Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Morte de um Rei Pirata: Os Mistérios de Adrien English 4, #4
Morte de um Rei Pirata: Os Mistérios de Adrien English 4, #4
Morte de um Rei Pirata: Os Mistérios de Adrien English 4, #4
E-book338 páginas4 horas

Morte de um Rei Pirata: Os Mistérios de Adrien English 4, #4

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

E é, é uma coisa gloriosa ser um Rei Pirata!

Quando o assassinato faz sua aparição em uma festa, a quem mais poderiam chamar senão o antigo amante de Adrien, o bonito e enrustido detetive Jake Riordan, agora, tenente da Polícia de Los Angeles — o qual pode incitar o atual namorado de Adrien, o sexy professor da UCLA Guy Snowden, a cometer também um assassinato.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de abr. de 2021
ISBN9781071597224
Morte de um Rei Pirata: Os Mistérios de Adrien English 4, #4
Autor

Josh Lanyon

Author of nearly ninety titles of classic Male/Male fiction featuring twisty mystery, kickass adventure, and unapologetic man-on-man romance, JOSH LANYON’S work has been translated into eleven languages. Her FBI thriller Fair Game was the first Male/Male title to be published by Harlequin Mondadori, then the largest romance publisher in Italy. Stranger on the Shore (Harper Collins Italia) was the first M/M title to be published in print. In 2016 Fatal Shadows placed #5 in Japan’s annual Boy Love novel list (the first and only title by a foreign author to place on the list). The Adrien English series was awarded the All-Time Favorite Couple by the Goodreads M/M Romance Group. In 2019, Fatal Shadows became the first LGBTQ mobile game created by Moments: Choose Your Story.She is an EPIC Award winner, a four-time Lambda Literary Award finalist (twice for Gay Mystery), an Edgar nominee, and the first ever recipient of the Goodreads All-Time Favorite M/M Author award.Find other Josh Lanyon titles at www.joshlanyon.comFollow Josh on Twitter, Facebook, and Goodreads.

Autores relacionados

Relacionado a Morte de um Rei Pirata

Títulos nesta série (1)

Visualizar mais

Ebooks relacionados

Detetives Amadores para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Morte de um Rei Pirata

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Morte de um Rei Pirata - Josh Lanyon

    Capítulo Um

    Não era o meu tipo de festa.

    Claro, algumas pessoas podiam pensar que um cara morto fosse mais meu tipo de diversão, mas isso não seria uma avaliação justa de minhas necessidades de entretenimento - ou minha agenda social. Quero dizer, haviam passado uns bons dois anos desde que eu estive envolvido em uma investigação de assassinato.

    Eu vendo livros para ganhar a vida. Eu também escrevo livros, mas não o suficiente para ganhar a vida com isso. Acabei de vender um livro que escrevi para o cinema, e essa era a razão de eu estar em uma festa de Hollywood, que, como eu disse, não é minha cena. Ou, pelo menos, não era minha cena até Porter Jones inclinar-se e cair em sua tigela de vichyssoise.

    Lamento dizer que minha reação inicial, enquanto ele se desmoronava, foi de alívio.

    Eu estava balançando a cabeça educadamente enquanto ele divagava pelos últimos dez minutos, tentando não estremecer, quando suspirava em minha direção seu forte bafo de álcool durante suas raras pausas. Minha verdadeira atenção estava no roteirista Al January, que estava sentado do meu outro lado na longa mesa de almoço lotada. January iria trabalhar na adaptação para a tela do meu primeiro romance, O Assassinato Sempre é Descoberto. Eu queria ouvir o que ele tinha a dizer.

    Em vez disso, tive que escutar tudo sobre pesca em alto mar do marlin branco em St. Lucia.

    Eu empurrei para trás da mesa quando a maré láctea da sopa derramada se filtrou através da toalha de linho. Alguém riu. O barulho de vozes e talheres se chocando contra a porcelana chinesa morreu.

