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Norte
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E-book290 páginas3 horas

Norte

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Sobre este e-book

Um pouco de sorte. Um pouco de habilidade. E uma grande aposta...

Com uma mochila cheia de dinheiro roubado, um novo amigo que conheceu ao furtar seu carro, e uma velha inimiga em seu encalço, Jayne segue para o Norte em busca de uma vida melhor. 

Ao longo do caminho, ela se depara com aventura, liberdade e algo que nunca esperava... amor.


Mas antes de chegar ao seu destino, Jayne precisa confrontar algo que a persegue a vida inteira. Quando menos espera, seu passado colide com seu futuro, e ela precisa decidir se continua a fugir ou se retorna para casa para reconstruir a vida que deixou para trás. 

IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de fev. de 2021
ISBN9781071588222
Norte

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    Pré-visualização do livro

    Norte - Amanda Linehan

    Índice

    CAPÍTULO UM

    CAPÍTULO DOIS

    CAPÍTULO TRÊS

    CAPÍTULO QUATRO

    CAPÍTULO CINCO

    CAPÍTULO SEIS

    CAPÍTULO SETE

    CAPÍTULO OITO

    CAPÍTULO NOVE

    CAPÍTULO DEZ

    CAPÍTULO ONZE

    CAPÍTULO DOZE

    CAPÍTULO TREZE

    CAPÍTULO QUATORZE

    CAPÍTULO QUINZE

    CAPÍTULO DEZESSEIS

    CAPÍTULO DEZESSETE

    CAPÍTULO DEZOITO

    CAPÍTULO DEZENOVE

    CAPÍTULO VINTE

    CAPÍTULO VINTE E DOIS

    CAPÍTULO VINTE E TRÊS

    CAPÍTULO VINTE E QUATRO

    CAPÍTULO VINTE E CINCO

    CAPÍTULO VINTE E SEIS

    CAPÍTULO VINTE E SETE

    CAPÍTULO VINTE E OITO

    CAPÍTULO VINTE E NOVE

    CAPÍTULO TRINTA

    CAPÍTULO TRINTA E UM

    CAPÍTULO TRINTA E DOIS

    CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

    CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

    CAPÍTULO TRINTA E CINCO

    CAPÍTULO TRINTA E SEIS

    CAPÍTULO TRINTA E SETE

    CAPÍTULO TRINTA E OITO

    CAPÍTULO TRINTA E NOVE

    AVISO AOS LEITORES

    SOBRE A AUTORA

    CAPÍTULO UM

    ––––––––

    Jayne olhou para o dinheiro na gaveta do caixa e, em um instante, teve certeza sobre o que iria fazer.

    Ela correria o risco.

    Olhou adiante naquele momento e viu Danny, da loja de roupas ao lado, em frente à entrada de sua loja, parcialmente bloqueada pelo portão semiaberto. Ele acenou para ela.

    – Te vejo amanhã? – ele perguntou do outro lado do portão.

    – Sim, até amanhã – Jayne respondeu. Ela sorriu e observou Danny retornar para sua loja.

    Ela sabia o que ele estava prestes a fazer – o mesmo que ela deveria – pegar todo o dinheiro do caixa e o colocar no cofre da loja para que pudesse ser depositado no banco no dia seguinte. Então, ele iria se certificar de que tudo estava em ordem, fecharia o portão por completo e seguiria para o carro. Às vezes Danny oferecia uma carona para Jayne, mas hoje à noite ela voltaria de ônibus.

    Jayne ainda não havia contado o dinheiro e não precisava, conseguia saber apenas olhando que estava por volta de mil. Tinha sido uma tarde particularmente boa para compras à vista, o que era incomum em um dia da semana.

    Ela ficou realmente surpresa com quantas pessoas compraram tênis caros com dinheiro vivo; apesar de ela própria não ter um cartão de crédito - ou mesmo uma conta bancária - aos dezenove anos, sabia que isso era estranho. De qualquer maneira, é preciso ter dinheiro para essas duas coisas e isso era algo que ela não tinha.

    Antes que seu cérebro voltasse a pensar no dinheiro e antes que ela pudesse desistir, Jayne tirou as notas e moedas da gaveta, colocou tudo dentro da sacola de vinil da loja e a fechou devagar.

    Até alguém perceber o que estava faltando, ela estaria muito longe. Teria, no mínimo, cerca de doze horas de vantagem. Pegou sua bolsa e correu para fora da loja.

