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Cárcere privado
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E-book210 páginas3 horas

Cárcere privado

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Sobre este e-book

"Lacei-a com fita adesiva de empacotamento, até gastar o rolo todo." Já na primeira frase do livro, o rapto e o sequestro se desenham na voz da narradora, que a partir daí desvela – sempre com uma certa dose de humor e ironia, numa prosa envolvente – toda a série de eventos que culminaram nesta situação extrema. O pano de fundo é a cidade de Brasília, com sua rotina peculiar em que o jogo do poder está presente mesmo nas relações mais singelas, entre vizinhos ou colegas de trabalho. Margarida Patriota se vale de uma trama policialesca para construir um romance psicológico que também serve como uma contundente crítica social. E o faz com maestria: Cárcere privado é um livro que se lê de um fôlego só, e prende o leitor até a última página, como nas melhores histórias policiais.
IdiomaPortuguês
Editora7Letras
Data de lançamento27 de ago. de 2020
ISBN9786586043679
Cárcere privado

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    Cárcere privado - Margarida Patriota

    Cárcere privado

    Lacei-a com fita adesiva de empacotamento, até gastar o rolo todo. A manobra desagradável resultou expedita, pelo menos. Gastei sobre o laçado outro rolo inteiro. À guisa de reforço, um terceiro. Dália não opôs resistência. Entregou-se de mão beijada, quase. Gastei para embrulhá-la tempo inferior ao previsto. Tampouco cuidei de caprichar no embrulho. Quis apenas neutralizá-la. Não despachá-la pelo correio a nenhum endereço com CEP e tudo.

    Uma vez de pé, puxo o ar pelo nariz com um chiado de quem funga coriza ou choro. Bufo, expelindo pela boca um resmungo gutural e gemente. A pressa é grande, o nervosismo, a urgência extraordinária do instante. Faz meia hora, Jonas desceu com a mala pelo elevador de serviço. Disse que passaria na farmácia a fim de comprar seu indispensável antialérgico, depois iria à banca de jornal pagar a conta que se arrasta, e me esperaria na garagem.

    Tranco a porta do escritório por precaução elementar, ainda que desnecessária. Dália, a sós, não tem como se evadir. Além dela, não há ninguém no apartamento, senão eu. De maneira que só eu posso libertá-la, no momento. No banheiro, diante do espelho de parede, em cima da pia, ajeito o cabelo com escovadas rápidas, retoco com os dedos os fios rebeldes. Na prateleira do armário que integra a suíte, pego a bolsa do dia a dia e parto para o elevador social.

    Convinha ter entrado no Eixão meia hora antes do congestionamento de fim de tarde. O jeito, agora, é aguentar, não lamentar. A quantidade de veículos em demanda da Saída Sul do Plano Piloto emperra o trânsito, no tronco que se ramifica para o aeroporto, bem como para a estrada que se estende a Valparaíso, e, de lá, ao Rio de Janeiro. Inútil querer mudar o carro de faixa e driblar os demais, no gargalo em que se está. Vai-se com a manada ou não se vai. À esquerda do volante, um ônibus sanfona do expresso DF bloqueia a paisagem como um muro de presídio de segurança máxima. À direita de Jonas, a quem dou carona, um caminhão com carga de abacaxis. Frente ao capô do nosso Polo, um sedan de autoescola avança e freia aos solavancos. Atrás de nós, a julgar pela imagem que o retrovisor condensa, cauda de faróis emula o pôr do sol. O momento é desses em que um descampado a céu aberto se torna exíguo, beirando o claustrofóbico.

    Na Brasília Super Rádio FM, a música de um piano ao cair da tarde sonoriza o trajeto para o aeroporto. Ouvimos o programa por um sentimento de camaradagem com o pianista, colega de Jonas no IBGE. Cá e lá, sobrepomos à melodia capenga o comentário: A cidade está se tornando inviável. Jonas indaga se quando voltar do litoral deve trazer um isopor com peixes. Respondo que sim, com camarões também, dependendo do preço e da oportunidade. Do apetite que sobrar, depois que ele resolver o somatório de questiúnculas que tem a resolver, relativas ao inventário do pai; à rescisão de contrato com o casal de domésticos que o pai empregava; à briga interminável com a madrasta; à ação de despejo que move há séculos; questiúnculas que, para minha paz, deixei de considerar meu departamento.

    Meia hora de trânsito perro e piano amador escoa, quando paro o carro na zona aeroportuária de embarque, próxima à área dos táxis.

    — Que tudo se resolva sem atritos nem mortes — digo, mal descolamos os lábios, após leve beijo de despedida.

