Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Joias do Rio
Joias do Rio
Joias do Rio
E-book134 páginas1 hora

Joias do Rio

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Quem conhece, já ouviu ou leu algum texto de Roberto Saturnino Braga, sabe que ele é um carioca militante. Sempre que pode, fala e escreve sobre a sua cidade, cheio de amor a seu povo, a sua história, a filosofia do Rio, a sua geografia.

Em "Joias do Rio", um livro de cronicas, Saturnino não se desmente e elege 14 sítios emblemáticos da cidade – as suas "catorze belezas essenciais" – como objeto principal e único de suas narrativas.

Engana-se, porém, quem supor que, face ao momento crítico que atravessa o Rio, o escritor tenha se deixado levar por um clima nostálgico e melancólico.

O livro é delicioso de se ler, sem nenhum saudosismo, um tour inteligente e rico de informações pelos recantos mais bonitos da cidade, uma redescoberta de um Rio de Janeiro que ainda existe e tem mil histórias para contar.

Nesta viagem pelo tempo e espaço descobrimos, só para dar um exemplo, que o túnel que liga o Botafogo a Copacabana foi construído no final
dos anos 1800 e inaugurado pelo então presidente Floriano Peixoto; que Figueiredo Magalhães era um médico importante de Copa e que o Peixoto era um sorridente português dono da chácara que veio a se tornar o não menos simpático bairro Peixoto. Da Lagoa Rodrigo de Freitas, ele faz uma verdadeira arqueologia sobrepondo as suas diversas fases, e com pitadas anedóticas: vocês sabiam que Rodrigo de Freitas era o jovem amante (e depois marido) da já balzaquiana Dona Petronilha, proprietária da fazenda que ladeava o lago?

E para quem quiser pular etapas, duas dicas: delicie-se com a crônica Jardim Botânico, uma ode à vida, um passeio pela memória e pelo afeto, por "este sítio que é a própria divindade, a natureza, aberta, olorosa e acolhedora a qualquer um". E com a cronica Praça Mauá, e seus olhos voltados para o novo e para o futuro: "Que benfazeja revolução, a Nova Praça dos anos dois mil".
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de jan. de 2018
ISBN9786586081237
Joias do Rio

Relacionado a Joias do Rio

Ebooks relacionados

História para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Joias do Rio

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Joias do Rio - R. Saturnino Braga

    fronts

    Copyright © 2020 R. Saturnino Braga

    Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

    Edição: Haroldo Ceravolo Sereza

    Editora assistente: Danielly de Jesus Teles

    Assistente acadêmica: Bruna Marques

    Projeto gráfico e diagramação: Mari Ra Chacon

    Capa: Danielly de Jesus Teles

    Revisão: Alexandra Colontini

    Imagem da capa: Fotografia de Marc Ferrez. Homem olhando a paisagem. Praia de Botafogo. Morro do Corcovado ao fundo, 1890.

    CIP-BRA­SIL. CA­TA­LO­GA­ÇÃO-NA-FON­TE

    SIN­DI­CA­TO NA­CI­O­NAL DOS EDI­TO­RES DE LI­VROS, RJ

    ___________________________________________________________________________

    B795j

    Braga, Saturnino

    Joias do Rio [recurso eletrônico] / Saturnino Braga. - 1. ed. - São Paulo : Alameda, 2020. 

    re­cur­so di­gi­tal

    For­ma­to: ebo­ok

    Re­qui­si­tos dos sis­te­ma:

    Modo de aces­so: world wide web

    In­clui bi­bli­o­gra­fia e ín­di­ce

    ISBN 978-65-86081-23-7 (re­cur­so ele­trô­ni­co)

    1. Rio de Janeiro (RJ) - História. 2. Livros eletrônicos. I. Título.

    20-64013 CDD: 981.53

    CDU: 94(815.3)

