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Um Olhar sobre a Solidão e os Relacionamentos Interpessoais
Um Olhar sobre a Solidão e os Relacionamentos Interpessoais
Um Olhar sobre a Solidão e os Relacionamentos Interpessoais
E-book223 páginas3 horas

Um Olhar sobre a Solidão e os Relacionamentos Interpessoais

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Sobre este e-book

Como pessoa, sempre achei interessante ficar acompanhada de mim mesma. Por isso, num primeiro momento, não tenho a representação da solidão como algo negativo. Porém, após anos de pesquisa, e ouvindo os relatos no consultório, pude constatar que as pessoas parecem preferir uma companhia ruim a nenhuma. Acolher a diversidade do fenômeno da solidão, e, porque não, de solidões, faz-me valorizar cada vivência presente nos relatos. Assim, este livro não busca tipologias ou conceitos, embora discorra a respeito, e sim apresentar a experiência propondo um olhar sobre a solidão e os relacionamentos interpessoais: amizade, família e relacionamento romântico. Em especial, faz-se um recorte sobre a experiência feminina. Também buscamos ampliar a perspectiva de nosso olhar ao apresentar o relato de mulheres brasileiras e mexicanas. Diante disso, o tema solidão aparece tanto na perspectiva unidimensional quanto multidimensional, em seus aspectos negativos e positivos.
Como psicóloga, e agora escritora, lanço uma proposta para a compreensão da solidão como uma participante inerente da dinâmica dos relacionamentos, demonstrando como essa experiência pode aparecer, assim como as alternativas para que não sucumbamos a ela. E ainda me atenho à ideia de que para estar bem consigo mesma é fundamental o autoconhecimento, e, para isso, deve-se buscar a solitude. Portanto, conclui-se que a solidão não é um fenômeno exclusivo, ainda que seja vivenciado individualmente, pois diz respeito ao que as pessoas desejam de suas relações e como lidam consigo mesmas.
Diante disso, este livro é um convite para compartilhar as solidões de cada um e de todos para que se possa ter condições de curtir a melhor companhia: você!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de mai. de 2021
ISBN9786525006086
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    Um Olhar sobre a Solidão e os Relacionamentos Interpessoais - Kirlla Cristhine Almeida Dornelas

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO PSI

    AGRADECIMENTOS

    Escrever um livro não é algo que se faz sozinha. Então, meu carinho e gratidão às pessoas que participaram deste projeto.

    Em primeiro lugar, agradeço à Appris por embarcar nesta viagem comigo.

    Também agradeço a todos do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) da Universidade Federal do Espírito Santo pela trajetória, orientações, apoio e amizades.

    A minha família e amigos, que sempre me incentivam.

    A cada uma das mulheres que se dispôs a contar suas histórias e a me deixar conhecer suas solidões. Sinto-me honrada!

    Em especial, de antemão, agradeço aos leitores pela generosidade de criar um tempo para a leitura e por ter um tempo de dedicação a si.

    Por fim, à solidão pela companhia.

    Que minha solidão me sirva de companhia. Que eu tenha coragem de me enfrentar.

    (Clarice Lispector)

    A solidão é perigosa e viciante. Quando você se dá conta da paz que existe nela, não quer mais lidar com pessoas.

    (Carl Gustav Jung)

    APRESENTAÇÃO

    O ser humano é social. Esse comentário clichê enfatiza a importância das relações interpessoais para a constituição do indivíduo. Portanto, a limitação nos relacionamentos interpessoais causaria grande sofrimento e, consequentemente, solidão. Os estudos sobre o fenômeno apresentam a solidão como um sentimento desagradável em virtude de relações indesejáveis ou deficientes. Além disso, a solidão pode ocorrer tanto na presença quanto na ausência de pessoas.

    A solidão é uma experiência específica para cada pessoa a partir de seus aspectos socioculturais e ambientais. Pessoalmente, a solidão pode ser benéfica por ser uma oportunidade de aproximação consigo mesma, sentimentos, angústias e medos, ou seja, é um momento de aproximação interna. Nesse caso, a solidão positiva é chamada de solitude.

