Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Pedagogias culturais
Pedagogias culturais
Pedagogias culturais
E-book312 páginas4 horas

Pedagogias culturais

Nota: 5 de 5 estrelas

5/5

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

A obra Pedagogias culturais: a arte de produzir modos de ser e viver na contemporaneidade imprime o interesse dos autores de conectar múltiplas pesquisas que abordam de forma instigante e produtiva o conceito de pedagogias culturais. Enquanto expressão cunhada na década de 1990, essa concepção de pedagogias sinaliza que a esfera da cultura é produtiva para a realização de problematizações, análises e críticas. Além disso, mostra o quanto múltiplos espaços, instituições e práticas são eminentemente pedagógicos, uma vez que estão implicados na produção de modos de ser e viver.

É acerca dessas questões, centralmente, que esta obra dialoga. Os autores aqui reunidos tanto tratam, teoricamente, do conceito de pedagogias culturais quanto mostram, efetivamente, de que modo essas pedagogias funcionam por meio de materiais variados, tais como programas televisivos, obras de arte, matérias de revistas, documentos governamentais, grafites, pichações, anúncios publicitários, músicas, falas e reações de sujeitos diversos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547301743
Pedagogias culturais

Relacionado a Pedagogias culturais

Ebooks relacionados

Métodos e Materiais de Ensino para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Pedagogias culturais

Nota: 5 de 5 estrelas
5/5

1 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Pedagogias culturais - VIVIANE CASTRO CAMOZZATO

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDICIPLINARIDADE

    [...] a cultura é agora um dos elementos mais dinâmicos — e mais imprevisíveis — da mudança histórica no novo milênio. Não deve nos surpreender, então, que as lutas pelo poder sejam, crescentemente, simbólicas e discursivas, ao invés de tomar, simplesmente, uma forma física e compulsiva, e que as próprias políticas assumam progressivamente a feição de uma política cultural.

    (Stuart Hall)

    Prefácio

    Conceituados críticos da cultura contemporânea insistem em chamar nossa atenção, desde meados do século XX, para a centralidade (dos artefatos) da cultura no engendramento dos modos de vida nas sociedades dos pós-guerras. Fredric Jameson¹, mas não apenas ele, afirma que a lógica desse estágio tardio do capitalismo em que vivemos hoje é cultural. Tudo foi transformado em mercadorias que colonizam da natureza ao nosso inconsciente. A arquitetura, as imagens, os alimentos, em suas versões shopping center, vídeo, MTV, Mc Lanche Feliz, entre outros artefatos culturais, são materialidades da cultura transformada em mercadorias, que vão moldando nossas maneiras de ser e de viver. Elas formatam nosso gosto, nossos sentidos, nossos desejos, nossos relacionamentos, nossos eus privado e público, enfim, vão modelando nossas subjetividades e fabricando as identidades destes tempos. Embora a cultura sempre tenha ocupado um lugar de destaque nas ciências humanas e sociais, parece que é no limiar do novo milênio que sua centralidade na condução de nossas vidas se tornou mais evidente e crucial. Stuart Hall (1997), um dos precursores dos Estudos Culturais e um dos mais destacados analistas da cultura contemporânea, falecido na Inglaterra em 10 de fevereiro de 2014, insistiu em ressaltar que a cultura não é um componente subordinado; ela é constitutiva das nossas formas de ser, de viver, de compreender e de explicar o mundo.

    No início dos anos 1990, chegaram ao Brasil as contribuições iniciais de autores dos Estudos Culturais ao campo da Educação. Desembarcadas em alguns textos traduzidos para a língua portuguesa, as ideias dos pioneiros desses estudos, especialmente as de Stuart Hall, inauguram e fecundam um terreno novo e criativo de pesquisa – o das análises culturais em Educação. Em conjunção com aportes de pensadores pós-estruturalistas, como Michel Foucault, Gilles Deleuze, Jacques Derrida e alguns sociólogos da pós-modernidade, como Zygmunt Bauman e Richard Sennet, as análises culturais em Educação vêm descortinando um vasto espaço intocado para investigações. Instigados por essas emergentes possibilidades, pesquisadores brasileiros aprimoraram suas ferramentas teórico-conceituais e metodológicas, aguçaram sua sensibilidade e começaram a esboçar questões e objetos de estudos antes impensados.