    A alguns metros do portão de metal, ela parou e decidiu voltar para a loja para mais uma coisa.

    Trinta segundo depois, ela emergiu da parte de trás da loja, carregando uma caixa de sapatos. Estava de olho neste par há algum tempo. Era melhor aproveitar a chance.

    Finalmente, ela se viu do outro lado do portão, do lado de fora da loja. Procurou por algum sinal de Danny, sinal de qualquer pessoa, na verdade. Quando se sentiu segura, puxou o portão até o fim com um barulho alto.

    Ao passar com pressa pela loja de Danny e seguir em direção à entrada lateral do shopping, ela viu Jose, um dos seguranças. Seu batimento cardíaco acelerou consideravelmente quando percebeu que teria que falar com ele. Ela não estava livre, ainda.

    – Ei – Jose gritou com um sorriso visível à distância. – Vai embora, logo. Está tarde! Não trabalhe demais! Você vai estar aqui amanhã?

    Jayne parou e forçou seu próprio sorriso, consciente de que o que quer que dissesse, seria uma mentira.

    – Sim. De tarde. Vou ficar até fechar, de novo.

    – Ahh, a vida de uma funcionária de shopping – Jose disse um pouco mais baixo agora que ela estava próxima. – Tudo bem, vejo você amanhã então.

    – Até amanhã – Jayne repetiu enquanto se virava e continuava o caminho.

    Ela alcançou as portas de vidro e não viu nada além do céu escuro da noite, mas sabia que havia conseguido. Abriu o primeiro conjunto de portas, depois o segundo. O ar úmido nunca pareceu tão bom.

    CAPÍTULO DOIS

    ––––––––

    O ônibus parou no ponto e Jayne ficou nervosa, embora pegasse ônibus na maioria das noites. Ela tinha a quantia exata para a passagem esta noite.

    Havia várias pessoas espalhadas pelos assentos. Ela escolheu um longe de todos, certa de que poderiam ver o dinheiro que carregava através de sua bolsa.

    Não havia pensado no perigo de carregar tanto dinheiro e, além de se sentir nervosa por roubá-lo, agora tinha a ansiedade do medo de ser assaltada.

    Ela se sentou e abraçou sua bolsa, sabendo que faltava apenas quinze minutos para chegar em casa.

    Jayne encostou a cabeça na janela e observou as luzes flutuarem na escuridão, e as obscuras silhuetas de palmeiras ao fundo. Ela estava cansada, mas sabia que não podia descansar, precisaria fugir o mais rápido possível. Pegar a estrada. E sabia exatamente a direção que ia.

    O ônibus parou e duas pessoas desceram. Ela teve a sensação de que alguém também havia embarcado, mas não tinha certeza porque seus olhos estavam fechados. Logo, o forte cheiro doce e enjoativo de álcool em excesso flutuou pelo ar. Ela sabia exatamente quem era.

    – Ei, Jaynie – disse a voz masculina de uma presença que Jayne sentiu nos assentos atrás dela. O cheiro ficou mais forte e ela sentiu que ficaria bêbada só de inalá-lo.

    – Rodney – Jayne cumprimentou, apenas se preocupando em abrir os olhos por um segundo antes de fechá-los novamente.

    Rodney se inclinou sobre o assento, de modo que estava praticamente sentado ao seu lado. Jayne não tinha tempo para isso agora.

    – E aí, tudo bom? Como está seu pai?

    – Você provavelmente o viu mais do que eu. Eu que deveria estar lhe fazendo essa pergunta.

    Rodney sentou-se um pouco mais ereto para poder descansar os braços cruzados no topo do assento.

    – Bem, pensando bem, acho que o vi duas, talvez três noites atrás.

    Jayne já imaginava isso. Rodney era o mais próximo que seu pai tinha de um amigo. Eles se conheciam desde o ensino médio.

    – Tudo bem, então, por que você está me perguntando?

    Jayne odiava conversar com pessoas bêbadas ou drogadas. Eles falavam em círculos e depois em triângulos, e não paravam de falar.

    – Bem, você sabe, eu só estou tentando ter notícias do meu companheiro.

    – Ok, bem, eu não o vi nos últimos dias, então você provavelmente deve saber mais do que eu.

    – Ah, tudo bem – Rodney disse, sentando-se no banco.

    Jayne esperou a verdadeira pergunta ao ouvir Rodney sacudir algumas moedas no bolso. Parecia que tinha sido uma noite ruim até agora.

