Eagora - Movimentos de mudanças: Relação da codependência com adicção
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Sobre este e-book
Uma vez ouvi dizer: "Como querer que o seu amanhã seja diferente se você faz hoje o mesmo que fez ontem?".
Para aliviar angústias, rancores, medos, controles e descontroles excessivos, em quaisquer problemas que enfrentamos, nós precisamos refletir e agir.
Mudança requer atitude de coragem e ação. Mudança requer o desconforto do desconhecido, mas que nos traz descobertas incríveis: potencialidades e habilidades nunca antes percebidas e, consequentemente, melhoria da nossa autoestima ao nos descobrirmos mais capazes do que imaginávamos ser.
Toda mudança é um processo em que nos recolhemos para a interiorização e autoconhecimento. É como se estivéssemos nos encapsulando, engravidados de nós mesmos.
E é nesse processo de abandonarmos o velho e despertarmos para o novo que acontece a transformação.
Tomamos posse de novos hábitos, novas posturas e alcançamos a luz,
a autonomia e a liberdade.
MARIA LUCIA GIL
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Eagora - Movimentos de mudanças - Cláudio J. Pessotti
Claudio J. Pessotti
© 2016 Claudio J. Pessotti
Todos os direitos são de exclusividade do autor.
Capa e projeto gráfico | Marco Melo
preparação do texto | Matheus Rodrigues de Camargo
Revisão | Editora EME
Pessotti, Claudio J.
Eagora / Claudio J. Pessotti – 1ª ed. jan. 2017 – Capivari-SP: Editora Nova Consciência.
1. Comportamento humano. 2. Mudanças de comportamento.
CDD 157.194
Sumário
Eagora
Apresentação
Prefácio
Introdução
Um alerta
O fundo do poço
Codependência e seu envolvimento com a adicção
Adicção à droga – reflexões
Drogas
O sobrevivente e a adicção
Condição de guerreiro da vida
Caminhar em direção ao ponto de encontro com a sobriedade
Espiritualidade
Mãe e filho e suas vivências
Prevenção primária
Reflexões sobre a adicção e a codependência
Leitura sugerida
O amor, quando olhado à luz da espiritualidade, é um bálsamo ao inter-relacionamento e cooperação de seres humanos em situação de conflito. O conflito pode se resolver com movimentos de mudança, desde que essa mudança tenha um significado, feita sem medo, e com os olhos voltados à origem do problema, à doença, nunca ao comportamento.
Aos leitores, compartilhem comigo os movimentos de mudança, mudança que tem de ser feita, independente da dor e do sofrimento, quando somos afetados pelos comportamentos e atitudes oriundas da obsessão compulsiva do outro, seus vícios de espécie
, e nos envolvemos no emaranhado de suas emoções e manipulações, e permitimos que a codependência tome conta de nós.
Agradecimentos
Para meus Pais (in memoriam); à minha esposa Iolanda Pessotti, que colaborou com o conteúdo e consistência dos temas abordados neste Eagora; aos Voluntários do Amor Exigente, com quem tive a oportunidade de conviver e compartilhar esta nova experiência de vida; e à Equipe da Editora Nova Consciência, e Matheus Camargo, que colaboraram na composição deste livro.
Eagora
A sobrevivência da criança, desde o seu nascimento, é marcada por comportamentos que são aprendidos e reforçados na sua relação com seus pais, familiares, educadores e socialmente ao longo das diversas fases de seu desenvolvimento pessoal.
Estes pequenos seres
egocêntricos aprendem desde a tenra idade, no dia a dia da família, da escola e socialmente em menor ou maior escala, a arte da fantasia, de brincar, de trabalhar, de destruir, de violar, de manipular, de mentir. São formas de se adaptarem às suas realidades, para sobreviverem nos ambientes: familiar, escolar, e social, que têm características as mais distintas possíveis. Muitos deles, se as pessoas à sua volta não atendem aos seus desejos imediatos, têm os seus pitis emocionais
; jogam-se no chão, batem seus pezinhos, choram, gritam, vomitam, perdem a respiração, e já mais crescidos mostram seus dentes, cospem, arranham, esmurram, ficam rebeldes, questionam quase tudo, não aceitam regras, se isolam no seu próprio mundo, ficam violentos, e em muitos casos, para disfarçar, se mostram como santinhos.
Nas constantes mudanças das suas diferentes fases de vida, os pais não percebem que os distúrbios comportamentais aparentes de seus filhos podem ser gritos de alerta pedindo ajuda, pedindo limites, mas a maioria dos pais responde dando a eles coisas e mais coisas, envolvendo-os em inúmeras atividades.
Essa forma de cuidar dos filhos facilita o desenvolvimento, na família, na escola e socialmente, de algumas formas de compensação relacionadas aos prazeres da vida, geradoras de dependências.