    – Por Deus, Porter! – Exclamou a Sra. Jones do outro lado mesa.

    Os ombros de Porter estavam tremendo e eu pensei por um momento que ele estava rindo, embora, o que havia de tão engraçado em aspirar sopa, eu não fazia ideia - tendo passado por algo parecido recentemente.

    – Foi algo que você disse, Adrien? – Paul Kane, nosso anfitrião, brincou comigo. Ele se levantou como para estudar melhor Jones. Ele tinha um desses sotaques de escola pública britânica que faziam comentários insignificantes como Você pode me passar a manteiga soar tão interessante quanto: Atire quando estiver pronto!

    Sopa pingou da mesa no meu assento vazio. Olhei para Porter agora uma forma imóvel: as dobras de gordura na parte traseira de seu pescoço bronzeado grosso, espiando por baixo do azul índigo da camisa polo Lacoste, seu braço carnudo e imóvel com o Rolex de ouro. Talvez vinte segundos passaram, desde o momento em que ele caiu para o momento em que finalmente percebi o que realmente aconteceu.

    – Oh, inferno. – Eu disse, e tirei Porter de seu prato. Ele caiu para a direita e tombou sobre o tapete, levando minha cadeira e a sua própria com ele.

    – Porter! – Gritou sua esposa, agora em pé, cabelo loiro platinado

    derramando sobre seus ombros rechonchudos e sardentos.

    – Maldito inferno. – Exclamou Paul Kane olhando para baixo, sua pose normalmente inabalável o abandonando. – Ele está...?

    Era difícil dizer exatamente o estado de Porter. Seu rosto estava brilhante com sopa; seu bigode prateado acompanhava o brilho. Seus olhos pálidos estavam abatidos como se estivesse indignado por encontrar-se nessa posição. Seus lábios carnosos estavam abertos, mas ele não fez protestos. Ele não estava respirando.

    Eu me ajoelhei, disse: – Alguém conhece o RCP? Eu não acho que posso administrar isso.

    – Alguém ligue 911! – Kane ordenou, parecendo e soando como fez na ponte de seu veleiro em O Corsário.

    – Nós podemos trocar. –Al January me disse, agachando do outro lado do corpo de Porter. Ele era um delgado e elegante sessentão, apesar das calças vermelhas de cerejeira que ele usava. Gostava de seu ar calmo; você não esperava tranquilidade de um homem com calças vermelhas cereja.

    – Eu estou me recuperando de uma pneumonia. – Eu disse a ele. Eu empurrei as cadeiras caídas de lado, fazendo espaço junto à Porter.

    – Uh-oh – Disse January e inclinou-se sobre Porter.

    ***

    Quando os paramédicos chegaram, tudo havia acabado.

    Até então tínhamos nos mudado para o salão da antiga mansão Laurel Canyon. Havia cerca de trinta de nós, todos, com exceção de mim, envolvidos de um jeito ou outro com filmes e produção de filmes.

    Olhei para o relógio de bronze na elegante lareira e pensei que deveria chamar Natalie. Ela tinha um encontro naquela noite e queria fechar a livraria cedo. Eu precisava ligar para Guy também. De jeito nenhum, eu teria energia para o jantar desta noite - mesmo que pudéssemos escapar na próxima hora ou assim.

    A esposa de Porter, que parecia jovem o bastante para ser sua filha, estava sentada no piano, chorando. Algumas das outras mulheres estavam distraindo-a. Eu me perguntava por que não estavam permitindo que ficasse lá com ele. Se eu estivesse morrendo, certamente gostaria de querer alguém que amei comigo.

    Paul Kane desapareceu por um tempo na sala de jantar onde os paramédicos ainda faziam o que quer que tinham que fazer.

    Ele voltou e disse: – Eles chamaram a polícia.

    Houve exclamações de alarme e consternação. Ok, então não era uma morte natural. Eu temia isso. Não por causa de qualquer treinamento especial ou porque eu tinha uma habilidade particular para reconhecer um crime - não, eu realmente tinha muita, muita má sorte.