    – Então, Jaynie – Rodney inclinou-se para a frente de novo, mas Jayne manteve os olhos fechados. – Sabe, estou querendo comer alguma coisa depois de descer deste ônibus. Ainda não comi hoje.

    – Ok, então, por que você não faz isso?

    – Bem, o problema é que ainda falta mais ou menos uma semana para meu pagamento e o último já acabou. Você sabe, o dinheiro simplesmente não dura, e eu estava pensando...

    Lá vem, Jayne pensou.

    – Bem, eu estava pensando se poderia pegar, quero dizer, pedir emprestado algum dinheiro. Pagarei de volta quando receber meu pagamento, eu juro. Você será a primeira pessoa que eu vou procurar quando receber.

    Até parece, Jayne pensou, mas o deixou continuar.  

    – Dez dólares. Só dez dólares. Entendeu?

    Jayne esperou alguns segundos antes de responder com a mesma resposta antiga.

    – Eu tenho dez dólares, Rodney. Mas esse dinheiro é para pagar contas, já que meu pai está, estranhamente, na mesma situação que você. Falou muito bem, Rodney, esses salários simplesmente não duram muito.

    Especialmente quando você gasta com tudo quanto é tipo de substâncias, Jayne não pôde deixar de pensar.

    Ela podia ouvi-lo se contorcendo e suspirando atrás dela, ainda sacudindo o trocado no bolso.

    – Ok, Jaynie, se há alguém que entende sobre pagar as contas, sou eu, e sei que seu pai parece estar um pouco apertado agora.

    Isso é um eufemismo, Jayne pensou.

    – Mas, se você tiver apenas alguns dólares, uns três dólares, talvez eu possa encontrar outra pessoa para pegar... para pedir dinheiro emprestado para que eu consiga algo para comer.

    Nesse ponto, Jayne sempre fazia a mesma coisa. Ela suspirava e pegava no bolso para ver o que tinha. Sempre mantinha alguns trocados no bolso exatamente por esse motivo. Deixar Rodney – ou quem quer que fosse – vê-la procurando o que tinha e logo ficarem felizes.

    – Ok, Rodney, eu tenho... – Jayne fingiu contar o trocado agora em sua mão. – Tenho um dólar e setenta e sete centavos. Que tal?

    Rodney estendeu a mão como se ela estivesse prestes a lhe dar uma barra de ouro.

    – Ah, isso é bom, muito bom. Eu aceito. Isso vai para uma refeição. Vou encontrar outra pessoa para pedir dinheiro emprestado.

    Ele segurou o troco na mão e contou, depois enfiou no bolso com o resto e se levantou.

    – Tudo bem, Jaynie, esta é a minha parada. Mais uma vez obrigado, e lembre-se, eu pago de volta quando receber meu salário – Rodney disse enquanto caminhava pelo corredor do ônibus. – Ah, e diga ao seu pai que vou visitá-lo mais tarde.

    – Ok, Rodney – Jayne disse, mas Rodney já estava na escada saindo do ônibus.

    Ela não esperava que seu pai estivesse em casa quando chegasse lá. Ele talvez não fosse voltar para casa a noite toda e se fosse esse o caso, ela não tinha certeza de quando o veria de novo.

    Jayne apoiou a cabeça na janela e fechou os olhos.

    CAPÍTULO TRÊS

    ––––––––

    Jayne saiu do ônibus, sentiu o ar úmido da noite a envolver de uma maneira familiar, mas desagradável. Não podia acreditar o quão quente estava a essa hora da noite. Já havia escurecido há um tempo, e ela esperava que estivesse mais frio.

    Jayne caminhou pela beira da estrada, suando e ouvindo os insetos enquanto passava por uma ou outra casa, e via um carro passar esporadicamente. A caminhada do ponto de ônibus até sua casa durou quase dez minutos.

    Geralmente ela gostava da caminhada, quando o tempo estava mais agradável e ela não estava carregando uma bolsa de dinheiro roubado. Esta noite, no entanto, parecia eterna.

    Ela ouviu um carro se aproximando atrás dela, rápido demais e tocando música alta pelas janelas. Não queria olhar para trás e topar com alguém que conhecia. Só queria chegar em casa para poder pegar a estrada. Infelizmente, ela ouviu o carro desacelerando atrás dela.

    – Jayne!

    Era Mark.

    Jayne virou-se e viu um carro compacto surrado ao lado dela com um jovem inclinando a parte superior do corpo inteiro pela janela do lado do passageiro, com os cabelos soprando ao vento.

