg 246

    L

    Ladislau Dowbor 247

    Leonardo Boff 248

    Lev Semenovitch Vigotski 248

    Linda Johnson 250

    Louis Althusser 250

    Louis-Jean Calvet 251

    Lucien Goldmann 252

    Lúcio Lara 253

    Luis Cabral 253

    Luis Eduardo Wanderley 254

    Luis Motta 254

    Luís Pedro Alejandro Recaséns Siches 255

    Luiz Inácio Lula da Silva 255

    Luiza Erundina de Sousa 255

    Luiza Teotônio Pereira 256

    Lutgardes Costa Freire 256

    M

    Madalena Freire Weffort 257

    Magda Becker Soares 258

    Malcon X 259

    Manning Marable 259

    Manuel Bergström Lourenço Filho 259

    Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho 261

    Manuel Iribarne 261

    Manuel Pinto da Costa 261

    Mao Tsé-Tung 261

    Marcela Gajardo 263

    Márcio D’olne Campos 264

    Márcio Moreira Alves 264

    Marcos Arruda 265

    Marcos José de Castro Guerra 266

    Margarete May Berkenbrock Rosito 266

    Maria Amorim 266

    Maria Cristina Freire Heiniger 267

    Maria de Fátima Freire Dowbor 267

    Maria Edy Ferreira 267

    Maria Eliana Novaes 268

    Maria Eliete Santiago 268

    Maria Tecla Artemisia Montessori 268

    Maria Teresa Nidelcoff 269

    Marilena Chauí 269

    Marilyn Frankenstein 269

    Mário Cabral 270

    Mário Covas 270

    Mario Reis 271

    Mário Sérgio Cortella 271

    Marisa Lajolo 271

    Marta Suplicy 272

    Martin Buber 272

    Martin Carnoy 274

    Martin Luther King 274

    Maurice Merleau-Ponty 275

    Mauricio Amílcar López 276

    Maurício Tragtenberg 277

    Max Weber 278

    Mere Abramowicz 278

    Merril D. Ewert 279

    Michel Foucault 279

    Michael Huberman 280

    Michael Löwy 280

    Michael Maccoby 280

    Michael Whitman Apple 280

    Michel de Nostredame 281

    Michel Thiollent 281

    Miguel Arraes de Alencar 282

    Miguel Arroy 282

    Miguel Darcy de Oliveira 282

    Miguel de Unamuno y Jugo 284

    Miguel Sobrado 284

    Mikel Dufrenne 285

    Milton Santos 285

    Moacir Gadotti 285

    Moacyr de Góes 287

    Monsenhor Mendez Arceo 287

    Morris Langlo West 287

    Mouzar Benedito da Silva 287

    Movimento de Alfabetização de Adultos (Mova-Sp) 288

    Movimento de Cultura Popular (Mcp) 288

    Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (Mlstp) 289

    Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (Mst) 290

    Movimento Popular de Libertação de Angola (Mpla) 291

    Mulheres 291

    Musiuoa Gerard Patrick Lekota 294

    N

    Neal Bruss 296

    Neil Postman 296

    Nelson Werneck Sodré 298

    Nereide Saviani 298

    Nicola Abbagnano 298

    Noam Chomsky 298

    Noelle Bisseret 299

    O

    Octavio Paz 300

    Odilon Ribeiro Coutinho 300

    Oduvaldo Vianna Filho 300

    Olívio Tavares de Araújo 301

    Orlando Fals Borda 301

    Orlando Nunes Soto 302

    Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): 302

    Oscar Jara Holliday 303

    Oscar Niemeyer 304

    Osmar Fávero 304

    Osmarino Amâncio 305

    Oswald de Andrade 305

    Otávio Ianni 306

    P

    Pablo Neruda 307

    Padre Antônio Vieira 307

    Padre Chenu 308

    Padre José de Anchieta 309

    Padre Manuel da Nóbrega 310

    Pai e Mãe – Joaquim Temístocles e Edeltrudes Neves Freire 310

    Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (Paigc) 311

    Partido Comunista Brasileiro (PCB) 311

    Partido Dos Trabalhadores (PT) 312

    Partido Socialista Brasileiro (PSB) 313

    Patrício Lopes 314

    Paul Legrand 314

    Paul Shorey 314

    Paul T. K. Lin 314

    Paulo (Apóstolo) 315

    Paulo Cavalcanti 315

    Paulo da Silveira Rosas 315

    Paulo de Almeida Campos 316

    Paulo de Tarso Santos 316

    Paulo Frederico Maciel 317

    Paulo Rangel Moreira 317

    Paulo Roberto Padilha 317

    Pelópidas Silveira 318