    Hoje, passadas pouco mais de duas décadas, tais movimentações já produziram um alentado e significativo conjunto de trabalhos acadêmicos que vêm nos ajudando a pensar a Educação em novas perspectivas. Boa parte desses estudos filia-se a um regime de inteligibilidade que desnaturaliza maneiras usuais de conceber o mundo e a experiência contemporâneos e se volta para como as coisas se constituem, como elas se tornam o que são. Em seu escopo, dá-se especial atenção às pedagogias culturais contemporâneas, essas inventivas maneiras de educar sujeitos, que proliferam direcionadas a incontáveis fins e objetivos, em geral atrelados a interesses sectários, raros deles edificantes e preocupados com a felicidade das pessoas.

    Os artigos que compõem este livro são uma amostra significativa da produtividade desses novos olhares no campo da Educação. Seus autores integram um destemido conjunto de desbravadores de ideias, que se aventuram em novas interpretações, esgarçam conceitos, tensionam concepções e mergulham no trabalho intelectual sem garantias e sem pretensões para além da infindável tarefa de decifração dos modos de ser e viver na contemporaneidade. Este livro bem pode ser pensado como uma homenagem póstuma e um tributo a um dos intelectuais que expressou e adotou, como poucos em seu tempo, essa disposição e coragem para pensar sem garantias – Stuart Hall.

    Porto Alegre, fevereiro de 2014

    Marisa Vorraber Costa²

    Apresentação

    Ao acolhermos o conceito de pedagogias culturais pretendemos salientar que se trata de problematizar as heranças da pedagogia e o que ela padece frente às intensidades do contemporâneo. Ou, como assinala Derrida,³ trata-se justamente de escolher as heranças. Ao fazer disso uma escolha, assumimos não um modo mais privilegiado de olhar, mas uma dentre tantas outras possibilidades. Eis por que a idéia de herança implica não apenas reafirmação e dupla injunção, mas a cada instante, em um contexto diferente, uma filtragem, uma escolha, uma estratégia.⁴ Tratando do conceito de pedagogia, nesse caso, há de ser salientado o quão amplas e heterogêneas são as produções teóricas que o circunscrevem. Colocando-nos como herdeiros de um conceito que nos transcende enormemente, como há de ser, obviamente, assumimos as escolhas realizadas.

    Assim, ser herdeiro não é apenas alguém que recebe, é alguém que escolhe, e que se empenha em decidir.⁵ Não se trata de falar de tudo e de todos, de avançar em uma busca por mapear por completo um campo, uma área, um tema, um conceito. É, mais propriamente, reconhecer-se inscrito em uma história em que a palavra e o conceito nos inscrevem, acolhendo essa história para, ao mesmo tempo, reinterpretá-la. A um só tempo receber e escolher, mas também distinguir, diferenciar, procurar mostrar as articulações, reinterpretar. A um só tempo afirmar o que vem e, ao fazer isso, mostrar que o que nos chega nesse tempo pode ser visto de outros modos, e pode, ainda, servir a outros propósitos. Como Roudinesco salienta, nessa entrevista realizada com Derrida, a melhor maneira de ser fiel a uma herança é ser-lhe infiel, isto é, não recebê-la à letra, como uma totalidade, mas antes surpreender suas falhas, captar seu ‘momento dogmático’.⁶

    É a partir do reconhecimento de heranças desse tipo que este livro trabalha. Entendemos, sobretudo, que, embora haja muitos investimentos para afirmar/nomear/definir a pedagogia, ela trata, sobremaneira, da produção de modos de ser e viver no tempo em que está em funcionamento. Dessa forma, e como as histórias do conceito de pedagogia nos mostram, trata-se, especialmente, de compreender que ela está intensamente relacionada com a condução e a fabricação de modos de ser e viver. Condução de um estado a outro; de um trajeto a outro. Cabe destacar, nesse sentido, que os relatos sobre o nascimento da pedagogia estão agregados aos modos de cuidado e governo das crianças. Inicialmente os pedagogos teriam sido escravos que realizavam o percurso de condução das crianças mais abastadas de suas casas até as escolas, evidenciando, com isso, todo um percurso pedagógico externo à instituição escola.