    As transformações dos papéis femininos, como a inserção no mundo do trabalho, por exemplo, podem ter ampliado a rede social das mulheres, e deslocado seus interesses para além de maridos e filhos. Ainda que o gênero não seja um marcador de distinção sobre a vivência do fenômeno, a cobrança sociocultural da solidão parece ser maior para as mulheres. Portanto, este livro pondera sobre como a solidão se insere nas nossas relações interpessoais: amizade, relacionamento romântico e família sob a perspectiva feminina. Desse modo, analisamos a experiência da solidão em seus aspectos sociais e emocionais; as estratégias de enfrentamento e a importância da solitude.

    Sendo a solidão um fenômeno complexo e multidimensional, consideramos que a comparação da solidão feminina em dois países, Brasil e México, permite uma ampliação da compreensão da experiência, contribuindo ainda para o conhecimento de diferentes aspectos das relações interpessoais em distintos países da América Latina. Ainda mostra quais limitações nos relacionamentos podem ser precipitadoras de se sentirem sós, e também quais estratégias de enfrentamento são mais valorizadas.

    Assim como as relações interpessoais são importantes para a constituição do indivíduo, a solidão também o é. Ao falarmos de solidão, estamos nos referindo a solidões, na verdade. E todos, em algum momento, ao longo da vida, vivenciam o estar só. Portanto, nossa reflexão propõe um modelo de compreensão do fenômeno ao lançar um olhar sobre a máxima: "antes só do que mal acompanhado. Mas o que fazer se é impossível ser feliz sozinho"? Será?

    PREFÁCIO

    Como questionamos a noção de solidão? Permitimo-nos falar sobre? Ou é algo destinado aos poetas, músicos e nossos travesseiros? Devemos falar da solidão? Solidões? Existe possibilidade de ser positividade ou é sempre um estigma? Além disso, temos como partícipes as mulheres, que apesar dos regimes políticos e culturais mais ou menos revolucionários, buscou silenciá-las. Assim, precisamente, Kirlla, usa a sua voz para dar voz a mulheres que tanto desejaram, tanto sofreram, tanto se calaram em si mesmas carregando homens, crianças e as solidões do mundo.

    A solidão, conceito mais ilustrado no campo filosófico do que no psicológico, surpreende-se ainda que o campo psi não o tenha explorado mais, essa noção tão nuclear, quando frequentemente está no cerne de qualquer pedido de atendimento e no entremado das diversas dinâmicas psíquicas. Mas, como Kirlla mostra com grande delicadeza, não se trata de uma solidão generalizável, mas, sim, de figuras sempre singulares de solidão, ainda que certos contextos culturais possam exacerbar para suscitar o sentimento de solidão. Porque se na solidão o ser humano ainda consegue falar consigo mesmo ou fazer companhia, a solidão, mais próxima do isolamento sufocante, não encontra mais palavras ou música interior para revelar uma presença calmante ou consoladora.

    A beleza deste livro dando voz às solidões é dar esperança. Isso ecoa o que Pierre Fédida escreveu em 1978 na introdução de seu livro L’absence: O pensamento às vezes tem a dor como seu espaço. O ausente é então objeto de ódio e amor. Kirlla Dornelas, ao dar voz a estas mulheres, brasileiras e mexicanas, com uma sutileza hermenêutica que mostra habilmente como mulheres adquirem conhecimento do humano. Coloca-nos no desafio de relatar, em dois cenários diferentes, as tendências de encontros e desencontros na subjetividade humana, apresentando vivências de solidão, ora lineares ora contraditórias, nas dinâmicas relacionais dos sujeitos.

    Este livro, orginalmente a tese de doutorado de Kirlla Dornelas, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, tão necessário e atual, é um convite a desvendar as relações humanas e como a solidão se entremea na construção da subjetividade e nos movimentos relacionais. Nós como sujeitos, buscamos diferenças e semelhanças em contextos próximos e longínquos ao encontrar ecos de nossa própria solidão nas experiências das mulheres brasileiras e mexicanas, numa narrativa rigorosa e de grande aportação ao campo do saber psicológico. As instigantes análises apresentadas por Kirlla, contidas neste livro, fazem que se torne uma leitura indispensável para as pessoas que queiram aprofundar-se neste lugar tão importante da subjetividade humana: a solidão.