    Peter Angeles 318

    Peter Ferdinand Drucker 318

    Peter Mclaren 319

    Peter Park 320

    Philip H. Coombs 320

    Pierre Félix Bourdieu 320

    Pierre Furter 320

    Pierre Guiraud 321

    Platão 321

    Plínio Soares de Arruda Sampaio 322

    Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) 322

    R

    Regina Leite Garcia 324

    Reinhold Niebuhr 324

    Ricardo Moura 326

    Richard Livingstone 326

    Richard Shaull 326

    Robert Fox 327

    Robert King Merton 327

    Roberto Moreira 327

    Roberto Tato Iglesias 329

    Roland Cavalcanti de Albuquerque Corbisier 329

    Ronald Wilson Reagan 329

    Rosa Luxemburgo 330

    Rosa Maria Torres 330

    Rosiska Darcy de Oliveira 331

    Rubem Azevedo Alves 332

    Rui Barbosa 333

    Rui Britto Álvares Affonso 334

    S

    Salvador Allende 335

    Samir Amim 335

    Samora Moisés Machel 336

    São Gregório de Nissa 336

    Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (Sme-Sp) 337

    Sérgio Guimarães 337

    Serviço Social da Indústria (Sesi) 338

    Seymour Martin Lipset 340

    Seymour Papert 340

    Sigmund Freud 342

    Sílvia Maria Manfredi 343

    Simone de Beauvoir 344

    Simone Weill 344

    Sócrates 345

    Sonia Couto 346

    Stanley Aronowitz 346

    Suraia Jamal Batista 347

    Susanne Mebes 347

    Suzie Hartmann Lontra 347

    T

    Teilhard de Chardin 348

    Temístocles Freire 349

    Thomas Hopkins 349

    Thomas H. Groome 349

    Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier) 349

    Tristão de Ataíde 349

    U

    Universidade de Campinas (Unicamp) 351

    Universidade de São Paulo (Usp) 351

    V

    Veloso Van Hoeven Ferreira 352

    Venício Artur de Lima 352

    Vera Barreto 352

    Victor Vincent Valla 352

    Vitalino Pereira dos Santos 353

    Vitor Hugo 353

    Vivian Schelling 353

    Vladimir Ilitch Ulyanov (Lenin) 353

    W

    Werner Simpfendörfer 355

    Wilbur Marshall Urban 355

    Wilhelm Reich 355

    William James Durant 355

    William Johnson Sollas 356

    William S. Gray 356

    Willy Johann Timmer 356

    Z

    Zacarias de Góis e Vasconcelos 357

    Zaquie Jamal 357

    Zé Celso Martinez Corrêa 357

    Zevedei Barbu 357

    A

    ADAM SCHAFF (1913-2006)

    Alípio Casali

    Filósofo polonês nascido na Ucrânia, autor do clássico História e Verdade (1971), obra que influenciou notavelmente a geração de estudiosos do marxismo nos anos 1970 e 1980. Adam Schaff estudou na École des Sciences Politiques et Économiques de Paris e doutorou-se em Filosofia na Universidade de Moscou em 1945. Em Varsóvia, foi membro do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores e da Academia Polonesa de Ciências e Diretor do Instituto de Filosofia e Sociologia. Foi membro do prestigioso Clube de Roma, que pautou o tema dos limites do crescimento em 1972. Seu marxismo é referenciado pela fenomenologia e o existencialismo e o conjunto de sua obra, de teor humanista, enfatiza as relações do conhecimento com o contexto social. Adam Schaff é citado por Freire no Capítulo III de Extensão ou comunicação? Nessa passagem, Freire está buscando explicitar os fundamentos de sua posição, derivada de Eduardo Nicol: a da relação dialógica como constitutiva do conhecimento (p. 66). Considerando a educação como essencialmente comunicação e diálogo (p. 69), Freire explora ali os fundamentos dos atos comunicativos, a partir de Adam Schaff em seu livro Introdução à Semântica (1962). Freire toma a trilha de Urban, citado por Schaff, para afirmar que a comunicação verbal implica a indissociabilidade entre pensamento-linguagem-contexto. Posta nesses termos, insiste Freire, a comunicação educativa é ação de um humanismo que, num processo de reforma agrária, deve inspirar e fundar a relação pedagógica entre os técnicos e os camponeses.

