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Mística e filosofia: os caminhos de Teresa D'Ávila e María Zambrano
Mística e filosofia: os caminhos de Teresa D'Ávila e María Zambrano
Mística e filosofia: os caminhos de Teresa D'Ávila e María Zambrano
E-book101 páginas1 hora

Mística e filosofia: os caminhos de Teresa D'Ávila e María Zambrano

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Sobre este e-book

Mística e Filosofia. Dois caminhos percorridos por duas mulheres espanholas muito à frente de seu tempo: Teresa D'Avila, doutora da Igreja, e María Zambrano, a primeira mulher a receber o Prêmio Miguel de Cervantes. Mulheres fortes e determinadas que não se curvaram às restrições ao feminino no contexto sociocultural em que viviam. À margem da espiritualidade ou da filosofia, o que importa é que não existe um único caminho para se alcançar o sentido da vida. É sobre como se conduz o passo na caminhada que esse livro trata. A primeira parte do livro relata a vida de Teresa D'Ávila e sua jornada espiritual e mística. Por trás de sua aparência doce estava uma pessoa íntegra, cuja figura aparece como a expressão visível da grande questão: "Onde está o teu Deus?". Trata-se de uma pergunta que a alma faz a si própria; é a expressão da extrema solidão. Como encontrar as palavras e os gestos para expressar a verdade religiosa deste vazio? O primeiro capítulo aborda como Teresa, em sua mística, buscou e encontrou a resposta. Na segunda parte, María Zambrano responde filosoficamente à mesma questão por meio de dois estudos. O primeiro analisa o poema Subida do Monte Carmelo, de São João da Cruz, que narra a caminhada da alma até sua união definitiva com Deus. O segundo conta a jornada de Jó em sua busca por Deus a partir da interpretação que a filósofa faz do Livro bíblico. Em ambos os capítulos, a abordagem de Zambrano é feita no âmbito da sua razão poética.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de mai. de 2021
ISBN9786559567607
Mística e filosofia: os caminhos de Teresa D'Ávila e María Zambrano

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    Mística e filosofia - Nara Rela

    autores

    TERESA DE JESUS - UMA GUIA ESPIRITUAL

    PAULO CESAR DE OLIVEIRA

    Teresa de Cepeda y Ahumada nasceu aos 28 de março de 1515 em Ávila, Espanha, e faleceu aos 04 de outubro de 1582 em Alba de Tormes. Teresa nasceu de pais virtuosos e tementes a Deus, no seio de uma grande família, com nove irmãos e três irmãs¹.

    Ela própria recorda que a sua mãe teve grande cuidado em ensinar a oração aos seus filhos e em transmitir-lhes a sua devoção à Virgem e a alguns santos². Teresa passava muito tempo com um irmão da mesma idade, lendo as vidas dos santos. Já na idade de seis ou sete anos, gostava de meditar sobre o fato de que a glória do céu e as dores do inferno são para sempre³. Com o irmão, ela brincava de eremita⁴ e com outras meninas de sua idade, de freira. Ela diz que procurou a solidão para rezar as suas muitas devoções, sobretudo o rosário⁵. Por isso, quando órfã, aos treze anos, espontaneamente recorreu a Maria, pedindo-lhe que fosse sua Mãe⁶.

    Na adolescência, a leitura de romances de cavalaria e a companhia de primos levam-na a descobrir também o amor pela vaidade do mundo. Depois da morte de sua mãe é confiada aos cuidados das freiras agostinianas de Ávila, onde a companhia das religiosas a traz de volta aos bons hábitos; a estadia com um tio, devido a uma doença, é uma oportunidade para aprender o recolhimento e a oração.

    Aos dezesseis anos, colocaram-na em um internato, onde as meninas de sua condição social eram educadas até o momento do casamento⁷. Teresa levava uma vida de piedade ali, acompanhada pela recitação de muitas orações vocais⁸. Ela abandona o internato por causa de uma doença, provavelmente malária; mas, a caminho da casa da irmã, onde se trataria, passa pela casa de seu tio Pedro. Ele, que se dedicava à leitura de bons livros religiosos e, mais tarde, se tornaria monge, presenteia a jovem Teresa com o livro Cartas de São Jerônimo, que fala de oração, sobretudo na terceira parte quando aborda a vida contemplativa. A sua companhia leva Teresa a relembrar suas meditações de infância sobre a rapidez com que tudo passa e que o céu e o inferno são para sempre. Então ela decide ser freira⁹

    Aos 20 anos ingressa no mosteiro carmelita da Encarnação, em Ávila. Naquela época, o medo servil mais do que o amor a impulsionava; mas ela viveu o início de sua vida religiosa com alegria e dedicação. Teresa vê nisso a luta contra as fraquezas e resistências ao chamado de Deus. Ela vai se recuperando aos poucos da doença e torna-se uma freira sábia e madura.