    Vincent Estellon

    Doutor em Psicología, Psicanalista,

    Professor de Psicopatologia clínica da

    Universidade de Paris-Sorbona

    Marcelo Mendes-Facundes

    Doutor em Psicología,

    Professor no Real Centro Universitario Escorial-Maria Cristina da

    Universidade Complutense de Madrid 

    Sumário

    CAPÍTULO 1

    O encontro entre solidão e relacionamentos 17

    Solidão – Uma introdução 17

    Solidão feminina 22

    Rede de relacionamentos significativos 24

    Solidão e relacionamentos interpessoais 26

    Relacionamento interpessoal e estudos transculturais 29

    Em busca de uma teoria dos relacionamentos interpessoais 30

    CAPÍTULO 2

    Percurso da pesquisa 33

    Procedimentos 33

    Instrumentos 34

    Questionário – Aspectos sociodemográficos e rede social 34

    O relato escrito 35

    Análise de dados 36

    CAPÍTULO 3

    Avaliando os relacionamentos 39

    A rede de relacionamentos 39

    Tipos de relacionamentos 39

    Dimensões da rede de relacionamentos 41

    Intimidade 41

    Confiança 42

    Satisfação 44

    Compromisso 45

    Apoio social recebido 46

    Apoio social oferecido 46

    Conflito 47

    Companheirismo 48

    Relacionamentos significativos 49

    CAPÍTULO 4

    Narrativas sobre solidão 55

    Solidão e amizade 55

    O significado da solidão em relação à amizade 55

    Motivos para experiência de solidão nas amizades 56

    Novo ambiente, nova situação social e falta da rede social 56

    Ênfase em Outros Aspectos da Vida com Restrição da Rede Social 57

    Os conflitos entre amizade, outros relacionamentos e a solidão 58

    Conflito entre as relações familiares e os amigos 58

    Conflito entre as relações românticas e os amigos 58

    Declínio e término de amizades e a solidão 59

    Falsos amigos, traição e abandono 59

    Solidão e as limitações das amizades 60

    Falta de contato e afastamento 60

    Falta de intimidade e confiança 62

    Falta de companheirismo, apoio e reciprocidade 62

    Estratégias de enfrentamento da solidão em relação aos amigos 63

    Procura por contato social 63

    Ampliar a comunicação 64

    Engajamento em atividades individuais 64

    Aproximação de outros relacionamentos interpessoais 65

    Solidão e relacionamento romântico 65

    O significado da solidão no relacionamento romântico 66

    Solidão pela falta de relacionamento romântico 67

    Comparação social 67

    Solidão com a existência do relacionamento romântico 68

    Solidão no término do relacionamento amoroso 69

    Ausência de solidão 70

    Solidão e limitações do relacionamento romântico 71

    Solidão e o contexto do relacionamento romântico 71

    Relacionamento à distância 71

    Diferenças socioculturais 72

    Solidão e comportamento do parceiro amoroso 72

    Falta de atividades compartilhadas 73

    Falta de reciprocidade e de apoio 73

    Falta de diálogo 74

    Infidelidade do parceiro 74

    Solidão e Postura Pessoal das Participantes 75

    Comportamento Independente 75

    Dificuldades de autorrevelação 76

    Vulnerabilidade 76

    Estratégias de enfrentamento da solidão romântica 77

    Diálogo ou término do relacionamento 77

    Engajamento em atividades individuais 78

    Busca de apoio na rede de relacionamentos interpessoais 78

    Fuga da solidão e fantasia 79

    Processo terapêutico, autorreflexão e espiritualidade 79

    Solidão e família 80

    O significado da solidão em relação à família 80

    A solidão e o contexto familiar 82

    Moradia com pais e irmãos 82

    Não morar com pais e irmãos 83

    Convivência com a família estendida 83

    Ausência de solidão 84

    Solidão e limitações do relacionamento familiar 84

    Falta de Convivência 85

    Falta de apoio, união e participação 85

    Falta de intimidade, confiança e diálogo 86