    Ao apertar no painel o botão que destranca a traseira do modelo hatch, afasto a ideia de que o beijo que trocamos possa ter sido o nosso último. Reprimo com um ricto o sentimentalismo despontando, enquanto Jonas tira do bagageiro a jaqueta impermeável, útil se chover, bem como a mala de rodinhas que ele deposita na calçada e sai puxando pelo saguão, rumo ao check-in.

    Desligo o rádio e zarpo, sem delongas.

    Em meu áudio interno reboa a ação que deflagrei para enquadrar Mara Dália. Ela tinha de se defrontar, cedo ou tarde, com as consequências dos seus atos e iniciativas. Se, desde que a imobilizei no assoalho, continua enxergando um palmo à frente, terá visto que a palavra ultimato, em meu vocabulário, significa nada menos que ultimato. O filme que dirijo tem por título: Matar ou morrer.

    Sob as benesses de um céu que azula pálido, contorno o balão de crótons e racemosas que precede a entrada da minha quadra. Adiante, cem metros, já na garagem, estaciono o Polo na vaga que lhe cabe. Meio giro de chave, o motor se cala. Puxo o freio manual, pedindo ao Jonas que me habita para que se retire de mim, pois careço como nunca de sua ausência. Subo de escada até a portaria, a pretexto de apanhar o boleto do condomínio no escaninho do correio. Numa olhadela de relance, percebo que a fatura não chegou. Chegou aviso de multa de trânsito, para variar. Sua excelência o pardal eletrônico acusa-me de dirigir a sessenta e sete quilômetros por hora, onde a velocidade permitida é de sessenta apenas.

    — Não acredito que me sapecaram outra multa! — despejo no Marcos com a ênfase de costume, embora infração de rodagem, atualmente, seja o menor dos meus males. — Nesse ritmo, o Detran me leva à falência — acrescento, fiel ao roteiro que elaborei e enceno, no propósito de dirimir suspeitas.

    Foi, afinal, para não criar desconfianças que evitei ir, da garagem, direto para o quinto andar. Não avaliava o penoso que seria fingir que empurro a rotina com a barriga, quando atravesso o pico dramático da existência. Sinto-me falsa até a medula, afetando ares de normalidade para o Marcos, um quase amigo, que não merece fingimento de ninguém. O remédio que ministro periga ser pior que a doença, advirto-me, embora convencida de que terminar o que comecei pede manter as aparências.

    Nossa amizade, a rigor, não é estreita. Raramente é entre porteiros terceirizados e moradores de quatro-quartos com suíte, closet, dependências de empregada. Prezamos trocar ideias um com o outro, nada mais. O que acontece diariamente, ou quase, pelo tempo que me custa fumar um cigarro de manhã e outro de tarde, no vazado dos pilotis que sustentam o prédio. Quase diária, também, é a frequência com que a rubrica papo com Marcos, figura nas páginas das minhas agendas-diários dos últimos anos, encabeçando o registro de pequenos relatos e reflexões.

    Limito há muito o tabagismo à esfera do vão que recorta o térreo do meu bloco. De início, em deferência a Jonas, que além de não fumar, sofre de asma. Depois, na ilusão de me poluir um pouco menos do que se fumasse em ambiente fechado. Emanações de tabaco em brasa penetram no estofo do mobiliário, encardem a tinta das paredes, roem, corroem, entopem, inflamam, detonam os brônquios, tudo o que as campanhas de saúde pública divulgam, e com razão. Jonas não reclama de fumante ativa nas paragens, mas basta farejar bafo de fumo, lacrimeja, espirra, desata a arfar. De maneira que, para me dar o prazer de fumar, desço e fumo nas imediações da portaria. Lá, ­sento-me na bancada de mármore junto à guarita do porteiro e desfruto de uns minutos de plácida suspensão de atividades que não fumar, conversar ou contemplar a cena à frente. Salvo quando viajo ou compromisso de outra natureza me solicite, cumpro esse ritual quase todos os dias da semana. Uma vez, pelo meio da manhã, outra vez, pelo meio da tarde. Quanto aos fatores que me impedem de abolir um vício que pratico com parcimônia espartana — são outros quinhentos.

    Marcos, que tampouco fuma, nem poderia em horário de serviço, não altera o ritmo dos pestanejos para proteger os olhos das baforadas que emito e o ar corrente lhe atira ao rosto, enquanto desfiamos conversa. Dói pensar que atura sem queixas o fumacê na cara porque sou, no final das contas, um dos condôminos que garantem seus vencimentos mensais. Além de que o bonifico com panetone de chocolate e salário extra no Natal. A menos que encare ser fumante passivo duas vezes ao dia como um modo de quebrar a monotonia do seu ofício.