    ____________________________________________________________________________

    Conselho Editorial

    Ana Paula Torres Megiani

    Eunice Ostrensky

    Haroldo Ceravolo Sereza

    Joana Monteleone

    Maria Luiza Ferreira de Oliveira

    Ruy Braga

    alameda casa editorial

    Rua Treze de Maio, 353 – Bela Vista

    CEP: 01327-000 – São Paulo – SP

    Tel.: (11) 3012-2403

    www.alamedaeditorial.com.br

    Sumário

    Apresentação

    Copacabana

    A Praça Mauá

    A Lagoa Rodrigo de Freitas

    Jardim Botânico

    O Bairro da Urca

    Museu Ferroviário

    Os morros primordiais

    As praças da minha vida

    Floresta da Tijuca

    Museu e Parque da Cidade

    O Parque do Flamengo

    Parque de Madureira

    Quinta da Boa Vista

    Os morros monumentais

    Em memória de

    Nicolas Durand de Villegagnon

    O primeiro encanto com a beleza

    Apresentação

    Marc Ferrez. Rua das Laranjeiras, c. 1887

    Vivo no Rio e penso no Rio, claro. Olho, me encanto, respiro e penso:

    Rio, meu querido Rio de Janeiro,

    Fevereiro e Março – é assim mesmo como cantou o Gil

    Calorosamente.

    Quero te pôr na pauta das lembranças benfazejas

    Do mundo.

    E invoco toda uma cascata de razões.

    Se disponho de mais tempo, por exemplo, na varanda pela manhã, se penso no Rio com mais vagar, acabo por ingressar num espaço-tempo metafísico, das coisas abençoadas capazes de resistir a toda sorte de maus tratos. Sei que me afasto muito das pautas de pensamento do nosso mundo, mas... é assim mesmo, vai e volta. A temática do pensamento da humanidade hoje está praticamente unificada, globalizada. Evidentemente, ela muda; vai se enrolando e mudando muito devagar, a gente envelhecendo em outro ritmo vai acompanhando sem se dar conta. Agora, porém, neste momento especial em que vivemos, muda em todo o mundo com velocidade nunca dantes suportada e, frequentemente, faz de nós navegadores mareados, desorientados, isso a gente percebe.

    E, neste tumulto de chamadas e convocações, não há mais, hoje, na cabeça de ninguém, no tempo que sobra do trabalho, da televisão e do celular, não há mais questão metafísica nenhuma. Nada. Alguns ainda pensam em Deus de vez em quando, assim com certo automatismo que nem gera indagações. Nem de longe aquelas preocupações salvacionistas terríveis de um passado antigo que durou mais de mil anos.

    Não tenho nada a julgar e dizer sobre o fato, se é bom, se não é. Simplesmente é. Vou à missa aos domingos porque gosto de Jesus e como aquele pão sacralizado em memória dele. Nem penso em salvação.

    Laemmert & C. Portão do Passeio Público, c. 1885

    Fala-se de um materialismo excessivo, mas eu prefiro me calar; não por política, mas comigo mesmo; prezo muito a ciência e conheço bem a gravidade do saudosismo nos nossos julgamentos; lembro bem da minha primeira comunhão, toda branquinha, na roupinha, no livrinho, no meu coraçãozinho; lembro da missa aos domingos como obrigação, do dever da comunhão na Páscoa, ainda em jejum, depois da confissão tão ingênua.

    Antanhos.

    Quando Nietzche proclamou a morte de Deus ainda havia algum questionamento nesta área; houve certa indignação e cresceu, por isso mesmo, sua importância como filósofo-vate insuperável.

    Hoje, não mais. O homem assumiu por inteiro o seu destino; e explicitou o seu desígnio: a extensão da vida até a imortalidade. Se for preciso, a humanidade mudará de planeta, já existe este projeto-disparate. Eu, fico e morro afogado no Rio.

