Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Tudo ou Nada
Tudo ou Nada
Tudo ou Nada
E-book267 páginas4 horas

Tudo ou Nada

Nota: 4.5 de 5 estrelas

4.5/5

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Um romance áspero de segunda chance, em que a amizade pesava mais.

Blake e Melanie são melhores amigos. Até o dia em que ela aparece encharcada na casa dele. Em apenas uma tarde, eles vão de amigos a amantes e... a nada.

Três anos depois, Mel está determinada a consertar o erro que cometeu naquele dia. Mas em vez do menino doce e esbelto com quem ela cresceu, ela encontra um homem.

Ele ganhou corpo. Ele está confiante. Dominador.

Endurecido pela rejeição. Mergulhado na perda de seu pai.

Uma coisa não mudou, porém: o quanto ele a quer.

* * *

No dia em que Mel foi embora, Blake jurou que nunca mais daria a ninguém a chance de entrar em sua vida de forma tão intensa.

Ele é perito em conseguir o que quer das mulheres, quando ele quer. Seu método? Ser indiferente. Compartilhar o mínimo possível do seu coração. Não esperar pelo que você quer: exigir.

Mas Mel é diferente. Ela sempre foi.

Finalmente, ele a tem. Tudo dela. Mas entre a morte de seu pai e notícias inesperadas de sua ex, a vida dele começa a desmoronar.

Ainda pior: ele é o único causador desse desastre.

Ele não conseguiria suportar perder Mel de novo... mas e se deixá-la ir embora for a única maneira de mantê-la segura?

Tudo ou Nada é uma história de amor e arrependimento, duradoura, mas complicada, de segundas chances e, felizmente, os leitores vão se identificar.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de nov. de 2019
ISBN9781071519639
Tudo ou Nada

Leia mais títulos de Piper Lennox

Autores relacionados

Relacionado a Tudo ou Nada

Ebooks relacionados

Romance contemporâneo para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Tudo ou Nada

Nota: 4.333333333333333 de 5 estrelas
4.5/5

3 avaliações0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Tudo ou Nada - Piper Lennox

    Para Freeman

    O amor nunca conhece sua própria profundidade até a hora da separação.

    Kahlil Gibran

    Parte Um: Dezoito anos

    Capítulo 1

    Blake

    Ela apareceu encharcada na minha casa.

    Não é uma surpresa na verdade, já que ela não tem carro e vai de bicicleta para todos os lados, mas o céu está caindo de tanta chuva, então tudo o que consigo dizer ao abrir a porta é:

    — Você está maluca?

    — Sai da frente, estou com frio!

    Mel me empurra e vai direto para as escadas.

    — Vou tomar um banho. — ela anuncia e arranca os tênis no caminho.

    Balanço minha cabeça e fecho a porta.

    — Pode pegar umas roupas minhas até que as suas sequem. — Grito em aviso.

    Ela grita de volta que já ia fazer isso mesmo.

    De volta à sala de estar, onde eu basicamente tenho morado nos últimos dois dias enquanto papai está fora da cidade, agradeço, em silêncio, a Deus por ela não ter notado o pornô na TV. Quando fui atender a porta, coloquei no mudo, achei que era nosso vizinho. O cachorro dele tende a desaparecer durante tempestades, se esconde sob os alpendres das pessoas. Troquei para a MTV. Mel iria trocar para o canal de qualquer forma, então troquei de uma vez.

    — Deus, assim é bem melhor. — ela diz suspirando ao voltar — Confortável.

    Ela cai no sofá comigo, nossos pés se enroscam debaixo do cobertor.

    — Obrigada pelas roupas. — ela diz, e me dá um chute de brincadeira.

    — Por que veio de bicicleta até aqui? Eu poderia ter buscado você.

    Mel encolhe os ombros e segue tirando os fiapos do meu moletom. Fica enorme nela. Na verdade, é grande demais até para mim que sou magro e alto, o garoto que todos chamam de varapau. Papai disse que ele só ganhou corpo no último ano do ensino médio, mas eu ainda tenho muito o que mudar, mesmo que eu já tenha terminado o ensino médio há um mês.

