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O alienista
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E-book110 páginas2 horas

O alienista

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Sobre este e-book

A série de crônicas intitulada Bons Dias, publicada entre 1888e 1889, é a perfeita síntese desse registro machadiano. Tanto que nela encontramos, por exemplo, uma sátira ao transporte do meteorito caído em Bedengó e, no mesmo texto, uma discussão sobre a implantação do federalismo no Brasil. Além da política da época, as crônicas trazem ainda para o leitor temas favoritos de Machado, como a medicina popular, os neologismos, e o espiritismo. Leves e consistentes, as crônicas abordam assuntos sérios, sem cair no lugar-comum.
IdiomaPortuguês
EditoraPrincipis
Data de lançamento18 de mar. de 2021
ISBN9786555523904
Autor

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores o maior nome da literatura brasileira.

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    Um livro bem curto, onde se trata de um debate sobre a sanidade e a normalidade humana, e até onde, nós seres de uma sociedade, concluímos algo passível de afirmar, isso é, o que é normal e o que não é. Nessa obra, pessoas alienadas são vistas como pessoas loucas, que devem ser tratadas por médicos, especificamente psiquiatras. Como protagonista, temos Dr. Simão Bacamarte, um psiquiatra que era conhecido como Alienista, pois tinha como função ajudar seus pacientes com esse diagnóstico. Uma literatura muito prazerosa, com uma crítica incrível e um Plot muito polêmico, onde cabe ao leitor á tirar suas próprias conclusões. Se passa no passado, porém, a mensagem que a abra passa é muito interessante e se refletirmos tem bastante á ver com a nossa realidade atual. Um clássico nacional, simplesmente, Machado de Assis.

Pré-visualização do livro

O alienista - Machado de Assis

capa_alienista.jpg

Esta é uma publicação Principis, selo exclusivo da Ciranda Cultural

© 2019 Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda.

Texto

Machado de Assis

Revisão

Casa de ideias

Produção e projeto gráfico

Ciranda Cultural

Ebook

Jarbas C. Cerino

Imagens

AntonZzz/Shutterstock.com;

fredrisher/Shutterstock.com;

alaver/Shutterstock.com;

Ellegant/Shutterstock.com;

geen graphy/Shutterstock.com;

Questões de vestibular comentadas pelo Mestre em Literatura Felipe Augusto Caetano.

Mestre, bacharel e licenciado em Letras pela FFLCH/USP; Universidade

de Franca, foi docente de Língua Portuguesa, Linguística e Literatura

em colégios, cursos de línguas e preparatórios para vestibular.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

A848a Assis, Machado de, 1839-1908

O Alienista [recurso eletrônico] / Machado de Assis. - Jandira : Principis, 2021.

80 p. ; ePUB ; 1,5 MB. – (Clássicos da literatura)

Inclui índice. ISBN: 978-65-5552-390-4 (Ebook)

1. Literatura brasileira. 2. Contos. I. Título.

Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410

Índice para catálogo sistemático:

1. Literatura brasileira : Contos 869.8992301

2. Literatura brasileira : Contos 821.134.3(81)-34

1a edição em 2020

www.cirandacultural.com.br

Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada em sistema de busca ou transmitida por qualquer meio, seja ele eletrônico, fotocópia, gravação ou outros, sem prévia autorização do detentor dos direitos, e não pode circular encadernada ou encapada de maneira distinta daquela em que foi publicada, ou sem que as mesmas condições sejam impostas aos compradores subsequentes.

CAPÍTULO I DE COMO ITAGUAÍ GANHOUUMA CASA DE ORATES

As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el­-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, regendo a universidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.

– A ciência – disse ele a Sua Majestade – é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo.

Dito isso, meteu­-se em Itaguaí, e entregou­-se de corpo e alma ao estudo da ciência, alternando as curas com as leituras, e demonstrando os teoremas com cataplasmas. Aos quarenta anos casou com D. Evarista da Costa e Mascarenhas, senhora de vinte e cinco anos, viúva de um juiz de fora, e não bonita nem simpática. Um dos tios dele, caçador de pacas perante o Eterno, e não menos franco, admirou­-se de semelhante escolha e disse­-lho. Simão Bacamarte explicou­-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar­-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas, únicas dignas da preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá­-lo, agradecia­-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.

D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem mofinos. A índole natural da ciência é a longanimidade; o nosso médico esperou três anos, depois quatro, depois cinco. Ao cabo desse tempo fez um estudo profundo da matéria, releu todos os escritores árabes e outros, que trouxera para Itaguaí, enviou consultas às universidades italianas e alemãs, e acabou por aconselhar à mulher um regímen alimentício especial. A ilustre dama, nutrida exclusivamente com a bela carne de porco de Itaguaí, não atendeu às admoestações do esposo; e à sua resistência, explicável, mas inqualificável, devemos a total extinção da dinastia dos Bacamartes.

Mas a ciência tem o inefável dom de curar todas as mágoas; o nosso médico mergulhou inteiramente no estudo e na prática da medicina. Foi então que um dos recantos desta lhe chamou especialmente a atenção, o recanto psíquico, o exame de patologia cerebral. Não havia na colônia, e ainda no reino, uma só autoridade em semelhante matéria, mal explorada, ou quase inexplorada. Simão Bacamarte compreendeu que a ciência lusitana, e particularmente a brasileira, podia cobrir­-se de louros imarcescíveis, expressão usada por ele mesmo, mas em um arroubo de intimidade doméstica; exteriormente era modesto, segundo convém aos sabedores.

– A saúde da alma – bradou ele – é a ocupação mais digna do médico.

– Do verdadeiro médico – emendou Crispim Soares, boticário da vila, e um dos seus amigos e comensais.

A vereança de Itaguaí, entre outros pecados de que é arguida pelos cronistas, tinha o de não fazer caso dos dementes. Assim é que cada louco furioso era trancado em uma alcova, na própria casa, e, não curado, mas descurado, até que a morte o vinha defraudar do benefício da vida; os mansos andavam à solta pela rua. Simão Bacamarte entendeu desde logo reformar tão ruim costume; pediu licença à câmara para agasalhar e tratar no edifício que ia construir todos os loucos de Itaguaí, e das demais vilas e cidades, mediante um estipêndio, que a câmara lhe daria quando a família do enfermo o não pudesse fazer. A proposta excitou a curiosidade de toda a vila, e encontrou grande resistência, tão certo é que dificilmente se desarraigam hábitos absurdos, ou ainda maus. A ideia de meter os loucos na mesma casa, vivendo em comum, pareceu em si mesma sintoma de demência e não faltou quem o insinuasse à própria mulher do médico.

– Olhe, D. Evarista – disse­-lhe o padre Lopes, vigário do lugar –, veja se seu marido dá um passeio ao Rio de Janeiro. Isso de estudar sempre, sempre, não é bom, vira o juízo.

D. Evarista ficou aterrada. Foi ter com o marido, disse­-lhe que estava com desejos, um principalmente, o de vir ao Rio de Janeiro e comer tudo o que a ele lhe parecesse adequado a certo fim. Mas aquele grande homem, com a rara sagacidade que o distinguia, penetrou a intenção da esposa e redarguiu­-lhe sorrindo que não tivesse medo. Dali foi à câmara, onde os vereadores debatiam a proposta, e defendeu­-a com tanta eloquência, que a maioria resolveu autorizá­-lo ao que pedira, votando ao mesmo tempo um imposto

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