    A esposa de Porter - Ally, segundo tinham estado chamando-a - olhou para cima e disse:

    – Ele está morto? – Eu pensei que era bastante claro que ele estava morto do modo como pousou sobre suas costas como uma morsa atingida por um arpão, mas talvez ela era do tipo otimista. Ou talvez eu tivesse tido muitas experiências do tipo errado.

    As mulheres com ela começaram a fazer automaticamente esse som calmante.

    Kane caminhou até mim e disse com esse encantador, praticado sorriso:

    – Como você está segurando?

    – Eu? Bem.

    O sorriso dele me informou que eu não estava enganando ninguém, mas na verdade me sentia bem. Após quase uma semana no hospital, qualquer mudança de cenário era uma melhoria e, ao contrário da maioria das pessoas lá, eu sabia o que esperar uma vez que alguém tinha uma morte inesperada e pública.

    Kane sentou-se em um otomano gigante coberto com uma manta de algodão – a sala tinha sido claramente decorada por profissionais porque nada em Paul Kane sugeria rosas de maio ou relógios de bronze – em seguida prendeu aqueles olhos azuis incríveis sobre mim e disse:

    – Tenho um mau pressentimento sobre isso.

    – Bem, sim. – Eu disse. Morte violenta na sala de jantar? Geralmente não é uma coisa boa.

    – Porter disse algo para você? Não pude deixar de notar que ele encurralou você.

    – Ele falou principalmente sobre pesca em alto mar.

    – Ah. Sua paixão.

    – Paixão é bom. Eu disse.

    Kane sorriu, olhando em meus olhos.

    – Pode ser.

    Eu sorri de volta com cansaço. Eu não imaginei que ele estivesse se insinuando para mim; era mais... um ator recitando seu texto.

    Ele acariciou meu joelho e se levantou.

    – Não deve demorar muito mais. – Ele disse com otimismo da inexperiência.

    Eles nos mantiveram esperando provavelmente mais quarenta minutos, e então as portas para o salão se abriram silenciosamente sobre suas dobradiças bem oleadas e entraram dois policiais de terno. Um tinha cerca de trinta, hispânico, e desprendia uma energia forte e agressiva dos policiais jovens e ambiciosos, e o outro era Jake Riordan.

    Foi um golpe. Jake era um tenente agora, então não via motivos para que ele estivesse aqui em uma cena de crime - exceto que se tratava de um crime de alto nível.

    Enquanto eu o olhava, era como vê-lo pela primeira vez - só que dessa vez contava com informação privilegiada.

    Ele parecia mais velho. Ainda impressionantemente bonitão naquele grande, loiro, ar de não faço prisioneiros. Mais magro, nitidamente mais anguloso nas bordas. Mais duro. Passaram-se dois anos desde que o vi pela última vez. Eles não pareciam ter sido dois anos felizes, mas ele ainda tinha aquela qualidade indefinível. Como um jovem Steve McQueen ou um Russell Crowe maduro. Se você começa a andar com pessoal do cinema, acaba pensado em termos cinematográficos.

    Observei como seus olhos âmbar esquadrinharam a multidão até encontrar Paul Kane. Eu vi o alívio no rosto de Kane e percebi que eles se conheciam: algo na forma como seus olhares se encontraram, conectaram-se e depois se afastaram – nada que alguém pudesse captar. Eu simplesmente estava em condições de saber o que esse olhar em particular de Jake queria dizer.

    E desde que conhecia as atividades ilícitas do ex–detetive Riordan, pensei que isso significava que os rumores sobre Paul Kane eram verdade.

    – Pessoal, posso chamar sua atenção? – Disse o detetive mais jovem. – Este é o Tenente Riordan e eu sou o Detetive Alonzo. – Ele procedeu em explicar que, enquanto a causa exata da morte de Porter Jones ainda era indeterminada, eles deveriam nos fazer algumas perguntas, começando por quem estivesse sentado ao lado da vítima durante a refeição.

