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Uma Coisa Perigosa: Os Mistérios de Adrien English 2, #2
Uma Coisa Perigosa: Os Mistérios de Adrien English 2, #2
Uma Coisa Perigosa: Os Mistérios de Adrien English 2, #2
E-book276 páginas3 horas

Uma Coisa Perigosa: Os Mistérios de Adrien English 2, #2

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Sobre este e-book

O livreiro Adrien English chega a Pine Shadow Ranch para encontrar um cadáver no caminho para sua garagem. Quando os xerifes locais chegam, o corpo já havia desaparecido.

O que aconteceu com o homem morto? Quem são os estranhos misteriosos que estão escavando na propriedade remota de Adrien? E ele vai resolver seus problemas com o detetive de homicídios da polícia de Nova York, Jake Riordan?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de abr. de 2021
ISBN9781071595152
Uma Coisa Perigosa: Os Mistérios de Adrien English 2, #2
Autor

Josh Lanyon

Author of nearly ninety titles of classic Male/Male fiction featuring twisty mystery, kickass adventure, and unapologetic man-on-man romance, JOSH LANYON’S work has been translated into eleven languages. Her FBI thriller Fair Game was the first Male/Male title to be published by Harlequin Mondadori, then the largest romance publisher in Italy. Stranger on the Shore (Harper Collins Italia) was the first M/M title to be published in print. In 2016 Fatal Shadows placed #5 in Japan’s annual Boy Love novel list (the first and only title by a foreign author to place on the list). The Adrien English series was awarded the All-Time Favorite Couple by the Goodreads M/M Romance Group. In 2019, Fatal Shadows became the first LGBTQ mobile game created by Moments: Choose Your Story.She is an EPIC Award winner, a four-time Lambda Literary Award finalist (twice for Gay Mystery), an Edgar nominee, and the first ever recipient of the Goodreads All-Time Favorite M/M Author award.Find other Josh Lanyon titles at www.joshlanyon.comFollow Josh on Twitter, Facebook, and Goodreads.

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    Pré-visualização do livro

    Uma Coisa Perigosa - Josh Lanyon

    tabela de conteúdo

    Capítulo Um

    Capítulo Dois

    Capítulo Três

    Capítulo Quatro

    Capítulo Cinco

    Capítulo Seis

    Capítulo Sete

    Capítulo Oito

    Capítulo Nove

    Capítulo Dez

    Capítulo Onze

    Capítulo Doze

    Capítulo Treze

    Capítulo um

    Era jovem e era bonita e, estava morta. Absolutamente morta.

    E isso era ruim. Muito ruim.

    O que uma vez foi Lavinia era agora uma desgraça atirada ao chão, longos cabelos loiros e longos membros brancos - e então o cérebro horrorizado de Jason reconheceu o que seus olhos se recusavam a aceitar: os braços finos de Lavinia terminavam em dois tocos sangrentos.

    Parei de digitar, li e estremeci. Pobre Jason. Estávamos presos descobrindo o corpo de Lavinia nos últimos dois dias e ainda não conseguimos que parecesse bem.

    Eu pressionei a tecla delete.

    Péssima como era Titus Andronicus, meu segundo mistério de Jason Leland, Morte por Ação Mortal, era ainda pior. Eu acho que basear a segunda aventura de Jason na infame obra de Shakespeare foi apenas o primeiro de meus erros. Eu ainda estava meditando quando o telefone tocou.

    – Sou eu. – Disse Jake. – Não posso ir hoje à noite.

    – Tudo bem. – Eu disse. – Eu não estava esperando você.

    Silêncio.

    Deixe-o esticar, o que não é como eu, sendo o cara civilizado que eu sou.

    – Adrien? – Perguntou finalmente Jake.

    – Sim?

    – Eu sou um policial. É quem eu sou. É o que eu faço.

    – Você soa como o narrador de um seriado de TV. – Antes que ele pudesse responder, acrescentei. – Não se preocupe Jake. Eu vou encontrar outra coisa para fazer hoje à noite.

    Silêncio.

    Eu percebi que eu tinha ido longe demais apagando o meu manuscrito. Eu deveria clicar em Editar e depois em Cancelar? Ou apenas Cancelar? Ou Ctrl + Z? Word é perfeito, eu não.

    – Divirta-se. – Disse Jake gentilmente, depois desligou.

    – Nos vemos. – Eu murmurei para o tom de discagem.

    Porque a tristeza dissipemos, como disse o bardo.

