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Memórias
Memórias
Memórias
E-book675 páginas4 horas

Memórias

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Sobre este e-book

Até onde você iria para vingar a morte de sua filha? A história se passa nos dias atuais. Onde o que era para ser uma divertida viagem à cidade Maravilhosa, acabou se tornando em um terrível crime, abafado pela imprensa e não solucionado pela polícia. Fabrício e João Felipe, ambos policiais foram encarregados de proteger e tirar a pequena Victoria da mansão McGarden após um assalto. O que aconteceu a seguir, mudou a vida de muita gente, principalmente a de Heloísa McGarden, herdeira da mais famosa joalheria do mundo e mãe de Victória, com a ajuda de um ótimo detetive, ela encontra Fabrício e no meio de um turbilhão de emoções, torna-se a responsável por seu assassinato. Mas ainda falta um e ela resolve voltar ao Brasil e começar uma incansável busca a João Felipe. Ao contrário dela, o inimigo sabe seus passos e ao tentarem matá-la, ela fica em coma por um tempo, tempo suficiente para que seu marido mesmo em outro país, anunciasse sua morte. É quando ela acorda e encontra Rodrigo, um policial que ela decide usar e aproveitar de todas as formas, sem sentimento algum para enfim conseguir o que quer. Mal sabia McGarden que Rodrigo despertaria nela um sentimento que nunca ousou sentir, quando ela decide entregar-se à esse amor, descobre que ele é na verdade o irmão de Fabrício e que procura desesperadamente o assassino de seu irmão.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de mar. de 2016
Memórias

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    Memórias - Jéssica De Oliveira

    Memórias

    MEMÓRIAS

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    Jéssica Oliveira

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    Memórias

    MEMÓRIAS

    Jéssica Oliveira

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    Jéssica Oliveira

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    Memórias

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    Jéssica Oliveira

    Dedico esse livro à atriz brasileira Eliane Giardini, minha inspiração em

    todas as minhas histórias.

    E claro que para todas as minhas leitoras, que sempre estão comigo.

    7

    Memórias

    8

    Jéssica Oliveira

    Agradecimentos

    Agradeço primeiramente à Deus por me presentear com esse dom, que é

    de escrever com o meu coração.

    Agradeço à todos que me incentivaram, minha família, à todas as minhas

    leitoras e meus amigos.

    Obrigada também à Danielle Nunes por me ajudar à revisar esse livro.

    9

    Memórias

    Prólogo

    le estava nervoso. Aquela mulher encontrava-se a poucos metros

    dele. O olhava intensamente. Ele sabia o que aquele olhar dizia.

    E Parecia que os ouvia em alto e bom som, dizer-lhe que ele sabia o

    que era o certo a se fazer.

    — Rodrigo, diga... Diga logo o que você sabe — instava o advogado ao

    seu lado.

    — Eu não sei ao certo.

    — Ela é uma assassina! Você mesmo disse.

    — Mas... Ela teve os seus motivos.

    — O senhor quer desistir da acusação? — perguntou o delegado

    As palavras ficavam presas na boca de Rodrigo sem antes formularem

    em sua cabeça.

    — Ela matou o seu irmão! — lembrou-lhe o advogado ao pé de seu

    ouvido.

    — Ela é a mulher que eu amo!

    10

    Jéssica Oliveira

    CAPÍTULO 01

    á aproximadamente dois anos atrás:

    Querida, Victoria...

    H Hoje pensei em você. Pirulito de caramelo! Lembra-se? Como

    quando deixamos um no banco do carro do papai e juramos que não

    sabíamos de nada.

    O seu cheirinho ainda está no seu quarto. Ainda te ouço a noite.

    Seu pai e eu decidimos voltar ao Brasil à procura de alguma evidencia, de

    algo que talvez deixamos passar.

    Eu te juro que os encontrarei.

    Sinto sua falta, e é por essa falta, meu amor, que eu vou fazer justiça!