    Ela olhou para o carro e viu Devon no banco do motorista e Bobby atrás. Percebeu que não podia evitá-los agora, então parou, abraçando a bolsa.

    – Oi, o que você está fazendo? – Mark perguntou, ainda debruçado pela janela do carro.

    – Eu acabei de sair do trabalho. Estou indo para casa.

    – Nããão, você não pode ir para casa. Vem com a gente.

    O ar que saía do carro era doce e pungente, e Jayne recuou alguns passos para evitá-lo. A julgar pela intensidade, os rapazes haviam começado as festividades cedo, e Jayne não queria participar.

    – Não, eu estou cansada. Só vou para casa.

    – Cansada? Que besteira. Somos jovens! A noite é uma criança!

    Mark jogou as mãos ao ar como se tivesse acabado de vencer um grande jogo, seu peito nu exibindo seus músculos tensos e várias tatuagens medíocres. Os outros rapazes no carro riram.

    – Mark – Jayne não pôde deixar de sorrir. – Eu vou para casa.

    Rodadas de besteira e mais algumas risadas ecoaram do carro por um momento antes de Mark fazer um sinal de consentimento e se sentar novamente no banco do carro.

    – Não diga que eu não tentei – disse ele afastando o cabelo da testa – Ei, vamos jogar cartas em breve. Devo ter algum dinheiro entrando, então, quando eu conseguir, vou organizar para a gente.

    Jayne não teve coragem de lhe dizer que não estaria por perto para jogar.

    – Ok, ótimo. É só me avisar.

    O motor acelerou e o carro começou a se mover. Mais uma vez, Mark estava pendurado pela janela.

    – Eu te amo, Jaynie! Você é a melhor! Vamos jogando cartas. Não se esqueça! – Mark gritou, a língua saindo da boca e as mãos ao ar, com apenas com o dedo indicador e o mindinho expostos. Jayne honestamente não sabia como ele ainda estava vivo. Mesmo com apenas dezenove anos, Mark havia assumido uma vida inteira de riscos estúpidos.

    Ela observou o carro dirigir mais adiante na estrada até que Mark desapareceu para dentro do carro.

    Conhecia Mark desde o jardim de infância e ainda se lembrava do menino desajeitado que ele costumava ser. Agora era um jovem desengonçado, com cabelos que sempre estavam por cortar e talvez por lavar também, e um corpo que sempre o fazia parecer um pouco faminto. Ainda assim, ele era seu amigo mais antigo.

    Jayne podia ver sua casa à distância e não parecia haver luzes acesas, o que provavelmente significava que seu pai não estava em casa. Provavelmente.

    Ela não sabia ao certo o que faria. Arrumar algumas coisas e depois fugir? Mas fugir como? Ela não tinha carro. O carro do pai estava na garagem, onde estivera no último um ano e meio, sem funcionar. Podia comprar uma passagem de ônibus, mas não queria gastar o dinheiro, o que tornou pedir carona a única opção. Bem, havia uma outra, mas isso exigiria alguma delicadeza e a oportunidade certa, e ela não tinha certeza se a sorte estava com ela essa noite.

    Mas ela decidiria tudo isso mais tarde. Agora, só precisava pegar suas coisas.

    Ela alcançou a porta da frente e colocou a mão na maçaneta. Ao fazê-lo, Jayne se sentiu como sempre se sentia ao entrar em sua casa – inquieta e em guarda. Ela nunca sabia o que encontraria atrás da porta fechada.

    Felizmente, com o pai dela fora de casa, estava tudo bem. Ela deve poder entrar e sair sem problemas. E então poderia fugir e nunca ais voltar. A porta não estava trancada e, quando a abriu, sentiu algo que só sentiu em uma mesa de pôquer.

    Esperança.

    Ela abriu a porta e entrou na escuridão, tateando em busca do interruptor na parede. Encontrou e ligou o interruptor, e a esperança que a enchera no momento anterior desapareceu.

    Tudo na casa parecia estar do mesmo jeito que ela havia deixado no início daquele dia.

    Exceto pela mancha de sangue no meio do tapete da sala.

    A mancha estava cercada por cacos de vidro e havia uma trilha de sangue que levava à cozinha.

    Jayne entrou cautelosamente, avaliando o sangue e os cacos de vidro, sem nenhuma certeza se havia alguém ali ou não.