    Referências

    FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971.

    SCHAFF, Adam. Introdução à Semântica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

    ADÃO JOSÉ CARDOSO (1951-1997)

    Gepeg - UFPel¹

    Foi um biólogo e professor da Unicamp, que sempre se destacou como um interessado no ensino, tanto de graduação como do ensino básico. É agradecido por Paulo Freire na introdução do livro Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido e citado durante a obra Professora sim, tia não quando Freire conta sobre uma visita que Adão Cardoso havia feito a Amazônia e sua conversa científica com um índio que entrevistara durante uma pescaria.

    ADERBAL DE ARAÚJO JUREMA (1912-1986)

    Gepeg - UFPel

    Nascido na Paraíba, mas com maior atuação em Pernambuco, formou-se advogado pela Faculdade de Direito do Recife, e posteriormente ali, tornou-se professor. Foi também um político brasileiro via PSD (Partido Social Democrático), e, em seguida, outros partidos, elegendo-se duas vezes deputado federal. É referido na obra Educação e atualidade brasileira, quando Freire fala a respeito da descentralização do poder político citando seu escrito Problemas de política objetiva: Caminhos de Planificação.

    ADMARDO SERAFIM DE OLIVEIRA (?-1995)

    Gepeg - UFPel

    Doutor em Filosofia pela University of Ottawa, Canadá, estudioso do pensamento de Paulo Freire, foi professor da Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes. Freire dedica à memória de Admardo Serafim de Oliveira, falecido em 1995, a obra Pedagogia da autonomia, cujo prefácio é escrito por Edna Castro de Oliveira, sua esposa.

    ADOLFO SANCHEZ VASQUEZ (1915-2011)

    Fernanda dos Santos Paulo

    Filósofo espanhol que estudou Filosofia na Universidade de Madri e foi radicado no México. Marxista, faz-se presente na concepção de educação de Paulo Freire, sobretudo na nona carta intitulada como: Contexto concreto – contexto teórico, que está no livro Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar (1993). Esse autor colabora na construção da formulação do entendimento da ciência enquanto prática a serviço da transformação social. Ou seja, a ciência construída na relação dialética entre prática e teoria, opondo-se à ciência que se distancia das necessidades práticas. Por isso, os temas-problemas a serem estudados, pesquisados e refletidos não podem estar separados de uma ação dialógica que visa à práxis libertadora (FREIRE, 1992). Vasquez é, portanto, uma das influências de Paulo Freire no tocante a compreensão do conhecimento enquanto práxis.

    Referências

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

    FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d´Água, 1993.

    ADRIANO SALMAR NOGUEIRA E TAVEIRA

    Fernanda dos Santos Paulo

    Jornalista pela PUC de Campinas (1974) e professor da Universidade Estadual de Campinas. Cursou o mestrado em Filosofia/História da Educação na Unicamp (1985) e doutorado em Educação pela PUC-SP (1992). O compromisso político com a educação popular de Adriano Nogueira é exposto no livro publicado com Freire o livro: Que fazer: teoria e prática em educação popular (1989). Nessa obra, eles discutem, principalmente, o conceito de educação popular e movimentos populares, trazendo o debate da mudança e transformação social. Em Pedagogia da esperança, Paulo Freire tece agradecimentos a Adriano Nogueira pelo estímulo recebido desde o projeto até a produção do livro.