    Por um tempo eu me sentei lá mirando o cursor piscando na tela. Ocorreu-me que eu precisava fazer algumas mudanças - e não apenas em Morte por Ação Mortal.

    Xingando baixinho, eu cliquei em salvar e fechei o documento. Sair e desligar. Fácil, não é?

    Desci as escadas para a loja, onde Angus, meu assistente (Assistente em experiência), estava prestes a abrir uma caixa de livros com o estilete.

    – Ei, eu vou deixar a cidade. – Anunciei enquanto Angus observava fascinado a capa de um best-seller ilustrado com um machado sujo com sangue.

    Eu não tinha certeza se tinha estabelecido comunicação ou não. Ele não piscou. Angus era alto, magro e pálido como um fantasma. Jake tinha criado alguns apelidos cruéis, mas o garoto era inteligente e trabalhador. Acho que isso é suficiente no que me diz respeito.

    – Por quê? − Gaguejou por fim.

    – Porque eu preciso de férias. Porque eu não consigo escrever com todas essas distrações.

    Finalmente Angus afastou seus olhos com óculos da capa sangrenta.

    – Por quê?

    Depois de um par de meses, eu comecei a falar Anguslês fluentemente.

    – Acontece, cara. Você será capaz de manter um olho na loja? – Mantenha seus rituais negros ao mínimo e não coma todas as cinquenta caixas de biscoitos gourmet da despensa.

    Angus encolheu os ombros.

    – Tudo bem. As aulas retornam em duas semanas.

    Eu nunca tinha sido capaz de identificar qual era o curso seguido por Angus na universidade. Biblioteconomia ou Introdução à Demonologia?

    – Eu estarei de volta até então. Eu só preciso ficar longe por alguns dias.

    – Você vai para onde?

    Foi a primeira vez que ele mostrou tanto interesse em minhas atividades nesses dois meses.

    – Eu possuo uma propriedade, ao norte de Sonora. Especificamente, fora de Sonora, ao lado de uma pequena cidade chamada Basking. Pensei em ir até lá de carro. Hoje à noite. – Eu adicionei.

    – Hoje à noite?

    – São 16:30. Não devo demorar mais do que seis ou sete horas.

    Angus pareceu pensar nisso, sentindo distraidamente a ponta do cortador com seu polegar.

    – Não é como você se fosse impulsivo, Adrien. – Foi seu veredito. – O que digo a esse seu policial?

    – Ele não é realmente minha propriedade pessoal. – Respondi imediatamente. – Ele é um servidor público. – Em mais de um sentido. – Em resumo, você não precisa dizer nada porque eu não planejo vê-lo em breve.

    – Oh. – Angus baixou o olhar para a faca com um pequeno sorriso.

    Brigas de bichas eram aparentemente fontes suaves de alegria. Deixei Angus com imagens de desmembramentos em sua cabeça e fui fazer minha mala. Não me levou muito tempo para jogar um jeans ou dois e uma escova de dente em minha bolsa. Esvaziei o conteúdo da geladeira em uma caixa térmica, peguei meu saco de dormir e joguei alguns CDs com minhas roupas e laptop.

    Às 18h15min, eu estava a caminho, através do tráfego da hora do rush dirigindo o Bronco para Magic Mountain na rodovia 5. Durante o caminho havia se formado um engarrafamento, mas porra, eu tinha uma garrafa térmica de café Gevalia Popayan, Flaming Red de Patty Griffin tocava no rádio, e eu estava indo na direção certa - longe de Jake.

    ***

    Em Mojave peguei a saída para abastecer em um pitoresco posto de gasolina rodeado por árvores de Josué e pilhas de pneus velhos. Um enorme balão em forma de gorila roxo flutuava acima, como um slogan publicitário. Abasteci e apreciei o pôr do sol ao estilo Apocalypse Now enquanto o balão gigante balançava suavemente com a brisa do deserto. Por alguma estranha razão, o macaco de cor roxa me fez lembrar Jake.

    Jake. Se fosse assim tão fácil deixar para trás minhas preocupações sobre Jake como era deixar as luzes da cidade brilhando no meu espelho retrovisor.

    Dois meses antes, o detetive Riordan tinha salvado minha vida do que os jornais tinham prosaicamente chamado assassinatos do esfaqueador gay. Quando tudo terminou, Jake tinha recebido uma reprimenda oficial dos figurões do Departamento de Polícia de Los Angeles - e eu tinha ganho uma espécie de abertura com Jake, um policial gay tão profundamente escondido em seu armário que ele não era capaz de encontrar a si mesmo.

