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Deu a louca no mundo
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Deu a louca no mundo
E-book191 páginas2 horas

Deu a louca no mundo

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Sobre este e-book

Uma série de atentados ao redor do mundo deixa a humanidade em pânico. As autoridades entram em ação mas, em meio a esse clima de incerteza e desconfiança, desaparece Helô, integrante do grupo de missões especiais Os Natos. Mano-Loco, com seu gás da doideira, entra em ação e vai aprontar mundo afora, enlouquecendo as grandes celebridades. Quem estaria por trás desses atentados? Conseguiriam Os Natos enfrentar tanta gente poderosa? Nessa história de aventura e suspense, o leitor mergulhar† no mundo da vaidade no qual o que vale é a aparência.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de mai. de 2020
ISBN9786586059298
Deu a louca no mundo

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    Deu a louca no mundo - Beto Junqueyra

    aventura!

    A notícia!

    A Helô...

    – A Helô morreu!? A minha namorada... Não, não, ela não pode ter morrido! – gritou Mano-Loco. O garoto mal podia acreditar. Bem que a notícia que ele soubera no dia anterior podia ser um mal-entendido. Mas, por quê? Por que ela tinha de estar em Paris, ao lado da Torre Eiffel, justamente no momento das quatro explosões­? Por que ela estava lá? Por quê? Não, aquela notícia era apenas um pesadelo. Não podia ser verdade...

    Mas era.

    Mano-Loco levantou-se. Sentou-se. Levantou-se novamente. Caminhou em zigue-zague pela praia. Ia e voltava. Ia e voltava, mas parecia estar sempre no mesmo lugar. Era como se, a cada passo, fosse sugado por areia movediça. Assim como ele, o Mestre e os outros três integrantes dos Natos não sabiam o que fazer. O grupo, que fora criado pelo Ministério da Cultura para missões especiais, estava sem chão...

    – Não, ela não pode ter morrido! – bradou mais uma vez, desesperado. Logo a sua companheira, com quem ele levou tanto tempo para dar o primeiro beijo. Ah, aqueles momentos à beira-mar, abençoados pelo Cruzeiro do Sul e pelo poeta Camões. Ele se lembrava como se fosse ontem. Helô era seu primeiro e grande amor.

    Mas ele curtiu tão pouco o namoro... A todo instante ele revivia as palavras do velho e sábio Mestre Alceu, que, mais do que comandante dos Natos, era um companheiro fiel que estava sempre envolvido nas aventuras e desventuras dos quatro amigos. O Mestre bem que tentou dar a notícia da forma menos traumática possível: Jovens, hoje tivemos um acontecimento lamentável... Foi uma tragédia sem precedentes que deixou o mundo chocado... Por ora, é impossível calcular o número de feridos e de vidas que se perderam. E a nossa Helô, que estava lá, desapareceu tragicamente....

    Os pais, a irmã, os amigos e os colegas da menina estavam inconsoláveis. Ela viajara a Paris para fazer um curso de francês nas férias de verão. Romântica, Helô adorava a língua de Rousseau, Montesquieu, Sartre... Exigente e estudiosa, aquela menina que sonhava em ser médica queria aprender a falar várias línguas. No momento da explosão, ela, que tinha o hábito de acordar cedo, aguardava a chegada do guru O Iluminado. O líder do Sereniquistão e um dos maiores inimigos do terrorismo faria, naquela manhã, uma cerimônia ao lado da Torre Eiffel em prol da paz no mundo. Eram oito da manhã e a menina falava ao telefone com o Dr. Morivaldo, velho amigo do grupo, e com o Mestre. Os dois só queriam saber como Helô estava curtindo a Cidade Luz. No entanto, a ligação estava ruim e o trio mal podia se entender. De repente, ouviu-se um estrondo, os gritos da garota: "Mon Dieu! A torrezi... está cain... em ci... de..." e, por fim, o silêncio...

    As autoridades francesas não tinham dúvida: a ação era um atentado contra O Iluminado, que pregava incansavelmente o fim do terror organizado. Sob toneladas de entulhos e a uma temperatura de mais de mil graus centígrados, parecia impossível para alguém que estivesse perto da torre ter sobrevivido. A explosão ocorrera minutos antes de o guru subir ao palco para iniciar a sua Celebração da Paz. Ele escapara por pouco. Horas mais tarde, O Iluminado, sempre envolto em suas vestes sagradas, um turbante vermelho com túnicas verdes, dera uma emocionante declaração em um hospital. Perturbado, o guru mostrava-se indignado com tamanha atrocidade contra a civilização.

