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6 contos de solidão: Coletânea de contos/ drama/romance/existencial
6 contos de solidão: Coletânea de contos/ drama/romance/existencial
6 contos de solidão: Coletânea de contos/ drama/romance/existencial
E-book151 páginas1 hora

6 contos de solidão: Coletânea de contos/ drama/romance/existencial

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Sobre este e-book

Diferentemente de alguns livros que só arranham a superfície dos encontros humanos, aqui o escritor vai muito mais além; a narrativa do livro, aliás, bem construída, chamativa do início ao fim, prende o leitor a cada estrofe e linha, fazendo com que o mesmo percorra caminhos impossíveis de serem previstos. Ali, ao percorrê-lo, suas emoções são testadas ao nível máximo; e por que não dizer, até às entranhas do ser?! Quanto ao estilo de escrita do autor; a impressão que temos ao lermos, é que ele garimpa fluidez a todo instante e, para ser mais exato; a cada palavra, frase e vírgula, destacando-se com a maestria de quem sabe conduzir uma narrativa em estilo poético, intercalando-o com o realístico.
IdiomaPortuguês
EditoraM-Y Books
Data de lançamento10 de jul. de 2021
ISBN9781526028020
6 contos de solidão: Coletânea de contos/ drama/romance/existencial
Autor

Gláucio Imada Tamura

Gláucio Imada Tamura é um escritor nipo-brasileiro que se dedica a escrever contos de drama, horror, terror, suspense e mistério, às vezes somando-se com boas doses de humor. Quanto à narrativa, tem como principal inspiração as experiências que viveu na infância e adolescência, também confissões que ouviu de amigos, sem contar a influência dos milhares de livros que leu e as centenas de filmes que já assistiu com sua família. È autor dos seguintes contos: “Quem vai ficar com a p*rra do VHS?!”, “Pesadelo”, “Mistério na Chácara 21”, “Período Fértil”, entre outros.

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    6 contos de solidão - Gláucio Imada Tamura

    Sumário

    Quarto de motel;

    Metamorfose;

    Fúria;

    Noite Escura;

    Mundos Opostos;

    Pássaros Feridos;

    Atenção!

    Esta coletânea de contos pode possuir em sua narrativa; cenas de sexo explícito, conflitos familiares, dependência química, palavras obscenas, violência exacerbada, etc. Caso você sinta alguma aversão a estes temas, o recomendável é não continuar...

    Quarto de motel

    Um quarto de motel, cigarro e bebidas fortes. Isso era tudo, ou pelo menos parte do que Maycon, quando se sentia solitário, necessitava nas noites insones. E junto a ele, dentro do mesmo quarto do motel, prostitutas diversas; uma, e às vezes duas ou três garotas, todas angariadas nos becos escuros da cidade, seduzidas pela beleza ímpar daquele garoto que, às vezes, elas insistiam em entregarem seus corpos a preço de nada. À noite pela noite, só isso. E enquanto a vida na cidade de São Paulo avançava a largos passos, com a lua no céu brilhando intensamente, fazendo coro com as luzes dos outros corpos celestes ao redor, o desejo ardia em seu peito, incendiando seu corpo moreno, viril e forte, ainda que ora e outra o quarto fosse molestado pelas correntes dos ares covardes que, divorciados dos ventos fortes que sopravam lá fora, insistia denunciar que o mês de agosto chegou para ficar.

    Diferentemente dos irmãos franzinos, tímidos, estava claro que Maycon só podia ter nascido em outra ninhada. Na ninhada dos brutos, dos potros, dos lobos alfas com fortes garras, ainda que solitários, no entanto, de uma forma sombria que ninguém conseguia explicar direito; Maycon era estranhamente belo, e apesar daquela tristeza sempre encalçando seus olhos, sua firmeza nos gestos, nos atos e decisões, emergia nele uma aura doce e sensível, sempre gentil com todos à volta.