    Mamãe Helô

    Heloísa pegou o caderno e o guardou dentro de uma caixa aveludada;

    caixa essa que guardou uma das tantas joias que ganhara de seu marido,

    Antônio. Em uma gaveta na penteadeira onde um dia a pequena Victoria

    sentou-se para brincar de maquiar-se, ela o guardou. Em seguida, guardou

    11

    Memórias

    a pequena chave que trancava a caixa de veludo em seu pescoço. Usava-a

    como pingente.

    Com um vestido inteiramente negro, altura de pouco menos de um

    palmo acima do joelho, manga curta, e acompanhada de um belo salto alto,

    Heloísa desceu as escadas da sua bela casa, localizada em um bairro nobre

    em Madri, Espanha.

    — Está linda, meu amor. Estaria mais ainda se parasse de usar essa cor.

    Após ajudá-la a descer os últimos degraus, Antônio a contemplou com um

    delicioso e doce beijo na boca.

    — Obrigada pelo conselho, mas por enquanto, essa é a cor que eu quero

    usar. Por favor.

    — Tudo bem, a decisão é sua, você fica linda de qualquer jeito. Mas é

    que já se passaram seis meses e...

    — Vincent já colocou as malas no carro?

    — Já, só estávamos esperando você.

    — Na empresa ficou tudo certo?

    — Sim, pode ficar tranquila.

    Ao entrarem no carro, Heloísa respirou fundo e em seguida recostou

    junto ao peito do marido.

    — Está tudo bem? — indagou, acariciando os cabelos da esposa.

    — Está.

    — Você não precisa ir até lá.

    — Para encontra-los eu estou disposta a passar por todos os lugares

    novamente.

    Antônio deu um beijo nos cabelos dela e a apertou um pouco mais

    contra seu peito.

    Um tempo depois, o motorista Vincent abriu a porta da luxuosa

    Mercedes Benz.

    — Senhor e Senhora McGarden.

    — Obrigada, Vincent.

    — A seu dispor, senhora McGarden.

    Heloísa segurou a mão do marido e depois que o mesmo deu as

    instruções necessárias para Vincent, seguiram até o aeroporto.

    12

    Jéssica Oliveira

    Depois da morte da pequena Victoria, Heloísa tornou-se fria. Quase

    nunca sorria. Lágrimas? Desde o enterro de um corpo que nunca fora

    encontrado, ela não derramara nenhuma.

    As horas dentro daquele avião pareciam ter parado. A cada hora na

    verdade nada mais eram do que cinco minutos.

    — Meu amor? Está bem? Está sentindo alguma coisa?

    — Estou bem... Eu sempre fico bem.

    — Vem, deita aqui. Logo chegaremos — puxando-a para junto de si.

    A única coisa que a deixava confortável era estar ao lado de seu grande

    amor, do marido de todas as horas.

    — Vai ficar tudo bem — garantiu, sorrindo para ela.

    — Vai, eu não tenho duvidas disso.

    Heloísa era casada com Antônio há longos anos. Ambos trabalhavam na

    empresa que ela herdou de seu pai, o bilionário e renomado senhor Heitor

    Mendonça Lore. Senhor Heitor descobriu a pedra que até então jamais

    havia sido vista: o diamante Orcś. A pedra mais valiosa que já fora

    encontrada. Esse nome fora dado pelo próprio senhor Heitor. Inclusive a

    empresa leva esse nome.

    Bilionários; o sonho de qualquer pessoa, e por isso Heloísa e Antônio

    tinham alguns seguranças. Mas nunca poderiam imaginar que naquela

    noite os seguranças seriam mortos daquela maneira, onde a única saída era

    deixar a pequena Victoria nas mãos dos amigos que jantavam em sua casa

    naquele momento. Eram policiais... E mesmo assim, a mataram.

    Enfim chegaram ao Rio de Janeiro. Estavam sendo aguardados por um

    Coronel. Era amigo de Antônio e dizia estar à frente das investigações da

    polícia.

    O mesmo tratou de acompanhar Heloísa e Antônio até a casa onde

    ficaram na noite daquele trágico acidente.

    Ao chegarem em frente à casa, Antônio despediu-se do Coronel e

    segurou na mão da mulher. Conforme iam entrando na casa, os seguranças

    iam posicionando-se.

