Movimente-se!: Brincadeiras e jogos para o desenvolvimento da coordenação motora

De Sílvia Marina Guedes dos Reis

A criança pequena é puro movimento. Conforme ela cresce, o ato de se movimentar continua desempenhando um importante papel em sua formação, tanto física como emocional e intelectual, pois seu corpo é seu ponto de partida e sua referência na relação com o mundo.
Em tempos de internet e jogos eletrônicos, esse livro trata da necessidade intrínseca que a criança tem de mexer o corpo, para que se desenvolva harmoniosamente. Traz uma série de brincadeiras, músicas, atividades e jogos feitos com sucata, para auxiliar no desenvolvimento da coordenação motora global e fina – fundamental para a vida e para a escolarização futura dos pequenos –, trabalhando o esquema corporal, a lateralidade, o equilíbrio, a orientação espacial e temporal e o ritmo. 
A obra é voltada a todos os envolvidos com educação infantil, com séries iniciais do ensino fundamental e com recreação nessa faixa etária, apresentando ideias para atividades em espaços amplos.

• Idioma: Português
• Editora: Papirus Editora
• Data de lançamento: 30 de abr. de 2020
• ISBN: 9788544903452

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MOVIMENTE-SE!

Brincadeiras e jogos para o desenvolvimento da coordenação motora

SÍLVIA MARINA GUEDES DOS REIS

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Dedico este livro a todos os meus alunos,

pois, se muito ensinei,

também muito aprendi com eles.

Este livro é dedicado ao diferente, sujeito dos nossos olhares.

SUMÁRIO

PARTE 1

Introdução star Sobre este livro star Os movimentos star Desenvolvendo a coordenação motora global star Orientação espacial e temporal star Percepção do próprio corpo star Músicas e parlendas que trabalham com o corpo star Respiração e relaxamento star Esquema corporal star Também possuímos uma inteligência corporal star Desenvolvendo a coordenação motora fina star Sugestões de atividades de artes que colaboram para o desenvolvimento da coordenação motora fina star Sugestões de músicas e parlendas que trabalham com as mãos star Sugestões de jogos que envolvem movimentos finos

PARTE 2

Amarelinha e caracol star Apanhando flores star Boca do palhaço star Brincadeiras com argolas star Brincadeiras com bola star Brincadeiras com corda star Brincadeiras de roda star Brincadeiras ritmadas star Brincadeiras tradicionais star Carros, aviões, barcos... star Cavalinho de pau star Circuito star Corrida do garçom star Corrida dos bichos star Corrida dos ovos de avestruz star Croqué star Derrubando latas star Dominó gigante star Elástico star Encaçape a bolinha star Equilibristas star Espelho dinâmico star Estátuas que dançam star Estoure a bexiga star Fita animada star Formando conjuntos star Frisbee star Futeliche star Jogo da vassoura star Jogo da velha com bonecos star Jogo do trânsito star Medindo com passos star Peteca star Procure seu tênis star Robô teleguiado star Robôs e bonecos de pano star Rolando star Saltando pedras star Seguindo ritmos star Seu mestre mandou star Usando materiais diversos star Vaivém star Vôlei com bexiga

BIBLIOGRAFIA

SOBRE A AUTORA

REDES SOCIAIS

CRÉDITOS

PARTE 1

Introdução

Há um antigo ditado que diz: O mestre se faz, fazendo. A criança só poderá desenvolver e aprimorar seus movimentos, movimentando-se! E, assim, desenvolver suas potencialidades e sua inteligência de forma harmônica, conhecendo a si mesma e o outro, influenciando e sendo influenciada pelo ambiente que a rodeia.

Vida é movimento, e movimento é vida. Tudo na natureza está em constante movimento, tanto em nível macroscópico como em nível microscópico. Neste exato momento, enquanto você está lendo este livro, a Terra está girando em torno de seu próprio eixo e em torno do Sol. Os demais planetas, as estrelas e as galáxias também apresentam movimento próprio. No seu corpo, o sangue está correndo, o coração, batendo, as células, se renovando... E seus olhos estão se movendo para ler estas linhas.

A criança pequena é puro movimento, conhece o mundo e se desenvolve por meio dele.

Para Wallon, desde o início da vida, ele [o movimento] é uma das principais formas de comunicação da vida psíquica com o ambiente externo (apud Mahoney e Almeida 2003, p. 23).