    Tudo passava pela cabeça dos Natos, até mesmo que aquela barbaridade poderia ser obra de Jack Stress, o arquirrival do grupo. Eles haviam destruído os planos do poderoso empresário que queria impor um novo idioma aos países de língua portuguesa: o stressês. Com isso, sua editora, a Jack Book, perdera bilhões em vendas. Revoltado com tamanho insucesso, Jack Stress mandou um aviso aos Natos dizendo que ainda pegaria aqueles moleques intrometidos para fazer um acerto de contas de que eles jamais se esqueceriam. Os jovens e o Mestre, no entanto, não acreditavam que o megaempresário seria o responsável por um ato tão violento só para atingir um dos membros do grupo. Jack Stress sumira de vista e já fazia um ano que não dava notícias. Alguns diziam que ele enlouquecera de vez. Outros garantiam que estava morto.

    Mano-Loco sentia necessidade de fazer algo, mas o que um menino de 13 anos poderia fazer contra poderosos terroristas? As perguntas chicoteavam cruelmente sua mente. Quem comandara aquela catástrofe, logo após o Natal? Por que tanto ódio? Por que atingir pessoas inocentes? Muito mais louco do que gordo, Mano-Loco incorporara o sobrenome de família, Loco, e impressionava cada vez mais a todos com suas ideias malucas e revolucionárias que sempre ajudavam os Natos a enfrentar suas perigosas missões. Seu coração parecia pesar mais do que seus oitenta quilos, tamanha era a bondade do menino. Quando via alguém de quem ele gostava em apuros, Mano-Loco ficava ainda mais... Louco! Filho de um casal de perfumistas, ele adorava se trancar durante horas no laboratório e fazer experiências com o efeito dos cheiros e dos gases que criava. Primeiro, fora o gás da doideira, a arma especial que tanto ajudou a turma a enfrentar os inimigos na última aventura pelo mundo. Agora, sua invenção genial era o misterioso gás do ridículo: após seis meses de testes, experimentando centenas de ingredientes, ele chegara a um gás muito mais eficaz. Com a nova fórmula, as pessoas passavam a agir de forma contrária aos seus princípios. Com o gás do ridículo, suas vítimas poderiam até revelar segredos e fazer as mais inacreditáveis barbaridades em público...

    O olhar do garoto perdia-se na imensidão do oceano, tragado por uma grande angústia. Mas uma rajada de vento trouxe os pensamentos de Mano-Loco de volta à ilha. Estava sentado na areia em uma pequena praia em Fernando de Noronha, onde funcionava a sede secreta dos Natos. Mano-Loco levantou-se de vez. Respirou fundo. Precisava reagir contra os terroristas. Sua mente começou a trabalhar. Era hora de tomar uma atitude. Afinal, ele era um membro dos Natos. Tinha de injetar novo ânimo no grupo. Certamente era o que Helô mais gostaria de ver: os Natos unidos, em ação. O rosto de Mano-Loco transformara-se em uma goteira de tanto transpirar. Era como se a cabeça do jovem estivesse em ebulição. Os inimigos eram poderosos, mas ele possuía uma nova arma. Uma arma poderosa. Surpreendente. Envolvente...

    Enquanto isso, pelo mundo afora, muitas barbaridades estavam acontecendo. E muitas outras ainda estavam por vir...

    O terror toma conta do mundo

    Mestre Alceu dera a terrível notícia aos Natos assim que chegaram à sede do grupo. Os pais dos jovens não só os apoiavam, como também se orgulhavam do envolvimento deles em causas tão nobres, como a defesa da língua, das raízes culturais, do patrimônio histórico... Mas, desta vez, ninguém podia imaginar o que eles teriam pela frente. Todos possuíam passe livre nas companhias aéreas nacionais e, com isso, haviam chegado, em poucas horas, à ilha. Além do Mestre, de Helô e do Mano-Loco, o afro-baiano Tobi e a carioca Luzia faziam parte do grupo especial de jovens, recrutado em um concurso e que já desvendara com êxito muitos mistérios.

    Em estado de choque, Mestre, Luzia e Tobi também haviam perambulado o dia todo por Fernando de Noronha. Os Natos reuniram-se no começo da noite para assistir ao noticiário e decidir o que fazer. Em alguns momentos tinham a ilusão de que, por algum milagre poderiam reencontrar Helô viva, mas eles ficariam ainda mais arrasados com os novos acontecimentos exibidos no jornal. Uma onda de violência sem precedentes na história da humanidade alastrara-se pelo mundo. Após as explosões em Paris, outras partes do planeta tinham sido abaladas por atos terroristas.