    ÁFRICA

    Maria de Fátima de Lima das Chagas

    Continente de grande diversidade cultural, social e política, a África vivia nas décadas de 1970-1980 lutas revolucionárias em busca da independência política e do poder colonial. No período de exílio, Freire esteve em vários países da América Latina e da África, que viviam desafios sociais, políticos, educacionais e econômicos, próprios do período colonial e pós-colonial. A semelhança que sentia entre o território, a cultura, as pessoas e o seu país de origem fazia Paulo Freire se sentir em casa. Na África, ante a um índice maior que 90% de analfabetos, participa do desenvolvimento de programas de alfabetização e pós-alfabetização de adultos para países como Tanzânia, Cabo Verde, São Tomé e Guiné-Bissau, destacando a importância de uma educação político-libertadora que favoreça as lutas de independência do poder colonial partindo de uma revolução interna, de uma produção de conhecimentos na África e para a África. Nos círculos de cultura (2011, p. 154), com metodologias político-educativas de pós-alfabetização de adultos [...] buscava aprofundar e diversificar, mais e mais, [...] o ato de conhecimento iniciado na alfabetização (2011, p. 131) como momento superior da alfabetização (FREIRE; FAUNDEZ, 1985, p. 156), como um esforço de leitura e de releitura da realidade, no processo de sua transformação (FREIRE, 2011, p. 113). Em suas metodologias, incluiu o diálogo, a reflexão e uniu teoria e prática quando associou o trabalho às atividades escolares, levando a Escola ao campo (2011, p. 34). Na guerra contra a colonização que tinha por objetivo a desafricanização (2011, p. 24) dos sujeitos, a pedagogia freiriana contribuiu para uma reconstrução nacional (2011, p. 34) quando propôs a reflexão quanto à [...] debilidade dos oprimidos se faz força, capaz de transformar a força dos opressores em fraqueza (2011, p. 32). Para isso, sua proposta filosófica, política e pedagógica de uma educação, sugere uma descolonização das mentes, uma reafricanização das mentalidades (2011, p. 26). Em seus encontros de aprendizagem com os africanos, denunciou a violência colonial e anunciou uma descolonização. Pois, para ele, a mudança do mundo implica a dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de sua superação (FREIRE, 2000, p. 81). Dessa forma, a presença de Paulo Freire no contexto histórico de descolonização desse continente faz emergir não só um processo de descolonialidade dos sujeitos e do conhecimento, mas a esperança, esperança não como espera, mas como ação, como autoconfiança (2011, p. 236), que conduz ao compromisso e de reconstrução do lugar, da vida. Assim, a África, considerado berço da humanidade, foi para Paulo Freire uma escola que junto com os africanos e as africanas edificou em solidariedade, modos de se perceber e de perceber o continente, entre a África explorada e sofrida e a África sonhada (FREIRE; GUIMARÃES, 2003). Nesses seus encontros e reencontros com a África, compreendeu e reconheceu o valor da cultura e do povo africano, um povo revolucionário pós-colonial, resistente. Escreveu, o indivíduo aqui vale enquanto gente. A pessoa humana é algo concreto e não uma abstração (2011, p. 56), identificou-se com o continente e destacou que sua presença, entre as massas populares, da expressão de uma cultura que os colonizadores não conseguiram matar, por mais que se esforçassem para fazê-lo, tudo isso me tomou todo e me fez perceber que eu era mais africano do que pensava (FREIRE, 2011, p. 14), e, acredito que, se temos maior consciência da necessidade de respeitar a cultura-outra na América Latina, é porque o aprendemos na África (FREIRE; FAUNDEZ, 1985, p. 90).

    Referências

    FREIRE, Paulo. Cartas à Guiné-Bissau. Registro de uma experiência em processo. 4ª. Ed. São Paulo. Paz e Terra; 2011. 262p.

    FREIRE, Paulo; GUIMARÃES, Sérgio. A África ensinando a gente: Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe. São Paulo: Paz e Terra. 2003. 228p.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000. 134p.

    FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1985. 158p.

