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Com Borges
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E-book56 páginas53 minutos

Com Borges

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Sobre este e-book

Em 1964, Alberto Manguel, então com dezesseis anos, trabalhava em uma famosa livraria de Buenos Aires, onde era possível encontrar as últimas novidades publicadas na Europa e nos Estados Unidos - e onde todas as tardes Borges passava, retornando da Biblioteca Nacional. Um dia, o escritor, já cego, perguntou ao jovem Manguel se ele estaria disposto a ler para ele à noite, já que sua mãe, Doña Leonor, com noventa anos, se cansava facilmente. O apartamento de Borges é um lugar fora do tempo, povoado de livros e palavras, um universo puramente verbal onde Manguel descobrirá o tipo de conversa que lhe era congenial - a dos livros e de sua feitura. E descobrirá (ele que havia crescido em Israel e que a partir de 1968 viveria em diversos países), a única terra à qual vale a pena pertencer - a da literatura. Com uma paixão constantemente moderada por um afável comedimento, Manguel nos faz compartilhar sua descoberta, permitindo-nos conhecer o que de Borges não conhecíamos. Tanto que, no final, nos é difícil acreditar que não conhecemos pessoalmente Borges, que não fomos hóspedes em sua casa.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de set. de 2020
ISBN9786586683400
Com Borges

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    Maravilhoso! Foi o primeiro livro que li de Manguel e achei a escrita formidável.
    Ainda não li nada de Borges, mas já incluí seus livros na minha lista bem como de outros autores citados na obra.
    Gostei dele não ter escondido o racismo e ter tentado mostrar Borges da maneira mais sincera e verídica possível.

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Com Borges - Alberto Manguel

Com Borges

Con Borges

© Alberto Manguel, 2004

Publicado em acordo com Schavelzon Graham Agencia Literaria

© Editora Âyiné, 1ª edição, 2018. 2ª edição, 2020

Todos os direitos reservados

Tradução: Priscila Catão

Preparação: Lígia Azevedo

Revisão: Fernanda Alvares, Andrea Stahel

Capa: Julia Geiser

Projeto gráfico: Luísa Rabello

ISBN: 978-65-86683-40-0

Editora Âyiné

Belo Horizonte, Veneza

Direção editorial: Pedro Fonseca

Assistência editorial: Érika Nogueira Vieira, Luísa Rabello

Produção editorial: André Bezamat, Rita Davis

Conselho editorial: Lucas Mendes de Freitas,

Simone Cristoforetti, Zuane Fabbris

Praça Carlos Chagas, 49 – 2º andar

30170-140 Belo Horizonte – MG

+55 31 3291-4164

www.ayine.com.br

info@ayine.com.br

SUMÁRIO

Capa

Créditos

Folha de Rosto

Com Borges

Landmarks

Página de Créditos

Folha de Rosto

Dedicatória

Epígrafe

Início

Capa

A Héctor Bianciotti, generosíssima testemunha.

Minha memória me leva a uma certa tarde… em Buenos Aires. Eu o vejo; vejo o bico de gás; era possível pôr minha mão nas prateleiras. Sei exatamente onde encontrar As mil e uma noites de Burton e a Conquista do Peru de Prescott, apesar de a biblioteca não mais existir.

Jorge Luis Borges, Esse ofício do verso

Abro caminho com os ombros no meio da multidão na Calle Florida, entro na recém-construída Galería del Este, saio pelo outro lado, atravesso a Calle Maipú e, encostando-me na fachada de mármore vermelho do número 994, pressiono o botão do 6B. Entro no hall frio do prédio e subo os seis andares de escada. Toco a campainha e a empregada abre a porta, mas, antes que ela me deixe entrar, Borges sai de trás de uma cortina, com a postura bastante ereta, terno cinza abotoado, camisa branca e gravata amarela listrada levemente torta, arrastando-se um pouco ao se aproximar. Cego desde antes dos sessenta anos, ele se move hesitante mesmo num espaço que conhece tão bem quanto o seu. Estende a mão direita e me dá as boas-vindas com um aperto distraído e fraco. Não há mais formalidades. Ele se vira e me guia até a sala de estar, sentando-se ereto no sofá virado para entrada. Eu me acomodo na poltrona à sua direita e ele pergunta (mas as suas perguntas são quase sempre retóricas): «Bem, que tal lermos Kipling esta noite?».

Por vários anos, de 1964 a 1968, tive a sorte de estar entre os muitos que leram para Jorge Luis Borges. Depois do colégio, eu trabalhava na Pygmalion, uma livraria anglo-germânica em Buenos Aires, da qual Borges era cliente assíduo. A Pygmalion era um dos pontos de encontro dos interessados em literatura na cidade. A proprietária, a srta. Lili Lebach, uma alemã que escapara dos horrores nazistas, adorava oferecer aos clientes as mais novas publicações europeias e norte-americanas. Era uma ávida leitora de suplementos literários, não apenas de catálogos de editoras, e tinha o dom de combinar suas descobertas com o gosto dos clientes. Ela me ensinou que um livreiro precisa conhecer as mercadorias que está vendendo, e insistia para que eu lesse muitos dos novos títulos que chegavam à loja. Não era necessário muito tempo para me convencer.

Borges frequentava a Pygmalion no fim da tarde, quando saía da Biblioteca Nacional, onde trabalhava como diretor. Um dia, após escolher alguns títulos, me convidou para visitá-lo e ler para ele à noite, caso eu não tivesse mais nada para fazer, pois sua mãe, já na casa dos noventa anos, se cansava facilmente. Borges podia convidar qualquer pessoa: estudantes, jornalistas que iam entrevistá-lo, outros escritores. Há um vasto grupo de pessoas que leram em voz alta para ele, pequenos Boswell que raramente sabem a identidade um do outro, mas que coletivamente guardam a memória

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