    Riordan era forte e inteligente e bonito; e, a não ser o ódio por si mesmo, ele era praticamente tudo o que eu poderia ter esperado de um parceiro em potencial. Mas, aos poucos, pequenas coisas - como o fato de que ele não podia suportar me tocar - começou a pesar sobre mim. Ok, eu exagerei. Uma vez ele tinha colocado o braço em meus ombros enquanto nós assistíamos um documentário sobre crimes de ódio praticados contra gays. E ele tinha se acostumado a me abraçar ao dizer adeus. Não é que ele fosse virgem. Longe disso. Ele era muito presente na cena S/M. Mas quando se tratava de cara-a-cara, olho no olho, boca contra boca, o mestre se transformava em um menino.

    Evidenciado pela nossa primeira e única sessão de carícias. A boca de Riordan era apenas um sopro na minha quando ele soltou um riso estranho e recuou.

    – Merda. Eu não posso.

    Ele passou a mão pelo cabelo loiro, olhou para mim de lado.

    – Você não pode? Me beijar?

    Ele balançou a cabeça e, em seguida, assentiu.

    – Meu enxaguante bucal não está funcionando? Qual é o problema?

    Jake fez um som que supostamente deveria se passar como um riso. Ele não respondeu.

    – Por que, Jake? − Perguntei suavemente.

    – Abri os olhos e vi os poros de sua pele... – Ele soltou. – Sua pele é boa, não me interprete mal... – Mas você tem uma sombra de barba. Eu sinto o cheiro do pós-barba. Seus lábios...

    Ele acenou brevemente e desesperadamente com as mãos.

    – É só que... Você não é uma garota.

    – Você reparou.

    Eu soei frívolo, mas eu estava pensando bastante.

    – Então, esta é uma nova experiência para você? Você faz sexo com caras, mas você não...

    – Não é assim. – Interrompeu Jake. – Isto é como namoro. Isto é... estranho.

    Sim, chicotes, correntes, flagelos e vendas eram normais?

    – Eu poderia deixar você me amarrar e me bater, mas você ainda me respeitará de manhã?

    – Eu não quero você assim. – Disse ele. – Eu conheço você. Não seria o mesmo.

    Ótimo. Ele preferia humilhar homens estranhos disfarçados, a beijar um homem que ele conhecia. E presumivelmente gostava.

    – Deixe-me ver se eu entendi. Você não quer fazer sexo comigo?

    – Óbvio que eu quero fazer sexo com você.

    Óbvio. O que eu estava pensando?

    – Mas?

    – Eu não sei! – Ele disse, impaciente. – E se assistíssemos a um filme ou algo assim?

    Vimos um monte de filmes. Agora eu era um especialista em filmes de Steven Seagal e Vin Diesel, e eu vi mais filmes de super-heróis no mês passado do que durante toda a minha infância. Não teve nada de documentários. Nós até mesmo saímos para um par de jantares tensos. Imaginei que Riordan temia que seus colegas policiais o vissem confraternizar com um conhecido homo, embora ele fosse educado demais para colocá-lo dessa forma.

    Principalmente conversamos. Na minha casa. Atrás de portas fechadas. Não eram conversas emocionais, mas Jake falou sobre seu trabalho e sua família: sua mãe, pai, dois irmãos (um na academia de polícia), todos acreditando que James Patrick Riordan era muito hétero.

    Na verdade, era principalmente Jake falando. Meu papel era geralmente de ouvir. De tempos em tempos, ele fazia perguntas que eu rotulava sob o título geral de estilo de vida gay: Quantas vezes por mês eu tinha relações sexuais? (Uh... estamos falando em termos de tempo terrestre?) Quando eu havia saído? (Após a faculdade, quando já era tarde demais para a minha mãe me punir.) Onde eu costumava conhecer caras? (Cenas de crime?).

    Apesar de Jake ser mais velho e, provavelmente, mais experiente, eu às vezes me sentia como seu mentor gay ou seu irmão mais velho bicha. Eu nunca me senti como seu amante.

    Um mês de tentativas de manter companhia, em seguida, um mês de desculpas e compromissos cancelados.

    Terminou antes mesmo de começar.

    – Olha. – Eu disse uma noite quando ele chegou quatro horas atrasado para outro jantar secreto. – Você está apenas seguindo a maré. Por que se incomodar?

    Seus olhos amarelos brilharam em meus próprios. Jake brutalmente respondeu:

    – Nunca tive a intenção de estar em um relacionamento com você.

    – Não se preocupe, você não está.

    – Sim, estou.