    Falta de identificação com membros da família 87

    Estratégias de enfrentamento da solidão familiar 88

    Reunir a família 89

    Ampliar a comunicação 89

    Busca de apoio na rede de relacionamentos interpessoais 90

    Aproximação da família estendida 90

    Aproximação dentro da família nuclear: mãe e irmãos 90

    Adoção de outros grupos sociais como família 91

    Processo terapêutico, autorreflexão e espiritualidade 91

    Solitude: a solidão positiva 92

    O significado da solitude 93

    Percepções sobre a solitude 94

    Solitude como estilo de vida 94

    Solitude como um fato 95

    Solitude como necessidade 95

    Solitude como escolha 95

    Contextos para a vivência da solitude 96

    Morar sozinha 96

    Fim do relacionamento amoroso 97

    Reflexão e tomada de decisão 97

    Valorização do silêncio 98

    Atividades na solitude 98

    A importância da solitude 99

    Autoconhecimento 99

    Amadurecimento e autonomia 100

    Valorização do outro 101

    CAPÍTULO 5

    A psicologia da solidão 103

    O significado da solidão 103

    A Solidão pela falta ou término de um relacionamento 106

    Solidão por limitações nos relacionamentos interpessoais 109

    Falta de contato e afastamento 110

    Falta de Intimidade 111

    Falta de diálogo 113

    Falta de companheirismo 114

    Falta de Apoio 116

    Falta de reciprocidade 119

    Solidão, interação entre relacionamentos e grupos 120

    Estratégias de enfrentamento da solidão 124

    Alteração nos padrões de comunicação 124

    Busca da rede de relacionamentos interpessoais 126

    Engajamento em outras atividades 127

    Processo terapêutico 129

    Espiritualidade 130

    Fuga, negação e fantasia 130

    A importância da solidão: solitude 131

    CAPÍTULO 6

    Algumas considerações 135

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 139

    APÊNDICES 153

    ÍNDICE REMISSIVO 157

    CAPÍTULO 1

    O encontro entre solidão e relacionamentos

    Solidão – Uma introdução

    O ser humano é social. Esse comentário clichê é para acentuar a importância das relações interpessoais para a constituição do indivíduo. De acordo com Baumeister e Leary (1995), as pessoas têm como motivação básica o desejo de pertencimento e de participar de relacionamentos próximos. Portanto, a limitação nos relacionamentos interpessoais causaria grande sofrimento e, consequentemente, solidão.

    As definições sobre solidão são inúmeras. No Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2007), solidão é um estado de quem se acha ou vive só. O que está de acordo com a etimologia da palavra solidão, que vem do latim solus, que significa só, desacompanhado (CUNHA, 2001). Nesta perspectiva, a solidão é a ausência de convivência com outras pessoas, o que é mais compatível com isolamento social e não necessariamente implica em solidão. Você pode estar isolado e não se sentir sozinho e vice-versa (JONG-GIERVELD; VAN TILBURG; DYKSTRA, 2006).

    A solidão, então, pode ser entendida como um sentimento oriundo de interações malsucedidas (LOPATA, 1969). É a constatação de se sentir sozinho que leva à busca da superação da solidão com por meio do relacionamento interpessoal (GOMES, 2001). Porém, esse autor adverte que a solidão é um resultado da sociedade que produz pessoas egocêntricas, individualistas e narcisistas. A experiência da solidão, então, estaria relacionada ao tipo de isolamento que a pessoa vivencia.

    A partir desse pressuposto, Yalom (2000) argumenta ser uma fonte de ansiedades relacionada a três tipologias de isolamento: a interpessoal, a intrapessoal e a existencial. No isolamento interpessoal, a solidão pode decorrer de características pessoais, ausência de habilidades sociais, localização geográfica, entre outros. O isolamento intrapessoal é um mecanismo

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