    AGNES HELLER (1929)

    Rita de Cássia Fraga Machado

    A articulação de Paulo Freire com o pensamento de Agnes Heller está explicitada principalmente no texto Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra, em que Macedo e Freire tecem reflexões sobre a importância de repensar a educação crítica, especialmente a alfabetização dos oprimidos. Não me parece possível discutir a liberdade, a transformação do mundo, a revolução, a democracia, sem compreender a crítica do papel da subjetividade que não seja de um lado, a própria objetividade, de outro lado uma entidade toda poderosa (FREIRE, 1990, p. 114). E ao refletir essas questões, Paulo Freire vai entender que essa entidade toda-poderosa é a questão do poder e sua reinvenção, essa questão segundo o próprio Freire não é idealista e, portanto, caberia à educação essa tarefa, a de transformar o oprimido em alfabetizado, portanto, um problema concreto. Como mesmo afirma Paulo Freire, são temas presentes na obra de Agnes Heller uma ex-discípula de Lukács (FREIRE, 1990 p. 114). Destacando-se que a reinvenção do poder não se trata de uma visão idealista e sim a possibilidade de a educação ser uma ferramenta para isso quando os oprimidos aprendem a ler e escrever.

    Referências

    HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. Tradução de Carlos Nelson e Leandro Konder. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

    FREIRE, Paulo. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

    ALAN R. LACEY (?-2016)

    Gepeg - UFPel

    Foi professor titular do Departamento de Filosofia da King’s College, Universidade de Londres, autor do Dicionário de Filosofia referido por Paulo Freire na obra Política e educação ao se referir à qualidade das coisas, o que as caracteriza. Depois de sua aposentadoria em 1991, ele ensinou por tempo parcial até 1998. Seu principal interesse era a filosofia grega em seu surgimento.

    ALBERT EINSTEIN (1879-1955)

    Sandro de Castro Pitano

    Foi um físico teórico alemão. Ainda que ele seja mais conhecido por sua fórmula de equivalência massa-energia, E=mc², foi agraciado com o Prêmio Nobel de Física de 1921 por suas colaborações à física teórica e, principalmente, por sua descoberta da lei do efeito fotoelétrico, que foi fundamental no estabelecimento da teoria quântica. Entre seus principais trabalhos, desenvolveu a teoria da relatividade geral, ao lado da mecânica quântica, um dos dois pilares da física moderna. Por Freire é citado na obra Pedagogia da tolerância quando fala de curiosidade, metodização e rigor.

    ALBERT MEMMI (1920)

    Luciane Rocha Ferreira e Telmo Adams

    Nascido na Tunísia; Ensaísta (Romancista); Filósofo; Professor – do ensino secundário ao universitário. Seu trabalho de não ficção mais conhecido é The Colonizer and the Colonized, sobre a relação interdependente dos dois grupos sociais. Foi publicado em 1957, época em que muitos movimentos de libertação nacional estavam ativos. Jean-Paul Sartre escreveu o prefácio. O trabalho é muitas vezes lido por Freire em conjunto com Os Condenados da Terra de Frantz Fanon. Em 2006, foi publicada a obra "Descolonização e Decolonização". Nesse livro, Memmi sugere que, na esteira da descolonização global, o sofrimento das antigas colônias não pode ser atribuído aos antigos colonizadores, mas aos líderes corruptos e governos que controlam esses Estados. Para Memmi, o racismo é uma experiência vivida que surge em situações humanas que só secundariamente se tornam experiências sociais – em que o racismo é endêmico à existência humana coletiva. As duas obras de Memmi mais mencionadas são: Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador – 1977; e The Colonizer and The Colonized – 1957. Sua presença, direta e/ou indireta, é expressa por 16 vezes ao todo, distribuídas nestas dez obras de Freire: Ação cultural para a liberdade (1970); Pedagogia do Oprimido (1970); Cartas a Guiné-Bissau (1977); Por uma pedagogia da pergunta (1985); O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social (1990); Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido (1992); Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar (1993); Cartas a Cristina (1994); Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos (2000); Pedagogia da tolerância (2005). Em cada uma destas, o diálogo acontece ao menos uma vez, sendo mais citado na obra Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido, de 1992 (quatro momentos). As categorias mais presentes são racismo, relação colonizador x colonizado – o mito da inferioridade ontológica destes e superioridade daqueles (FREIRE, 1978, p. 164); e a questão da liberdade humana, em que o dominador habita a intimidade do dominado (e o) processo de libertação implica a expulsão do dominador (FREIRE, 2004, p. 29). Freire compôs seu conteúdo reflexivo e radical, uma construção solidária que nasce do diálogo com vários interlocutores. Numa passagem na Obra O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social, após citar Memmi, ele afirma que quando conheço algum livro – e digo conheço porque alguns livros são como pessoas – refaço minha prática teoricamente. Sou mais capaz de entender a teoria dentro de minha ação (FREIRE, ٢٠٠٣, p. ٦٢). Desse movimento, nasceu sua desobediência paradigmática que entendia a emergência do reconhecimento de si e do outro como alicerces fundamentais para a transformação dos mundos que somos e dos que nos cercam, que nos limitam, que nos moldam, escravizam e alienam:

    Só no entendimento dialético, repitamos, de como se dão consciência e mundo, é possível compreender o fenômeno da introjeção do(a) opressor(a) pelo(a) oprimido(a), a aderência deste àquele, a dificuldade que tem o(a) oprimido(a) de localizar o(a) opressor(a) fora de si, oprimido(a) – Sartre, Fanon, Memmi [...] (FREIRE, 1992, p. 106).

    Fica marcante a compreensão radical de Freire sobre a construção cultural colonialista que demarca os corpos e as mentes – as entranhas subjetivas e as estruturas objetivas – das relações estabelecidas entre um grupo social (marginalizado) e outro (dominante).

    O grande ou um dos grandes riscos [...] é, um pouco por nostalgia do colonizado, o sentimento ambivalente que o colonizado tem pelo colonizador, de repulsa e de atração, a que Memmi se refere – um pouco por necessidade, um pouco por pressão, irem aprofundando entre elas e suas ex-expressões laços que encarnem agora um novo tipo de expressão: o neocolonial. Não que eu defenda [...] o impossível e o absurdo: a ruptura absoluta com o passado, que, no fundo, não se transforma e a renúncia à positividade das influências culturais da velha Europa. O que defendo e sugiro é a ruptura radical com o colonialismo e a recusa igualmente radical ao neocolonialismo (FREIRE, 1992, p. 178).

    Junto com a reflexão supracitada, que é retomada nas outras obras, fica visível a influência de Memmi na discussão recorrente que problematiza o ser, o fazer e o poder estabelecido sob uma égide racista, classista, sexista e patriarcal.

    Referências

    FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 13ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

    FREIRE, Paulo; HORTON, Myles. O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da tolerância. São Paulo: Editora UNESP, 2004.

    ALBERTO GUERREIRO RAMOS (1915-1982)