    Paul Kane disse:

    –Esses seriam Valarie e Adrien.

    O olhar de Jake seguiu a indicação de Paul Kane. Seus olhos deram comigo. Por um momento, seu rosto parecia congelar. Fiquei feliz por ter tido alguns segundos de aviso. Eu consegui olhar diretamente para ele, o que era uma pequena satisfação.

    – Eu não entendo. – A recém-viúva Ally estava protestando. – Você está dizendo... o que você está dizendo? Porter foi assassinado?

    – Senhora. – O detetive Alonzo disse de uma maneira dolorida.

    Jake disse algo em voz baixa para Paul Kane, que respondeu. Jake

    interrompeu Alonzo.

    – Sra. Jones, por que não nos mudamos para a frente? – Ele a guiou para uma porta lateral do salão. E acenou com a cabeça para que Alonzo o seguisse.

    Apesar das causas indeterminadas do detetive Alonzo, pareceu

    muito claro para mim que, se a polícia pretendia nos interrogar, tinha descartado morte acidental ou natural.

    Um oficial uniformizado ocupou o lugar de Alonzo e nos pediu para aguardar, ser paciente e abster-nos de falar um com o outro – e imediatamente todos começaram a falar, principalmente protestando.

    Depois de alguns minutos, a porta lateral abriu-se novamente e todos olharam com culpa para a porta. Ally Porter foi acompanhada até a saída.

    – O desempenho de uma vida. – Comentou Al January ao meu lado.

    Olhei para ele e ele sorriu.

    – Valarie Rose. – Chamou o detetive Alonzo.

    Uma morena de quarenta e tantos anos levantou-se. Rose deveria dirigir O Assassinato Sempre é Descoberto, assumindo que realmente chegássemos ao estágio de filmagem - que no momento parecia improvável. Ela usava maquiagem mínima e uma calça escura. Ela parecia perfeitamente equilibrada quando passou pelo Detetive Alonzo e desapareceu no interior do aposento.

    Ela estava lá há cerca de quinze minutos e depois a porta abriu; sem falar com ninguém, ela cruzou a sala principal.

    O detetive Alonzo anunciou: – Adrien English?

    Foi como se chamassem meu nome no consultório do médico: Tudo bem, Adrien. Isso não vai doer nada. Senti uma parede silenciosa de olhos pousados em mim quando entrei na sala lateral.

    Era uma sala confortável, provavelmente o escritório de Paul Kane. Ele parecia o tipo de cara que gostaria de estudar. Frente a estantes de vidro, uma grande lareira e muitos móveis de couro. Havia uma mesa e cadeiras de um lado, onde eles estavam conduzindo suas perguntas. Jake estava de pé em uma grande janela saliente que dava para o jardim dos fundos. Me permiti um olhar sobre seu perfil imperturbável antes de sentar-me na mesa em frente ao detetive Alonzo.

    – Ok... – Alonzo arranhou uma nota preliminar em seu bloco de notas.

    Jake virou-se.

    – Esse é Adrien com um e. – Ele informou a seu subalterno. Seus olhos se encontraram com os meus. – Sr. English e eu já nos conhecemos.

    Essa era uma maneira de colocá-lo. Eu tive uma súbita, incomodamente vívida memória de Jake sussurrando no meu cabelo, "Baby, o que você faz comigo..." Uma lembrança inoportuna se alguma vez houve uma.

    – Sim? – Se Alonzo reconheceu que havia alguma tensão no ar, ele não deu nenhum sinal, provavelmente porque sempre há tensão no ar em torno de policiais. – Então, onde você mora, Sr. English?

    Passamos rapidamente pelos detalhes de onde eu morava e o que eu fazia para viver. Então, Alonzo perguntou: – Como você conheceu o Sr. Jones?

    – Eu o encontrei pela primeira vez esta tarde.

    – Senhora Beaton-Jones diz que você e o falecido tiveram uma longa conversa durante a refeição?