    Frente ao exposto, admitimos que estamos lidando, imprescindivelmente, com embates em torno da significação. Assumir um conceito, armá-lo e fazê-lo funcionar implica, necessariamente, a disputa com tantos outros modos possíveis de compreendê-lo. Expomos isso para afirmar que nossa intenção aqui é conectar múltiplas pesquisas que têm lidado de forma instigante e produtiva com o conceito de pedagogias culturais. Os autores, para isso, partem de pesquisas pautadas pelos Estudos Culturais em Educação. Nessa perspectiva teórica – em que o acento está no entendimento de que a cultura é produtiva e central para as configurações das sociedades –, emergiu, na década de 1990, o conceito de pedagogias culturais. Desenvolvido na obra Cultural pedagogy: arts, education, politics, de David Trend,⁸ mas difundido no Brasil a partir de produções de Henry Giroux, Shirley Steinberg e Joe Kincheloe, tal conceito tem sido o principal elo articulador das pesquisas que entrelaçam os Estudos Culturais e a Educação. Na sua disseminação no Brasil, tem sido difundido pelos estudos e produções de pesquisadores dos programas de pós-graduação em Educação da UFRGS e da ULBRA, mas também por pesquisadores de variadas instituições pelo Brasil. Tal conceito, herdado da perspectiva teórica dos Estudos Culturais em Educação é, portanto, o principal articulador dos artigos que compõe este livro.

    Importante destacar que estamos lidando com um conceito que se atualiza constantemente para atender aos chamados e apelos socioculturais, históricos, políticos e econômicos, de modo a produzir sujeitos a serem conduzidos para viver e habitar esse tempo-espaço preciso. É possível afirmar, assim, que os artigos aqui exibidos colocam sob suspeita qualquer pretensão de afirmar a noção de pedagogia, no singular, para assumir, produtivamente, a noção de pedagogias, no plural. Isso porque partimos da concepção de que há múltiplas pedagogias proliferando e atuando.

    Assim, compreendemos que viver e ser no século XXI – como vem sendo reiteradamente marcado e assinalado em múltiplos artefatos e espaços – demanda habilidades, domínios e competências que, em outros tempos-espaços, não eram exigidos. Cada vez mais tem se compreendido que, para atuar, modelar, ou melhor, produzir os sujeitos aptos para a contemporaneidade, as formas de investir na produção das subjetividades desses sujeitos precisam ser atualizadas. E, a partir desse entendimento, surge a concepção de que a pedagogia precisa se transformar constantemente para responder às demandas que não cessam de ser produzidas. E, mais ainda, a pedagogia precisa proliferar para estar presente aos sujeitos em todos os momentos de suas vidas para, enfim, ensinar a ser e a estar neste mundo do modo mais eficaz e global possível, tentando remodelar a máxima comeniana do ensinar tudo a todos.

    Partindo disso, parece-nos produtivo pensar que as pedagogias estão compreendidas nos processos que nos tornam sujeitos de determinado tempo, em um contexto determinado e situado. Há, nesse sentido, muitos espaços e artefatos disponíveis para que as pedagogias funcionem e, com isso, possam propiciar que os sujeitos aprendam a se modificar e estabelecer relações consigo e com o mundo que os cerca. Trata-se, mais especificamente, da operacionalidade desses espaços em que circulam e funcionam as pedagogias, as quais são consideradas pedagógicas justamente porque estão orientadas à constituição ou à transformação da maneira pela qual as pessoas se descrevem, se narram, se julgam [se comportam] ou se controlam a si mesmas.