Quando as crianças atingem a adolescência, com seus novos amigos, frequentam livremente ambientes sociais que mais parecem academias preparadas para fortalecer essas dependências. Ninguém percebe, mas a cada dia que passa eles ficam mais vulneráveis, e muitos deles, diante das ofertas e facilidades, de forma inconsequente, experimentam substâncias químicas tóxicas. A partir daí, dá-se início a um processo destrutivo de suas vidas, e se isso acontecer, seus pedidos de ajuda dificilmente serão percebidos.
Quando as suas dependências atingem a maturidade, passam a ser mestres na arte da manipulação, e muitos deles são desrespeitados na sociedade, que os chama de mentirosos, sem vergonha, bêbados, drogados, e dizem que eles não têm força de vontade...
Eagora, se as coisas continuarem do jeito que estão, a sobriedade será mais um sonho inatingível para o homem.
Muitos deles, mesmo não tendo a intenção da maldade, influenciam outras crianças, adolescentes, jovens e até adultos a entrarem nas fileiras da adicção, que a cada dia que passa aumenta mais e mais e contabiliza perdas e mais perdas. Com essa doença instalada, passam a transtornar a vida de pais e educadores, submissos à sua arte de remexer suas culpas, suas fraquezas. Muitos pais e educadores, indefesos, submetem-se aos seus desejos e, muitas vezes, perdidos, atendem aos seus caprichos imediatos.
Podemos refletir que os distúrbios comportamentais em menor ou maior gravidade podem ser considerados pelos pais como pedidos de ajuda, quando são relacionados a algum tipo de adicção; seja pela consumo compulsivo de alimentos, álcool, remédios, psicotrópicos de espécie, outras drogas, uso compulsivo de eletrônicos, etc.
Eagora, o que vamos fazer?
E AGORA?, E AGORA?
Momento de dúvida, de tristeza, momento de dor e sofrimento. Muito se perdeu no caminho, E agora?, o que fazer?
EAGORA, EAGORA,
Movimentos de mudança do ser, o aguçamento da sua percepção, a reunião de suas forças internas na coragem de se movimentar.
Criação de novas oportunidades de sair do lugar-comum, do conforto. O rompimento de suas fronteiras na busca da sua simples libertação.
apresentação
"Quem prende seu coração a algo está preso.
Quem respeita seus limites não corre perigo.
Isto gera verdadeira serenidade.
De dentro vem o que por fora se revela." (Lao Tse)
A dependência
atinge indivíduos de todas as classes sociais em número cada vez maior, envolve-os, prende-os nas suas garras, e coloca-os em situações de risco de todo tipo. Ela não tem dó de ninguém, pois é da natureza humana sofrer as consequências das suas escolhas, naquilo que consome ou a que se entrega, na sua maneira de amar, de se apegar às coisas à sua volta, e este vício está relacionado ao uso e abuso de inúmeras substâncias, de concentrar a atenção em algo à sua volta, de repetir sempre as mesmas atividades, que em situações mais críticas podem causar sérias alterações de ordem física, psíquica e social no adicto. Nessas situações, não é possível não sofrer ao acompanhar essas mudanças negativas pelas quais um ente querido passa, ele, sem perceber, desenvolve uma doença progressiva, e os seus conflitos relacionais são absorvidos na família como problemas de comportamento. Infelizmente, leva muito tempo para ele e para as pessoas de seu relacionamento pessoal perceberem que seus novos comportamentos são motivados por uma dependência instalada.
A minha intenção ao escrever este livro é fazer uma abordagem dos movimentos de mudança a serem praticados pelos personagens que vivem o dia a dia da relação da codependência e adicção, para viverem suas vidas com liberdade e com mais qualidade de vida, uma reflexão sobre seus distúrbios, identificando as dificuldades vivenciadas pelos familiares, muitas vezes mais doentes que o adicto. Eles vivem paralisados e não conseguem desenvolver uma relação familiar mais saudável, com sobriedade; não conseguem viver só por hoje
.
Este Eagora anda em caminhos cheios de obstáculos, com placas sinalizadoras, com pontos de paradas, percorre trechos escuros, pouco iluminados pelas experiências de pessoas que conviveram com este problema, compartilhando novas condutas de adaptação e tocando em pontos sensíveis às mudanças de cunho pessoal.
Um alerta aos familiares: o tempo é cada vez menor para agir, não tem como racionalizar, contemporizar e facilitar. O mundo está em constante transformação, e é da natureza do ser humano se adaptar às novas situações para sobreviver sem sofrimento. As novas gerações de familiares aos poucos estão se acomodando diante dessas disfunções, a ponto de considerar normal o uso de determinados produtos químicos que trazem consigo comportamentos inadequados e são a porta de entrada para a autodestruição.
prefácio
A família e a sociedade precisam rever conceitos organizacionais, educativos, sistêmicos, culturais e éticos, que possibilitem, através da educação, preparar pequenos seres humanos, atualmente criados em um modelo que prioriza a dependência, em adultos prontos para viverem suas vidas com liberdade.
Essa é uma
frase que retrata a situação em que vivemos atualmente, porque tudo isso precisa ser feito, mas é muita coisa, é