    Aviso de multa de trânsito na bolsa, pego o elevador social que, por intromissão alheia, faz escala no quarto andar. Mal as abas da cabine se encolhem, sumindo nas paredes laterais, Vinhadalhos entra, lançando um olá, como vamos! de expressão a um tempo surpresa e satisfeita de me ver. No quinto andar, onde salto, seu braço mantém o elevador parado, enquanto proseamos.

    Apresenta-se no visual com que trabalha e costumo avistá-lo quando o encontro. Cabelos negros lisos, brilho realçado pelo uso de gel; terno grafite, colarinho branco; gravata salpicada de palmeirinhas mel sobre fundo grená. Elogiei-a, uma vez, e fiquei sabendo que se tratava de uma Gravatá, marca brasileira, ecossustentável, que não fica a dever a nenhuma estrangeira.

    Dos vizinhos de prédio, Vinhadalhos é o único com o qual privo de quando em quando. Isso, não obstante o fato de que um vazamento de água, partindo de meu lavabo e afetando o dele, aproximou-nos. A rigor, não dele, em termos de propriedade, uma vez que ele ocupa imóvel funcional, pertencente à União. Seja como for, diante do vazamento em causa, Vinhadalhos subiu um lance de escada, acionou minha campainha e insistiu que eu verificasse a extensão do estrago em ocorrência. Acedi, considerando que o conserto me envolvia. E, aí, não foi a infiltração que me assombrou.

    Entrei em seu apartamento perguntando-me se transpunha a soleira de um museu ou de um antiquário. De uma antecâmara como imagino as houve em algum palácio ducal. Difícil apontar o que o mais me impressionou de imediato. Creio que a abundância de elementos evocando outros tempos e lugares. Santos barrocos e estatuetas cobriam em profusão mesas de centro e aparadores. Um ostensório graúdo, pendendo do teto como um lustre sobre mesa redonda confiscou meu olhar e o transportou para o altar de antiga e imponente igreja, de quando a prata sustentava impérios coloniais. A seguir, chamaram minha atenção quadros tapando nove décimos das paredes, bem como quantidade de sinos numa estante da altura do pé-direito da sala. Tudo me impactou a tal ponto, que exclamei:

    — Uau!

    Não disfarcei minha perplexidade ante o cenário circundante. Admirei-o sem reserva ou pudor. Uau!, tornei, acrescentando: Não sabia que morava em cima de um tesouro!. A partir dali, o tempo que levei examinando certas peças foi proporcional ao do discurso que cada qual ensejou. Uma Imaculada Conceição, esculpida em madeira oca, Vinhadalhos contou que comprara num brechó, por bagatela. Outra do gênero, custara-lhe o triplo num leilão. Perguntei-lhe quantos sinos compunham a coleção. Ele calculou que oitenta e sete, até então, adquiridos por meios diferentes, em diferentes localidades do país e do exterior. O sino mais antigo é este belga, de 1830, indicou-me, referindo-se a uma sineta de bronze de cabo curvilíneo. Os objetos à volta motivaram entre nós uma conversa que rendeu, afastando-nos por bom tempo de mazelas de encanamento e infiltração.

    No sábado seguinte, manhã findando, o cano rompido fora substituído sem grandes quebradeiras nos lavabos respectivos. A pintura nos trechos reparados concluía-se. Arquei com as despesas que me competiam e Vinhadalhos me convidou para ir com Jonas, à tardinha, tomar um chá, em sua casa. Entre outras coisas, para compartilhar conosco a compra de um "bacon daqui", conforme frisou, segurando o lóbulo da orelha entre o indicador e o polegar. Aceitamos o convite, Jonas e eu, curiosos com a ideia de tomar chá com bacon. Tomamos, na verdade, chá de hibisco acompanhado de uma aula introdutória à pintura de Francis Bacon, falecido pintor anglo-irlandês (descendente colateral do filósofo inglês do período elisabetano), de quem o anfitrião arrematara, num lance incrível, certo rabisco a lápis sobre guardanapo de papel.

    Chá de hibisco pelas tantas, Vinhadalhos sondou nosso interesse por ópera. Falando por mim, respondi que apreciava algumas árias, resposta que Jonas amesquinhou, dizendo: Essas famosas de que todo mundo gosta. No minuto seguinte, fomos levados da sala-museu, que o ostensório pendendo do teto dominava como um guardião, para o quarto contíguo, mescla de biblioteca, cinemateca e operateca, cujo acervo nos foi descrito com minúcia.