    — Só pensei que seria bom. — diz Mel, já vidrada em seja lá o que estava passando na TV — Sabe... andar de bicicleta na chuva. Parece uma ideia boa até que se pedala de fato.

    — Como crack. — acrescento.

    — Paraquedismo

    — Meia nove. Ela ri muito com essa última e me chuta de novo.

    Nós dois estamos blefando, claro. O que torna tudo mais divertido. Nunca experimentamos nenhuma droga mais forte que maconha, nunca pulamos de aviões ou pontes, nem fizemos algo arriscado em nossas vidas.

    Virgens até alma também. Pelo menos eu sou. Mel namorou por algumas semanas o cara que a levou ao baile de formatura, mas não estou certo de que algo aconteceu entre eles. Sei que deram uns amassos para valer porque tive que assistir a merda toda na festa de formatura e eu fingi que não me importava.

    — Então. — diz ela, enfiando os pés sob a minha bunda — Como andam as coisas? Ter a casa para você, quero dizer.

    — Chato. — digo a ela a verdade.

    Eu achava que um fim de semana sozinho seria cheio de coisas legais e fantásticas: comida a noite toda, tigelas gigantes de cereais sempre que eu me dignasse a acordar, noites de videogames e pornografia aqui na sala de estar.

    Tá, na verdade tem sido legal.

    Mas também tem sido solitário, não muito diferente de quando meu pai está aqui. Percebo que senti mais falta de Mel do que me permiti admitir.

    — Quando ele volta? — ela pergunta.

    — Amanhã à noite.

    — Legal. Posso ficar essa noite?

    Digo que sim com a cabeça.

    A chuva não deve parar até amanhã, de qualquer maneira, então a menos que eu tenha vontade de levá-la para casa em um tsunami, faz sentido que ela passe a noite aqui. Outro fator: eu nunca digo não para Mel passar a noite. Ela sempre passa a noite aqui, e mente para os pais sobre onde ela realmente está, desde o ensino fundamental. Nada acontece, mesmo quando ela dorme na minha cama, bem ao meu lado, mas gosto da possibilidade. Pena que eu sou sempre muito covarde para tentar.

    — Devíamos ficar bêbados. — ela sussurra, mexendo os dedos dos pés debaixo de mim. Ela nem percebe o que está fazendo comigo, mexendo assim.

    — Não. Papai notou a falta de Bacardi da última vez e me fez limpar o quintal todo com as mãos.

    — Bem, veja, eu vou pegar algo que ele ainda não abriu e aí peço para meu irmão repor antes que ele volte, tudo bem?

    Ela não espera que eu responda.

    Ela nunca espera.

    Eu a escuto mexendo na cozinha, atacando as bebidas do meu pai enquanto eu tento domar minha ereção. Está tudo sob controle antes de ela voltar e colocar dois copos na mesa de centro, mas vê-la em minhas roupas reinicia todo o processo.

    — Você serve.

    Eu puxo o cobertor comigo e me inclino para frente, derramando a tequila em nossos copos. Brindamos, batemos na mesa e bebemos.

    — Puta merda. — ela resmunga com os olhos lacrimejando — É forte.

    Sinto vontade de cuspir um pulmão, mas meu pai sempre diz que esse troço desce queimando mesmo, então aguento. Quero impressioná-la, o que é estúpido, porque Mel me conhece praticamente por toda a minha vida e nunca me achou um molenga, mesmo eu sendo um.

    Ela me dá uma olhada como se eu fosse louco.

    Pelo menos não andei por três quilômetros de bicicleta debaixo de uma tempestade.

    Melanie

    Blake e eu nos conhecemos quando tínhamos quatro anos, no dia em que ele se perdeu no shopping e correu até minha mãe, meu irmão e eu, chorando.

    Mamãe tem uma voz doce como mel. Forte, mas tranquila. O tipo de voz que junto de um toque em seu braço nos faz abraçá-la com toda a confiança do mundo.