    Beaton-Jones? Oh, certo. Isso era Hollywood. Hífen eram um acessório de moda. A Sra. Beaton-Jones deveria ser a esposa de Porter, conjecturei.

    – Ele falou, eu escutei. – Uma coisa que eu aprendi do jeito difícil era não oferecer qualquer informação extra à polícia.

    Olhei para Jake. Ele estava olhando para a janela. Havia uma aliança de ouro na mão esquerda. Refletia com a luz. Como uma mancha solar.

    – Sobre o que ele falou?

    – Para ser sincero, não lembro dos detalhes. Era principalmente sobre pesca em alto mar. Do marlin. Em seu luxuoso iate de pesca desportiva de quarenta e cinco pés.

    Os lábios de Jake se contraíram quando ele continuou a olhar pela janela.

    – Você está interessado na pesca de alto mar, Sr. English?

    – Não particularmente.

    – Então, quanto tempo você conversou?

    – Talvez dez minutos.

    – Você pode nos dizer o que aconteceu então?

    – Eu me virei para tomar uma bebida. Ele - Porter - apenas... caiu para frente da mesa.

    – E o que você fez?

    – Quando percebi que ele não estava se movendo, peguei seu ombro. Ele caiu da cadeira e pousou no chão. Al January começou o RCP.

    – Você conhece RCP, senhor?

    – Sim.

    – Senhora Beaton-Jones disse que você se recusou a administrar RCP para seu marido.

    Eu pisquei para ele. Olhei para Jake. Seus olhos âmbar estavam centrados nos meus.

    – Algum motivo para isso, senhor? Você é HIV positivo, por acaso?

    – Não. – Fiquei um pouco surpreso com a irritação que senti com a pergunta. Eu disse de forma breve: – Estou me recuperando de uma pneumonia. Não pensei que poderia fazer um trabalho adequado de ressuscitá-lo. Se ninguém mais tivesse se oferecido, eu tentaria.

    – Pneumonia? Isso não é divertido. – Isso também soltou o novato da equipe. – Você foi hospitalizado por casualidade?

    – Sim. Cinco divertidos dias e noites no Hospital Huntington. Eu vou ficar feliz em lhe dar o nome e o número do meu médico.

    – Quando você foi liberado?

    – Terça-feira de manhã.

    – E você já está na cena social? – Isso foi Jake com zombaria pseudo-amigável. – Como você conhece Paul Kane?

    – Nos encontramos uma vez antes de hoje. Ele escolheu meu primeiro livro para um possível filme. Ele pensou que seria uma boa ideia para eu conhecer o diretor e roteirista, e ele sugeriu essa festa.

    – Então você é um escritor? – Perguntou o detetive Alonzo. Ele verificou o seu caderno de notas como se quisesse enfatizar que eu não tinha falado sobre esse ponto vital.

    Eu assenti.

    – Entre outras coisas. – Observou Jake.

    Eu pensei que talvez ele devesse segurar-se se não quisesse especulações sobre nossa antiga amizade. Mas talvez o casamento e sua tenência o fazia sentir-se à prova de balas. Ele não interrompeu quando o Detetive Alonzo continuou o interrogatório.

    Respondi às suas perguntas, mas estava pensando na primeira vez que eu vi Paul Kane. Vivendo no sul da Califórnia, você acostuma-se a ver

    Estrelas de cinema. Falando pela experiência, geralmente são mais baixos, com mais sardas e manchas do que aparecem na tela. E na vida real, seu cabelo quase nunca é tão bom. Paul Kane era exceção. Ele era lindo do tipo ídolo das antigas matinés. Tipo Errol Flynn. Alto, bem construído, com olhos azuis meia-noite e cabelos castanhos com mechas mais claras à luz do sol. Quase muito bonito demais, para ser verdade. Eu prefiro um pouco mais áspero ao redor das bordas. Como Jake.