    Jonas, que nos domingos joga futebol com a turma e durante a semana interpreta dados estatísticos no IBGE, acha Vinhadalhos boa praça, desde que consumido em doses moderadas. Admito ­tolerá-lo em doses maiores. Acho-o atencioso, engraçado, e sua erudição me encanta. Acompanha com interesse minhas traduções e, quando me avista, sai do caminho dele para me cumprimentar. Embora propenso a borrifar cultura geral no incauto, não pontifica no jeito de falar. Esclarece com habilidade e fundamento: a pintura do Bacon tem qualidades tais; a marca Gravatá combate a exploração do trabalho escravo na produção da seda e traz o selo verde de parceira da natureza. Curto as frases de efeito que ele arremessa a três por dois, e me divirto com sua mania de fechar qualquer assunto, proclamando: A massa ainda comerá o biscoito fino que fabrico!.

    Desconfio que Vinhadalhos gostaria de me incluir com Jonas no rol de seus amigos próximos. Que gostaria de ultrapassar conosco o estágio da mera afabilidade de vizinhança. Seríamos, em princípio, simples amigos de escadas e corredores se ele, de vez em quando, não nos franqueasse os seus domínios particulares. Presumo que sinta prazer em nos receber em seu apartamento, quando não pelo mérito de nossa companhia, para propalar suas coleções fora da roda dos colegas de ministério. Jonas, afinal, é um cara atraente, se é que alhos têm a ver com bugalhos, e eu me julgo polida com os que me tratam bem.

    — Te cuida! — diz ele, soltando a porta do elevador, o que retribuo com um tchau e o aceno de que pretendo me cuidar.

    Coo ao fogão um café ralo como prezo e vou cuidar da prisioneira.

    A nós duas!, bravateio comigo, enquanto com a mão livre de caneca e garrafa térmica meto a chave na fechadura e a revolvo sem ruído.

    Mara Dália, como previsto, permanece deitada no chão de tacos. Jaz na forma em que a deixei, quando saí para levar Jonas ao aeroporto. Tentativas de mexer a boca, o queixo, os maxilares não fizeram a mordaça ceder. O corpo não afrouxou a estreita armadura de fita colante em que a encerrei. Os punhos seguem atados sem espaço para manobra, o mesmo ocorrendo com os tornozelos. As pernas, o tronco e os braços continuam encolhidos em posição fetal. Dália não demonstra perceber que entrei no quarto e a inspeciono. Ou banca a morta para me assustar. Acomodo-me no pufe bojudo e mole que posicionei a um passo dela. E espero. Espero, sem pressa, que o cheiro do café que beberico lhe açule o olfato e a acorde.

    Não demoro a ver suas pálpebras, que poupei de venda, entreabrirem-se, expondo nesgas de um olhar sem gana de obter foco. Mas do momento em que este foco se impõe e a contragosto lhe impinge meus traços fisionômicos, o olhar passa a me encarar, parecendo que indaga: Por que me maltrata assim? Acha que me meter numa camisa de força resolve?

    — Ainda que não resolva, as cartas foram dadas — replico em altaneiro bom som. — Os dados rolaram. Não adianta me olhar com cara de Madalena arrependida, Mara Dália, nome de peso... Não estou para meias-medidas. Perdida por pouco, perdida por muito, cada qual sabe o quanto um calo lhe dói.

    Minha ouvinte grunhe patética, no esforço de tentar separar as arcadas dentárias. Até o instante em que expele o ar pelas narinas, num murchar de quem entrega os pontos. Seu todo frustrado torna-se manso de dar pena. Se eu confiasse em que se manteria fria, não se poria a gritar por socorro, talvez lhe aliviasse a mordaça. Acontece que se me arrisco por compaixão, perigo perder o petisco. Seu histórico não inspira confiança. Puxou-me o tapete de sob os pés, vezes demais. Colocou-me, vezes demais, em maus lençóis. Se tem quem vá às vias de fato por bobagem, essa aí não sou eu. Fui, até onde fui, por quem fomentou discórdia em meu lar, levando Jonas a se envolver com outra; por quem ceifou minha carreira no serviço público; por quem consumou meu isolamento e me inculcou, desde cedo, o medo de envelhecer sozinha. Em meio a este pensamento, um fulgor se desprende de seu olhar mortiço, dando-me a impressão de ler nele: A mim, você terá até o fim.

    Conheci o vizinho do andar de cima devido a uma segunda amolação de cano vazando. Na cidade cinquentona em que resido os prédios maduros proporcionam tais coincidências. Só que, agora, eu era a vítima do vazamento, não a responsável. E a infiltração ocorria no banheiro da suíte, não no lavabo. De início, culpei meus demorados banhos quentes pela umidade brotando na face do teto sobre o chuveiro. Entretanto, no que uma bolha entre o reboco e a pintura foi inchando, comecei a suspeitar do engano. Por fim, quando Jonas e eu voltamos de uma excursão ao Jalapão, e a bolha não só estourara como pingava sobre a ducha, escorria por seu tampo e aterrissava no chão do boxe, tive de me inocentar ante o fato de que o apartamento ficara fechado naquela semana, período em que não

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