    Ele colocou sua grande mão na minha própria.

    Patético, mas é o tipo de coisa que me faz segurar isso. Eu uso o termo segurar de ânimo leve, porque na maioria das vezes, a vida continuou seu caminho exatamente da mesma forma que antes. Com exceção das piruetas engraçadas que meu coração fazia quando eu ouvia a voz de Jake na outra extremidade do telefone. E pelo que eu sabia, poderia ser o início de insuficiência cardíaca.

    Certamente não era amor, porque eu me recusei a fazer algo tão destrutivo quanto me apaixonar por um homem que se odiava por causa de sua homossexualidade. Que, por extensão, provavelmente significava que ele inconscientemente me odiava também. Eu me tranquilizei, dizendo que, embora eu gostasse de Riordan, eu não fechei a porta e não perderia nenhuma oportunidade; eu ainda estava aberto a conhecer novas pessoas, fazer novos amigos e amantes. Então, por que a frustração, raiva, e inclusive, dor, quando o grande homem cancelava nossos encontros como ele tinha feito esta noite?

    ***

    Depois de Bakersfield, fiz uma parada em uma área de descanso. Dei uma volta e estiquei as pernas, comprei um bagel de mirtilo envelhecido em uma barraquinha de lanches e voltei a examinar meu guia de viagens sob a luz da cabine do SUV.

    A lua cheia brilhava, iluminando as colinas arredondadas pontilhadas com árvores de carvalho e ocasionais luzes de fazendas. Quilômetros de nada além de estrada vazia e céu estrelado. Quilômetros de nada além de mais quilômetros imóveis enquanto eu me dirigia ao norte, em companhia de pesados caminhões. Ia a uns cento e trinta quilômetros por hora, relaxado, com o controle automático de velocidade ativado, sem outra coisa a fazer além de pensar e recordar o passado.

    Faziam vinte e quatro anos desde a última vez que eu tinha visto o rancho Pine Shadow. No verão antes da morte de minha avó Anna. Eu tinha oito anos, as férias de verão com a avó foram as mais felizes da minha vida. Vovó era uma espécie de lenda da família. Uma garota dos Loucos Anos Vinte, que tinha deixado o marido da alta sociedade e havia retornado para a cidade onde nasceu para criar cavalos e, inferno, para onde mais seu humor a mandasse. Lembrava-me dela como uma mulher magra alta, grande, com cabelos prateados e uma pele profundamente bronzeada. Minha avó enrolava seus próprios cigarros, cavalgava como um peão de rodeio e xingava em italiano, língua de sua babá na infância. Deve ter sido uma senhora infância dada a frequência com a qual ela xingava e a facilidade com que ela fazia.

    Não havia nenhuma indicação de que este verão seria o último. Mas duas semanas depois que eu tinha voltado para o seio de minha mãe, minha avó morreu de uma queda de seu cavalo. Para desgosto da minha mãe, vovó me deixou todos os seus bens. É verdade que a propriedade da vovó não poderia rivalizar com a fortuna deixada para Lisa pelo meu querido falecido pai, mas foi o suficiente para garantir que a necessidade financeira nunca me prendesse nas saias de minha mãe.

    Eu herdei metade deste dinheiro nos meus vinte e um anos, que eu tinha gasto na aquisição do que agora era a livraria Capa e Espada. Vou herdar o resto em meus quarenta anos, que, conforme os impostos iam chegando, parecia uma eternidade. No que dizia respeito ao rancho Pine Shadow, eu fiz que me entregassem alguns móveis da casa, mas eu nunca voltei, preferindo me lembrar como havia sido. Havia um caseiro que mantinha um olho nas construções, mas até onde eu sabia, o lugar poderia ter estado no chão e em ruínas no momento em que havia decidido fazer uma viajem de seiscentos quilômetros pelas minhas memórias.

    ***

    Eram quase 23 horas quando a rodovia 49 foi reduzida à pinheiros e montanhas. Abri a janela. O ar da noite era surpreendentemente fresco e puro, pelo efeito da neve distante. Os cem quilômetros seguintes da estrada sinuosa passei imprensado entre um desses caminhões monstros, (com suas altas luzes no meu espelho retrovisor), e uma pick-up desbotada cuja placa dizia VCFEIO. Após uns oito quilômetros, chegamos em uma curva sem visibilidade e o caminhão monstro se moveu para a pista contrária em uma divertida manobra própria de uma roleta russa automotiva. E trinta segundos depois ele voltou para sua pista bem a tempo de evitar se chocar com um carro se aproximando.