    Mas Maycon tinha uma alma antiga, por isso sentia-se solitário. E o refúgio para tanta solidão era o sexo. Mas não um sexo frouxo, insonso, ou feito de qualquer jeito, como aquelas transas rápidas por que alguém precisa logo partir. Pelo contrário, havia intensidade em tudo que ele fazia. Como um relógio suíço que perfeitamente funciona, seus sentimentos sempre sincronizavam com os desejos da sua carne, ou seja, aonde sua pele, seu membro duro, ou mesmo sua boca carnuda tocava, conseguia exaurir todo e qualquer tipo de sensação daquele lugar, e os metamorfoseava em estímulos com poder vital de virar os olhos. Se com prostitutas ou não, isso era só um detalhe. Desde que em consenso, para Maycon, mulher era mulher. E naquela noite de agosto, no quarto escuro daquele mesmo motel barato, duas garotas nuas, sedentas por sua presença, aguardavam deitadas sobre um lençol. Estavam ansiosas para logo o amarrotarem.

    Saído do banho, totalmente nu e rente à cama, Maycon lhes lançou um olhar de felino que as fez sentir como duas presas indefesas: com o membro ereto apontado para elas, elas ficaram extremamente úmidas por baixo, enquanto grossas gotas de água escorriam pelos seus cabelos negros, vertia pelo seu pescoço, se estabilizando na tabori negra tatuada em seu peitoral firme.

    — Necessito de uma toalha, meninas — sua voz era grave, mas ele disse de forma suave e gentil. Petrificadas com a sua presença, as duas garotas não o responderam. Vidradas elas estavam no corpo definido, rígido a sua frente. Só após algum tempo as duas disseram:

    — Deite aqui, Maycon, que nós te enxugaremos...

    Assim ambas serpenteavam suas línguas naquele corpo viril e forte, sorvendo para dentro de suas bocas todos os resquícios líquidos, até ver a última gota secar. Por fim, só o que sobrou na superfície explorada foi a cor morena de uma pele já seca, mas jorrando feromônios carregados de promessas de êxtases diversos, através das gotículas de suor que imperceptivelmente evaporava-se no ar. Depois disto, de uma só vez, elas abocanharam a base dura, inundada por grossos nervos. Suas línguas se tocando, as mãos acariciando o resto do corpo de Maycon; elas estampavam olhares vorazes enquanto o membro saltitava entre seus lábios; a ponta rosada e dura resvalando seus rostos angelicais.

    Uma era ruiva, a outra loira. Não eram prostitutas. Muito menos garotas fáceis. Pelo contrário, por causa de uma disputa que ninguém venceu, ambas combinaram de o compartilharem em uma única noite. Ele foi o prêmio. Pelo menos assim ficou definido nas regras.

    — Meninas, vão com calma, — ele disse, acariciando os cabelos de uma das garotas — temos toda a noite...

    Naqueles breves instantes de sexo, Maycon não se sentia sozinho. Ele sentia-se livre. Livre como a águia quando percorre a imensidão de um céu só dela, alcançando horizontes longínquos com seus olhos sábios, plainando acima das nuvens brancas sobrepujando tudo abaixo.

    Ainda que exaustas, a duas garotas permaneciam arrancando suspiros silenciosos, discretos, enquanto sentiam a enorme mão de Maycon conduzir suas cabeças por de trás, à partir dos seus cabelos. Com o cigarro à boca, fumaças subiam em espirais no quarto. As mãos de Maycon subiram e, por alguns instantes, apoiaram sua cabeça já recostada no dossel da cama. E embaixo, as duas se acabavam excitadas, ainda mais úmidas, as mãos acariciando o membro já angustiado para libertar-se da angústia prazerosa de não ter mais que conter-se.

    — Por favor, Maycon, goza tudo dentro das nossas bocas... — Elas imploraram.

    — Não — Foi o seu veredicto. Depois, silenciou-se. Seu olhar permanecia firme, devorando os corpos das duas presas inundadas de suor, em parte descabeladas. Logo Maycon levantou-se e, com as duas já ajoelhadas, permanecendo com as bocas ainda grudadas em seu membro, ele as colocou sobre a cama, deitada de costas, uma ao lado da outra, segurando as próprias pernas entreabertas.

    Um gole de vinho, uma tragada. Visão do paraíso. Ou melhor, paraísos. Maycon verteu seu rosto para perto daqueles doces lábios que, desde o início dos tempos, como sempre foi e será eternamente, a vida humana entrava no mundo. A única luz que reincidia no quarto era a luz da lua, sem contar às das estrelas. Ainda assim era visível perceber a deformação dos rostos das duas garotas. Estavam angustiadas, loucas por aquele prazer, por isso deram-se as mãos.