    — Acho completamente desnecessário essa quantidade de seguranças —

    comentou Heloísa.

    Heloísa tinha os olhos vidrados no portão da lateral da casa.

    — Está tudo bem, meu amor?

    13

    Memórias

    — Eu já disse que sim, Antônio.

    — Eu apenas estou preocupado.

    Ela virou para ele e acariciando o seu rosto, disse:

    — Eu sinto muito, estou sendo ríspida com você.

    — Não se preocupe. Está nervosa e eu fico te enchendo de perguntas.

    Ele a beijou delicadamente na testa. Assim que ficaram frente à porta de

    entrada, Heloísa simplesmente parou. As pernas começaram a ficar

    pesadas, foi quando segurou no marido e o mesmo percebeu que ela iria

    desmaiar.

    — Eu disse que não era uma boa ideia ficarmos aqui. Ainda podemos ir

    a um hotel próximo e...

    — Não! Eu disse que queria ficar aqui e eu vou ficar aqui — garantiu

    Heloísa, enquanto se recompunha.

    — Você é quem sabe.

    Ela respirou fundo e entrou com Antônio naquela mansão, onde a última

    vez que entrou ali, tinha a sua pequena Victoria nos braços.

    Tudo naquele lugar lhe trazia dor. Os olhos corriam por todas as partes

    daquele cômodo. Estava tudo absolutamente igual. Era impossível não

    ouvir os gritos desesperados da pequena Victoria sendo levada nos braços

    daquele desgraçado policial. Fechou os olhos e balançou a cabeça, na

    tentativa desesperada de parar de ouvir aquilo.

    — Vou ver se a cozinheira preparou algo para jantarmos, afinal,

    aproxima-se das 10 da noite.

    — Desculpe-me querido, porém não tenho fome. Quero deitar-me e

    descansar.

    — Eu já subo para fazer-lhe companhia.

    Heloísa aproximou-se dele e o beijou nos lábios, em seguida o encarou

    profundamente.

    — Quero ficar sozinha.

    Aquilo o pegou de surpresa. Por quê? O que ela queria? Entrar em

    depressão? Porque como as coisas estavam indo, isso logo iria acontecer.

    — Mas, meu amor...

    — Por favor, Antônio... Não vamos discutir por isso.

    Ficaram alguns segundos em silêncio. Logo ele a puxou para mais um

    beijo e em seguida disse:

    14

    Jéssica Oliveira

    — Tudo bem, se é o que te fará bem.

    Ela sorriu e em seguida subiu para um dos quartos. Andava em passos

    lentos, olhando atentamente cada canto, e recordando também.

    Ao entrar no quarto de hospedes, a mesma encontrou toda a sua

    bagagem em cima da cama. Mesmo com planos de ficar por apenas aquele

    fim de semana, Heloísa trouxe tudo o que pensou que poderia usar.

    Colocou a sua bolsa em cima da cama e voltou até a porta. Abriu e olhou

    para o corredor, certificando-se de que Antônio ainda estaria na cozinha à

    procura de algo para comer e, em seguida, trancou-a novamente. Voltou

    para junto de suas bagagens e dentro de um bolso que quase passava

    despercebido, ela pegou o papel com o numero daquele homem. A letra era

    um tanto incompreensível, mas nada que a impossibilitasse de entendê-lo.

    Abriu a pequena caixinha que continha o celular que comprara apenas para

    isso e discou os números com certo cuidado, para que não errasse.

    — Alô?

    — Alô?

    — Boa noite, me chamo Maria, lembra-se de mim?

    — Claro que sim, a senhora do exterior. Como não vou me lembrar? —

    rindo

    — Estou de volta ao Brasil e amanhã saberei se precisarei ou não dos

    seus serviços. Quero saber se ainda o fará, caso eu precise.

    — Realmente vai me pagar o que me prometeu?

    — Em dinheiro vivo, mediante o ato feito diante de mim.

    — Então é claro que faço.

    — Entro em contato com você amanhã.

    — A senhora é quem manda.

    Heloísa desligou o celular. Logo buscou em sua agenda eletrônica outro

    número e discou.

    — Pietro? Sou eu, Heloísa.