    Neste livro, as indagações, análises e reflexões dos autores nos auxiliam a compreender as transformações que possibilitaram novas configurações do estatuto de pedagógico atrelados a instâncias e artefatos antes não tão considerados. Seguindo a tradição dos Estudos Culturais e o entendimento do saudoso Stuart Hall, compreendemos que "a cultura penetra em cada recanto da vida social contemporânea, fazendo proliferar ambientes secundários, mediando tudo".¹⁰ As pedagogias, sendo construções culturais, portanto, atuam em conjunção com a cultura para penetrar, mediar e produzir os modos de ser e viver contemporâneos.

    Abrimos esta coletânea com o artigo A invenção das pedagogias culturais, de Paula Deporte de Andrade, em que a autora traz uma análise sobre a emergência do conceito de pedagogias culturais. Trata-se de problematizar as condições que tornaram possível a invenção desse conceito, que inclui deslocamentos na concepção de cultura – desde o século XVIII até a contemporaneidade, momento em que a cultura ganhou centralidade nunca antes vista. Além disso, a autora trata do quanto as pedagogias culturais são herdeiras da tradição das pedagogias críticas. Abrir o livro com esse artigo possibilitará ao leitor a imersão teórica sobre um conceito que não esteve sempre dado, mas que foi se configurando historicamente, como uma necessidade frente às transformações sociais e as novas necessidades e exigências para formar tipos de sujeitos para corresponder a essas mesmas transformações.

    Na sequência, Nadia Geisa Silveira de Souza, no artigo Discutindo práticas implicadas na produção do corpo, propõe um debate acerca dos modos pelos quais, nas verdades circulantes nas práticas sociais contemporâneas – em instâncias como a família, os grupos de amigos, a escola, entre outros – e em conexão com as pedagogias culturais midiáticas, são ensinados modos de se perceber e agir sobre si e os demais. O corpo é problematizado, assim, como fruto das relações com o social, implicando em processos de produção de corpos e pertencimentos mediante a dimensão constitutiva dos corpos-sujeitos nessas diferentes instâncias. Importante salientar, ainda, o enfoque dado pela autora em relação ao quanto as práticas escolares têm deixado de incluir os ensinamentos que perpassam a construção dos sujeitos fora das escolas, o que deixa de contribuir para a efetiva produção de um saber crítico e mais relevante para as pessoas. Repensar essas relações e criar outras estratégias aparece, em suma, como uma questão teórica e política de fundamental importância.

    Em Grafites, pichações e outras pedagogias das ruas: juventudes, cultura visual e educação, Eloenes Lima da Silva aborda o quanto grafites e pichações implicam em pedagogias, paisagens e ensinamentos. Um forte acento à questão das juventudes é realizado, pois no entendimento do autor, as juventudes são plurais e têm códigos de pertencimento distintos. Importante desatacar que as conexões com a educação são realizadas mediante a temática das pedagogias e, ainda, pelo modo como o autor entende a cultura visual, vendo como implicada nos modos de ver e pensar.

    Andresa Silva da Costa Mutz, em A pedagogia do consumo e a cultura do endividamento nos anúncios publicitários de cartões de crédito, problematiza a pedagogia do consumo que atravessa diferentes artefatos culturais, articulando discursos que nos convocam a ser consumidores do tipo adequado, governando-nos. No artigo em questão, a autora propõe uma análise de anúncios publicitários que permitam discutir a pedagogia do consumo e as estratégias de naturalização da associação do crédito como um meio de acesso aos diferentes tipos de compras. Trata-se de discutir como passamos por uma educação que nos ensina a comprar ao fazer da dívida um modo válido de pagamento.