    Sandro de Castro Pitano

    Sociólogo e político brasileiro, Guerreiro Ramos foi um importante intelectual, referência nos estudos sobre questão racial, influenciando pensadores de todo o mundo em áreas como sociologia e política. Foi diretor do departamento de sociologia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) na segunda metade dos anos 1950. É com os escritos desse período que Guerreiro Ramos se faz presente na obra de Paulo Freire, sobretudo em seus dois primeiros livros, Educação e atualidade brasileira e Educação como prática da liberdade. Cabe destacar que a obra A redução sociológica: introdução ao estudo da razão sociológica está presente em ambos. Trata-se da última publicação de Guerreiro Ramos como integrante do Iseb, lançada em 1958, período em que o otimismo quanto ao progresso e o desenvolvimento marcava as conjunturas nacional e internacional. Inserido nesse contexto, Freire (2002, p. 28) busca fundamentação em Guerreiro Ramos para refletir sobre a postura humana diante do mundo, assimilando a noção de parlamentarização do sociólogo, identificada com a rejeição de posições quietistas, de viés participante. Na sequência, ainda em sua primeira obra, Freire dedica uma longa nota (2002, p. 32-33) para destacar a reflexão sobre os níveis de consciência, ancorado em Álvaro Vieira Pinto e Guerreiro Ramos. Tematizando as noções de consciência ingênua e consciência crítica desenvolvidas por este em A redução sociológica (1996), Freire afirma se opor parcialmente, considerando que os graus de consciência possuem uma condição intermediária, chamada por ele de transitividade, sem a qual o ser humano não alcança a consciência crítica. Não haveria, segundo Freire, uma passagem automática de consciência ingênua para consciência crítica, conforme entendia Guerreiro Ramos. Nessa transição teria papel fundamental o processo educativo: A consciência transitivo-crítica há de resultar de trabalho formador, apoiado em condições históricas propícias (FREIRE, 2002, p. 34). Em Educação como prática da liberdade Paulo Freire (2002a, p. 53) aborda a noção de homem parentético de Guerreiro Ramos, oposta ao rinocerontismo pela dimensão crítica que a caracteriza. Ele entende haver relações entre essa noção e a imaginação sociológica de Wright Mills. Na mesma obra, analisando a atualidade brasileira, Freire (2002a, p. 61) critica, amparado em Guerreiro Ramos (A redução sociológica), a adoção de soluções meramente copiadas de outros contextos sociais, considerando que resultam inoperantes e provocam desânimo e atitudes de inferioridade. Portanto, percebe-se que a obra de Guerreiro Ramos exerceu influência no pensamento de Paulo Freire, principalmente em sua fase inicial, conforme revelam os seus dois primeiros escritos.

    Referências

    FREIRE, Paulo. Educação e atualidade brasileira. ٢ª ed. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, ٢٠٠٢.

    FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 26ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002a.

    RAMOS, Alberto Guerreiro. A redução sociológica. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1996.

    ALBERTO HEINIGER

    Gepeg - UFPel

    É agradecido por Paulo Freire por ter contribuído na construção da obra Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido.

    ALDA NEVES DA GRAÇA DO ESPÍRITO SANTO (1926-2010)

    Leonardo Camargo Lodi

    Escritora e poetisa de língua portuguesa, foi uma das representantes na busca da identidade feminina na literatura. Alda do Espírito Santo nasceu em São Tomé e Príncipe, onde foi, entre muitas outras ocupações, ministra da Educação e Cultura e secretária geral da União Nacional de Escritores e Artistas. A poetisa é citada por Paulo Freire, na obra Por uma pedagogia da pergunta, enquanto ministra, quando o autor, em diálogo com Antonio Faundez, fala de um projeto de recuperação das estórias e dos contos populares. A proposta era a criação de uma coleção de literatura popular que exaltasse e que recuperasse a memória de mitos da cultura, valorizando esses materiais que seriam organizados com respeito à sintaxe popular, [sendo] algo na verdade que urge ser feito segundo Freire.

    ALDOUS HUXLEY (1894-1963)

    Alípio Casali

    Aclamado escritor inglês, viveu grande parte de sua vida nos Estados Unidos. Autor de duas obras clássicas da literatura crítica: Admirável Mundo Novo (1931) e As portas da Percepção (1954), ademais de vasta coleção de poemas, contos, romances, literatura de viagem e roteiros de filmes. Sua obra remete com frequência à tensão e conflitos entre o autoritarismo político e a pulsão de liberdade do sujeito. Esse espírito crítico de Huxley atraiu Freire, que o cita em duas de suas obras fundantes. Em Educação e atualidade brasileira (1959), no Capítulo I, Freire está descrevendo os traços da transitividade crítica da consciência, fruto da educação dialógica (em contraste com a ingênua intransitividade). Nessa passagem, ele cita pela primeira vez Aldous Huxley (El Fin y los Medios, 1931) e sua arte de dissociar ideias (p. 36), pela qual o sujeito separa-se (criticamente) das imagens agradáveis da política domesticadora (leia-se antidemocrática). A mesma citação se repete em Educação como prática da liberdade (1965, p. 129), no item 4, intitulado Educação e conscientização. Nessa passagem, Freire está descrevendo o que ele chamou de execução prática do seu método de alfabetização.

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