    — Boa noite, Senhora McGarden.

    — Quero te ver amanhã logo de manhã.

    — Claro. Onde?

    — Pode ser no café onde nos encontramos a última vez?

    — Sim, pode ser.

    — Então, te espero.

    15

    Memórias

    Ao desligar o celular, Heloísa disse:

    — É amanhã, minha pequena. Amanhã será o dia em que eu começarei a

    minha justiça.

    Seu coração saltou quando ouviu o bater na porta. Ela virou-se em

    direção a mesma.

    — Meu amor, já está dormindo?

    — Não! Eu... Eu já abro, só um segundo!

    Rapidamente ela guardou o papel que continha o número do tal homem

    e colocou como pôde as malas ao chão.

    — Heloísa?

    — Estou indo, Antônio — aproximando-se da porta.

    Assim que ela abriu a porta, viu que o marido segurava um copo um

    tanto grande de suco e alguns pãezinhos em uma delicada bandeja de prata.

    — Precisa comer alguma coisa — adentrando o quarto.

    — Eu disse que não estou com fome — indo em direção à cama.

    — Eu sei o que você disse, mas eu te quero forte para que possamos

    ouvir o que o Coronel tem a nos dizer sobre o...

    Ela o olhou com certa impaciência para Antônio. Ele sabia o quanto ela

    não gostava de insistências; sabia que quando dizia que queria estar

    sozinha é porque queria estar sozinha e ponto. Ele colocou a bandeja ao

    lado e sentou-se ao lado dela, afastou delicadamente os cabelos do rosto da

    esposa e a beijou. Olharam-se e ele sorriu.

    — Pelo menos o suco.

    Ela pegou o suco e bebeu rapidamente.

    — Que isso meu amor?! Assim vai passar mal.

    — Pronto! Tudo bem agora? — largando o copo vazio sobre a bandeja.

    Antônio realmente relevava todos os momentos de grosseria e

    impaciência de Heloísa. Sabia que a morte da filha deles ainda era muito

    recente e que aceitar aquela triste tragédia não seria de uma hora para a

    outra.

    — Ei! — virando o rosto dela para que pudesse vê-lo.

    Ela percebeu que o atacando daquela maneira só seria pior.

    — Você precisa descansar. Foi uma longa viagem.

    Ele delicadamente abaixou-se de frente para ela.

    — O que está fazendo?

    16

    Jéssica Oliveira

    — Te ajudando a descansar.

    Tirou-lhe os sapatos, um a um. Voltou-se de frente para ela e foi

    aproximando-se cada vez mais. Os lábios quase encostando aos dela. A

    mesma o segurou e meio desconcertada, pediu:

    — Por favor, Antônio. Eu não estou com cabeça para isso agora.

    — Eu... Tudo bem. Se precisar de alguma coisa, sabe que é só me

    chamar.

    Antônio pegou a bandeja e antes de chegar à porta, disse:

    — Procura descansar um pouco. Amanhã teremos um dia cheio com o

    Coronel.

    — Claro, farei isso.

    Ele continuou e saiu do quarto, em seguida ela trancou a porta. A única

    coisa que ela queria era ficar sozinha. Heloísa não tinha dúvidas de que

    amava Antônio, mas nesses últimos meses ela só conseguia pensar em

    como encontrar os dois policias que ela confiou a segurança da sua filha.

    Precisava disso para conseguir seguir a diante.

    Aquela noite passou rapidamente para Antônio, porém Heloísa mal

    conseguiu fechar os olhos. Passou praticamente a madrugada inteira

    olhando para o nada, pensando. Tanto que antes mesmo da cozinheira ter

    levantado para tomar um café, a mesma arrumou-se rapidamente com uma

    saia tubo até o abdômen, uma camisa manga três quartos com certa

    transparência, mas também na cor negra e salto alto. Deixou a mansão

    quando o sol nem nascera por completo.

    Pietro chegou ao tal Café uma hora e meia depois que Heloísa. A mesma

    já havia tomado três xícaras de café forte. Assim que o mesmo chegou, ela

    levantou-se e o cumprimentou.