    Eu me lembro quando Blake se aproximou e gaguejou:

    — Eu... eu estou perdido e m-meu pai sempre me diz para encontrar uma mãe com cria... crian... — só que ele não terminou a última palavra, porque olhou para mim e meu irmão e apenas explodiu em lágrimas que ecoaram por todo o shopping.

    Então mamãe tocou no braço dele e se ajoelhou para olhá-lo nos olhos, do jeito que ela falava conosco o tempo todo, e disse em sua voz melosa:

    — Está tudo bem, querido. Vamos encontrá-lo.

    Não me lembro como os dias de brincadeira começaram. Acho que meus pais se sentiram mal por Blake e seu pai. A mãe de Blake tinha acabado de morrer de câncer, ele precisava de amigos. No começo, tentaram forçar meu irmão a brincar com ele, porque eram garotos e fazia sentido. Garotos gostam de caminhões e de sujeira. Blake não gostava de caminhões, nem de se sujar, nem de beisebol.

    Ele era três anos mais novo que Josh, mas da mesma idade que eu. Nós dois gostávamos de arte e histórias assustadoras e espaços pequenos e silenciosos, como entrar em armários de vassouras com uma lanterna. Estávamos acostumados com as pessoas pulando ao nos ver: "Oh, querida, quase me matou de susto! Eu nem vi você".

    Então, nos tornamos amigos. Nos provocavam o tempo todo na escola por causa disso. Meninos e meninas não podem ser melhores amigos. "Apenas espere até a puberdade", era o que as velhas da igreja sempre repetiam para a minha mãe, com as sobrancelhas pintadas, franzidas de desaprovação, enquanto Blake e eu brincávamos de pedra, papel e tesoura e batíamos no encosto dos bancos com os pés.

    Na verdade, estou pensando em Pedra, papel e tesoura agora, porque nossas mãos estão cerradas em punhos após nossa segunda dose de tequila. Duas pedras. Um empate.

    — Lembra-se da última vez que ficamos bêbados? — eu pergunto, sugando o ar com força para resfriar a garganta — Bêbados mesmo?

    Ele ri.

    — Jesus, queria não me lembrar. Foi uma noite longa.

    Eu também acabo rindo.

    — A festa na casa de Elliot Gull. — eu digo, embora ambos nos lembremos, e eu não precisasse dizer — Tinha um barril de cerveja estragada. Nunca mais.

    — Não foi a cerveja. — ele me cutuca com o pé — Foi porque bebemos aquele troço artesanal que o irmão do Gull fez em casa antes ...

    — Foi a cerveja. — eu interrompo, minha voz mais alta que a dele, como de costume.

    Discutimos muito sobre esse assunto. É provável que ele esteja certo. Na verdade, tenho certeza de que ele está certo, mas foi ideia minha beber aquela bagaça aquela noite, e tomamos direto das jarras, catando as frutas com a língua. A minha tinha amoras. A de Blake tinha morangos.

    Quando vomitamos juntos atrás da garagem dos Gulls pouco depois, parecia cobertura de panqueca e cheirava a remédio para tosse.

    Nunca mais, nós dois dissemos depois.

    Acabamos com um pacote inteiro de chiclete e dormimos em um sofá no porão de Elliot até amanhecer. Blake nos levou para casa enquanto eu vomitava numa sacola de mercado que ele me deu.

    Há uma parte sobre a qual nunca falamos, mesmo em nossas passagens ponto a ponto, longe dos ouvidos dos nossos pais:

    Atrás da garagem, quando me ajoelhei no cascalho e sentia as pedras furando meus joelhos, enquanto eu colocava para fora todo aquele álcool e açúcar, Blake se ajoelhou atrás de mim e segurou meu cabelo. Pode não ter sido nada, apenas um gesto amigável do meu melhor amigo.

    Eu teria feito o mesmo por ele, não teria?

    Se seu cabelo fosse comprido, ou se ele fosse uma menina. O ponto é que não foi grandes coisas. Mas havia algo em seu toque que o tornava diferente do toque de um amigo. As pontas dos dedos se demoraram no meu pescoço. Quando enfim parei, ele colocou o queixo em meu ombro e sussurrou:

    Tudo bem, Mellie. Já foi, você está bem.