    Não viu mais nada de errado, nem conseguiu ouvir nada que denunciasse a presença de alguém ali dentro. Seguiu a trilha até a cozinha e viu que gotas e manchas de sangue estavam respingadas por vários lugares, mas a trilha terminava ali.

    Jayne abriu uma das gavetas da cozinha, tirou uma arma e verificou se estava carregada. Foi em direção aos dois quartos e verificou-os minuciosamente, depois averiguou o banheiro. Sobrou apenas a cozinha e sala de estar depois disso, então ela teve certeza de que não havia mais ninguém na casa. Ela abriu o armário do corredor e também não encontrou ninguém lá.

    Jayne caminhou, com a arma na mão, até o antigo sofá da sala e jogou-se nele, apoiando a cabeça nas costas do móvel. Ela não tinha ideia do que fazer agora.

    Alguns segundos depois, pulou de novo e caminhou pelo pequeno corredor que levava da sala para os quartos. Sua mente girava em círculos, seu batimento cardíaco disparava e a arma parecia densa e pesada em sua mão.

    Sem pensar, de repente, ela levantou a arma paralela ao chão e disparou os quatro tiros que estavam nela, diretamente no relógio do avô que estava na sala de estar. O som da arma de fogo a trouxe de volta à realidade e ela percebeu o que havia feito.

    O vidro da caixa estava quebrado e espalhado por todo o tapete da sala, em cima e ao redor da mancha de sangue e do vidro já quebrado. Sempre digno e equilibrado, o relógio agora se igualava a tudo na casa.

    Ela olhou em volta por um momento, sentindo como se alguém estivesse movendo seu corpo, e olhou para o relógio mutilado.

    Por que ela acabou de fazer isso?

    Agora sua fuga perfeita era tudo menos isso.

    Jayne moveu-se e entrou no quarto, largando a arma no chão. Colocou a bolsa na cama e a esvaziou, depois pegou a mochila velha que usara na escola e a encheu de coisas de que precisava, incluindo a bolsa de dinheiro, algumas roupas e produtos de higiene pessoal, um baralho de cartas e uma chave de fenda.

    Ela rapidamente tirou o uniforme de trabalho, pegou uma camiseta e um par de shorts jeans e os vestiu. Por fim, ela tirou os sapatos roubados da caixa e os calçou, admirando a aparência dos pés por apenas um segundo. Ela parecia uma estrela do atletismo, pensou, mesmo que nunca tivesse sido uma.

    Colocou a mochila nas costas e depois foi até a cozinha, onde encheu um copo com água e bebeu. Abriu a despensa para ver se havia algo lá que pudesse levar consigo. Além de um saco quase vazio de batatas fritas, uma lata de pasta de feijão frito e uma lata de sardinha eram os únicos itens ali, e todos com datas de validade de pelo menos dois anos atrás.

    Pelo canto do olho, ela viu uma garrafa no balcão. Vazia, sem tampa. Ela pegou e a arremessou o mais forte que pôde na cozinha, e a viu se espatifar em pedaços. Recostou-se no balcão, recuperando o fôlego, e não percebeu que havia colocado a mão em um pouco de sangue até esfregar os olhos e ver.

    Sangue fantasma. Por toda a casa dela.

    Por si toda.

    Ela devia se apressar. Os vizinhos certamente ouviram aqueles tiros e não hesitariam em chamar a polícia. Eles nunca hesitavam.

    Jayne lavou as mãos e tomou um último gole de água. A caminho da porta, ela notou a arma caída no chão e foi colocá-la na bolsa, mas parou e pensou um pouco melhor. Ela voltou para a cozinha, abriu a mesma gaveta da qual a havia retirado e a colocou de volta no lugar.

    Isso foi tudo o que restava fazer. Ela saiu da casa, sem se preocupar em trancar a porta da frente, e não percebeu que não havia travado corretamente quando a fechou.

    Enquanto ela caminhava pela estrada, a porta da frente aberta balançava um pouco com a brisa quente da noite.

    CAPÍTULO QUATRO

    ––––––––

    Jayne voltou a subir a estrada, indo na direção oposta ao ponto de ônibus. Ela caminhou a passos largos, com os pés bem confortáveis em seus sapatos novos; teve vontade de começar a correr, mas não tinha certeza de quanto tempo aguentaria.

    Ela xingou em voz alta por não ter tido tempo ou meios para elaborar um plano de fuga mais elaborado, sobre para onde ir e como chegar lá.

    Bem, ela sabia mais ou menos para

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