    Taís Ferreira, em Onde aprendemos dança, música e teatro hoje?, parte de duas situações específicas para discutir o quanto nossos cotidianos estão imbricados com os modos pelos quais passamos a ver, perceber, sentir e escutar. Trata-se, por isso mesmo, de pensar sobre o lugar e a necessidade tanto da arte quanto da educação. A autora enfoca, sobretudo, modos de relação estética, de fruição e recepção de arte e de outros artefatos, aqui também compreendidos a partir do entendimento das pedagogias culturais. A autora contribui para ampliar percepções ao discutir acerca dos espaços de formação dos nossos repertórios como espectadores e ouvintes. A escola, segundo Taís, seria um lócus privilegiado para mediar isso. É significativo o enfoque em uma possibilidade de formação artística mais plural, em que as fronteiras entre cultura erudita e popular não sejam reiteradas. Isso envolveria um processo de mediação, em que o acesso às diferentes obras – como as de artes e literatura, por exemplo – seriam mediadas pelos contatos com os artefatos das culturas de massa, midiáticas e tradicionais – os quais têm enorme força e centralidade nos tempos atuais. Devido a isso, aparecem as mediações com as crianças e jovens, que deve ser horizontal, estendendo-se no decorrer da vida dos estudantes.

    O que ouço me conduz? Músicas, discursos e feminilidades contemporâneas, texto de Juliana Ribeiro de Vargas, oferece ao leitor uma discussão sobre os discursos que constituem modos de ser jovem/mulher. Para tratar tal problemática a autora se debruça sobre músicas contemporâneas que jovens estudantes de uma escola de periferia escutam nos aparelhos celulares. Juliana parte de lentes que compreendem tais discursos como atravessados por pedagogias culturais que posicionam, constroem e educam as jovens para constituir, de determinados modos, suas experiências a partir das músicas e dos discursos interligados.

    Os autores Letícia Fonseca Richthofen de Freitas e Anderson Rodrigues Corrêa, no artigo "Linguagem e produção de saberes: uma análise do filme A Onda", fazem uma leitura dessa narrativa fílmica alemã, que trata de uma experiência de sala de aula para que estudantes compreendam os mecanismos de funcionamento do fascismo e do poder. Letícia e Anderson realizam uma discussão acerca das relações entre linguagem, cinema e produção de sentidos, e evidenciam, com isso, aspectos internos e externos do filme, problematizando o quanto as narrativas cinematográficas ensinam modos de ser e estar no mundo, sendo eminentemente pedagógicas.

    Em Mona Lisa transfigurada: a objetificação do corpo feminino, as autoras Maria Simone Vione Schwengber e Maria Regina Johann conduzem nosso olhar às elaboradas formas pelas quais passamos com uma educação dos corpos, mediante diferentes artefatos culturais que geram efeitos nas formas de constituição de mulheres e homens, reforçando posições de feminilidades e masculinidades. A partir da escolha por analisar anúncios publicitários brasileiros, com o foco nas imagens de Mona Lisa, de Da Vinci, as autoras problematizam os modos como eles produzem uma pedagogia visual de feminilidade ao inscreverem ideais de feminilidades mediante a construção das imagens das campanhas.

    Discursos sobre cidadania e cidade educadora: discutindo lições de manuais de Educação Integral, de autoria de Rosane Fátima Vasques e Rodrigo Saballa de Carvalho, tem como objetivo, como o próprio título anuncia, problematizar discursos presentes em manuais de Educação Integral, os quais são amplamente utilizados na formação docente em nosso país. Os autores compreendem tais manuais como artefatos culturais, elaboradores e difusores de saberes que atuam na construção dos professores que participam de Programas de Educação Integral. Com base na análise de quatro obras distintas, são abordados seus regimes de verdade e as formas de governamento docente a partir deles.

    No penúltimo texto do livro, encontramos as análises oferecidas por Simone Olsiesky dos Santos. Em Representações de infantis, de escola, de professor e de saber na visualidade humorística dos desenhos animados, somos instados a pensar, a partir dos desenhos animados As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy e Os Anjinhos, nas desconstruções dessas representações. Com essa análise, mais um produto de nosso tempo passa pelo crivo de estudo: a televisão como um dispositivo poderoso, uma vez que ambos desenhos circularam intensamente nas TVs aberta e fechada. Além disso, o gênero animação é amplamente consumido como uma das pedagogias culturais que nos enredam em suas tramas repletas de fantasias e também de fixações a papéis e estilos muitas vezes

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1