    – Ei, muito emocionante! – Ofereceu Alonzo, como se não fosse

    Hollywood, onde todos estão escrevendo um script em especificações ou tem um livro sendo cotados. – Então, como é o seu livro?

    Um pouco secamente, expliquei o que era o meu livro.

    Alonzo ergueu as sobrancelhas com a ideia de um ator Shakespeariano gay e detetive amador, chegando à tela grande, mas manteve-se escrevendo.

    Jake aproximou-se da mesa e sentou-se em frente a mim. Meus músculos do pescoço apertaram tão forte que eu tive medo de que minha cabeça começasse a tremer.

    – Mas você também administra esta livraria de mistério Capa e Espada em Pasadena? – Perguntou Alonzo. – Porter Jones era um cliente?

    – Não que eu saiba. Tanto quanto sei, nunca o vi antes de hoje.

    Me obriguei a olhar para Jake. Ele estava olhando para mim fixamente. Quis averiguar se minha linguagem corporal me denunciava como maníaco homicida. Na luz que entrava pelas janelas e inundava o aposento, minhas mãos pareciam finas e pálidas, com um traço de veias azuis logo abaixo da superfície.

    Dobrei meus braços e me inclinei para trás na minha cadeira, tentando parecer despreocupado em lugar de defensivo.

    Estávamos falando por trinta minutos, o que parecia ser um tempo irracional para questionar alguém que nem conhecia a vítima. Eles não podiam pensar honestamente que eu era um suspeito. Jake não podia sinceramente pensar que eu tinha abatido esse cara. Olhei para o antigo relógio que havia na esquina. Cinco horas.

    Alonzo voltou aos dados gerais, em sua maioria irrelevantes, mas às vezes surgia uma pista inesperada.

    Para sua surpresa e meu alívio, Jake disse abruptamente:

    – Eu acho que isso é tudo. Obrigado por seu tempo, Sr. English. Estaremos em contato se nós precisarmos de mais alguma coisa.

    Abri a boca para dizer algo automático e educado – mas o que saiu foi uma risada. Curto e sarcástica. Nos pegou ambos por surpresa.

    Capítulo Dois

    – Deus, você parece horrível! – Exclamou Natalie.

    Eu bati meus cílios.

    – Você sempre sabe a coisa certa a dizer. – Eu folheei os recibos de vendas do dia.

    Eu contratei Natalie há dois anos quando Angus, meu antigo empregado, partiu para um lugar desconhecido. Depois de uma série de temporários, eu deixei minha mãe - contra meu melhor julgamento - me persuadir na contratação de Natalie.

    Natalie, naquela época, era minha nova meia-irmã. Depois de trinta anos de viuvez, minha mãe Lisa de repente decidiu casar-se com o vereador Bill Dauten e junto com ele veio três meia irmãs, em ordem de nascimento: Lauren, trinta e um anos, Natalie, vinte e um e Emma de doze anos.

    Os Dautens eram a família mais bonita do mundo. Eu havia me mantido alerta para insidiosas tensões subterrâneas, pistas de que nem tudo era como parecia ser, mas não. Nada. Ok, talvez Bill se excedia com o Jägermeister nos feriados e ficava vergonhosamente sentimental, e eu também poderia passar sem Lauren e suas muitas cruzadas e Natalie tinha o pior gosto em homens que eu já encontrei – além do meu - mas Emma era uma joia.

    – Onde você esteve? Estava preocupada.

    Eu respondi vagamente:

    – Levou mais tempo do que eu esperava. – Tudo o que eu dissesse a ela chegaria à agência de notícias familiar em menos de uma hora, e por enquanto eu precisava que isso fosse exclusivo.

    – Você teve um bom tempo? – Ela realmente queria saber; ela realmente esperava que eu tivesse passado um bom momento. Esta era uma das coisas que achava difícil de me acostumar a ter uma família extensa. Todo esse interesse cordial era legal, mas era estranho.

    Depois de anos, sendo apenas Lisa e eu - tudo bem, na verdade, sendo principalmente apenas eu – ter todos esses espectadores interessados e envolvidos me faziam desconfortável.