    Em Londres, a famosa torre do Big Ben também fora atingida por quatro explosões ao mesmo tempo, detonadas por terroristas suicidas, acertando em cheio o monumento mais tradicional dos ingleses. A população estava perplexa e desorientada. A edificação com o relógio mais famoso do mundo desintegrara-se como se fosse um frágil castelo de bloquinhos de madeira, iguais aos de brinquedo. Os ponteiros marcaram pela última vez onze horas em Londres quando o atentado jogou pelos ares centenas de pessoas e anos de história. As imagens eram assustadoras. Os jornalistas, experientes e acostumados a relatar tragédias, estavam tão comovidos quanto os milhões de telespectadores que assistiam aos noticiários. No ar, em meio à fumaça e à destruição, pairavam nuvens de dúvidas. Quem estaria por trás de tanta barbárie? Quem os responsáveis planejavam atingir?

    Os terroristas agiram do outro lado do mundo também. Quatro horas mais tarde, o metrô de Hong Kong, na China, sofrera um grave atentado. Explosões em túneis espalharam pavor e pânico. Com quatro bombas detonadas em locais diferentes, a cidade perdera seu rumo e os chineses corriam pelas ruas, sem saber o que estava acontecendo e se haveria novas explosões. Fogo, gritos e escombros misturavam-se ao barulho das sirenes de ambulâncias e carros de bombeiros, transformando um dos maiores centros econômicos do mundo em um retrato de caos e terror. Várias composições do metrô foram atingidas e até os passageiros que se encontravam nas estações intoxicaram-se com a fumaça. Os hospitais estavam lotados.

    Os Natos, como certamente todos os que encontravam-se diante dos aparelhos de televisão, estavam paralisados. Ninguém conseguia dizer uma só palavra. Com os olhos fixos no telão da sala de comando, encolhiam-se cada vez mais nos seus assentos.

    Por que nenhum grupo terrorista rei indicara a autoria dos ataques? Quantas pessoas tinham sido atingidas? Haveria mais atentados?

    Houve.

    Enquanto a Tevenet mostrava imagens de Paris, Londres e Hong Kong, foi a vez de o correspondente de Nova York entrar no ar. Quatro horas após o ataque em Hong Kong, a metrópole americana, que já fora palco de ataques parecidos e ainda guardava o trauma da queda das Torres Gêmeas, foi sacudida por quatro explosões na Estátua da Liberdade. Dessa vez, uma pequena aeronave atirara quatro bombas contra o monumento até espatifar-se no meio da estátua. As autoridades tentavam calcular o número de vítimas. Não houve tempo de um caça norte-americano alvejar o aeroplano-suicida. Tudo acontecera rápido demais.

    – Quatro atentados – finalmente balbuciou o africano Tobi, calando-se em seguida. O garoto de 12 anos, apesar de ser o caçula do grupo, era bem mais alto que os colegas. Tobi era um moreno forte e musculoso, que lutava capoeira, arte que aprendera na cidade em que morava, Salvador. Ele era corajoso e adorava missões arriscadas. Mas só de ouvir falar em bombas sentia arrepios. Pudera, quando pequenino, enfrentara com seus pais os rigores de uma guerra civil em Angola, seu país natal. O barulho e a imagem das explosões ficariam para sempre na memória do menino. Aquele novo festival de barbaridades apagara o brilho de seu sorriso, que, como o de Helô, irradiava otimismo e entusiasmo a todos aqueles que o cercavam.

    – Um ataque a cada quatro horas – observou o Mestre, sem dizer mais nada.

    – Os atentados devem ter uma conexão – palpitou Mano-Loco.

    – É... Quatro explosões – manifestou-se Luzia sem, no entanto, ter forças para prosseguir. A cada murmúrio, seguia-se um longo silêncio. Assim como Tobi, Luzia era morena e um ano mais jovem que Mano-Loco e Helô. A menina colecionava livros e enciclopédias e quase sempre esclarecia as dúvidas dos Natos. Os cabelos em maria-chiquinha emolduravam, como cortina, seus enormes óculos quadrados que pareciam janelas, fazendo a fisionomia da carioca parecer uma aconchegante biblioteca. O olhar de Luzia

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