    Olhei para ele.

    Estávamos sob um facho de luz suja que vinha da garagem, como ladrões agachados à espreita do próximo golpe. E eu tinha certeza que ele esteve prestes a me beijar. Eu ainda tenho certeza. Mesmo que eu tivesse acabado de vomitar toda a comida e bebida consumidas nas últimas 24 horas, ele se inclinou para mim, os olhos se fechando.

    Então a náusea o atingiu.

    Ele se levantou e foi tropeçando para o outro lado da garagem. Eu ouvi seu vômito espirrar no tapume. Não falamos sobre isso, mas eu penso muito naquele instante.

    Ele queria me beijar?

    Ou ele estava apenas muito bêbado?

    Ele ao menos se lembra, ou está envergonhado?

    Eu o teria deixado seguir em frente?

    Quero dizer, além do fator totalmente repugnante de ter acabado de vomitar, não é como se a ideia de beijar Blake fosse repugnante. Mas há uma linha que não cruzamos, enquanto na zona de amizade a que pertencemos, e onde sempre estivemos.

    Eu nunca olhei para ele desse jeito.

    Ele é apenas...Blake. Meu melhor amigo.

    — Não foi a cerveja. — ele repete mudando de posição no sofá como se não conseguisse ficar confortável. Balancei a cabeça e joguei um clipe de papel nele. Ficamos mudando de canal na televisão e ouvimos os sons da tempestade lá fora. Em voz alta, esse é o fim da história. Nós não dizemos o resto. Talvez eu seja até mesmo a única aqui que se lembra do resto.

    Quem sabe?

    Capítulo 2

    Blake

    Eu me lembro.

    Eu não tenho certeza se a Mel se lembra, mas penso muito nesse dia. Mesmo depois de vomitar tudo que podia e não podia, ela ainda estava tão bonita, e eu estava bêbado o suficiente para não me importar com germes, mau hálito ou mesmo rejeição. Foi o suficiente para ser corajoso.

    É o mais perto que eu já cheguei de beijá-la. Que, depois de quatorze anos de amizade e pelo menos seis dessa paixão secreta, é patético.

    Ficamos trocando os canais por um tempo. Acho que estou fazendo um bom trabalho ao ignorar seus pés embaixo de mim, ou o quão fofa ela parece em minhas roupas, mas sem chances: quando eu, distraído, tento abrir o guia de canais, ela ri e me avisa que estou ligando e desligando o DVD.

    — Toma. — digo e entrego o controle. Escolhe você.

    Ela começa a mexer no guia, e eu me odeio por deixá-la escolher, porque ela para em todos os canais que tem filmes de garotas e filmes feitos para a TV. Ela clica em Info para ler a descrição de cada um. Então, eu me odeio ainda mais.

    Ela para na seção de pornô.

    Vadias Peitudas VII. Rasgando MILFs Virgens em Vegas.

    — Olha essa merda. — ela ri — Quem assiste isso?

    Eu.

    Meu coração acelera, o rosto fica vermelho como pimentão.

    Eu assisto essa merda. Eu estava assistindo e me masturbando quando você tocou minha campainha.

    Ela me olha de um jeito...

    O tipo de olhar que ela dá quando tem uma ideia terrível. Pode ser muito divertido ou um desastre completo. Como entrar escondido no cinema, roubar bebidas do meu pai, ou beber bebida alcoólica caseira antes de beber cerveja barata na casa de alguém.

    — Devíamos alugar um — ela ri —, só por diversão. Vamos?

    — Você quer?

    O que posso dizer?

    Eu apenas me sento lá e dou de ombros, rezando para Deus que ela não escolha Vadias Peitudas VII, porque seria muito suspeito se o pay-per-view mostrar o botão continuar em vez de comprar.

    Ela passa por mais títulos.

    — Você já assistiu essas coisas? — ela pergunta de repente, como se acabasse de cogitar tal ideia.

    Nego com a cabeça em silêncio.

    — Mas você assiste pornô, certo? Quero dizer, todos os caras assistem pornografia. É o que dizem, pelo menos.