    Muitos a procuram no mosteiro para dialogar com ela sobre a oração e a vida interior. Em 1582, depois de ter constituído o Carmelo de Burgos e durante a viagem de regresso a Ávila, morre em Alba de Tormes. Beatificada pelo Papa Paulo V, em 1614, e canonizada em 1622 por Gregório XV, é proclamada Doutora da Igreja de Paulo VI em 1970.

    O CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL¹⁰

    A primeira mulher proclamada Doutora da Igreja viveu em contínua união mística com Deus e dela tirou a determinação incansável de realizar a reforma da Ordem Carmelita. Suas fundações também formaram um baluarte contra a penetração da Reforma Luterana na Espanha.

    Teresa de Cepeda y Ahumada, que como freira se autodenominava Teresa de Jesus, passou os sessenta e sete anos de sua vida na época tempestuosa da conquista e cristianização do Novo Mundo, o surgimento das Igrejas Reformadas e a primeira Contrarreforma. Quando ela nasceu, apenas vinte anos se passaram desde a expulsão dos mouros da Espanha, após uma luta de quase oitocentos anos. Teresa tinha dois anos quando o agostiniano alemão Martinho Lutero afixou na porta da igreja de Wittenberg suas 95 teses contra as indulgências.

    Teresa vivia em uma Espanha tranquila e poderosa, cujo espírito se expressava em expedições cavalheirescas e missionárias nos recém-descobertos países americanos; uma Espanha onde alcançaram apenas os ecos das guerras religiosas que eclodiram na Alemanha e na França. Teresa, filha de um nobre decadente de Ávila de origem judaica, é uma figura-chave desta época conturbada; uma das personalidades que construíram a Europa do século XVI, cujas necessidades ela leu melhor do que estudiosos e estadistas.

    A sua figura é representativa da época moderna. Ela esteve pessoalmente envolvida nos eventos históricos de seu tempo. Para simplificar, a era moderna convencionalmente começa com a descoberta da América (1492) e termina com a Revolução Francesa ou com o Congresso de Viena (1815). Parece ser caracterizada por profundas transformações que afetam todos os aspectos da vida humana. As viagens de exploração, novas rotas comerciais e a descoberta de novos continentes transformam os horizontes mentais e econômicos do homem europeu. As novas formas de estado (estados modernos) lançam-se em conquistas e guerras intra e extraeuropeias; colonização pela Europa dos outros continentes. A difusão da imprensa permite o acesso a textos antigos e modernos a um maior número de pessoas e a divulgação da cultura; o pensamento filosófico se vale de novos métodos. A unidade religiosa do Ocidente cristão é quebrada pela Reforma Protestante.

    No tempo de Teresa, a Igreja Católica está engajada não apenas na resposta aos protestantes com uma visão mais institucional reforçada pelo Concílio de Trento. É, também, uma época caracterizada por uma grande vivacidade espiritual, especialmente na França e na Espanha, com o florescimento de grandes figuras de santidade (São Francisco de Sales, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de Ávila, S. João da Cruz), com o nascimento de novas ordens religiosas ou a reforma das antigas - da qual Teresa é protagonista -, com um novo impulso missionário.

    AS OBRAS

    Teresa de Jesus é Doutora da Igreja, mas não estudou teologia. Ela não sabia latim e nunca teve intenção de ser teóloga, embora tenha grande estima pelos teólogos, especialmente jesuítas. Rezava intensamente pelos teólogos porque tinham uma difícil tarefa de servir à Igreja em face das heresias emergentes.

    Ela sempre valorizou os ensinamentos de teólogos, escritores e mestres espirituais, através da leitura e da direção espiritual; tinha um jeito próprio de estabelecer relações de amizade espiritual com muitos santos, em particular com São João da Cruz. Simultaneamente, se alimentava da leitura dos Padres da Igreja, São Jerônimo, São Gregório Magno, Santo

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