Segundo Seber (1993, p. 34),

(...) o período sensório-motor é caracterizado por uma inteligência prática, pois se desenvolve antes do aparecimento da linguagem, coordenando percepções e movimentos. Agindo sobre os objetos, a criança constrói esquemas de ações como puxar, bater, empilhar, que, por mais diferentes que possam ser concebidos, não são ações isoladas, mas ações que se coordenam gradativamente, constituindo um sistema equilibrado em que Piaget assenta a gênese de todas as construções posteriores.

Conforme cresce, o movimento continua desempenhando um importante papel em sua formação, tanto física como emocional e intelectual. Para Le Boulch (2007, p. 15), o objetivo central da educação pelo movimento é contribuir ao desenvolvimento psicomotor da criança, de quem depende, ao mesmo tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar.

Para Piaget, a inteligência é o resultado de características biológicas, transmissões sociais e das interações da criança com o mundo. Interações essas que são mediadas pelo corpo.

Nos dias atuais, infelizmente, as crianças estão cada vez mais sedentárias. Em decorrência de vários fatores, como a falta de espaço e a violência nas cidades, as brincadeiras de rua e de quintal deram lugar a horas e horas passadas na frente do computador, da televisão e do videogame. A questão não reside na tecnologia em si, mas na dosagem do tempo gasto em cada atividade, pois é inegável que tanto o computador quanto o videogame desenvolvem uma série de habilidades, incluindo a coordenação visomotora, e preparam a criança para viver com desenvoltura em um ambiente cada vez mais tecnológico.

A obesidade infantil cresce assustadoramente no mundo, causada por fatores genéticos, má alimentação e pela falta de exercícios. Os problemas de postura também estão aparecendo cada vez mais cedo.

Brincar diariamente, de forma livre ou dirigida, em espaços amplos ou playground, é um excelente exercício que fortalece a musculatura. E uma musculatura forte mantém a sustentação adequada do esqueleto e previne problemas futuros.

Muitas vezes os pais, temendo que a criança se machuque ou não querendo que ela se suje, não a estimulam nesse sentido. A escola, por sua vez, muitas vezes valoriza apenas o trabalho mental, como se a mente pudesse se desenvolver destacada do corpo e vice-versa, não dando a devida importância às brincadeiras, às aulas de educação física, aos esportes e às atividades ao ar livre.

O tempo livre dos alunos na instituição escolar também deve ser valorizado, pois tanto os movimentos espontâneos como os dirigidos contribuem para seu desenvolvimento.

É de suma importância que a criança se sinta amada e acolhida na escola, em um ambiente que lhe ofereça segurança afetiva para que possa evoluir e adquirir autonomia. A criança não deve ser forçada a participar de um jogo ou brincadeira caso não queira; observar os outros é um grande estímulo, e certamente, quando se sentir mais confiante, ela participará ativamente da atividade. É importante que o educador a incentive, elogiando seus progressos e encorajando-a a avançar.

Muitos alunos chegam à escola inseguros, com baixa autoestima, temerosos em realizar novos movimentos, participar de atividades ou mesmo brincar em alguns brinquedos do playground, como o escorregador ou o trepa-trepa. Nessas ocasiões o professor precisará incentivá-lo a participar ou mesmo oferecer apoio físico, como segurar sua mão ajudando-o a escorregar, a saltar, a caminhar sobre um banco, até que se sinta confiante para realizar tais movimentos sozinho.

O professor também precisa estar atento e orientar seus alunos sobre a postura correta ao sentar: costas retas e apoiadas no encosto da cadeira, pés apoiados no chão e braços apoiados sobre a mesa. Também é importante pegar corretamente no lápis.

Conforme as séries avançam, as crianças passam a maior parte do tempo na escola sentadas, e geralmente quanto mais quietas melhor. As justificativas são várias: não há espaço suficiente, o tempo é escasso para ensinar todo o conteúdo, as crianças podem machucar-se etc. Nas classes de alfabetização isso ocorre com frequência; nelas encontramos crianças sentadas por horas a fio, executando tarefas escritas. É preciso lembrar que o processo de aprendizagem da leitura e da escrita é complexo, e envolve não apenas maturidade intelectual, mas também maturidade física e emocional.

Para Alves (2007a, p. 98),

(...) o preparo para iniciar a leitura e a escrita (alfabetização) depende de uma complexa integração dos processos neurológicos e de uma harmoniosa evolução de habilidades básicas como percepção, esquema corporal, lateralidade, orientação espacial e temporal, coordenação visomotora, ritmo, análise e síntese visual e auditiva, habilidades visuais e auditivas, memória cinestésica, linguagem oral.

Várias dessas habilidades só poderão ser desenvolvidas por meio