    Ao fim, ele deu seu espetáculo, arriscando todos e afastou-se com um estrondo por uma curva, evitando por pouco um encontro cara a cara com um caminhão madeireiro. Ele desapareceu na noite com o cheiro de diesel.

    Agora era só eu e o engraçadinho 70 quilômetros-por-hora da caminhonete. Enquanto esvaziava o que restava na garrafa térmica, brincava com o rádio tentando encontrar uma emissora que variasse seu conteúdo de lágrimas-na-cerveja, chorando-no-ombro-da-estrada e suspenso-sobre-nada-além-das-rodas. Apesar da sobrecarga de cafeína, estava rendido e sentia que os olhos estavam a ponto de saltar de minhas órbitas.

    Me aproximava rapidamente a esse estado de esgotamento em que não se estava seguro de se seguia conduzindo ou, se só sonhava que ainda conduzia; quase deixei passar o desvio. Os quinze quilômetros seguintes foram um desafio tanto para os amortecedores do Bronco como para os meus, mas ao fim reconheci o sinal de Saddleback Mountain e sabia que o Rancho Pine Shadow estava situado logo depois da curva seguinte.

    Reduzi a marcha quando começou a descida. O Bronco chacoalhou através de um mata-burros. Adiante, o rancho jazia imóvel na luz brilhante da lua; a essa distância parecia não ter sido afetado pelo tempo. Apesar das janelas escuras e currais vazios, quase pude me convencer de que eu estava de volta em casa.

    Ao me aproximar, discerni o painel montado em postes de madeira acima da porta aberta. As letras pirogravadas anunciavam Rancho Shadow Pine. Eu reduzi a velocidade; os faróis do Bronco varreram muitas formas no escuro: o celeiro em ruínas atrás da casa, o moinho de vento, um balanço quebrado pendurado em uma das árvores... E algo no chão.

    Eu freei. Eu estava tão cheio de cafeína que estava inclinado a acreditar que os meus olhos estavam pregando peças em mim. Mas enquanto permanecia ali, com o motor do Bronco em marcha lenta, a coisa no chão não mostrou nenhum sinal de desaparecer.

    Cansado demais para ter cuidado, desci do carro. Não era um jogo de luz ou sombras. Um homem caído com o rosto na sujeira.

    Eu o circulei, meus passos invulgarmente barulhentos na noite clara. Do outro lado do pátio, eu podia ouvir uma janela quebrada batendo. O sussurro do vento na grama alta do inverno. Ajoelhei-me ao lado dele.

    Eu podia ver na luz dos faróis que seu rosto estava virado de lado. Seus olhos estavam abertos, mas ele não estava vivo. Sua respiração não produzia névoa no ar fresco, os ombros não se elevavam e caíam. Havia um buraco limpo do tamanho de uma moeda entre as omoplatas.

    Eu puxei minha respiração. Não era a primeira vez que eu era confrontado com assassinato, mas eu ainda tinha a sensação de estar observando de outro sistema solar, o que geralmente precedia inconsciência. Eu esfreguei minha mão sobre meu rosto. Era como um daqueles jogos em que você tinha trinta segundos para memorizar uma dúzia de objetos; inevitavelmente você ia lembrar os pequenos detalhes, em vez da grande figura.

    O homem morto parecia estar com sessenta anos. Seu cabelo era fino, colado na cabeça. Eles eram cinza, suas unhas estavam sujas. Ele estava vestindo jeans gastos, uma camisa de flanela xadrez e botas de cowboy. Eu nunca tinha o visto antes, ou ao menos, não o reconhecia.

    Alcançando para tocar seu pulso, um choque passou por mim como se meus pés não estivessem devidamente ancorados ao solo.

    Ainda estava quente.

    Olhei de repente acima e vi a casa em silêncio. Olhei para as colinas circundantes, árvores sentinelas.

    O vento sussurrou nos pinheiros. Mas nada mudou. Tudo estava calmo. Na verdade... muito tranquilo.

    Olhando para a escuridão varrida pelo vento, eu me convenci de que alguém estava lá observando-me. O cabelo na base do meu pescoço se arrepiou. Meu coração começou a bater contra as minhas costelas com o velho um-dois; uma esquerda e uma direita e depois uma esquerda - esquerda - esquerda.

    Eu não tenho tempo para isso, eu avisei ao meu pouco cooperativo coração, enquanto eu voltava ao Bronco. Fazendo uma grande volta em sentido inverso, eu coloquei o pé no fundo do acelerador, sacudindo na estrada repleta de buracos, e tomei o

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