    — Senhora McGarden — beijando-lhe as mãos.

    — Olá Pietro.

    Sentaram-se e após ele pedir seu café, começaram a conversar.

    — E então? Você me trouxe a foto? — indagou Heloísa, ansiosa.

    — Trouxe, só um momento — abrindo uma maleta que estava sobre a

    mesa.

    — Há quanto tempo o encontrou?

    — Há uma semana!

    — E o outro?

    17

    Memórias

    — Não encontrei nada ainda.

    — Tem certeza de que ele ainda está aqui no Brasil?

    — Claro, tenho certeza. É só uma questão de tempo até encontrá-lo

    também.

    Pietro era um detetive particular. Heloísa contratou seus serviços há

    aproximadamente quatro meses. Em quatro meses ele encontrou um dos

    polícias que levaram a pequena Victoria. Os serviços contratados a Pietro

    eram desconhecidos por Antônio. Heloísa simplesmente não tinha

    paciência para ouvir as desculpas do Coronel que seu marido tanto

    confiava. E quando cogitou a possibilidade de ignorar a ajuda do Coronel,

    percebeu que Antônio não concordara com tal decisão, por isso contratou

    Pietro sem o seu conhecimento. Ele tirou as fotos da maleta e entregou-as

    para Heloísa.

    — É ele, não é?

    Ela o olhava com desprezo. As mãos chegavam a tremer. Não restavam

    dúvidas.

    — Sim... Esse é o maldito.

    — Perfeito, agora é só dizermos para o Coronel que está à frente das

    investigações com o seu marido.

    — Eu falo! Me dê as informações que conseguiu sobre ele.

    — Sim.

    Pietro pegou uma pasta com capa de couro e a entregou a Heloísa. Ela

    abriu-a e calmamente a folheou.

    — Eu vou precisar ir agora, mas se tiver qualquer novidade sobre o

    outro policial, eu te aviso.

    — Confio em você — levantando-se.

    — Ficará no Brasil até quando?

    — Segunda-feira de manhã.

    — Tudo bem, então. Tenha um excelente dia, senhora McGarden.

    — Igualmente, Pietro.

    Assim que o detetive deixou o local, Heloísa abriu a pasta novamente e

    com certo arder nos olhos, leu o nome do infeliz.

    — Fabrício Alors... Eu te achei.

    18

    Jéssica Oliveira

    As horas daquela manhã passaram rapidamente. Tão rapidamente, que

    quando Heloísa chegou à casa, encontrou Antônio aflito a sua espera.

    — Onde esteve, meu amor? — beijando-a.

    — Fui à praia.

    — À praia?

    — Sim, queria pensar um pouco.

    — Por que não me avisou? Tentei falar com você várias vezes, mas o

    seu celular estava desligado.

    — A bateria acabou.

    — Por que não foi com o motorista? Ou levou um segurança?

    — Realmente, depois de tudo o que aconteceu, você acha que

    seguranças servem para alguma coisa?

    Antônio ficou sem palavras. Não iria discutir algo que ela tinha razão,

    embora ele tentasse convencer a si mesmo de que não era verdade.

    — Vem, almoce e em seguida iremos nos encontrar com o Coronel.

    — Não quero almoçar, podemos ir agora.

    Heloísa já voltava em direção ao carro que estava estacionado em frente

    à casa.

    — Não, você precisa comer algo. Passou a manhã toda fora.

    — Eu almocei em um restaurante antes de vir. Imaginei que você estaria

    à minha espera e não queria que isso nos atrasasse. Vamos!

    Ele conhecia a mulher. Se ela não tivesse almoçado, agora não faria a

    menor diferença. A única coisa que poderia fazer era consentir e ir com ela.

    O marido de Heloísa aproximou-se da porta do carro e abriu para que ela

    entrasse. Era uma questão de minutos até que chegassem ao local marcado

    com o Coronel.

    Um tempo depois, lá estavam o Coronel, Heloísa e Antônio, sentados

    junto a uma mesa em meio ao escritório do tal. O mesmo abriu uma gaveta

    da mesa e puxou uma pasta. Heloísa não soube explicar, mas não sentiu

    nada. Nem ansiedade. Não por já saber onde encontrar o desgraçado, mas

    por ter a certeza de que nada do que esse Coronel iria dizer, seria útil em

    algo.