    A temática do pensamento da humanidade hoje está praticamente unificada, globalizada. Evidentemente, ela muda; vai se enrolando e mudando muito devagar, a gente envelhecendo em outro ritmo vai acompanhando sem se dar conta. Agora, porém, neste momento especial em que vivemos, muda em todo o mundo com velocidade nunca dantes suportada e, frequentemente, faz de nós navegadores mareados, desorientados, isso a gente percebe.

    E, neste tumulto de chamadas e convocações, não há mais, hoje, na cabeça de ninguém, no tempo que sobra do trabalho, da televisão e do celular, não há mais questão metafísica nenhuma. Nada. Alguns ainda pensam em Deus de vez em quando, assim com certo automatismo que nem gera indagações. Nem de longe aquelas preocupações salvacionistas terríveis de um passado antigo que durou mais de mil anos.

    Não tenho nada a julgar e dizer sobre o fato, se é bom, se não é. Simplesmente é. Vou à missa aos domingos porque gosto de Jesus e como aquele pão sacralizado em memória dele. Nem penso em salvação.

    Fala-se de um materialismo excessivo, mas eu prefiro me calar; não por política, mas comigo mesmo; prezo muito a ciência e conheço bem a gravidade do saudosismo nos nossos julgamentos; lembro bem da minha primeira comunhão, toda branquinha, na roupinha, no livrinho, no meu coraçãozinho; lembro da missa aos domingos como obrigação, do dever da comunhão na Páscoa, ainda em jejum, depois da confissão tão ingênua.

    Antanhos.

    Quando Nietzche proclamou a morte de Deus ainda havia algum questionamento nesta área; houve certa indignação e cresceu, por isso mesmo, sua importância como filósofo-vate insuperável.

    Hoje, não mais. O homem assumiu por inteiro o seu destino; e explicitou o seu desígnio: a extensão da vida até a imortalidade. Se for preciso, a humanidade mudará de planeta, já existe este projeto-disparate. Eu, fico e morro afogado no Rio.

    Mas não há mais revoltados contra Deus e suas injustiças, mas contra o próprio homem feito moeda e ouro, o homem-capital que comanda e oprime a humanidade, faz guerras eficientes e covardes.

    E a temática convocatória da razão se materializou então na política, obra eminente do homem.

    Líderes religiosos de grande acatamento, como o extraordinário Papa Francisco, o querido Papa Francisco, ou o grande Dalai-Lama, exercem ainda forte influência humanística e filosófica – política por consequência; vedados, entretanto, de explicitá-lo. E o trágico que se soma ao sinistro é que, no momento agora, temerário, faltam líderes verdadeiramente políticos de visão e envergadura que o mundo já teve – eu vi: um Churchill, um De Gaulle, um Roosevelt, um Vargas. Saudosismo, mais uma vez? Olha o perigo: quem sabe? Pepe Mujica, porém, aparece para iluminar o quadro cinzento: impressionou-me profundamente. Sim, profunda e demoradamente. Inacabadamente. Há, sim, a pequenez do Uruguai. Sim, mas há também a reconhecida força moral do Uruguai.

    E enquanto Mujica cresce – crescerá sem dúvida – e eu acredito muito também no Lula ao fim de toda esta perseguição – os temas políticos de maior dimensão bagunçam o planeta, abrem espaços enormes para a violência eficaz, e não encontram pelo mundo vozes convincentes, sequer audiências convencíveis: a guerra, a paz, a negociação política, o diálogo, o terrorismo, o fórum mundial, a democracia, a preservação do planeta, a tragédia próxima.

    Só o PIB e a bomba atômica nos mísseis convencem.

    Fazer o quê?

    Bem, pelo menos, cultivar mais cuidadosamente os sentimentos doces, os afetos, no coração e no pensamento, cultivar com propósito, encontrar tempos de enlevo dentro do ranger funesto desta maquinaria que nos tritura, escapar, por minutos que seja, da sua lógica operacional e voltar-se para o lado, olhar ali o ser humano com carinho e buscar um relacionamento de fraternidade. Era a terceira das grandes promessas do século das

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1