    — Sim. — consigo dizer e procuro o refrigerante que deixei na mesa lateral — Assisto filmes pornô.

    Mel me estuda um minuto.

    — Pergunta estranha. — ela diz lentamente —, mas o que você assiste, exatamente? Tipo, do que você gosta?

    Jesus, meu rosto está em chamas. Pegando fogo de verdade.

    — Não sei. — gaguejo e estico a mão livre antes de me engasgar com o refrigerante. — Pornô normal, eu acho. Por quê?

    — Só curiosidade. Nunca vi nenhum. Eu não sei como é.

    — É sexo. — murmuro, enquanto afundo no sofá mais uma vez — Só isso.

    Ela se decide por "Festival de primavera das Piranhas e ri ao apertar comprar".

    — Acha que seu pai vai notar?

    — Não.

    É assim que eu consigo assistir na verdade: meu velho compra alguns títulos por mês, mas não consegue se lembrar de todos, e talvez não queira ligar para a operadora por causa de Vadias Peitudas I-VI ou Gatas Submissas. Então ou ele não percebe a compra ocasional da minha parte, ou finge que não.

    — Oh, meu Deus. — diz ela, cerca de dez minutos depois.

    Ainda estão construindo o cenário de fundo, todos espalhando protetor solar uns nos outros, ao lado da piscina.

    — A atuação é sempre tão ruim assim?

    — Basicamente. Mas, na verdade... não estão sendo pagos pela atuação.

    — Verdade. — ela sorri.

    Essa situação toda é uma droga.

    Eu fantasiei assistir pornografia com Mel, mas não assim, quando é apenas uma grande piada para ela, e eu estou escondendo minha ereção debaixo de um cobertor, suando tequila enquanto ela ri na outra extremidade do sofá.

    Nas minhas fantasias, somos um casal, assistindo juntos no meu quarto no meu computador. Algo bizarro, envolvendo dramatizações ou brinquedos, e estamos transando seminus enquanto o filme passa, até que ela rola por cima de mim e diz: "Vamos tentar isso".

    Não assim.

    Não uma tarde desajeitada e de bebedeira durante uma tempestade, com ela rindo de coisas que me excitam: garotas lambendo os seios de outras garotas, cuidadores de piscina sendo chupados em espreguiçadeiras.

    No momento em que eles ao sexo de fato, quatro garotas e quatro caras, e todas as peças de banho jogadas na piscina, estou tão excitado que quase me sinto entorpecido, em parte porque nunca cheguei lá tão rápido, mas principalmente porque eu não quero ficar com tesão. Não na frente da Mel, e pra piorar, numa situação em que não posso fazer nada.

    Percebo que ela está olhando para mim.

    — O quê?

    — Nada. — ela olha de volta para a televisão.

    Parou de rir.

    — É só que... — ela diz, e um minuto depois —, parece que não está achando graça. Você... gosta desses filmes?

    Estou perdido, agora que me pegou no ato.

    — Não sei.

    Na tela, um dos caras faz um trocadilho infame sobre níveis de pH.

    — É pornô. Caras gostam de pornografia. As pessoas em geral gostam de pornografia, sabe? — eu respiro para parar de divagar — É sexo, então sim, eu gosto. Mas não sou viciado. Não ando por aí fantasiando sobre sexo grupal à beira da piscina.

    Mel ri, mas é diferente de antes. Mais suave, pelo nariz.

    — E quanto a você? — eu pergunto, quase um desafio, como se eu quisesse constrangê-la como vingança, talvez eu queira — Do que você gosta?

    É raro ver a Mel corar, mas ela está vermelha agora. Eu me esqueci o quanto gostava disso.

    — Não assisto pornô. — ela murmura.

    — Certo, mas tipo, sobre o que você fantasia? E não diga que você não pensa em sexo, todo o mundo pensa em sexo. Até freiras.

    Ela pega a tequila, mas em vez de se servir de outra dose, aperta a tampa e a coloca debaixo do sofá.

    — Eu nunca nem mesmo fiz.

    — Fez o quê? — eu pergunto, acenando para as meninas na tela, uma delas está

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1