    — Aqui estão algumas fotos de uns suspeitos.

    — Deixe-me ver — pegando a pasta.

    Antônio folheava calmamente cada uma das páginas.

    19

    Memórias

    — Não é possível que você esteja em dúvida.

    — Eu não quero cometer nenhum engano, Heloísa.

    — Que engano, Antônio? Eles não eram amigos seus?! — alterando a

    voz.

    — Não eram amigos, apenas me ajudaram em um momento que eu

    precisei. Por isso os convidei para um jantar.

    — Claro, te ajudaram e depois mataram a sua filha.

    — Heloísa!

    — Eu não aceito isso! — batendo as mãos na mesa e levantando-se —

    Como não podemos pedir nenhum mandado de busca?! Como não

    podemos colocar o rosto desses bandidos a prêmio? Eles tiraram a vida de

    um bebê!

    Ela sentia o rosto formigar, sentia certo arrepio invadi-la. Como Antônio

    não via o óbvio? Aquele Coronel não os encontrou e nunca os encontrará!

    Nunca!

    — Calma, Heloísa. Talvez se olharmos melhor essas fotos, podemos

    encontrar um deles e...

    — Não! Não e não! — pegou a pasta da mão de Antônio, olhou bem no

    fundo dos olhos do Coronel, e jogando a pasta em sua frente, completou —

    Não é nenhum desses — virou-se de forma brusca e saiu dali, sem ao

    menos olhar para trás e certificar-se de que Antônio a acompanhava.

    O mesmo pediu desculpas rápidas ao Coronel e saiu apressado atrás de

    Heloísa. Ainda em passos apressados ela seguia a caminho do carro e

    Antônio agora a alcançava.

    — Heloísa...

    Ela não o respondia.

    — Heloísa! — segurando-a pelo braço.

    Ela o olhava em silêncio.

    — Prometeu que não iria mais fazer isso!

    — Desculpe, mas foi mais forte do que eu, a impressão que eu tenho é

    que esse Coronel não quer nos ajudar.

    — Já conversamos sobre a procura dos suspeitos. Não temos provas, não

    temos testemunhas, seria a nossa palavra contra a deles.

    — Isso é o que você diz!

    — Isso é o que um Coronel de polícia diz!

    20

    Jéssica Oliveira

    Heloísa literalmente sentia-se muito mais inteligente do que Antônio,

    mas não iria discutir por algo que ela já tinha a solução. Ela queria justiça,

    e se ela chegou primeiro em suas mãos, não se importava de Antônio saber

    ou não.

    — Então pense como quiser, Antônio.

    Ela parou em frente ao carro e esperou que o mesmo abrisse a porta para

    que ela entrasse.

    — Acho que tudo é muito recente, meu amor. Você vai perceber que

    tudo tem o seu tempo.

    Ainda em silêncio, Heloísa entrou no carro sem ao menos responder a

    Antônio. Seguiram para a mansão onde estavam hospedados.

    Assim que chegaram, ela logo foi até o quarto onde estava acomodada.

    Trancou-se no mesmo e ficou ali pelo resto da tarde. Porém, Antônio não

    aguentava mais aquela situação. Amava a mulher e esse abismo que ela

    abriu entre eles estava ficando cada vez maior. Também perdeu uma filha,

    mas ao contrário dela, ele não parou a vida. Ela continua, infelizmente,

    sem a pequena Victoria. Depois de pensar por alguns minutos, subiu até o

    quarto onde Heloísa estava e se atreveu a bater. Ela não respondeu.

    — Meu amor, abre! Quero falar com você.

    Após mais duas vezes de insistência, ela levantou e abriu a porta. O

    marido tinha uma expressão de desespero. Mal sabia ela que ele suplicava

    que ela voltasse; voltasse a ser a Heloísa por quem ele se apaixonara.

    Heloísa não disse nada, apenas sentiu as mãos de Antônio puxando-a pela

    cintura de encontro ao seu corpo.