    Como um trovão que anuncia a tempestade que logo vai chegar; logo aqueles lábios úmidos se encontraram com uma respiração pulsante, forte: ao passear sobre elas, alternando as coxas, sua boca era doce, suave e gentil. Excitadas com o resvalar de sua barba cerrada, as duas garotas começaram-se a se beijar. Mas não foi um beijo gentil, sofrível. Pelo contrário, foi voraz e intenso, nem deixando pausas para que respirassem. E enquanto Maycon passeava a língua sobre o clitóris da ruiva, mantinha dois ou três toques no clitóris da outra. Em seguida, momentos após, chupava-as com intensidade, seu rosto entremeio as nádegas já coladas, as duas garotas naufragadas em beijos. Um gole de vinho, outra tragada. Depois Maycon voltava com a mesma intensidade sobre a superfície daqueles sexos rosados, inchados de prazer, devorando resquícios da vibração de uma língua dançando enérgica sobre eles. Mas não demorou muito. Deveras. Maycon ainda degustava os odores das carnes, bebendo de tudo que elas vertiam sobre sua boca, foi quando ele ouviu-as gemer:

    — Maycon, nós vamos gozar...

    A lua ainda brilhava no céu. Sobre a cama, dois corpos nus, inertes, descansavam exaustos, acumulando energias para a próxima rodada. Maycon permanecia nu, largado em uma poltrona de frente à janela, o olhar fixo no horizonte além dela. Um vento mais forte soprou ali pertinho, sobre as árvores, fazendo os vidros estremecerem. Um gole de vinho, outra tragada. E antes de apagar a chama cintilando no Zippo, seus olhos afogaram-se na imensidão daquele vermelho alaranjado que chamuscava à frente. No silêncio reinante à volta, enquanto aguardava as duas garotas se levantarem, Maycon brincava com o fogo.

    Metamorfose

    A primeira vez que Eduardo Himura apeou no aeroporto de Narita, no Japão, ele ficou impressionado com algo que ele não estava acostumado a ver no Brasil.

    Caralho, que tanto de japonês!.

    Era o que ele sussurrou vislumbrado, lembrando-se das inúmeras vezes que quando criança, ele ouvia alguém na rua chamar a atenção de outro, enquanto o desconhecido apontava o dedo em sua direção, caçoando da sua cara achatada, dos seus olhos riscados, rasgados como diziam, e dos cabelos tão lisos e pretos, como jabuticaba quando chegou a hora de ser colhida. Mas estranhamente naquele aeroporto apinhado de gente parecida, apesar dos costumes nipônicos que seus pais já praticavam em casa, como as palavras ditas em nihongo, as comidas saborosas compostas pelos onigiris, pelos sushis, os sashimis, as sopas de missô acebolado, os doces de arroz recheados com feijão adocicados, — sem contar as músicas japonesas ouvidas desde manhã até o varar da madrugada pela avó doente em casa, — apesar de tudo isso; ali, pela primeira vez no Japão, Eduardo reviveu sentimentos nostálgicos da sua infância no Brasil: sentindo-se um peixe fora d'água, ou mesmo um estranho no ninho, percebendo-se sem lugar, no único lugar que imaginou ser isso possível: no país de origem. 

    "Ora bolas, eu não sou japonês, eu sou é brasileiro!".

    Ele repetiu esta frase por seguidas vezes pra si, enquanto fitava japoneses vistosos metidos em ternos engravatados, pretos ou acinzentados, e as japonesas elegantes, vestindo trajes finos, coloridos, com olhares altivos por onde passavam.

    Também havia pessoas mais velhas, sozinhas no lento caminhar, segurando um copo de café ou chá na mão, enquanto contemplavam o horizonte das pessoas no saguão do aeroporto. Já os mais jovens passavam em bandos apressados, com o sorriso solto, escancarando a brancura dos dentes em gargalhadas frenéticas, no gesticular agitado, fluindo uma energia vibrante enquanto passeavam pelas lojas. Apesar das diferenças não tão sutis, ou seja, se cadenciando os passos ou descompassando em trotadas apressadas, parecia que todas elas emergiam uma aura diferente, mais iluminada, segura de si, possivelmente imantada naquele país do 1° mundo.

    Respire e inspire....

    Impactado com tanta informação ao redor, o jovem Eduardo reorganizou seus pensamentos, primeiro buscando auxilio numa respiração mais longa e

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