    Olhei desapaixonadamente para o namorado do dia: Warren Alguma coisa. Estava sentado em uma das cadeiras club perto do balcão, parecendo aborrecido. Cabelos repugnantes, corpo esquálido e um daqueles cavanhaques ralos que me faziam ansiar por uma navalha afiada - e não para que eu pudesse lhe dar um barbear. Ele usava uma camiseta que dizia Garotas me odeiam. Supostamente, ele era um tipo de músico, mas até agora tudo o que ele parecia tocar era meus nervos.

    Contratar Natalie acabou por ser uma das minhas melhores decisões. Meu único problema com ela era que continuava tentando convencer-me a contratar Warren.

    – Tudo bem. – Eu disse. – Vocês não estão indo para um concerto ou alguma coisa?

    Warren mostrou sinais de vida.

    – Sim, Nat, vamos chegar atrasados.

    – Lisa chamou quatro vezes. Ela está realmente aborrecida por você sair tão cedo depois de ter tido alta. É melhor você ligar para ela.

    Eu murmurei algo, chamando a atenção de Natalie. Ela riu.

    – Você ainda é seu bebê.

    Warren riu de forma ridícula.

    Sim, eu definitivamente estava cansado do velho Warren.

    – Vou ligar. Tranque a porta, tudo bem?

    Natalie assentiu, e subi as escadas para o meu lar. Anos atrás, comprei o prédio que agora abrigava a livraria Capa e Espada com o dinheiro que herdei da minha avó paterna. Na época eu pensei que seria algo para me manter até minha carreira de escritor decolar.

    Liguei as luzes. A luz da secretária eletrônica estava piscando vermelho. Oito mensagens. Pressionei o Play.

    – Querido…

    Lisa. Eu passei para frente.

    – Querido…

    Avanço rápido.

    – Querido…

    Santo céu. Avanço rápido.

    – Querido…

    Jeeesus. Avanço rápido.

    Avanço rápido.

    Avanço rápido.

    Avanço rápido.

    A voz gravada de Guy quebrou o silêncio do apartamento.

    – Olá, amante. Como foi?

    Guy Snowden e eu nos conhecemos alguns anos antes, e nós estávamos vendo um ao outro desde que Jake e eu nos separamos. Eu bati Stop na secretária e peguei o telefone, mas depois reconsiderei.

    Se eu ligasse para Guy agora não seria uma ligação rápida, e eu não tinha energia para lidar com o que estava sentindo, e muito menos a sua possível reação.

    Eu larguei o telefone e fui ao banheiro, evitando olhar para meu reflexo de olhos vazios no espelho. Não precisava de um lembrete de que eu parecia com algo que o gato arrastou. Eu me sentia como algo que o gato arrastou - depois que o mastigou por algumas horas. Meu peito e minhas costelas doíam. A tosse realmente machucava, mas reprimir a tosse estava fora de questão, porque meus pulmões tinham que limpar. Um processo verdadeiramente delicioso.

    Peguei meus antibióticos e estiquei-me no sofá. Quinze minutos e eu chamaria Lisa, e então, se eu tivesse força, eu chamaria Guy e contaria sobre a festa, Porter Jones e Jake. Guy não ficaria feliz com isso, especialmente a parte sobre Jake. Não que eu alguma vez tenha entrado em muitos detalhes sobre meu relacionamento com Jake; mas Guy, que ensinava história e estudos ocultos na UCLA, tinha sido um suspeito em uma das investigações de assassinato de Jake, o que o deixou sem muito sentimentos amigáveis em relação a policiais em geral e Jake em particular.

    Pensei na festa da Paul Kane. Embora festa não fosse a palavra apropriada para os eventos dessa tarde. Eu tentei identificar exatamente o momento em que conheci Porter Jones. Paul Kane, que estava misturando coquetéis atrás do bar, nos apresentou. Ele me entregou um copo que tinha

    estava sobre o

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1