    — Chore... Coloca tudo para fora, toda essa dor. Eu estou ao seu lado,

    eu sempre vou estar ao seu lado.

    Ela continuava imóvel, apenas deixou-se ser abraçada por ele. O rosto

    dela sumia entre aqueles braços.

    — Eu te amo e sinto a sua falta.

    Antônio depois de algum tempo, afastou-se e a olhou nos olhos. Nem

    uma lágrima sequer. As mãos dele carinhosamente moldavam o rosto dela

    e seus lábios, como em um ato de desespero, avançou-se aos dela. O beijo

    era certa hora desesperado. As línguas meio tímidas já se desconheciam.

    Ele entrelaçou sua cintura e em meio a beijos, foram aproximando-se da

    cama, onde ele delicadamente a deitou. Uma de suas mãos começou a abrir

    21

    Memórias

    os botões da blusa dela. Em seguida os beijos estenderam-se até o pescoço.

    Antônio arriscou-se a olhá-la e a mesma tinha os olhos fechados. Estava

    entregando-se àquele momento. De repente ele sentiu as mãos dela sobre

    seu peitoral, empurrando-o para longe.

    — Meu amor, mas...

    — Eu não consigo, Antônio.

    — Mas você se entregou. Eu senti que...

    — Por favor, eu preciso ficar sozinha.

    Ele levantou-se da cama e parou em frente a ela. Sentou-se na cama e

    pegou delicadamente em sua mão.

    — Por que é que você quer fazer isso sozinha? Por que está formando

    essa barreira e sofrendo sozinha?

    — Eu estou bem, Antônio. Eu realmente só preciso ficar sozinha.

    — Eu preciso de você. Preciso do seu carinho.

    — E eu preciso ficar sozinha agora.

    Antônio não era o tipo de homem que ficaria ali pelo resto da noite a

    espera de um carinho mendigado. Na verdade já insistira demais durante

    aquele dia. Assim que ele deixou o quarto, Heloísa pegou aquele celular e

    o papel que continha aquele número.

    — Alô?

    — Olá, sou eu a...

    — Senhora Maria! Para estar me ligando então...

    — Sim! E quero ainda hoje.

    — Ótimo. Apenas me passe as informações. Eu o pego ainda hoje.

    — Sim, te mandarei a foto pelo celular.

    — Ok, e... Quer mesmo estar presente?

    — Sem dúvida alguma.

    — Eu ligo avisando onde estaremos e a senhora nos encontra lá.

    — Não quero falhas!

    — Não sou homem de cometer falhas, senhora. Principalmente com

    quem me paga um dinheiro desses. Esse serviço eu farei pessoalmente.

    — Assim espero.

    Dizendo isso, Heloísa desligou o celular e em seguida começou a pensar

    em alguma desculpa para dizer a Antônio. Ou iria simplesmente sair sem

    que o mesmo visse e pronto. Pouco importava o que ele iria pensar ou

    22

    Jéssica Oliveira

    deixar de pensar. Nesse momento a única coisa que interessava era

    encontrar aquele desgraçado.

    As horas foram passando rapidamente, para a ansiedade e felicidade de

    Heloísa. Antônio nem a procurou mais pelo resto daquele dia. Tinha o seu

    orgulho e a sua insistência e paciência não durariam para sempre. Por isso,

    apenas pegou uma garrafa de Rum e acomodou-se na poltrona do quarto

    onde estava. Chegou até a pensar em sair, procurar pelas ruas daquela

    cidade maravilhosa uma mulher que pudesse satisfazer o seu desejo. Mas

    ao mesmo tempo pensava em Heloísa e acompanhado de mais um gole de

    Rum acomodava-se por ali mesmo.

    O relógio apontava exatamente 1h da manhã, quando Heloísa descia as

    escadas da mansão em passos silenciosos. Um casaco um tanto grosso para

    se usar no Rio de Janeiro, tapava quase todo o corpo de Heloísa. Luvas

    negras nas mãos e o salto alto ela só vestiu quando saiu pela porta da sala.

    Pegar o carro seria muito arriscado. Antes mesmo de chegar ao portão,

    Antônio ouviria

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